Revista M&T - Ed.192 - Julho 2015
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Controle de Emissões

Tratamento acústico

Entenda como os fabricantes de equipamentos da Linha Amarela estão preparados para atender à Legislação do Conama quanto aos novos limites de emissão de ruídos

Desde janeiro, entrou em vigor a resolução número 433 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que estabelece os parâmetros da primeira fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve/Mar-I) para máquinas agrícolas e rodoviárias. A regulamentação abarca a emissão de gases poluentes e também estabelece limites para a emissão de ruídos, privilegiando o conforto sonoro da população no entorno da obra e, consequentemente, do operador.

É preciso destacar que a resolução não trata diretamente do operador, que é protegido pelo Ministério do Trabalho, por meio da Norma Regulamentadora no15. No entanto, os sistemas para controle de ruído implantados nas máquinas tendem evidentemente a beneficiá-lo, mesmo que indiretamente. “Ao contrário das regras para emissão de ruídos do Proconve, que estabelecem limites máximos de ruído externo para cada classe de máquinas, a NR-15 estabelece o tempo máximo de exposição diária do operador a cada nível de emissão de ruídos”, esclarece Boris Sanchez, gerente de suporte a vendas e aplicações da Volvo Construction Equipment


Desde janeiro, entrou em vigor a resolução número 433 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que estabelece os parâmetros da primeira fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve/Mar-I) para máquinas agrícolas e rodoviárias. A regulamentação abarca a emissão de gases poluentes e também estabelece limites para a emissão de ruídos, privilegiando o conforto sonoro da população no entorno da obra e, consequentemente, do operador.

É preciso destacar que a resolução não trata diretamente do operador, que é protegido pelo Ministério do Trabalho, por meio da Norma Regulamentadora no15. No entanto, os sistemas para controle de ruído implantados nas máquinas tendem evidentemente a beneficiá-lo, mesmo que indiretamente. “Ao contrário das regras para emissão de ruídos do Proconve, que estabelecem limites máximos de ruído externo para cada classe de máquinas, a NR-15 estabelece o tempo máximo de exposição diária do operador a cada nível de emissão de ruídos”, esclarece Boris Sanchez, gerente de suporte a vendas e aplicações da Volvo Construction Equipment para a América Latina. “Por exemplo, se o nível de ruído dentro da cabine é de 100 dB, ele não poderá exceder o limite máximo de uma hora diária de trabalho. Já se o ruído for igual ou inferior a 85 dB, ele pode cumprir a jornada de oito horas diárias.”

No Proconve, os tratores sobre esteiras, pás carregadeiras, escavadeiras, retroescavadeiras, motoniveladoras e rolos compactadores são classificados com o mesmo nível de emissão máxima de ruídos: 106 dB. Essa classificação varia para outros tipos de equipamentos, de acordo com a potência do motor.

ADEQUAÇÕES

Para os fabricantes da Linha Amarela, são limites que podem ser obtidos facilmente, uma vez que a maioria dos equipamentos comercializados no país foi concebida para o mercado mundial, com base nas regulamentações mais avançadas (e rígidas) dos Estados Unidos e Europa. “Os equipamentos produzidos no Brasil já atendiam à diretiva europeia, que está num estágio mais avançado”, diz Marcos Rocha, gerente de marketing de produto da New Holland Construction para a América Latina. “Por isso, fizemos só alguns incrementos de painéis insonorizadores acústicos e de algumas tecnologias antirruído especiais, como o viscous fan.”

Segundo ele, as adequações foram feitas de acordo com cada linha de produto, o que demandou uma estratégia específica e sempre suportada pela área de pesquisa, engenharia e desenvolvimento da CNH Industrial e da FPT, fornecedor que integra o grupo e auxiliou com soluções customizadas já aplicadas nos equipamentos da marca.

Especialista sênior de engenharia da Caterpillar no Brasil, Odirlei Ducatti diz que os equipamentos da marca receberam tratamento acústico que – de acordo com cada modelo – pode incluir abafadores, ventiladores mais silenciosos e dotados de controle eletrônico, fechamento do compartimento do motor e motores com tratamento acústico que melhora a combustão. “Cada máquina possui pontos mais proeminentes para a geração de ruído. O trator de esteiras, por exemplo, tem a questão do ruído das esteiras, enquanto o rolo compactador gera mais ruído no tambor”, explica. “Mas, no geral, os abafadores ajudam muito e novas tecnologias como os controles eletrônicos para os ventiladores de arrefecimento são importantes no sentido de ajudar a controlar a rotação das hélices – outro gerador de ruído importante – sem prejudicar a eficiência dos radiadores.”

Ducatti esclarece ainda que, embora muitas tecnologias para controle de ruídos sejam inéditas no Brasil, a Caterpillar já as incorporou desde 1997 em outros países, ou seja, desde que a regulamentação de ruídos entrou em vigor na Europa. “Por exportar, adotamos naturalmente em nossas máquinas os pacotes de tratamento acústico”, diz ele. “Portanto, os equipamentos da marca são certificados para supressão de ruído e utilizam o que há de mais moderno nesse campo tecnológico.”

RECURSOS

Sanchez afirma que, também pelo motivo de serem projetados para comercialização em todo o mundo, os equipamentos nacionais da Volvo CE estão muito avançados nessa área, atendendo às regulamentações brasileiras. “Os níveis de ruído que nossos produtos emitem atendem às regulamentações estadunidenses e europeias, que são mais avançadas”, enfatiza. “Por isso, não precisamos fazer qualquer adaptação para atender aos limites recém-estabelecidos pelo Proconve/Mar-I.”

Todavia, ele explica que vários componentes são geradores de ruídos em equipamentos, principalmente motores, bombas hidráulicas, componentes do trem de força, pneus, ventiladores e conjuntos de resfriamento, além de sistemas de exaustão e até mesmo pinos, buchas e mangueiras hidráulicas. “Por isso, o nível de ruído externo deve ser considerado desde a fase inicial de desenvolvimento do produto, incluindo a seleção de componentes, a definição da sua disposição física etc.”, explica o especialista da Volvo CE.

Além dos itens comumente utilizados, como silenciosos, revestimentos, antirruído e defletores, Sanchez explica que outras soluções também contribuem de forma significativa para reduzir a emissão de ruídos. É o caso dos motores com torque elevado em baixa rotação, que permitem aos equipamentos trabalhar em níveis de rotação mais baixos, diminuindo igualmente o nível de ruído.

Outras soluções interessantes, de acordo com o gerente, ocorrem no conjunto de resfriamento. “Um exemplo são os ventiladores com motores hidráulicos, cujo acionamento ocorre conforme a demanda de resfriamento, ao contrário dos tradicionais, com acionamento direto”, diz ele. “Assim, o ventilador emite menos ruído, pois gira em velocidades mais baixas na maior parte do tempo.”

Ainda nos ventiladores de arrefecimento, a alteração da geometria das pás possibilita um fluxo de ar mais suave, o que também reduz o ruído gerado. Para completar, o especialista destaca que soluções simples, como a utilização de tubulações ou mangueiras hidráulicas com diâmetro maior e conexões com curvatura mais suave, também contribuem para a redução do nível de ruído do sistema hidráulico, uma vez que permitem que o óleo flua mais livremente dentro do sistema.

Rocha, da New Holland Construction, acresce que a eficiência do controle de ruídos geralmente está relacionada à motorização (potência e rotação) e à vibração do equipamento. “É nesse segundo caso que se utilizam antivibrantes e silenciadores (painéis insonorizadores)”, diz. Segundo ele, uma grande porcentagem dos equipamentos já sai de fábrica com essas tecnologias, como a Linha C de escavadeiras, recém-lançada pela marca.

TENDÊNCIAS

Como tendências, o executivo avalia que futuramente haverá melhorias no nível de ruído das motorizações, reduzindo potência e rotação sem prejudicar o desempenho do equipamento. “No mais, não há tecnologia mais avançada dos que as que já são aplicadas no Brasil”, diz. A avaliação é compartilhada por Sanchez, da Volvo CE, para quem a “exigência crescente dos clientes e a adoção de normas regulamentadoras cada vez mais rígidas têm feito com que as tecnologias entre os mercados do Brasil e do restante do mundo se equalizem”.

Ducatti, da Caterpillar, também enxerga um cenário de consolidação para os sistemas de supressão de ruídos em todo o mundo. Porém, o especialista ressalta que nem sempre é preciso utilizar tecnologia sofisticada, apesar de reconhecer a importância de sistemas avançados como os ventiladores de arrefecimento controlados eletronicamente, para serem acionados somente quando necessário. “Muitas vezes, o controle de ruídos passa por soluções bem mais simples, como a dos painéis abafadores ou dos tapetes de piso de uma polegada”, diz ele. “Ambos ajudam a cortar o ruído de fora, deixando a cabine mais silenciosa para o operador.”

Outro exemplo citado pelo especialista da Cat são as portas nos motores, que atualmente equipam praticamente todas as máquinas do mercado. Além de reduzirem naturalmente o som, essas soluções contêm abafadores presos à parte interna, isolando ainda mais o ruído. “São soluções simples que agregam valor ao operador e aos que estão em volta”, afirma. “Juntos, os sistemas de abafamento citados reduzem o ruído em 50%.”

Empresa desenvolve novos materiais para catalisadores

A Clean Diesel Technologies (CDTi) divulgou os resultados preliminares de motores equipados com seu catalisador de oxidação para motores diesel (DOC) utilizando metais platinóides especiais SPGM (Synergized-Platinum Group Metal). Esses materiais especiais de revestimento à base de platina e paládio são aplicados para reduzir as emissões dos motores diesel e melhorar o desempenho dos equipamentos de controle de emissões. Realizados com um motor Cummins ISL 2007 de 8,9 l, os testes mostram que o novo material tem desempenho equivalente ao dos catalisadores atuais, reduzindo em mais de 80% a utilização de materiais oxidantes de alto custo. O desempenho foi equivalente ao de um catalisador de oxidação original certificado pela Agência de Proteção Ambiental americana (EPA), usando somente 1,5 g (4,5 g/pé3) de platinóides, contra 11,0 g (35 g/pé3) do catalisador original.

A CDTi informa que o objetivo de seu programa de pesquisa de materiais de tecnologia avançada é reduzir significativamente ou eliminar a necessidade de materiais platinóides (PGM) caros na fabricação de catalisadores para controle de emissões. De acordo com o relatório “Platinum 2013” da Johnson Matthey, em 2012 os fabricantes de equipamentos originais (OEMs) gastaram quase US$ 1 bilhão em platinóides para catalisadores de veículos diesel trabalhando em serviço pesado. “Nossos materiais desenvolvidos recentemente permitirão que os fabricantes de equipamentos reduzam dramaticamente a utilização de platinóides, mesmo atendendo a exigências cada vez mais restritivas de emissões”, afirma Chris Harris, presidente da CDTi.

 

 

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