Revista M&T - Ed.223 - Maio 2018
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Coluna do Yoshio

A ambivalência da tecnologia

O que será do nosso futuro? Essa questão nos persegue desde o começo dos tempos. Para os entusiastas da tecnologia, a Inteligência Artificial tornará o ser humano obsoleto com a sua velocidade de processamento e um banco de dados inimaginável para o cérebro humano. Com a Internet das Coisas (IoT), os objetos ao nosso redor começarão a ter funções gerais e abrangentes, que hoje dependem da nossa decisão, organizada pela sua “inteligência artificial” através de algoritmos.

Como estes algoritmos terão a capacidade de aprendizado, associando dados e experiências, cada vez mais passarão a dominar os processos mais complexos, reduzindo as nossas funções até mesmo para as coisas mais simples. Imagino que, até este ponto, o nosso processo linear de raciocínio ainda perceberá a tecnologia como um recurso capaz de realizar coisas maravilhosas, aliviando-nos das tarefas mais mundanas.

Como problema imediato, ademais, resta-nos descobrir como adquirir estes maravilhosos aspiradores de pó que limpam a casa sem ninguém para guiá-los, veículos que não requer


O que será do nosso futuro? Essa questão nos persegue desde o começo dos tempos. Para os entusiastas da tecnologia, a Inteligência Artificial tornará o ser humano obsoleto com a sua velocidade de processamento e um banco de dados inimaginável para o cérebro humano. Com a Internet das Coisas (IoT), os objetos ao nosso redor começarão a ter funções gerais e abrangentes, que hoje dependem da nossa decisão, organizada pela sua “inteligência artificial” através de algoritmos.

Como estes algoritmos terão a capacidade de aprendizado, associando dados e experiências, cada vez mais passarão a dominar os processos mais complexos, reduzindo as nossas funções até mesmo para as coisas mais simples. Imagino que, até este ponto, o nosso processo linear de raciocínio ainda perceberá a tecnologia como um recurso capaz de realizar coisas maravilhosas, aliviando-nos das tarefas mais mundanas.

Como problema imediato, ademais, resta-nos descobrir como adquirir estes maravilhosos aspiradores de pó que limpam a casa sem ninguém para guiá-los, veículos que não requerem condutores, habitações que detectam nossa presença e funcionam sem que se toque em nada, dentre tantas outras coisas maravilhosas.

No ambiente de trabalho, os nossos algoritmos poderão conversar com os algoritmos dos nossos clientes, resolvendo quase tudo sem a nossa interferência. Até que, no médio prazo, sobrará tempo para imaginar que, se ninguém mais precisa fazer o que fazemos hoje, muitos trabalhos e empregos se tornarão desnecessários. Nesse sentido, alguém já disse até mesmo que a função do ser humano será eliminada...

Todavia, antes de considerarmos essa possibilidade, temos um problema de 8 bilhões de pessoas no mundo que precisam comer três vezes ao dia e, ainda, de atividades que gerem renda suficiente para pagar por uma existência de cerca de 100 anos. Assim, se no futuro muitos de nós não terão mais trabalho, qual seria o modelo socioeconômico capaz de atender às necessidades básicas de toda a população humana?

O livro “Galápagos”, de Kurt Vonnegut, retrata uma comunidade pós-apocalíptica que se instala no arquipélago do Pacífico, gerando uma nova sociedade que retrocede alguns milhões de anos da evolução humana para se adaptar ao ambiente local, isolado do resto do mundo. Publicado em 1985, o premiado livro – que questiona o mérito do cérebro humano por uma perspectiva evolutiva – nunca pareceu tão atual como nos dias de hoje, evidentemente guardadas as devidas proporções.

Em outras palavras, a tecnologia pode criar soluções sonhadas por longo tempo pelo ser humano, mas também pode trazer novos problemas repentinos que os humanos jamais imaginaram enfrentar um dia.

*Yoshio Kawakami

é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema

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