No lufo da pandemia, muita gente aponta que o “novo normal” traz novos paradigmas, referências e contrastes entre as pesadas estruturas do passado em direção a um futuro mais leve e flexível. Em artigo recente, vi questionamentos sobre o modelo baseado em escala, como se todas as inovações e novos negócios pudessem repentinamente ser customizados individualmente, ou quase isso.
Vale lembrar que atualmente apenas uma ínfima parcela da população mundial possui meios para adquirir produtos e serviços customizados, geralmente artigos sofisticados ou altamente tecnológicos, embora com certeza muitos já desejassem usufruir desse estado da arte industrial em tudo o que consomem.
Todavia, pertenço a uma geração cuja vivência profissional se deu inteiramente com produtos mais “hard”, com benefícios tangíveis e mensuráveis para além das percepções e sens
No lufo da pandemia, muita gente aponta que o “novo normal” traz novos paradigmas, referências e contrastes entre as pesadas estruturas do passado em direção a um futuro mais leve e flexível. Em artigo recente, vi questionamentos sobre o modelo baseado em escala, como se todas as inovações e novos negócios pudessem repentinamente ser customizados individualmente, ou quase isso.
Vale lembrar que atualmente apenas uma ínfima parcela da população mundial possui meios para adquirir produtos e serviços customizados, geralmente artigos sofisticados ou altamente tecnológicos, embora com certeza muitos já desejassem usufruir desse estado da arte industrial em tudo o que consomem.
Todavia, pertenço a uma geração cuja vivência profissional se deu inteiramente com produtos mais “hard”, com benefícios tangíveis e mensuráveis para além das percepções e sensações. Nesse sentido, minha experiência sempre envolveu formas rígidas, com pesos relevantes nos negócios.
Também aprendi o valor real dessas coisas ao produzir, vender e buscar incansavelmente o ponto de troca em que as transações acontecem no mundo palpável dos negócios.
Em tal cenário, poucas vezes as cores ou os aromas dos produtos, por exemplo, tinham relevância decisiva. Embora tenhamos visto uma evolução no tamanho dos produtos, que foi se reduzindo, enquanto a função e o desempenho foram sendo melhorados, muitas vezes o peso correspondia ao desempenho do produto. E mesmo que a marca fizesse um grande esforço de diferenciação, nunca foi possível ignorar a escala de produção como um importante fator de competitividade.
Tais fatos podem ser irrelevantes para um mundo de produtos e serviços mais leves e flexíveis. Mas é importante lembrar que no mundo real, onde as pessoas comem, bebem, viajam, transportam, se movimentam e transformam materiais em produtos e serviços, há coisas que não podem simplesmente deixar de ter “peso”.
Ainda há – e sempre haverá – um mundo de oportunidades baseado em conhecimento científico, cada vez mais eficiente, produtivo e profissional, tendo agora como instrumentos (de produção, design, pesquisa, projeto, serviço e comunicação) as ferramentas digitais, a inteligência artificial, a internet das coisas, a comunicação 5G e 6G e outros recursos que ainda surgirão.
Esse mundo tangível sempre será importante para a humanidade pelo papel que cumpre na economia e na própria sociedade, simplesmente porque – mesmo evoluindo e se transformando – sua existência nunca deixará de ser necessária. Que ao menos uma parcela dos jovens perceba as oportunidades oferecidas por esse “mundo com peso”.
*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema
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