A demanda por pás carregadeiras de médio e grande porte – com caçamba padrão acima de 3 metros cúbicos – vem crescendo anualmente no Brasil, segundo os principais fabricantes desse tipo de equipamento que atuam no país. Mesmo sem dispor de números-base mais precisos, eles estimam um crescimento anual de 15% nesse mercado, atendendo principalmente a perfis de minas e obras de infraestrutura de grande vulto. “Como esse tipo de operação está cada vez mais flexível, as pás carregadeiras maiores são indicadas para trabalhos em mais de uma frente de atuação e que, adicionalmente, requerem deslocamento para carregar caminhões ou britadores”, pontua Vladimir de Rafael Machado Filho, engenheiro de aplicações e promoção de vendas da Komatsu.
O executivo confirma que essa demanda por produtividade tem aquecido significativamente o mercado para pás carregadeiras maiores, especialmente quando os clientes obtêm respostas positivas após a primeira operação. E isso, obviamente, impacta diretamente nas estratégias das empresas, que se preocupam em expandir o portfólio. “No Bra
A demanda por pás carregadeiras de médio e grande porte – com caçamba padrão acima de 3 metros cúbicos – vem crescendo anualmente no Brasil, segundo os principais fabricantes desse tipo de equipamento que atuam no país. Mesmo sem dispor de números-base mais precisos, eles estimam um crescimento anual de 15% nesse mercado, atendendo principalmente a perfis de minas e obras de infraestrutura de grande vulto. “Como esse tipo de operação está cada vez mais flexível, as pás carregadeiras maiores são indicadas para trabalhos em mais de uma frente de atuação e que, adicionalmente, requerem deslocamento para carregar caminhões ou britadores”, pontua Vladimir de Rafael Machado Filho, engenheiro de aplicações e promoção de vendas da Komatsu.
O executivo confirma que essa demanda por produtividade tem aquecido significativamente o mercado para pás carregadeiras maiores, especialmente quando os clientes obtêm respostas positivas após a primeira operação. E isso, obviamente, impacta diretamente nas estratégias das empresas, que se preocupam em expandir o portfólio. “No Brasil, a Komatsu oferece equipamentos com caçamba standard que vão de 3 a 35 m³”, diz ele.
ROBUSTEZ
Já a Liebherr comercializa no Brasil os equipamentos com caçamba padrão de 3,5 m³ e de 5 m³, além de outro modelos menores. Segundo Pedro Gaspar, engenheiro de produto da fabricante alemã, essas máquinas são utilizadas em diversas aplicações, atendendo a clientes de mineração, pedreiras, areeiros, construtores, locadores, empresas de movimentação de madeira, usinas de cana de açúcar e outros setores. “Devido às características de robustez que a Liebherr impõe aos seus equipamentos, grande parte das máquinas dessa linha ainda é direcionada para aplicações de alto nível em mineração, extração e construção pesada”, diz ele. “Mas temos trabalhando forte nos últimos anos para aumentar a participação em outros segmentos, por meio de novas configurações de máquinas, de ações comerciais e de marketing”, completa Gaspar.
Especialista em máquinas pesadas da Case Construction Equipment, Guilherme Ferreira corrobora a percepção de aquecimento de mercado para os equipamentos de maior porte, também reafirmando que esse incremento chega a 15% ao ano nas estatísticas de vendas da empresa. No Brasil, a Case CE disponibiliza equipamentos com caçamba entre 3,25 e 3,63 m³ de capacidade, mas o executivo acresce que a fabricante também oferece um modelo de 4,8 m³ a outros mercados latino-americanos. “Esse porte de equipamento é utilizado em obras de maior porte, tanto na mineração quanto na construção, nichos que exigem grandes movimentações de materiais ou em que se trabalha com materiais de maior densidade ou severidade”, detalha o especialista.
A Caterpillar é o outro player com participação expressiva nesse mercado. A empresa produz pás carregadeiras – classificadas por ela própria como de porte médio – que vão de 3,5 m³ a 5,5 m³ de capacidade de caçamba, com motor Tier III e Tier IV em alguns modelos. Para o especialista em aplicação de produtos, Gecimar Morini, a demanda por esse tipo de equipamento segue “linear” nos últimos dois anos, com um maior volume de vendas – no caso específico da fabricante norte-americana – no setor de mineração. “Em especial, os maiores clientes são de empresas que operam como terceirizadas nas minas”, aponta. “Estimamos que 40% das nossas vendas são destinadas a esse nicho.”
TECNOLOGIAS
Todos os fabricantes consultados por esta reportagem apresentam tecnologias diferenciadas para as pás carregadeiras de médio e grande porte oferecidas no país. No caso da Caterpillar, o sistema Payload é opcional e serve para a pesagem de carga, facilitando o monitoramento pelo operador em um visor na cabine. “Os pesos medidos podem ser armazenados na memória do computador de bordo e resgatados no final do turno de trabalho, auxiliando o gestor na avaliação da produtividade e segurança da operação”, explica Morini.
Os equipamentos da Liebherr, segundo Gaspar, podem opcionalmente ser configurados com grade de proteção frontal da cabine, sistema de combate a incêndio, extintor de incêndio adicional fora da cabine e câmera de ré. Além desses itens de segurança, a fabricante oferece como tecnologia operacional um controle único de tração. “Esse recurso é possível graças ao sistema de transmissão hidrostática da máquina que, aliado à eletrônica embarcada, reduz o desgaste de pneus em até 25%”, diz o especialista, completando que as carregadeiras da marca são equipadas com bombas e motores hidráulicos sensíveis à carga, gerando maior potencia hidráulica e economia de combustível nas aplicações.
No caso da Komatsu, o destaque dado por Machado refere-se à segurança operacional. O especialista detalha sobre tecnologias que auxiliam nessa demanda, como o acionamento do sistema de emergência da direção. “Isso ocorre quando há algum problema no sistema de direção automática, situação em que a tecnologia devolve o controle ao operador, para que opere o equipamento com segurança”, explica. “Um processo semelhante ocorre com o freio de segurança, que é acionado automaticamente quando a pressão do óleo do freio estiver baixa.”
Já as máquinas da Case incluem um sistema de refrigeração central, denominado cooling box. Segundo Ferreira, nessa tecnologia os trocadores de calor da máquina são montados em um mesmo local, em forma de cubo. “Assim, todos utilizam ar fresco, aumentando a eficiência da refrigeração”, diz ele. Além disso, o sistema possui ventilador com hélice reversível, permitindo que o operador limpe os trocadores de calor de dentro da cabine, com a máquina em operação. “Isso otimiza a produtividade e diminui o tempo de máquina parada para manutenção”, reforça.
Outro diferencial citado por ele é o ride control, uma tecnologia de amortecimento do braço que evita a perda de material durante o transporte. “O sistema de nivelamento da caçamba e de retorno automático à posição de escavação ou de transporte é outra tecnologia de destaque”, sublinha. “No que tange à segurança operacional, as nossas pás carregadeiras estão de acordo com as normas, o que inclui cabines com proteção em caso de capotamento (ROPS) e proteção em caso de queda de materiais sobre elas (FOPS).”
COMPARATIVO
Como é consenso entre os fabricantes, as pás carregadeiras de médio e grande porte têm maior aplicação na mineração, mas as grandes obras de infraestrutura também configuram um mercado importante para essas soluções. Quando a operação é subterrânea, seja nas expansões de minas, renovação de frota ou abertura de novas minerações, a escolha da frota móvel exige diversas decisões bem calculadas por parte dos engenheiros de mina. E uma delas é justamente a escolha de utilização de pás carregadeiras rebaixadas (LHD) ou convencionais.
Um caso detalhado na edição nº 168 de M&T, de maio deste ano, relata a operação da Mina Baltar, no interior de São Paulo, na qual os modelos tradicionais ganharam a briga. Nessa operação, liderada pelo Grupo Votorantim, a capacidade de extração de minério de calcário quase dobrou nos últimos anos, sendo que a utilização de equipamentos móveis contribuiu significativamente para isso.
Segundo Adriano Arcanjo de Melo, chefe da mina subterrânea do Baltar à época da reportagem, dois investimentos foram essenciais para ampliar a produtividade. Um deles foi a aquisição de um moinho vertical e o outro a aquisição de uma pá carregadeira convencional de 7,6 m³ de capacidade de caçamba, utilizada para otimizar o abastecimento de minério no processo industrial.
Haroldo Crispi, então gerente de mineração de Baltar, afirmou que as carregadeiras tradicionais formaram o par perfeito com os caminhões rodoviários, os quais eram carregados com duas ou três caçambadas antes de seguirem até o britador primário instalado no subsolo da mina, num percurso médio de 2,5 km. “Obviamente, as carregadeiras convencionais são sempre mais produtivas do que as rebaixadas (LHDs) e a decisão de usá-las é definida não somente pela produtividade, mas também pelas dimensões das aberturas em subsolo”, enfatiza o especialista. “No caso de Baltar, especificamente, há a condição necessária para a abertura de túneis de seções largas, que permitem o trânsito de equipamentos não rebaixados, o que pode não ocorrer em outras minerações subterrâneas.”
O caso de Baltar é aqui retomado, pois ilustra a opinião dos fabricantes entrevistados sobre a concorrência entre as pás carregadeiras convencionais – de médio ou grande porte – e as LHDs. Ferreira, da Case, acrescenta que outro ponto a favor das convencionais é sua maior versatilidade, pois são utilizadas em várias operações de carregamento, contando ainda com cabine mais espaçosa e maior altura em relação ao solo.
Já Machado, da Komatsu, também reconhece a vantagem de mobilidade das pás carregadeiras convencionais, mas lembra que há outro diferencial importante que, quiçá, pode encerrar o assunto: a maior capacidade de carregamento de caminhões de grande porte devido à altura de despejo. “As convencionais podem despejar material direto no britador e, de quebra, deslocar-se a distâncias maiores, flexibilizando o planejamento da produção”, conclui.
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