Os tratores de esteiras surgiram na década de 30 e rapidamente começaram a ganhar espaço. Tornou-se óbvio que tratores com seus próprios “trilhos” podiam atender a uma variedade de aplicações, com possibilidade de utilização mais diversificada que a dos tratores de pneus ou sistemas de tração animal, particularmente em terraplanagem.
Em pouco tempo, as inovações se sucederam e, com elas, surgiu uma nova fonte de energia. Em 1931, a Caterpillar lançou o trator Sixty com motor diesel, ainda considerado uma opção um tanto exótica à época.
LINHAGEM
Todavia, levaria pouco tempo para que os motores a diesel demonstrassem sua superioridade sobre os propulsores de ciclo Otto (a gasolina) em aplicações pesadas. Aliada ao menor consumo de combustível, a maior eficiência do diesel não representava muito àquela altura. Mesmo assim, a revista Die Bauindustrie citou em 1938: “Recentemente, o motor diesel foi usado quase sem exceção nos tratores de esteiras e, em comparação aos motores a gasolina, teve uma economia de combustível em torno de
Os tratores de esteiras surgiram na década de 30 e rapidamente começaram a ganhar espaço. Tornou-se óbvio que tratores com seus próprios “trilhos” podiam atender a uma variedade de aplicações, com possibilidade de utilização mais diversificada que a dos tratores de pneus ou sistemas de tração animal, particularmente em terraplanagem.
Em pouco tempo, as inovações se sucederam e, com elas, surgiu uma nova fonte de energia. Em 1931, a Caterpillar lançou o trator Sixty com motor diesel, ainda considerado uma opção um tanto exótica à época.
LINHAGEM
Todavia, levaria pouco tempo para que os motores a diesel demonstrassem sua superioridade sobre os propulsores de ciclo Otto (a gasolina) em aplicações pesadas. Aliada ao menor consumo de combustível, a maior eficiência do diesel não representava muito àquela altura. Mesmo assim, a revista Die Bauindustrie citou em 1938: “Recentemente, o motor diesel foi usado quase sem exceção nos tratores de esteiras e, em comparação aos motores a gasolina, teve uma economia de combustível em torno de 75%”.
Muitos fabricantes dessas máquinas surgiram nos anos 30. Em 1932, o International McCormick-Deering TracTracTor deu início à longa linhagem de tratores IHC. Por sua vez, os tratores Monarch passaram a trazer o logotipo da Allis-Chalmers e foram equipados com lâminas de diversos fabricantes. Já os tratores da Case, em particular os da série CI, foram equipados com esteiras Trackson, da mesma forma que os tratores de rodas Fordson.
Em 1935, surgiu o maior trator de esteiras da época, o Caterpillar RD8, com 14,8 ton e 110 hp, antecessor do legendário D8. No final daquela década, esse fabricante lançou os modelos D4, D6 e D7, enquanto a International apresentou a série TD e a Allis-Chalmers, a série HD. Mas os fabricantes ainda não tinham consciência do real potencial dos tratores de esteiras, tanto que a maioria das lâminas era fornecida por terceiros.
DIVERSIFICAÇÃO
Outros implementos foram surgindo. Em 1931, LeTourneau utilizou escarificadores rebocados por tratores de esteiras na construção da via de acesso às obras da Hoover Dam. Esses escarificadores, chamados de rooters, pesavam de 3 a 4 ton e eram derivados de arados e escarificadores de solo usados na agricultura, obtendo ampla utilização.
As características inovadoras dos tratores Cletrac chamaram a atenção. Essas máquinas possuíam sistema de direção com duplo diferencial, que não exigia a frenagem de uma esteira para fazer as curvas, permitindo que o trator continuasse a se locomover com plena potência em ambas as esteiras. A montagem das rodas motrizes, em eixos apoiados na dianteira, reduzia as cargas de impacto nesses componentes. Essas cargas, transmitidas através da armação da lâmina, eram absorvidas pelos eixos de apoio, protegendo o material rodante.
Em outros países, a utilização de tratores de esteiras também aumentou, embora usados principalmente na agricultura. Por exemplo, esses tratores foram lançados em 1931 no Japão pela Komatsu, que originalmente fazia parte da Takeuchi Mining. Somente em 1936 o trator G40 recebeu uma lâmina frontal com acionamento hidráulico. Essa máquina foi a referência para todos os tratores de esteiras fabricados no Japão.
Diversas empresas europeias também passaram a fabricar tratores de esteiras. Na França, os primeiros tratores foram produzidos pela Ateliers de Bondy, que produzia escavadeiras. Na Inglaterra, empresas como Fowler, Track-Marshall, Garret e Ransomes lançaram suas máquinas. Esta última, inclusive, lançou o modelo MG, de pequenas dimensões, que pode ser considerado o primeiro minitrator do mundo.
Na Alemanha, a Menck & Hambrock desenvolveu em 1934 um trator de esteiras, após uma viagem do engenheiro Hugo Cordes aos EUA. Com uma lâmina de acionamento hidráulico instalada num trator de esteiras Hanomag, a máquina fez da Menck o primeiro fabricante de implementos para tratores na Alemanha. A Hanomag iniciou a produção seriada de seu trator de esteiras K50 em 1934, seguida pela Lanz.
A Linke-Hoffman-Busch (LHB) lançou o trator Rübezahl, com motor Kamper a gasolina, seguido pelos tratores Boxer e Riese. Em 1935, a divisão de engenharia mecânica da LHB foi vendida para a Junkers, iniciando a fabricação dos tratores Famo, que se tornaram famosos durante toda a existência da empresa.
Com o passar do tempo, as máquinas também sofreram melhorias estruturais: o aço substituiu componentes de ferro fundido, a largura das sapatas foi aumentada etc. O primeiro trator produzido especificamente para terraplanagem na Alemanha foi o Kaelble R125, de 1939. Era também o maior trator do mercado, com 18,5 ton, 130 hp e uma lâmina de 3 m com acionamento hidráulico.
REBOQUES
Naquela época, também foi comum a utilização de tratores para rebocar equipamentos de transporte de material escavado. As vagonetas foram substituídas por caçambas montadas sobre esteiras (“trilhos sem fim”), rebocadas por tratores, entre os quais podem ser citados os Western “dump wagon”, de 1937, montados sobre esteiras da Athey. Essa solução não durou muito tempo, sendo superada pelos tratores de pneus rebocando vagões de descarga pelo fundo (bottom dump), cuja produtividade era muito maior, e, posteriormente, pelos motoscrapers.
E, assim, a década de 30, que havia começado sem essas máquinas, terminou com os tratores de esteiras espalhados pelo mundo todo, com uma ampla faixa de capacidade e com uma série de implementos destinados principalmente à terraplanagem.
Leia na próxima edição: A diversificação dos motores
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