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Revista M&T - Ed.237 - Setembro 2019
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Coluna do Yoshio

A ambivalência dos acordos comerciais

No comércio internacional, as partes firmam acordos mirando seus ganhos no território alheio, mais do que facilitando a entrada dos parceiros em seu próprio mercado.

Assim como outras promessas do passado, novos movimentos de abertura econômica prometem aumento do comércio bilateral e consequências positivas para o país. É claro que um acordo bilateral entre o Mercosul e a Comunidade Europeia, por exemplo, pode gerar um crescimento do volume do comércio entre as duas comunidades regionais, e certamente a dimensão econômica do Brasil polariza a atenção de todos.

Mas olhando para o que houve no passado, é de se perguntar se o que vem se concretizando equivale ao que se criou como expectativa. Particularmente, tenho a impressão de que o equilíbrio não será necessariamente o resultado. Alguns setores, como o de commodities, tirarão benefício do acordo para incrementar seus volumes de exportação, mas os ganhos para algumas importantes questões sociais serão eventualmente menores do que os proporcionados aos setores de transformação.

Para esses, os benefícios podem incluir custos menores na obtenção de insumos por meio da importação, mas isso não também significa que poderão obter grandes ganhos competitivos de imediato. Até porque os importados chegarão antes que os setores transformadores brasileiros se tornem competitivos a ponto de obter ganhos na exportação. Por outro lado, o consumo de produtos importados será mais competitivo, reduzindo os ganhos destes setores no mercado doméstico. Ou seja, bens e serviços de maior valor agregado, principalmente, chegarão mais rapidamente aqui do que a saída dos nossos produtos equivalentes.

Claro que haverá setores em que as nossas empresas terão vantagens, mas em muitos outros as empresas produtoras complementarão seu portfólio com importações para aumentar os ganhos no mercado doméstico, antes de pensarem em desenvolver suas exportações. No comércio internacional, as partes firmam acordos mirando seus ganhos no território alheio, mais do que facilitando a entrada


Assim como outras promessas do passado, novos movimentos de abertura econômica prometem aumento do comércio bilateral e consequências positivas para o país. É claro que um acordo bilateral entre o Mercosul e a Comunidade Europeia, por exemplo, pode gerar um crescimento do volume do comércio entre as duas comunidades regionais, e certamente a dimensão econômica do Brasil polariza a atenção de todos.

Mas olhando para o que houve no passado, é de se perguntar se o que vem se concretizando equivale ao que se criou como expectativa. Particularmente, tenho a impressão de que o equilíbrio não será necessariamente o resultado. Alguns setores, como o de commodities, tirarão benefício do acordo para incrementar seus volumes de exportação, mas os ganhos para algumas importantes questões sociais serão eventualmente menores do que os proporcionados aos setores de transformação.

Para esses, os benefícios podem incluir custos menores na obtenção de insumos por meio da importação, mas isso não também significa que poderão obter grandes ganhos competitivos de imediato. Até porque os importados chegarão antes que os setores transformadores brasileiros se tornem competitivos a ponto de obter ganhos na exportação. Por outro lado, o consumo de produtos importados será mais competitivo, reduzindo os ganhos destes setores no mercado doméstico. Ou seja, bens e serviços de maior valor agregado, principalmente, chegarão mais rapidamente aqui do que a saída dos nossos produtos equivalentes.

Claro que haverá setores em que as nossas empresas terão vantagens, mas em muitos outros as empresas produtoras complementarão seu portfólio com importações para aumentar os ganhos no mercado doméstico, antes de pensarem em desenvolver suas exportações. No comércio internacional, as partes firmam acordos mirando seus ganhos no território alheio, mais do que facilitando a entrada dos parceiros em seu próprio mercado. Isso não significa que todo acordo seja negativo ao longo do tempo, mas até que os ganhos se concretizem, os custos podem ser mais elevados.

O fato é que, historicamente, os acordos comerciais, sejam bilaterais ou regionais, sempre favoreceram o lado que está “mais pronto” com sua tecnologia e presença internacional. Países mais competitivos e suas empresas não necessitam de acordos para competir e avançar no mercado mundial. São os menos capacitados que necessitam de benefícios preferenciais e privilégios, de modo a estimular as suas exportações. Por estas desconfianças, recomendo que as empresas se preparem adequadamente, revisando meticulosamente seus portfólios e custos para evitar que “eles” cheguem aqui antes que “nós” tenhamos tempo hábil de ir para lá.

*Yoshio Kawakami
é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema

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