Entrevistado: Edmar de Paula, Engenheiro elétrico formado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/MG), atualmente é gerente de marketing de produto da Case Construction Equipment.
Engenheiro elétrico formado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/MG), Edmar de Paula já foi gerente de marketing para América Latina da CNH Latin America (Grupo Fiat) e atualmente é gerente de marketing de produto da Case Construction Equipment, marca que integra o mesmo grupo. Doutorando em administração com ênfase em administração estratégica e marketing internacional pela Universidade Federal de Minas Gerias (UFMG), toda sua especialização técnica é concentrada na área de mecânica, sobre a qual também ministra aulas de graduação na Faculdade Pitágoras e de pós-graduação na PUC/MG.
Na Case, Edmar de Paula já foi responsável pelo grupo que debateu a questão de emissões de máquinas pesadas no Brasil e participou das três edições do Fórum SAE Brasil de Off-Road, evento com patrocínio da fabricante que tem o objetivo de promover o debate e a troca de experiências en
Entrevistado: Edmar de Paula, Engenheiro elétrico formado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/MG), atualmente é gerente de marketing de produto da Case Construction Equipment.
Engenheiro elétrico formado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/MG), Edmar de Paula já foi gerente de marketing para América Latina da CNH Latin America (Grupo Fiat) e atualmente é gerente de marketing de produto da Case Construction Equipment, marca que integra o mesmo grupo. Doutorando em administração com ênfase em administração estratégica e marketing internacional pela Universidade Federal de Minas Gerias (UFMG), toda sua especialização técnica é concentrada na área de mecânica, sobre a qual também ministra aulas de graduação na Faculdade Pitágoras e de pós-graduação na PUC/MG.
Na Case, Edmar de Paula já foi responsável pelo grupo que debateu a questão de emissões de máquinas pesadas no Brasil e participou das três edições do Fórum SAE Brasil de Off-Road, evento com patrocínio da fabricante que tem o objetivo de promover o debate e a troca de experiências entre profissionais e estudantes sobre os assuntos relacionados aos equipamentos fora de estrada. Neste ano, o executivo apresentou alguns resultados de suas mais recentes pesquisas sobre o assunto, com destaque para as possibilidades de incremento da produtividade e redução dos custos de operação utilizando máquinas de construção, além de aspectos relacionados ao uso de novas tecnologias no setor. Nesta entrevista, concedida com exclusividade à M&T, Edmar de Paula detalha alguns pontos apresentados no início de outubro no Museu de Ciências Naturais da PUC/MG, além de abordar outros assuntos relacionados.
M&T – Como aumentar a produtividade das máquinas nos canteiros?
Edmar de Paula – Os três elementos que contribuem para a produtividade são a máquina, o operador e o fator externo. A integração entre esses elementos é um quarto elemento em si mesmo, pois não adianta ter a melhor máquina, operador ou ambiente, é preciso necessariamente integrá-los. É esse conjunto todo que compõe o ambiente produtivo. Costumo comparar com uma blague agrícola, no qual um trabalhador vai à frente, abrindo o buraco, e o outro vai logo atrás, fechando, tudo com extrema rapidez.
Ao final do dia, alguém pergunta: “Mas o que estão fazendo?” E a resposta é: “O cara que joga a sementinha no buraco faltou hoje”. Logo, não adianta ser muito eficiente, se a eficácia for zero.
M&T – Pode citar algum exemplo prático?
Edmar de Paula – Sim. Algumas marcas de motoniveladoras têm cabine no chassi traseiro, enquanto outras têm no chassi dianteiro. Se o operador está acostumado a operar com a primeira, ele certamente estranhará a outra e não terá a mesma produtividade. Por isso, é importante que os comandos, os controles da cabine, toda a máquina, enfim, esteja adaptada ao operador. Ergonomicamente, tecnicamente, estruturalmente, de todas as formas possíveis, para que o operador possa tirar o melhor rendimento da máquina. Já quanto à integração da máquina com o fator externo, uma escavadeira hidráulica pode, por exemplo, ter sapata larga ou curta; se você colocar a máquina de sapata curta em um terreno de baixa sustentação, ela vai afundar. Por outro lado, se colocar a de sapata larga em um terreno duro, a sapata pode quebrar, a esteira rolante ficar danificada etc. Assim, é preciso conhecer a fundo a aplicação e o ambiente externo, para selecionar a máquina ideal e não fazer um trabalho errôneo. Ou seja, mesmo a máquina sendo boa, ela pode estar operando em uma aplicação indevida.
M&T – O que o usuário final espera da máquina?
Edmar de Paula – Qualidade e durabilidade, ou seja, disponibilidade do equipamento. Como ele compra o tempo em que máquina atua (uptime), quer que ela trabalhe 90%, 95% do tempo. Não quer ver a máquina quebrada ou parada por falta de peças, por problemas de qualidade etc. Além disso, há a tecnologia. Com a telemetria, por exemplo, é possível monitorar a máquina inteira, seja posicionamento, como diagnóstico remoto de falhas. Se a máquina apresenta um superaquecimento, ou qualquer outra avaria, eu consigo enviar imediatamente uma mensagem para a tela da cabine do operador orientando para parar a máquina. Apesar de a máquina ter os alarmes normais, às vezes o operador continua forçando. Com isso, a máquina começa a apresentar decréscimo de rotação, passa a trabalhar em uma velocidade menor e, como consequência, produz menos.
M&T – Atualmente, quais são os principais recursos disponíveis para aumentar a produtividade de uma máquina?
Edmar de Paula – Há uma série de recursos tecnológicos, como o LSD (Limited Slip Differential), ou diferencial de patinagem limitada, com o qual, se uma roda começa a patinar, perdendo torque e tração e desgastando o pneu, é possível transferir automaticamente o torque para a outra roda. O PowerShift é um sistema de engrenamento contínuo importante, pois quando se muda de marcha, a tendência é de desengatar a primeira e depois engatar a segunda, criando um espaço entre a saída de uma marcha e a entrada da outra. O sistema modula essa transição, eliminando o gap e evitando trancos no equipamento. O LID Control (Low Impact Development) é um sistema de amortecimento de vibração em terreno irregular, pois a tendência é de a máquina sentir a vibração e perder material. Trata-se de um acumulador de nitrogênio que absorve os impactos do terreno, permitindo uma produtividade muito maior, sem perdas.
O Pro-Control é um sistema instalado no braço traseiro de retroescavadeiras. Ao girar o braço e soltar o controle, ocorre um golpe hidráulico de aríete – e esse sistema absorve as vibrações. Já o Load-Sensing e o Powerburst são associados basicamente ao aumento de pressão do sistema hidráulico, quando em escavação.
Com eles, você consegue aumentar a pressão do sistema hidráulico reduzindo a vazão. Não tem de parar ou reposicionar a máquina, simplesmente aperta um botão e aumenta a força de escavação da máquina. Tudo isso são tecnologias que aumentam a produtividade, indiscutivelmente.
M&T – É mais difícil fazer a manutenção com tanta eletrônica embarcada?
Edmar de Paula – Isso é um mito. O que mais se ouve é que o motor eletrônico é mais sensível, mas é justamente o contrário. Um motor eletrônico Tier III hoje, é muito menos sensível a um combustível de má qualidade do que um motor eletrônico common rail, por exemplo. Isso porque a bomba mecânica é projetada com ajustes milimétricos, a injeção e o controle são feitos com pistõezinhos muito bem ajustados, com folgas menores que um fio de cabelo de diâmetro. Qualquer problema, como uma sujeira ou um risco no pistão, acarreta perda de pressão da bomba. A bomba do motor eletrônico Tier III, por outro lado, é muito simples. É a eletrônica que controla a injeção dos bicos, sendo muito menos sensível que o motor mecânico. É claro que exige maior especialização do operador, mas se a pessoa domina a eletrônica, com o uso dos aparelhos de diagnóstico é muito mais simples fazer a manutenção. É a tendência para o futuro, um caminho sem volta.
M&T – E como obter maior produtividade do operador?
Edmar de Paula – A gente foca muito em como treinar o profissional, seja com simulador, no campo de demonstrações etc. Além disso, tem a questão da motivação. Por exemplo, se ele está começando a trabalhar agora, recebe uma máquina standard com cabine aberta. Se mostrar produtividade, passa para uma máquina com cabine fechada, com ar condicionado. Se continuar evoluindo, inclui-se no pacote o rádio ou mp3 player. Quer dizer, cria-se um plano de carreira no setor de operação, com o profissional sentindo-se motivado e produzindo cada vez mais.
M&T – A gestão de ativos na área de construção está defasada em relação a outras, como a mineração?
Edmar de Paula – Não, creio que está totalmente em linha com o que é praticado. Hoje, na área de manutenção, a moda é a gestão de ativos. Por meio da telemetria, as máquinas têm rastreamento, todo o monitoramento e a análise estatística são feitos via softwares, consegue-se conversar com os equipamentos etc. Temos opções de máquinas mecânicas e de máquinas equipadas eletronicamente, com todo o controle. Isso fica a critério do operador, do cliente e da gestão. Há também o controle paralelo, com acesso direto do cliente às bases de dados. Trata-se de uma plataforma com análises de óleo, telemetria, todas as informações sobre a máquina com acesso via internet. Mas a integração com os sistemas de planejamento de recursos empresariais (ERP) ainda demanda um trabalho específico de integração. Até porque, hoje, cada indústria utiliza um sistema diferente, com protocolos distintos.
M&T – Qual é o índice ideal de disponibilidade da frota? E como atingi-lo?
Edmar de Paula – Fala-se hoje de algo em torno de 93%, 94%. Para chegar a isso, deve-se partir da qualidade do equipamento propriamente dito, porque se ele não quebra, também não fica parado. Nesse sentido, também pensamos muito na questão da autonomia das máquinas. Em escavadeiras hidráulicas, por exemplo, a Case está aumentando a capacidade do tanque de combustível com esse objetivo. Mas há também a questão do pós-venda, pois a máquina desgasta, exige paradas obrigatórias, quebra componentes... O cliente não reclama se o equipamento quebrar, mas sim se a máquina ficar parada muito tempo para manutenção. Às vezes, ele prefere uma máquina que quebre a cada seis meses, mas que no mesmo dia seja consertada, do que uma que quebre a cada dois anos, mas que para trocar uma peça demore três meses. E isso acontece.
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