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Revista M&T - Ed.19 - Set/Out 1993
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OPINIÃO

O REAL VALOR DA MÁQUINA USADA

As máquinas usadas também podem propiciar soluções interessantes. Veja como estes equipamentos podem ter um papel muito importante na atualidade, neste artigo do engenheiro Jader Fraga dos Santos, presidente da SOBRATEMA.
Segundo Stewar Emery, muitos foram os filósofos a observar, é não é difícil perceber, que existe uma diferença entre a realidade e a experiência que temos dela. Como seres humanos, não captamos de forma igual o mundo que nos cerca. Assim, o que imaginamos ser a realidade não passa de uma interpretação personalizada e que condiciona a existência de um fenômeno à capacidade que temos de percebê-lo.
Um bom exemplo sobre a nossa capacidade de interpretar a realidade pode ser tirado da época do “milagre brasileiro”. Naquele período, ficava muito claro o momento da troca do equipamento, usado ou depreciado, por um outro ou por um novo. Os sinais transmitidos pela realidade econômica eram decodificados mais facilmente pelas empresas e indicavam que a renovação era o caminho a seguir.
Agora vivemos num panorama bem diferente. As empresas vêm apresentando uma enorme ociosidade do parque de máquinas que, além do obsoletismo tecnológico, sofre com a degradação natural do tempo. Portanto, numa oportunidade de retomada das atividades, é muito provável que a empresa se decida por aproveitar as máquinas existentes que, mesmo revisadas ou reformadas, são - acima de tudo - velhas.
Adicione-se a este quadro o desmonte brutal que tem ocorrido na área de manutenção das construtoras, de representantes e de prestadores de serviços, cujos profissionais são forçados a migrar para setores mais estáveis do mercado.
O resultado é que nossas queridas e velhas máquinas, tecnologicamente defasadas e tecnicamente enfraquecidas pelo uso agonizante, pela manutenção inadequada feita antes de sua parada e pelo desgaste decorrente da ignorância, podem ter que voltar à ativa nas mãos de uma equipe pouco experiente.
A Velha e o Executivo


As máquinas usadas também podem propiciar soluções interessantes. Veja como estes equipamentos podem ter um papel muito importante na atualidade, neste artigo do engenheiro Jader Fraga dos Santos, presidente da SOBRATEMA.
Segundo Stewar Emery, muitos foram os filósofos a observar, é não é difícil perceber, que existe uma diferença entre a realidade e a experiência que temos dela. Como seres humanos, não captamos de forma igual o mundo que nos cerca. Assim, o que imaginamos ser a realidade não passa de uma interpretação personalizada e que condiciona a existência de um fenômeno à capacidade que temos de percebê-lo.
Um bom exemplo sobre a nossa capacidade de interpretar a realidade pode ser tirado da época do “milagre brasileiro”. Naquele período, ficava muito claro o momento da troca do equipamento, usado ou depreciado, por um outro ou por um novo. Os sinais transmitidos pela realidade econômica eram decodificados mais facilmente pelas empresas e indicavam que a renovação era o caminho a seguir.
Agora vivemos num panorama bem diferente. As empresas vêm apresentando uma enorme ociosidade do parque de máquinas que, além do obsoletismo tecnológico, sofre com a degradação natural do tempo. Portanto, numa oportunidade de retomada das atividades, é muito provável que a empresa se decida por aproveitar as máquinas existentes que, mesmo revisadas ou reformadas, são - acima de tudo - velhas.
Adicione-se a este quadro o desmonte brutal que tem ocorrido na área de manutenção das construtoras, de representantes e de prestadores de serviços, cujos profissionais são forçados a migrar para setores mais estáveis do mercado.
O resultado é que nossas queridas e velhas máquinas, tecnologicamente defasadas e tecnicamente enfraquecidas pelo uso agonizante, pela manutenção inadequada feita antes de sua parada e pelo desgaste decorrente da ignorância, podem ter que voltar à ativa nas mãos de uma equipe pouco experiente.
A Velha e o Executivo
Atingir metas numa situação como esta pode parecer tão difícil quanto tirar leite de pedra. Mas a opção de renovar os equipamentos é ainda mais assustadora. Afinal, seria correto investir em máquinas para iniciar ou recomeçar uma obra apostando nos desacreditados políticos tupiniquins? Assumir um financiamento de alguns milhões de dólares para compor uma frota e, após um mês de trabalho, descobrir mais uma promessa bolacha? Como diria o Sr. Osmar: mil vezes, não!!! A nossa máquina usada de cada dia pode perfeitamente partir para o sacrifício - dos cofres da empresa, é lógico - e iniciar novamente um “engana que eu gosto”.
Por outro lado, esta alternativa expõe menos o engano da direção da empresa aos acionistas, sendo, portanto, mais palatável ou explicável na demonstração da despesa operacional no balanço. E quando os pagamentos prometidos ocorrem, advém a terrível constatação: como gasta nossa manutenção!! Apesar de todas as dificuldades, a combinação máquina velha/profissionais inexperientes pode ser interpretada sob um outro ponto de vista: o de investimento no futuro.
A Velha e o Jovem
Não há melhor escola para uma equipe jovem do que uma máquina velha. Suas constantes quebras, advindas da idade, agitam os iniciantes. À equipe iniciante é fácil ceder às tentações das soluções mágicas. Recuperar engrenagens de alto desempenho com solda, não restabelecer o nível do radiador do motor com água aditivada, confundir critério de reaproveitamento de rolamento de trem de força, tentar resfriar pneus com banheira d’água, prolongar carga de óleo lubrificante etc.
Se há uma falha congênita, a heroica manutenção só irá perceber quando estiver realizando o reparo pela terceira ou quarta vez. Se uma intervenção desastrada propicia uma nova falha, ninguém percebe. Também pudera, é uma máquina velha! O curriculum da equipe aumenta, em progressão geométrica, juntamente com o custo das manutenções.
Enfim, é um treinamento intensivo e ao vivo, muito caro, porém eficiente. Tão eficiente que, após algum tempo, os principais elementos serão contratados por outras empresas, como reconhecimento da experiência adquirida, e serão capazes de experimentar equipamentos de tecnologia mais avançada e, logicamente, mais novos. Nesta nova etapa, eles poderão se dedicar a aprender como administrar máquinas e pessoas e, certamente, terão muito com o que contribuir.
A máquina velha também tem atrativo para o fabricante. Enquanto ele não vende, logo, não produz máquina nova, sua gerência de venda de peças e serviços se vê em uma nova frente de trabalho, tendo que conseguir peças de reposição e mão-de-obra treinada para o suporte do produto. Há, ainda, uma luta difícil nos dias de hoje. Todos querem vender, mas ilustre deputado Delfim Neto (se não falha minha memória), onde todas as mulheres seriam casadas e todos os homens solteiros.
O mercado paralelo se põe mais ativo, disputando palmo a palmo as vendas. Grandes e boas empresas já entraram nele. Agora a luta é mais complicada, ficando os corpos, ou melhor, as demissões e reestruturações, em parte, a explicar a desatenção com o mercado de reposição pelas montadoras.
O Futuro
De uma forma ou de outra, todos devem ou deveriam ter consciência de que não fazer nada compromete a eficiência e os custos. Com generalizações, ignorância e distorções, construímos uma realidade de sobrevivência com máquinas ultrapassadas e/ou esgotadas. Mas desse episódio histórico sairão melhor aqueles capazes de colocar em prática - de forma inteligente e adequada -, todas as suas experimentações. Estes se livrarão do lugar-comum de lamentar a ausência de uma alternativa, por entender 5 que os sinais emitidos da atual realidade indicam a falta de uma nova ação, qualquer que seja ela, como a pior das opções.

Jader Fraga dos Santos, Presidente da SOBRATEMA

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