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Revista M&T - Ed.70 - Abr/Mai 2002
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OBRA

Um esforço de guerra no combate às enchentes

Rebaixamento da calha do rio Tietê envolve remoção em prezo de 30 meses

São Paulo inicia a mobilização para a segunda etapa das sobras de aprofundamento da calha do rio Tietê, um investimento de R$688,3 milhões, com recursos assegurados do JBIC (Japan Bank International Cooperation) e do Governo do Estado de São Paulo, e prazo de execução de 30 meses. O rebaixamento em 2,5 metros e aumento da declividade do leito do rio e o remodelamento paisagístico e alargamento das margens em uma extensão de 24,5 quilômetros implicará na remoção de 6,8 milhões de metros cúbicos de solo e rocha, aumentando a vazão em um trecho crítico na região metropolitana (o "Cebolão"), de 640 para 1048 metros cúbicos por segundo.


O suficiente para "diminuir a frequência e a intensidade das inundações na cidade", garante Ricardo Daruiz Borsari, superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), órgão gestor dos recursos hídricos do Estado de São Paulo, vinculado à Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras, e responsável pelas obras no Tietê. "O risco de enchentes não é nulo, diz ele, porque depende de obras complementares em execução (ver box) e da ocorrência e intensidade de chuvas dentro dos padrões históricos". Na (tristemente)famosa "cheia" do rio em 1983, a precipitação pluviométrica foi de 98 mm durante 24 horas. Com a conclusão das obras o rio Tietê estará dimensionado para chuvas de até 117 mm ao longo do mesmo período. "A possibilidade desse patamar ser superado é menor que 1%", calcula o superintendente do DAEE.
As obras, iniciadas a 10 de abril, segundo ele, adotarão métodos construtivos convencionais, mas adequados para causar o mínimo de transtorno na cidade. "Esse é o grande desafio, desassor


Rebaixamento da calha do rio Tietê envolve remoção em prezo de 30 meses

São Paulo inicia a mobilização para a segunda etapa das sobras de aprofundamento da calha do rio Tietê, um investimento de R$688,3 milhões, com recursos assegurados do JBIC (Japan Bank International Cooperation) e do Governo do Estado de São Paulo, e prazo de execução de 30 meses. O rebaixamento em 2,5 metros e aumento da declividade do leito do rio e o remodelamento paisagístico e alargamento das margens em uma extensão de 24,5 quilômetros implicará na remoção de 6,8 milhões de metros cúbicos de solo e rocha, aumentando a vazão em um trecho crítico na região metropolitana (o "Cebolão"), de 640 para 1048 metros cúbicos por segundo.


O suficiente para "diminuir a frequência e a intensidade das inundações na cidade", garante Ricardo Daruiz Borsari, superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), órgão gestor dos recursos hídricos do Estado de São Paulo, vinculado à Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras, e responsável pelas obras no Tietê. "O risco de enchentes não é nulo, diz ele, porque depende de obras complementares em execução (ver box) e da ocorrência e intensidade de chuvas dentro dos padrões históricos". Na (tristemente)famosa "cheia" do rio em 1983, a precipitação pluviométrica foi de 98 mm durante 24 horas. Com a conclusão das obras o rio Tietê estará dimensionado para chuvas de até 117 mm ao longo do mesmo período. "A possibilidade desse patamar ser superado é menor que 1%", calcula o superintendente do DAEE.
As obras, iniciadas a 10 de abril, segundo ele, adotarão métodos construtivos convencionais, mas adequados para causar o mínimo de transtorno na cidade. "Esse é o grande desafio, desassorear o rio em um trecho metropolitano e utilizar as suas marginais, com intenso tráfego de veículos de todo o país, para o transporte do material escavado para 'bota-foras' a distâncias de até 30 quilômetros".
Por isso mesmo, diz Borsari, desde a definição do projeto pela Malbertec Engenharia e depois na contratação do consórcio Enger/CKC para o gerenciamento das obras, o Daee exigiu o máximo rigor no planejamento e nas estratégias definidas para execução das obras, com consulta e aprovação de órgãos ambientais, de saneamento, e principalmente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), da Prefeitura de São Paulo. "Esperamos causar nesses quase três anos de obra o mínimo de transtorno possível na vida da cidade".

Escavação submersa do leito

o projeto de ampliação da calha do rio Tietê tomou por base estudos anteriormente desenvolvidos pelo DAEE, levantamentos topo-batimétricos, investigações de subsuperfície e atualização cadastral de interferências. Com a impossibilidade de desvio das águas do rio Tietê para o seu principal afluente na cidade (o rio Pinheiros), tendo em vista restrições políticas e legais, e consequentemente, a não utilização da Barragem Móvel, a execução a seco ficou praticamente inviabilizada pelo alto risco de que, com pequenas precipitações as áreas ensecadas poderiam ser inundadas com paralisações e retomadas constantes das obras, o que prejudicaria, em muito, o cumprimento do prazo contratual e implicaria na elevação de seu custo.

Em função desta imposição optou-se pela solução de escavação submersa do leito do rio. Somente na escavação dos taludes serão utilizados equipamentos estacionados nas margens. Outro fator relevante na definição do método construtivo foi a impossibilidade de utilização da rodovia Castelo Branco para o transporte do material escavado para os bota-foras. Assim, o processo adotado consiste na escavação submersa com utilização de dragas ou escavadeiras hidráulicas, com apoio de barcaças autopropulsoras, para carregamento e transporte do material escavado até um porto construído em local estratégico na margem do Tietê.

Neste porto, o material será retirado da barcaça por draga ou guindaste com "ciam sheli" e carregado em caminhões basculantes e daí transportado para os bota-foras, sem utilização da Castelo Branco. A utilização da Lagoa de Carapicuíba como bota-fora poderá contribuir para a redução do prazo de execução das obras. Os estudos hidráulicos e os dados dos levantamentos de campo definiram a necessidade de pequenos ajustes no traçado do eixo do canal, na largura da seção e, principalmente, nas declividades dos taludes no trecho acima do nível máximo das águas para a vazão de projeto.

A obra foi subdividida em quatro lotes com extensão de 6 quilômetros em média (ver quadro) sob responsabilidade de consórcios, reunindo algumas das principais construtoras do país. O DAEE está instalando um escritório de fiscalização em cada canteiro. A principal preocupação é justamente com o tráfego dos 415 caminhões trucados de 12 m3 que irão transportar o material. Eles só poderão circular das 22:00 às 5:00 horas. Já está definido também que, a partir do 17° mês, grande parte deles será substituído por barcaças. Tanto que todos os trabalhos estarão concentrados, no início, no lado esquerdo do leito para melhoria das condições de navegabilidade. O material inerte (separado do lixo e de sedimentos contaminantes) será transportado, por caminhão ou barcaça, para os mesmos destinos - uma lagoa artificial de uma pedreira desativada na cidade de Carapicuíba, e um bota-fora em Guarulhos a distâncias, respectivamente, de 30 e 20 quilômetros.

Em toda extensão de 24,5 quilômetros, a obra envolve a escavação de aproximadamente 6 milhões de metros cúbicos de solo e 800 mil metros cúbicos de rochas. O método empregado no desmonte será a fogo (com explosivos) -somente em um dos lotes (1) será empregado desmonte a frio. Na escavação do leito do rio, além dos tradicionais "drag-lines", a recomendação do departamento técnico de engenharia do DAEE, é a utilização de escavadeiras de 33 toneladas, com caçambas de 2,6 m3.


Pelo menos 1/3 dessas escavadeiras deverão trabalhar sobre barcaças. No Tietê, o modelo básico de barcaça tem 25 metros de comprimento, 7,5 metros de largura e 1 ,5 metros de altura (e capacidade volumétrica de transporte de 250 metros cúbicos). Escavadeiras de menor porte também estão previstas para o trabalho de regularização das margens. Também serão empregados em menor escala tratores de esteira, carregadeiras e retroescavadeiras para serviços auxiliares.


Essa segunda fase das obras é a que apresenta maiores dificuldades técnicas para a execução, em virtude das inúmeras interferências, como pontes, adutoras, interceptores, coletores-tronco de esgotos, tubulações de energia elétrica, linhas telefônicas, de gás encanado e principalmente as vias marginais do rio Tietê. Foram também levantadas e estudadas as chegadas de galerias, bueiros e córregos e elaborados projetos específicos para cada caso.
Por isso, o aprofundamento da calha do Tietê implica também em várias obras complementares. Serão 19 mil metros em muros de contenção, um milhão de metros cúbicos de gabiões para revestimento das margens, 20 mil metros de tirantes, além da execução de 300 galerias e bueiros, a regularização de 62 desemboques e afluentes, um descarregador de fundo (para facilitar operacionalmente a barragem), uma eclusa de navegação e um sifão de esgotos em túnel (que vai ter que ser aprofundado). Além disso, deverão ser instaladas comportas para a eclusa e reforçadas as fundações de duas pontes — Piqueri e Cruzeiro do Sul. Está prevista a utilização em toda a obra de 100 mil metros cúbicos de concreto. Tanto que no lote 4(próximo à Barragem da Penha), será instalada uma central própria de concretagem.

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