Em recente interlocução, o executivo de uma importante indústria chamou a minha atenção para o que o Brasil está fazendo com as pessoas. Uma pergunta muito comum, quase um cumprimento já habitual em encontros de profissionais nos dias de hoje, mostrou-se particularmente inquietante: “Quando este mercado irá se recuperar?”
Imagino que esta pergunta tem sido repetida inúmeras vezes no cotidiano de profissionais e empresários brasileiros. Mas a parte inquietante é a premissa desta pergunta. A curiosidade faz-me perguntar qual seria o fundamento desta indagação, atualmente formulada em substituição ao “bom dia”.
Imagino que o cansaço gerado pela crise prolongada e os problemas provocados pela situação econômica sejam responsáveis pela angustiada pergunta. Mas, se pensarmos sobre o que nos leva a formular uma questão como esta, a premissa pode conter uma passividade que não atende às expectativas depositadas nos líderes organizacionais. Literalmente, esta pergunta poderia ser substituída por uma afirmação mais clara e também mais chocante: “Enquant
Em recente interlocução, o executivo de uma importante indústria chamou a minha atenção para o que o Brasil está fazendo com as pessoas. Uma pergunta muito comum, quase um cumprimento já habitual em encontros de profissionais nos dias de hoje, mostrou-se particularmente inquietante: “Quando este mercado irá se recuperar?”
Imagino que esta pergunta tem sido repetida inúmeras vezes no cotidiano de profissionais e empresários brasileiros. Mas a parte inquietante é a premissa desta pergunta. A curiosidade faz-me perguntar qual seria o fundamento desta indagação, atualmente formulada em substituição ao “bom dia”.
Imagino que o cansaço gerado pela crise prolongada e os problemas provocados pela situação econômica sejam responsáveis pela angustiada pergunta. Mas, se pensarmos sobre o que nos leva a formular uma questão como esta, a premissa pode conter uma passividade que não atende às expectativas depositadas nos líderes organizacionais. Literalmente, esta pergunta poderia ser substituída por uma afirmação mais clara e também mais chocante: “Enquanto a situação não melhorar, não vou tomar qualquer iniciativa.”
Quando um lojista de pequeno porte repete esta pergunta, a premissa é de um negócio sem poder de influência e sem muitos recursos para mudar as circunstâncias por sua própria iniciativa. Mas quando a mesma pergunta é emitida por um competente executivo de uma multinacional, isso provoca um frio na espinha, pois a premissa – como vimos – é um tanto incômoda. Teria então esse executivo se convencido de que não há mais nada a ser feito enquanto espera a tempestade passar, como se fora um solitário viajante imerso em noite chuvosa de uma estrada desconhecida?
No mundo corporativo, uma das características esperadas de um bom líder é a sua capacidade de abstrair-se do dia a dia e dos fatos mais mundanos para enxergar a luz no horizonte dos negócios. É justamente nessas horas de crise que mais se trabalha para encontrar soluções e antecipar-se às mudanças do mercado e aos próprios concorrentes.
Ironicamente, quando os negócios estão produzindo bons resultados todos acreditam que o executivo está trabalhando muito. Mas, na verdade, é quando os resultados não são bons – e todos imaginam que não está cumprindo seu papel – que o executivo está (ou deveria estar) trabalhando ainda mais para vencer as adversidades.
Por isso, há de se revisar essa questão básica para entender de que forma os líderes agregam valor ao negócio e qual o seu papel no comando de uma organização. Ou seja, saber qual é a pergunta correta a se fazer nos momentos de maior dificuldade.
*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema
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