Paulista de nascimento, Luiz Marcelo Tegon foi criado no Rio de Janeiro. O executivo fez carreira no setor de equipamentos atuando em um dealer da Linha Amarela de construção, no qual ingressou como trainee e posteriormente tornou-se gerente geral. Nesta trajetória, adquiriu sólida experiência em diferentes áreas, como marketing, inteligência de mercado, administração de vendas, gestão de máquinas e gerência de peças e serviços.
Ampliando ainda mais seu repertório profissional, Tegon também atuou no desenvolvimento de novas linhas de negócios, inclusive nos segmentos de óleo & gás e mineração, quando nesta última área teve sob sua responsabilidade o atendimento à Vale. Em 2009, ingressou no Grupo Wirtgen ao assumir a vice-presidência da Ciber Equipamentos Rodoviários, passando a presidente da operação em 2012.
Como condutor da linha de negócios para construção, manutenção e recuperação de vias de transporte do grupo alemão, tem responsabilidades comerciais, administrativas, de marketing, peças e serviços, enquanto a gestão de fábrica, engenharia e logística fica sob o enc
Paulista de nascimento, Luiz Marcelo Tegon foi criado no Rio de Janeiro. O executivo fez carreira no setor de equipamentos atuando em um dealer da Linha Amarela de construção, no qual ingressou como trainee e posteriormente tornou-se gerente geral. Nesta trajetória, adquiriu sólida experiência em diferentes áreas, como marketing, inteligência de mercado, administração de vendas, gestão de máquinas e gerência de peças e serviços.
Ampliando ainda mais seu repertório profissional, Tegon também atuou no desenvolvimento de novas linhas de negócios, inclusive nos segmentos de óleo & gás e mineração, quando nesta última área teve sob sua responsabilidade o atendimento à Vale. Em 2009, ingressou no Grupo Wirtgen ao assumir a vice-presidência da Ciber Equipamentos Rodoviários, passando a presidente da operação em 2012.
Como condutor da linha de negócios para construção, manutenção e recuperação de vias de transporte do grupo alemão, tem responsabilidades comerciais, administrativas, de marketing, peças e serviços, enquanto a gestão de fábrica, engenharia e logística fica sob o encargo de outro presidente. Nesta entrevista, Tegon explica como as operações da Ciber e do Grupo Wirtgen são estruturadas no país, avaliando as potencialidades do mercado brasileiro de pavimentação.
M&T – Em termos globais, como a Ciber se integra aos negócios do Grupo Wirtgen?
Luiz Marcelo Tegon – Desde 1996, a Ciber faz parte do Grupo Wirtgen, um player especializado em mineração de agregados com foco no mercado de roadbuilding. Ao todo, o grupo conta com cinco marcas, sendo que quatro delas possuem fábricas na Alemanha. A Wirtgen é a primeira delas, com um portfólio de produtos que inclui recicladoras, fresadoras, pavimentadoras e mineradores de superfície. Já a Vögele fabrica vibroacabadoras, enquanto a Hamm produz rolos compactadores e a Kleemann, britadores. A Ciber é a única fora da Alemanha, cuja fábrica no Brasil produz usinas de asfalto que são exportadas para o resto do mundo. Essa é a estrutura do Grupo Wirtgen para atendimento ao mercado global.
M&T – Quais são os principais produtos da fábrica brasileira?
Luiz Marcelo Tegon – No Brasil, especificamente, a fábrica da Ciber é licenciada para produzir equipamentos como a fresadora de 1 metro, que é idêntica à máquina fabricada na Alemanha. Outro equipamento nacionalizado é o rolo compactador Hamm de 11 toneladas, um produto para atuação em solo que possui cerca de 60% do mercado desse tipo de máquina no país. Além disso, também fabricamos aqui três modelos de vibroacabadoras sob o nome Ciber, mas que complementam a linha da Vögele. Evidentemente, o diferencial dessas máquinas produzidas localmente é o acesso ao financiamento via Finame.
M&T – Por falar nisso, como o mercado brasileiro de roadbuilding se comporta no momento?
Luiz Marcelo Tegon – Em duas palavras, está difícil. Posto em um gráfico, veremos que vivemos ciclos de vales [oscilações]. Para dirimir isso, estamos focando em aumentar o portfólio de exportação, de forma a depender menos do mercado local. Entendemos que o setor de pavimentação depende de investimentos federais e, por isso, tivemos períodos muito ruins, como em 2011, quando tudo ficou praticamente parado. Como fábrica nacional, temos feito um grande esforço para manter o quadro de colaboradores e garantir a expertise técnica. Mas, novamente, está difícil porque as obras não saem do papel. O plano de concessões anunciado pelo governo federal no ano passado teve um efeito imediato ruim, pois muitas compras foram paralisadas ou adiadas para esperar esse pacote grande. O que nos anima é que tudo isso é um contraponto ao déficit de recuperação e, principalmente, de implantação de rodovias no Brasil. Em termos governamentais, creio que precisamos de um trabalho mais sério, a partir do qual poderemos ter períodos excelentes para a venda de equipamentos de roadbuilding nos próximos anos.
M&T – Quais são os resultados consolidados do grupo?
Luiz Marcelo Tegon – Em 2012, o faturamento mundial foi de 1,85 bilhão de euros, sendo que a operação brasileira faturou R$ 400 milhões. Ou seja, representamos cerca de 7% dos negócios globais do grupo. Isso mostra o enorme potencial de crescimento que temos, uma vez que menos de 35% das estradas brasileiras são pavimentadas, enquanto na Alemanha este índice ultrapassa 90%. Essa é a visão de mercado da matriz da Wirtgen, para a qual mostramos constantemente as oportunidades de negócios no Brasil e de outros países emergentes.
M&T – Como as linhas de negócios estão divididas no Brasil?
Luiz Marcelo Tegon – Em volume, os rolos compactadores são os mais representativos. A indústria brasileira comercializa cerca de 3 mil unidades ao ano do produto. Como comparação, as vendas de usinas de asfalto de todo o mercado giram entre 100 e 120 unidades/ano. Mas em valor, a conta muda, pois as usinas de asfalto representam 30% do nosso faturamento, enquanto os rolos compactadores, apenas 15%. Os produtos da Wirtgen – recicladora, fresadora e minerador de superfície – representam 25%, com outros 15% de aftermarket. Por fim, vêm as vibroacabadoras, com 10%, e os britadores móveis, com 5%.
M&T – A parte de britadores móveis é relativamente nova para a Wirtgen. Como está esse mercado no Brasil?
Luiz Marcelo Tegon – Até 2013, trabalhamos os britadores de mandíbula, cônico e de impacto da Kleemann junto ao mercado de britagem, principalmente pedreiras. Agora, estamos reforçando a equipe para um trabalho mais focado na indústria de reciclagem de resíduos de construção, que é um mercado em constante crescimento. O mais recente levantamento da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecom) mostra que os britadores móveis aplicados nesta atividade são cada vez mais adotados, tanto que atualmente já representam 17% dos britadores usados para reciclagem. Além disso, é preciso considerar que o Brasil recicla apenas 20% dos 84 milhões de m³ de resíduos de construção gerados por ano. Mas com a Resolução Conama 307 e a Política Nacional de Resíduos Sólidos, essa proporção só tende a aumentar na construção.
M&T – Como o atendimento ao cliente é estruturado para atender às cinco divisões de negócios?
Luiz Marcelo Tegon – No exterior, a Ciber conta com revendedores que, no geral, atuam para todo o Grupo Wirtgen. No Brasil, em alguns estados trabalhamos com um modelo misto de revendedores terceirizados e assistência direta do Grupo Wirtgen. Nos locais em que atuamos diretamente, ficamos sempre atentos às demandas apontadas pelos clientes, de modo a obter subsídios para abastecer o nosso corpo de engenharia e desenvolvimento de projetos. Temos mais de 50 engenheiros dedicados a isso, pois consideramos esse trabalho um importante diferencial, uma vez que muitas soluções no mercado brasileiro de roadbuilding são personalizadas. Essa visão, inclusive, levou-nos a dividir a linha de produtos entre soluções de prateleira e customizadas. E isso não só no Brasil, mas em outros países também. Aliás, cada país ou região atua de uma forma diferente.
M&T – Pode exemplificar?
Luiz Marcelo Tegon – No Brasil, por exemplo, cada estado apresenta usos específicos de asfalto borracha ou outra modificação com polímeros, o que demanda personalizações pontuais para as usinas de asfalto. Aqui, a utilização de asfalto reciclado (RAP) ainda é incipiente, mas em outros países isso já é uma realidade forte, como ocorre na África do Sul, onde cerca de 30% dos projetos federais para reparação de rodovias já ocorrem com utilização dessa solução. Evidentemente, tudo isso exige personalização. Por isso, acreditamos que o potencial de aplicação para soluções com tecnologias mais avançadas é enorme no Brasil.
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