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Revista M&T - Ed.291 - Fevereiro / Março 2025
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A ERA DAS MÁQUINAS

Uma revolução na escavação

Por Norwil Veloso

Produzido pela Koehring na década de 1960, o modelo Skooper 205 utilizava cabos para elevação e sistemas hidráulicos para movimento da caçamba. Fotos: Repredução


Em 1835, o engenheiro americano William S. Otis inventou a escavadeira a vapor. Quase um século depois, já na década de 1930, o invento sofreu diversos aperfeiçoamentos, com a substituição da energia a vapor por motores a explosão. As máquinas puderam ser facilmente convertidas de shovel em dragline ou mesmo guindaste, graças aos sistemas de guinchos e cabos utilizados para as diferentes funções.

Essa versatilidade resultou na ampliação do uso do equipamento em diferentes aplicações. Na época, os operadores tornaram-se tão valiosos que recebiam alguns dos salários mais altos nas obras. Em escavadeiras, alcançaram tal destaque que eram relacionados juntamente com os superintendentes e


Produzido pela Koehring na década de 1960, o modelo Skooper 205 utilizava cabos para elevação e sistemas hidráulicos para movimento da caçamba. Fotos: Repredução


Em 1835, o engenheiro americano William S. Otis inventou a escavadeira a vapor. Quase um século depois, já na década de 1930, o invento sofreu diversos aperfeiçoamentos, com a substituição da energia a vapor por motores a explosão. As máquinas puderam ser facilmente convertidas de shovel em dragline ou mesmo guindaste, graças aos sistemas de guinchos e cabos utilizados para as diferentes funções.

Essa versatilidade resultou na ampliação do uso do equipamento em diferentes aplicações. Na época, os operadores tornaram-se tão valiosos que recebiam alguns dos salários mais altos nas obras. Em escavadeiras, alcançaram tal destaque que eram relacionados juntamente com os superintendentes e gerentes do empreendimento.

COMPETIÇÃO

Com o tempo, alguns implementos das máquinas de construção passaram a ser acionados por controles hidráulicos. Posteriormente, surgiram máquinas totalmente hidráulicas (incluindo escavadeiras, carregadeiras e retroescavadeiras) que, na época, eram utilizadas principalmente em funções complementares.

A partir do final da década de 1950, os fabricantes de escavadeiras a cabo começaram a se sentir ameaçados pelos equipamentos que estavam surgindo, como escavadeiras hidráulicas e carregadeiras de pneus, cujas vendas foram invadindo os mercados tradicionais dessas máquinas, embora ainda com modelos de menor capacidade (menos de 1 m3).

Por essa razão, muitos fabricantes passaram a desenvolver escavadeiras hidráulicas, com maior ou menor grau de sucesso. A Koehring, por exemplo, inicialmente projetou implementos que propiciariam maior produtividade para as escavadeiras em geral, passando depois a fabricar suas próprias máquinas hidráulicas.

Na década de 1960, o aumento da demanda por habitações levou à execução de muitas obras de saneamento, como estações de tratamento de água e esgoto, redes de distribuição de água, interceptores e redes coletoras de esgoto. Embora as máquinas a cabo continuassem a trabalhar nessas obras, havia uma predileção por máquinas hidráulicas, que ofereciam ciclos mais rápidos e melhor controle por parte do operador.

Nesse cenário, a primeira Skooper foi montada pela Koehring em 1957, com o modelo 205, uma máquina híbrida – parte a cabo e parte hidráulica – que passou a usar uma caçamba de carregadeira que quadruplicava a capacidade do modelo padrão. A máquina mantinha os tambores de cabo, podendo ser facilmente convertida em guindaste, dragline ou shovel.

Quando atuava como Skooper, a elevação era feita por tambor e guincho, enquanto a escavação era realizada por um par de cilindros hidráulicos de dupla ação e a inclinação, por um terceiro cilindro. Com capacidade de 2 m3, essa solução era substancialmente diferente e maior que outras máquinas da época.

Lançada pela Koehring em 1963, a 505 Skooper tinha porte de 40 ton e caçamba de aplicação geral de 3 m3, sem precedentes no mercado da época


SEM PRECEDENTES

Em 1963, a Koehring lançou sua primeira máquina hidráulica, a 505 Skooper, de 40 ton e caçamba de aplicação geral de 3 m3 (4 j.c.), um porte sem precedentes no mercado da época. O equipamento podia cortar valas de até 7,5 m de profundidade e levantar 20,5 ton em um raio de 4,5 m. Com giro de 133 graus, a caçamba oferecia 24,2 ton de força de elevação, 16,1 ton de força de movimentação e 16,1 ton de força de escavação. A máquina foi lançada em duas versões: retroescavadeira e shovel.

Em vez dos cabos de elevação, essa máquina utilizava um par adicional de cilindros de ação simples, para elevar todo o conjunto dianteiro por meio de articulações do tipo pantógrafo. O modelo tornou-se a primeira escavadeira totalmente hidráulica para serviço pesado lançada no mercado americano. Embora a primeira escavadeira vendida nesse mercado fosse a Yumbo (de origem francesa e comercializada pela Drott), a máquina da Koehring era menor, com capacidade máxima de 1 m3, sendo mais adequada para serviços leves como movimentação de material solto e manuseio em pátios.

Trabalhando em posição estacionária como uma escavadeira a cabo, a 505 podia competir com pás carregadeiras, sem sofrer o desgaste decorrente das manobras de carga e descarga. O modelo foi comercializado como uma opção mais em conta que uma carregadeira equivalente, além de mais ágil que uma escavadeira de 1,1 m3 (1¼ j.c.) e, ainda, capaz de escavar materiais mais resistentes que as escavadeiras da classe de 2 m3.

A solução teve grande procura pelas empreiteiras, devido à caçamba com capacidade de 1,5 m3 e ao grande alcance e profundidade de escavação. Os operadores se adaptaram facilmente aos controles pneumático-hidráulicos, e a aceitação levou a Koehring a lançar outros modelos hidráulicos, como a 466, também com grande sucesso. Já no final dos anos 1970, foi a vez da 1066, um modelo acionado por motor Detroit 8V-92T de 430 hp, com peso de 76 ton, seguida da maior máquina da linha, a 1466, de 120 ton, acionada por dois motores Detroit 12V-71 e com caçamba de 6,1 m3.

Na edição de outubro de 1964 da revista New England Construction foi publicado um anúncio da Parker-Danner, então dealer da Koehring em Boston. A peça apresentava a A. J. Welch, importante empreiteira de Boston até os dias atuais, atuando em uma obra de escavação no Rio Chicopee, em Massachusetts.

Visando o controle de inundações, a obra enfrentou um fundo rochoso que não permitia ser quebrado pelas máquinas a cabo da época. Somente a força de escavação da 505 conseguiu desalojar as pedras e executar a obra. Nos anos seguintes, essa máquina obteve grande aceitação na Nova Inglaterra, onde diversas das maiores construtoras locais de rodovias adquiriram o modelo.

Com 27 ton, o modelo Menck-Skooper M300H tinha capacidade de 2,7 m3 e foi produzido até 1971


COMBINAÇÃO

Nessa mesma época, a Menck lançou o modelo M300H, de 27 ton e 2,7 m3 de capacidade, que foi introduzido em 1967 e fabricado até 1971. A combinação da operação de carregadeira e escavadeira resultou em diversas vantagens, a começar pela capacidade de escavar e descarregar a partir de uma posição fixa, em vez de manobrar continuamente para carga e descarga da caçamba, o que reduzia o consumo de combustível, eliminava o desgaste da transmissão e do sistema rodante (esteiras ou pneus) e reduzia o cansaço do operador. A única desvantagem era que, quando precisava ser reposicionada, a velocidade de locomoção era muito baixa, reduzindo sua versatilidade.

A linha Skooper foi oferecida pela fabricante por mais de uma década, até que o aperfeiçoamento da geometria do sistema de escavação e a maior sofisticação dos sistemas hidráulicos tornaram essa solução obsoleta. A 505 permaneceu em produção até 1970, sendo que a Koehring manteve a produção de escavadeiras hidráulicas até 1982. Embora a máquina fosse mais adequada para operação em pedreiras e construção pesada, acabou lançando as bases para as gigantescas máquinas hidráulicas usadas atualmente em operações de mineração.

Leia na próxima edição:
A construção do túnel Seikan

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