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Revista M&T - Ed.211 - Abril 2017
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Manutenção

Simbologia padronizada

Espécie de “roteiro” para técnicos e engenheiros, manuais de esquemas hidráulicos são fundamentais para o procedimento de manutenção, reparo e ajuste dos sistemas

De maneira geral, os sistemas hidráulicos – inclusive os que equipam máquinas pesadas da chamada Linha Amarela de equipamentos – são componentes sofisticados, que trabalham com pressões elevadas, velocidades consideráveis e alta sensibilidade. Por isso, requerem inspeção contínua de desempenho e do estado de conservação e limpeza, além de manutenções preventivas e corretivas.

Devido a essa complexidade, não é das tarefas mais simples. Justamente para facilitar a vida dos técnicos encarregados de operar e fazer a manutenção do maquinário, quase todos os fabricantes elaboram e fornecem junto ao equipamento um Hydraulic Schematics Manual (ou Manual de Esquemas Hidráulicos). Embora para os leigos esses guias possam parecer bastante complicados, são fundamentais para os especialistas manterem os equipamentos funcionando perfeitamente, garantindo sua vida útil prevista e a disponibilidade necessária.

CUIDADOS

No entanto, antes de lançar-se mão do manual, há uma série de cuidados básicos que precisam


De maneira geral, os sistemas hidráulicos – inclusive os que equipam máquinas pesadas da chamada Linha Amarela de equipamentos – são componentes sofisticados, que trabalham com pressões elevadas, velocidades consideráveis e alta sensibilidade. Por isso, requerem inspeção contínua de desempenho e do estado de conservação e limpeza, além de manutenções preventivas e corretivas.

Devido a essa complexidade, não é das tarefas mais simples. Justamente para facilitar a vida dos técnicos encarregados de operar e fazer a manutenção do maquinário, quase todos os fabricantes elaboram e fornecem junto ao equipamento um Hydraulic Schematics Manual (ou Manual de Esquemas Hidráulicos). Embora para os leigos esses guias possam parecer bastante complicados, são fundamentais para os especialistas manterem os equipamentos funcionando perfeitamente, garantindo sua vida útil prevista e a disponibilidade necessária.

CUIDADOS

No entanto, antes de lançar-se mão do manual, há uma série de cuidados básicos que precisam ser observados na hora de fazer a manutenção ou conserto de sistemas hidráulicos. Dentre os principais, incluem-se não fumar próximo aos sistemas, evitar lavá-los com jatos d’água, não realizar qualquer intervenção com a parte elétrica ligada e evitar aproximação de chamas ou objetos quentes.

Também se deve tomar cuidado com a limpeza do local onde a manutenção ou conserto são realizados, para evitar a contaminação dos sistemas. Se isso ocorrer, pode haver desgastes de componentes, emperramentos e obstrução de orifícios, por exemplo. Note-se que um elemento estranho circulando num circuito hidráulico pode causar estragos relevantes, como desgaste ou, até mesmo, a quebra de um componente.

No caso do desgaste, geram-se contaminantes derivativos que, em contato com outros componentes, levam à formação de novos pontos de contaminação. Se não for feita a limpeza para eliminá-la, os custos de manutenção, substituição e reposição de peças, tempo de parada e perda de produção serão significativamente aumentados.

Atenção especial deve ser dada ao óleo, um elemento que, num sistema hidráulico, é o meio de transmissão de energia e, ao mesmo tempo, lubrificante de todos os componentes. Por isso, o correto é sempre utilizar o tipo recomendado pelo fabricante, de boa qualidade e sem misturar diferentes marcas. Antes de abastecer a unidade hidráulica, deve-se limpar externamente o reservatório e verificar se ele está limpo também internamente. Um sistema bem instalado e regulado terá um funcionamento normal e sem falhas, com vida útil garantida.

MÃO NA MASSA

Tomados esses cuidados básicos, passa-se à fase seguinte, que é por a mão na massa, ou seja, fazer a manutenção ou conserto exigido pelas máquinas. É aí que a leitura correta dos esquemas produzidos pelos fabricantes é fundamental para a compreensão e intervenção em sistemas hidráulicos.

Trata-se de uma documentação que serve de “roteiro” para os técnicos e engenheiros realizarem a manutenção, descrevendo-os minuciosamente. Como lembra Frans Costa, coordenador de serviços da New Holland Construction, a correta leitura e interpretação desses documentos são fundamentais para o procedimento de manutenção, reparos e ajustes. Afinal, sistemas hidráulicos são, em sua maioria, bastante complexos. “Contudo, a facilidade ou dificuldade de lidar com eles depende mais da base técnica que o profissional possui do que do sistema em si”, diz ele. “Com o tempo e a prática fica mais fácil a intepretação, e os esquemas se tornam de simples compreensão. Por isso, a New Holland disponibiliza à sua rede de concessionários um ciclo básico de treinamentos inteiramente centrado na interpretação desses diagramas.”

De acordo com Sandro Ricardo de Gouveia, especialista da Novak & Gouveia, há ainda outro aspecto importante nessa questão. O grau de complexidade de um manual de esquemas hidráulicos, diz ele, também depende do equipamento em questão. “Não diria que são esquemas complicados, pois isso vai depender muito da máquina”, explica. “Em alguns modelos, o diagrama pode ser bem simples e, em outros, muito complexo. De qualquer forma, a pessoa habilitada deverá compreendê-lo.”

Já o coordenador de serviços da Case CE, Relton Henrique Cesar, acrescenta outra característica frequente desses manuais esquemáticos, que no fim das contas acaba facilitando sua leitura e interpretação. “Normalmente, os esquemas hidráulicos seguem normas internacionais, com uma simbologia padronizada”, comenta. “Se o técnico tiver um conhecimento prévio do que cada símbolo significa, fica mais fácil entender. Ele consegue pegar o manual de qualquer equipamento e fazer a manutenção ou conserto.” Por meio dos símbolos, o profissional sabe se uma determinada válvula é regulável ou não, quantas vias ela tem e qual é o sentido do fluxo do óleo, por exemplo. “A Case CE oferece um curso on-line sobre essas normas internacionais”, complementa Cesar.

ESSENCIAIS

Apesar disso, muitos técnicos podem enfrentar algumas dificuldades para ler e interpretar corretamente o manual. Dentre as principais causas disso estão a falta de treinamento ou, até mesmo, a desatualização conceitual em relação aos modelos de controle e válvulas mais modernos. “Outras dificuldades mais comuns estão associadas às interpretações das simbologias”, acrescenta Costa, da New Holland Construction. “É comum encontrar técnicos despreparados com mais dificuldades em compreender o que determinado símbolo significa. Também são comuns os problemas relacionados à normatização das simbologias porque, apesar de haver normas internacionais que padronizam o uso, os fabricantes divergem em alguns pontos e, até mesmo, utilizam padronização própria, o que complica a interpretação dos técnicos.”

Seja como for, o Hydraulic Schematics Manual é concebido especialmente para técnicos e engenheiros responsáveis por análises e soluções de falhas em campo. Há ainda aqueles que também utilizam os diagramas hidráulicos na adequação de alguns implementos necessários à melhoria do desempenho de um equipamento. Como exemplo, Costa cita a aplicação em escavadeiras hidráulicas que necessitam de martelete. “Nossos esquemas indicam como adequar o fluxo de óleo segundo a demanda do implemento”, informa o especialista.

Levando em conta todos esses aspectos, a importância do manual não pode ser negada. Sem ele, é muito mais difícil (senão impossível) fazer um diagnóstico de problemas nos sistemas hidráulicos ou mesmo realizar uma manutenção preventiva ou corretiva adequada. “Com os esquemas na mão, a solução é muito mais rápida”, garante Cesar, da Case CE. De acordo com Gouveia, os diagramas são essenciais igualmente para determinar ou localizar possíveis falhas e entender como foi projetado cada componente do equipamento. “Sem o guia, quando analisamos uma bomba ou grupo de válvulas montado, não é possível determinar como foi projetado, regulado e mesmo como deve funcionar”, diz ele.

CAMINHO

A partir de um sintoma ou indícios de um problema no sistema hidráulico, inicia-se a análise das possíveis causas, explica Costa. Nesses casos, são os manuais que indicam o caminho correto para solucionar a falha. E ele cita um exemplo, quando o operador constata que há lentidão ao realizar um trabalho com um equipamento.

Com base na análise do diagrama, o técnico avalia quais são os componentes internos que estão associados a essa função e descobre o que deve avaliar: bomba, distribuidor, válvulas etc. E, ainda, pode aferir quais são as pressões corretas que devem ser lidas para que o sistema como um todo esteja em perfeita condição de trabalho. Ou seja, todas essas avaliações são possíveis somente após a interpretação do esquema hidráulico.

Mas é aí que reside um perigo que pode causar grandes estragos: o erro de interpretação do Hydraulic Schematics Manual. “A interpretação incorreta de esquemas hidráulicos causa diagnósticos errados e, por consequência, pode provocar demora na solução da falha e, até mesmo, a potencialização dos defeitos e do mau funcionamento dos sistemas”, alerta Costa.

Na mesma linha, Gouveia complementa que “diversos problemas podem ocorrer devido à má interpretação dos diagramas, desde a remoção de componentes sem necessidade por erro de diagnóstico até causar acidentes”. “Atualmente, os sistemas hidráulicos trabalham com pressões elevadas e, infelizmente, é comum ver algumas pessoas tentando corrigir problemas sem saber exatamente o que estão fazendo, na base da tentativa de acerto e erro”, adverte.

PROGRAMAS

Para evitar isso, algumas empresas têm ações e programas próprios. É o caso das principais fabricantes do setor, como as do Grupo CNHi. “Trabalhamos sempre visando facilitar a interpretação, por isso, utilizamos esquemas hidráulicos de acordo com o padrão internacional”, garante Costa, da New Holland Construction. “Além disso, capacitamos nossos engenheiros e técnicos para que se sintam sempre confortáveis e seguros ao analisar um diagrama desses.”

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