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Revista M&T - Ed.227 - Setembro 2018
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Coluna do Yoshio

Aprender a preservar

Há muitos anos, um amigo estrangeiro comentou que um dos sinais mais importantes de desenvolvimento de um país era o cuidado com a conservação daquilo que se construíra com os preciosos recursos da sociedade. Depois deste dia, passei a observar as coisas com o olhar de preservação de um valor criado, tanto das coisas públicas quanto privadas.

Ao permitir a deterioração de construções, edifícios, estradas, equipamentos urbanos, mobiliários e objetos em geral, a sociedade perde muito dinheiro e esforço humano, pois abdica – em parte ou totalmente – de algo que lhe custou muito para ser construído. Pode ser isso uma decorrência da cultura do consumo e, consequentemente, do descarte? Difícil dizer.

O fato é que a conservação tem uma alcunha técnica muito conhecida por todos nós: manutenção. É esta atividade que conserva a funcionalidade e o valor das construções e dos equipamentos que a sociedade adquiriu com recursos que custaram esforços de muitos, ou de todos.

Em geral, a realidade do nosso país é a de um lugar que não aprendeu a conser


Há muitos anos, um amigo estrangeiro comentou que um dos sinais mais importantes de desenvolvimento de um país era o cuidado com a conservação daquilo que se construíra com os preciosos recursos da sociedade. Depois deste dia, passei a observar as coisas com o olhar de preservação de um valor criado, tanto das coisas públicas quanto privadas.

Ao permitir a deterioração de construções, edifícios, estradas, equipamentos urbanos, mobiliários e objetos em geral, a sociedade perde muito dinheiro e esforço humano, pois abdica – em parte ou totalmente – de algo que lhe custou muito para ser construído. Pode ser isso uma decorrência da cultura do consumo e, consequentemente, do descarte? Difícil dizer.

O fato é que a conservação tem uma alcunha técnica muito conhecida por todos nós: manutenção. É esta atividade que conserva a funcionalidade e o valor das construções e dos equipamentos que a sociedade adquiriu com recursos que custaram esforços de muitos, ou de todos.

Em geral, a realidade do nosso país é a de um lugar que não aprendeu a conservar as coisas. Mesmo com as máquinas utilizadas pelo nosso setor, por muito tempo foi absolutamente comum praticar o descarte ou, até mesmo, o abandono após o término das obras. Talvez no passado o descarte fosse, de fato, a medida mais viável economicamente. Todavia, alguém certamente pagou por este luxo.

Também é verdade que equipamentos e benfeitorias públicas frequentemente são alvos de depredações e vandalismo, em um exemplo extremo de descuido e despreparo. Quando lemos notícias sobre equipamentos danificados em hospitais públicos, por exemplo, percebemos um problema de gestão e burocracia que parece tornar impossível manter as coisas em ordem. O que se percebe claramente é que falta-nos incorporar uma cultura de conservação e manutenção já no estágio inicial de um projeto ou de uma nova aquisição.

Trata-se de um avanço urgente. Afinal, nas periferias os cidadãos morrem contaminados por conta de uma obra de saneamento que não foi realizada, mas também sucumbem quando a obra é realizada, mas não é mantida funcional ao longo do tempo. Nas estradas, os motoristas morrem em acidentes nos quais a má conservação das vias tem seu papel, em uma incapacidade flagrante de atender às demandas de infraestrutura.

Assim, o cenário é o de um país ainda por aprender a conservar e a manter o valor do que logrou construir ou fabricar a muito custo, entendendo que a cultura da manutenção pode ensinar um povo a ser melhor do que é. Se isso não for feito, estaremos condenados a sempre substituir o que já nos custou muito caro por erigir, sem expectativas de finalmente crescer.

*Yoshio Kawakami

é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema

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