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Revista M&T - Ed.266 - Agosto 2022
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A ERA DAS MÁQUINAS

A evolução dos guindastes de torre

Por Norwil Veloso

Este modelo liffing jib da Liebherr acompanhava a altura do edifício conforme a construção avançava

Durante a Revolução Industrial, o rápido crescimento das cidades provocou profundas alterações na estrutura urbana, inicialmente na maioria das nações europeias e, posteriormente, também nos Estados Unidos e no resto do mundo.

A possibilidade de construção de edifícios em concreto armado criou uma demanda por dispositivos eficientes de içamento de cargas, que se juntou ao desejo de colocar as tecnologias de guindastes a serviço da construção, mas em um ritmo bem mais lento.

Contudo, os alcances e capacidades eram bastante limitados. Características como alcance de 1,35 m e capacidades de 1 a 4 t, por exemplo, trazidas em um guindaste produzido por Carl Peschke, eram comuns. Da mesma maneira, as lanças eram curtas (de 3 a 10 m), o que era compensado pelo deslocamento de todo o conjunto ao longo de trilhos, com evidentes limitações.

Por sua vez, os limites de momento não eram considerados nos projetos e, por isso, ocorriam muitos acidentes, particularmente quando o balanço da carga ficava fora de controle.

GÊNESE

A utilização massiva dos guindastes de torre só viria a ocorrer nos anos 50. Até lá, houve alguma oferta, como a da empresa Voss & Wolter, na Alemanha, que produzia e alugava guindastes de 2 a 5,5 t com locomoção sobre trilhos.

Guindastes com capacidade até 10 t, lança inclinada (luffing jib, similar aos derricks) até 30 m e altura de elevação até 22 m passaram a ser produzidos pela Deutsche Maschinenbau, antecessora da Demag. A MAN e a Krupp também ofereceram máquinas sobre trilhos com giro e altura de elevação até 55 m.

Na feira de Leipzig de 1913, a empresa alemã Julius Wolff – que produzia guindastes desde 1898 e viria a se tornar um dos maiores fabricantes mundiais desses equipamentos – ganhou a medalha de ouro com um model


Este modelo liffing jib da Liebherr acompanhava a altura do edifício conforme a construção avançava

Durante a Revolução Industrial, o rápido crescimento das cidades provocou profundas alterações na estrutura urbana, inicialmente na maioria das nações europeias e, posteriormente, também nos Estados Unidos e no resto do mundo.

A possibilidade de construção de edifícios em concreto armado criou uma demanda por dispositivos eficientes de içamento de cargas, que se juntou ao desejo de colocar as tecnologias de guindastes a serviço da construção, mas em um ritmo bem mais lento.

Contudo, os alcances e capacidades eram bastante limitados. Características como alcance de 1,35 m e capacidades de 1 a 4 t, por exemplo, trazidas em um guindaste produzido por Carl Peschke, eram comuns. Da mesma maneira, as lanças eram curtas (de 3 a 10 m), o que era compensado pelo deslocamento de todo o conjunto ao longo de trilhos, com evidentes limitações.

Por sua vez, os limites de momento não eram considerados nos projetos e, por isso, ocorriam muitos acidentes, particularmente quando o balanço da carga ficava fora de controle.

GÊNESE

A utilização massiva dos guindastes de torre só viria a ocorrer nos anos 50. Até lá, houve alguma oferta, como a da empresa Voss & Wolter, na Alemanha, que produzia e alugava guindastes de 2 a 5,5 t com locomoção sobre trilhos.

Guindastes com capacidade até 10 t, lança inclinada (luffing jib, similar aos derricks) até 30 m e altura de elevação até 22 m passaram a ser produzidos pela Deutsche Maschinenbau, antecessora da Demag. A MAN e a Krupp também ofereceram máquinas sobre trilhos com giro e altura de elevação até 55 m.

Na feira de Leipzig de 1913, a empresa alemã Julius Wolff – que produzia guindastes desde 1898 e viria a se tornar um dos maiores fabricantes mundiais desses equipamentos – ganhou a medalha de ouro com um modelo inovador de lança inclinada, cujas primeiras unidades foram vendidas ainda durante o evento.

Com o passar do tempo, essas máquinas continuaram pesadas, caras e difíceis de montar. Os primeiros guindastes de torre eram usados principalmente em grandes obras, como barragens, pontes e ferrovias.

Além disso, a Segunda Guerra Mundial reduziu significativamente as possibilidades de evolução da indústria, uma vez que, em 1945, a maior parte das fábricas estava em ruínas. A Wolff, por exemplo, teve suas instalações totalmente destruídas e só conseguiu reiniciar a produção em 1948, ainda assim usando projetos antigos.


Em 1913, este guindaste produzido pela Julius Wolff Co. era considerado um equipamento revolucionário pela rapidez na montagem

A empresa produzia guindastes de lança inclinada com capacidades de 15 a 60 t e giro na parte superior da torre. Outros fabricantes, como Peschke, Kaiser e BHS, mantinham o giro na parte inferior da torre. Em geral, foi dada prioridade à facilidade e rapidez de montagem.

Porém, não se pode falar de guindastes de montagem rápida sem citar Hans Liebherr (1915-1993). Consciente das dificuldades de montagem e desmontagem dos guindastes usados na construção, o inventor alemão fabricou um modelo para uso próprio, com lança de 16 m e capacidade de uma tonelada, que foi apresentado na Feira de Frankfurt em 1949. Esse modelo deu início a uma série, da qual também fizeram parte os modelos TH 3.6, 6, 8, 10, 14 e 28.

DESENVOLVIMENTO

O final da década de 50 deu início ao período áureo dos guindastes de torre com lança inclinada, que dominaram a construção de edificações na época. Os problemas de locomoção foram simplificados e os mecanismos de acionamento permitiam a mudança do ângulo da lança com carga, o que aumentou a produtividade e a eficiência da operação.

Em 1953, foi lançado o primeiro guindaste da marca Peiner, que fez bastante sucesso. Com valores impressionantes para a época, seus modelos tinham giro na parte inferior da torre, lança até 60 m com capacidade de 10 t e altura de elevação que chegava a 81 m.

Nessa época, a configuração de lança horizontal com trolley foi abandonada pela maioria dos fabricantes, fazendo com que os equipamentos com lança inclinada dominassem o mercado nos 20 anos seguintes.

A Liebherr foi umas das fabricantes que obteve grande expansão na época, sendo que os modelos 14A e 25A foram os primeiros da indústria a trazerem um sistema de elevação da torre (“telescopagem”) por cabos.

Nessa mesma época, a Hilgers AG Vögele lançou o primeiro guindaste ascensional, um conceito depois seguido por Schwing, Peiner, Liebherr e outros. O guindaste era inicialmente montado no solo e, após a construção dos dois primeiros andares, instalado em bases que se apoiavam nas paredes internas do poço do elevador, subindo à medida que a construção progredia.

Nessa altura, as áreas de obra estavam se tornando extremamente confinadas e frequentemente próximas de ruas com movimento. Como o deslocamento sobre trilhos era limitado e caro, os fabricantes voltaram a produzir guindastes fixos com lança horizontal e trolley, com alturas operacionais de até 80 m sob o gancho, que conseguiam cobrir toda a área da edificação.

Com capacidade de 1.250 kg, o modelo Schwing KTK 25 foi uma solução bastante econômica. Era ancorado nos três últimos andares do edifício, tendo, portanto, uma torre curta, além de utilizar uma lança com 10 m. Logo depois, seriam lançados modelos maiores (KTK28, 32 e 42), que tinham capacidade para elevar até 1.400 kg a 30 m de raio, enquanto outros pela primeira vez utilizaram dispositivos elétricos de detecção de sobrecarga, como os modelos da EWK.

Nesse processo, a Peiner lançou um guindaste sobre trilhos que chamou a atenção por seu porte, com altura sob o gancho de 101 m e velocidade de elevação de 70 m/min. A Wolff, que produzia esses equipamentos desde 1917, lançou o modelo 28 H, que ia para o canteiro montado e cuja torre era “desdobrada” através de um sistema de cabos.


Por volta de 1949, Hans Liebherr apresentou ao mercado um guindaste de torre com desmontagem facilitada, que era rebocado até o canteiro por caminhão e depois montado sobre trilhos

DIVERSIFICAÇÃO

Na década de 60, os guindastes evoluíram ainda mais, ganhando maior capacidade, torres com “telescopagem” e novos sistemas de controle, entre outros. Na época, surgiram máquinas com o giro na parte superior ou na inferior, configurações com trolley ou com lança inclinada.

As empresas produtoras compreendiam, entre outras, Peiner, Liebherr, Reich, Potain, Edilmac, Funchi-Milanesi, Hilgers, Pingon, Pinguely, Raimondi, Schwing, Sumitomo e Wolff, que produziam guindastes de montagem rápida para todo tipo de trabalho.

O modelo 30/30 da Liebherr foi um dos primeiros guindastes com trolley e sistema de “telescopagem” da torre. Na Dinamarca, a Kroll lançou um de seus produtos mais vendidos, o K 44 D, com lança até 34 m, giro na parte inferior da torre, capacidade de 1.300 kg e altura até 32 m.

Os guindastes continuaram a crescer na década de 70, quando foi produzido pela Kroll o K1000, o maior guindaste do mundo na época, do qual foram fabricadas somente 20 unidades. E, nos anos 80, os Estados Unidos também começaram a usar essa tecnologia.

Na década de 80, a Kroll produziu 15 unidades do modelo K10000 e projetou o K25000, que teria capacidade de 400 t num raio de 57 m e de 200 t até um raio de 88 m e altura de 87 m, podendo operar com ventos de até 20 m/s.

A Potain seguiu o mesmo caminho com o modelo MD 2200, que tinha altura máxima de 124 m sob o gancho, 80 m de raio e capacidade de 24 t a 41,7 m. Posteriormente, a empresa projetou o MD22500, capaz de elevar 180 t num raio de 98 m ou 360 t a 62,5 m, que não chegou a ser fabricado.

Leia na próxima edição:O apogeu das motoniveladoras

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