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Revista M&T - Ed.220 - Fevereiro 2018
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Coluna do Yoshio

A hora das oportunidades

Há muitos anos, ainda na década de 80, tive a minha primeira oportunidade de participar de uma viagem ao Japão. A ocasião era para acompanhar um grupo de visitantes brasileiros à matriz da Kubota, empresa na qual trabalhava na época.

Os anos 80 foram intitulados como “a década perdida” para o Brasil. Entre crises, transição do governo militar para as eleições diretas, desemprego em massa, planos econômicos e inflação “galopante”, vivíamos uma fase que deixou poucas lembranças positivas. O mercado brasileiro ainda era fechado e o exterior muito distante, bem diferente dos dias atuais. Assim, ver de perto os negócios em outros países era uma rara oportunidade de aprendizado prático.

Após algumas semanas, foi possível conhecer a estabilidade dos negócios, o valor do planejamento e a constante evolução da economia nipônica. Cheguei a comentar com um dos diretores – que havia vivido no Brasil por mais de 10 anos – como deveria ser bom viver e trabalhar num país organizado e estável como o Japão.

Confesso que fiquei surpreso quando este diretor respondeu que tal pe


Há muitos anos, ainda na década de 80, tive a minha primeira oportunidade de participar de uma viagem ao Japão. A ocasião era para acompanhar um grupo de visitantes brasileiros à matriz da Kubota, empresa na qual trabalhava na época.

Os anos 80 foram intitulados como “a década perdida” para o Brasil. Entre crises, transição do governo militar para as eleições diretas, desemprego em massa, planos econômicos e inflação “galopante”, vivíamos uma fase que deixou poucas lembranças positivas. O mercado brasileiro ainda era fechado e o exterior muito distante, bem diferente dos dias atuais. Assim, ver de perto os negócios em outros países era uma rara oportunidade de aprendizado prático.

Após algumas semanas, foi possível conhecer a estabilidade dos negócios, o valor do planejamento e a constante evolução da economia nipônica. Cheguei a comentar com um dos diretores – que havia vivido no Brasil por mais de 10 anos – como deveria ser bom viver e trabalhar num país organizado e estável como o Japão.

Confesso que fiquei surpreso quando este diretor respondeu que tal percepção estava enviesada pela minha experiência brasileira, pois não percebia como a estabilidade podia ser enfadonha. Sem qualquer sinal de amargor ou saudosismo, ele comentou ainda que a estabilidade não alterava o status quo e tampouco produzia oportunidades relevantes.

Com o tempo, fui entendendo e percebendo que, de fato, as inconstâncias do ambiente de negócios do Brasil geravam novas oportunidades constantemente. Hoje, mais uma vez estamos no limiar de oportunidades inesperadas e os executivos mais experientes já devem estar “afiando as suas facas” para a nova rodada de oportunidades. Mas também é possível que os mais jovens tenham antenas mais aguçadas para os sinais precoces de oportunidades...

Seja como for, o importante é perceber que já é hora de exercitar os músculos para as novas batalhas. Quem sabe seja importante ter liquidez para investir rapidamente? Quem sabe a sua organização necessite ser renovada ou re-treinada? Que seja a hora de redefinir a sua estratégia a partir de novas premissas? De investir em novos sistemas? De buscar novos parceiros para ajudar a pensar? Quem sabe?

Como no Brasil os ciclos geralmente são mais rápidos, tanto para decolar quanto para mergulhar, a antecipação é a condição essencial para aproveitar as oportunidades. É necessário dimensionar o iceberg pela sua ponta e à distância, rapidamente. Após todos identificarem que é mesmo um iceberg, as melhores oportunidades provavelmente já estarão fora do seu alcance.

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