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Revista M&T - Ed.211 - Abril 2017
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Pás Carregadeiras

Pesos-pesados em ação

Fabricantes utilizam diferentes definições para o que seja de “grande porte” nesta família, porém todas incluem características indeléveis para trabalhos em mineração
Por Augusto Diniz

A mineração é uma atividade na qual se trabalha com operações de grande escala, que incluem a necessidade de carregar e transportar materiais de diferentes formas, tamanhos e densidades, num ambiente de altas temperaturas, quantidades exorbitantes de sólidos em suspensão e objetos diversos sobre o solo. Disso decorre a necessidade de se contar com equipamentos robustos, com grande resistência e capacidade de carga para movimentar os volumes explorados e viabilizar economicamente a atividade. Dentre essas máquinas estão as pás carregadeiras de grande porte, com peso operacional acima de 20 t, caçambas de 3 m³ ou mais e capacidade de carga superior a 6 t.

Na verdade, nesta família de equipamentos as configurações do que é considerado grande porte variam de fabricante para fabricante. No caso da Case CE, por exemplo, as especificações dos modelos fabricados iniciam com 250 hp de potência líquida de motor e 24 toneladas de peso operacional. “No Brasil, disponibilizamos o modelo 1021F nesta configuração”, diz Pablo Sales, especialista em pás carregadeiras da empres


A mineração é uma atividade na qual se trabalha com operações de grande escala, que incluem a necessidade de carregar e transportar materiais de diferentes formas, tamanhos e densidades, num ambiente de altas temperaturas, quantidades exorbitantes de sólidos em suspensão e objetos diversos sobre o solo. Disso decorre a necessidade de se contar com equipamentos robustos, com grande resistência e capacidade de carga para movimentar os volumes explorados e viabilizar economicamente a atividade. Dentre essas máquinas estão as pás carregadeiras de grande porte, com peso operacional acima de 20 t, caçambas de 3 m³ ou mais e capacidade de carga superior a 6 t.

Na verdade, nesta família de equipamentos as configurações do que é considerado grande porte variam de fabricante para fabricante. No caso da Case CE, por exemplo, as especificações dos modelos fabricados iniciam com 250 hp de potência líquida de motor e 24 toneladas de peso operacional. “No Brasil, disponibilizamos o modelo 1021F nesta configuração”, diz Pablo Sales, especialista em pás carregadeiras da empresa. “É uma máquina com potência máxima líquida de 296 hp (221 kw), peso operacional de 24,3 t, caçamba padrão de 4,1 m³ e carga de operação 7,9 t.”

Para a Liebherr, por sua vez, são consideradas de grande porte as máquinas com caçamba padrão acima de 3,2 m³. “Dessa forma, no Brasil são classificados como grande porte modelos a partir da série L556, que tem caçamba padrão de 3,5 m³ e carga de tombamento de 17,6 t”, explica Pedro Gaspar, gerente de produto de pás carregadeiras da Liebherr Brasil. “Além desse, fabricamos outro modelo de grande porte no país, a L580, com caçamba padrão de 5 m³ e 18 t de carga de tombamento”.

No caso da Volvo CE, os modelos que se enquadram na categoria são aqueles com potência igual ou superior a 300 hp, peso operacional de 25 t e caçamba de 3,4 m³. “Temos cinco modelos de pás carregadeiras de grande porte: E150H, 1180H, 220H, 250H e 350F”, informa Boris Sanchez, gerente de aplicações da empresa. “Desses, o último modelo é o de maior potência, com 540 hp, e caçamba de 6,4 m3.”

Para aumentar ainda mais a cizânia conceitual, a New Holland utiliza uma definição ligeiramente diferente. “Nas pás, grande porte inclui equipamentos com potência bruta acima de 227 hp, peso operacional acima de 20 t e capacidade de carga superior a 6 t”, explica Ésio Dinis, especialista de marketing de produto da empresa. “Nessa categoria, temos em nosso portfólio as máquinas W230D, W270D, W300C.”

ROBUSTEZ

O fato é que todas essas variações de grande porte podem ser utilizadas em operações de mineração, pedreiras e areeiros, normalmente para movimentação de material no pátio. Isso porque são equipamentos robustos, construídos para oferecer máxima produtividade e disponibilidade mesmo nas mais severas operações.

No caso de trabalho em minas, o tamanho e as configurações mais adequadas dependem de uma série de fatores. É preciso considerar o material que será movimentado, o trabalho que a máquina irá realizar, se existem restrições na operação, a condição do pátio, dentre outros vários aspectos.

Gaspar, da Liebherr, cita um exemplo simples para configuração de pneus e caçambas. “Caso uma pá carregadeira L580 for operar no carregamento de um caminhão com brita, em um pátio regular, sem objetos que possam cortar o pneu, ela poderá ser configurada com pneus L3 e ua caçamba padrão de 5 m³, com lâmina reta e placas de desgaste aparafusadas”, diz. “Se essa mesma máquina for operar na bancada de rocha, no entanto, movimentando ‘matacos’, recomenda-se a utilização de uma caçamba de rocha de 4 m³, com lâmina delta e dentes e pneus L5.”

Já Sales, da Case CE, acrescenta que a configuração do equipamento deve ser sempre pensada com relação à aplicação e restrições do ambiente de trabalho, como temperatura, tipo de solo e existência de sólidos em suspensão, por exemplo. “Pensando nisso, as pás carregadeiras da marca oferecem uma configuração básica, que inclui cabine fechada com ar condicionado e certificação ROPS/FOPS”, informa, referindo-se ao recurso de segurança para o operador caso a máquina venha a capotar ou algum objeto cair sobre ela. “Além disso, elas possuem pré-filtro de ar no motor, para filtrar os sólidos em suspensão e garantir melhor qualidade na admissão de ar, e sistema de amortecimento da caçamba.”

Em relação a este último item, Sales explica que, devido às oscilações provocadas pelo terreno irregular e ao deslocamento intenso, faz-se necessária a instalação de um sistema para amortecimento, de modo a evitar a perda de material da caçamba e garantir maior produtividade. Também é preciso atenção com os pneus, que devem ser robustos e resistentes. “Além disso, se o solo apresentar objetos que possam cortar os componentes, reduzindo sua vida útil, deve-se colocar correntes sobre eles”, diz Sales.

Ou seja, muitos aspectos devem ser considerados para definir a correta configuração dessas máquinas para trabalhos pesados em mineração. Mas não é só isso. “Em função da análise do ambiente e das condições em que a máquina vai operar, podem ser acrescentados a ela diversos opcionais”, acrescenta Gaspar. “Como exemplo, podemos citar a proteção do cilindro da caçamba, radiador de malha larga, reversão de hélice do ventilador e lubrificação centralizada automática. E essa definição requer consultoria no momento da venda dos equipamentos.”

PROCEDIMENTOS

Após definir-se o tamanho e as configurações mais adequados para o trabalho, é preciso ficar atento a outros cuidados para que a operação nas minas ou em outros ambientes seja segura e eficiente. Sanchez, da Volvo, cita a capacitação do operador como um dos mais importantes. “Se não for bem treinado e não tiver as habilidades necessárias para operar a máquina, o custo de manutenção aumenta muito”, alerta. “Isso porque o operador vai maltratar e exigir muito do equipamento, pois não saberá como entrar no material, nem carregar o caminhão corretamente.”

Há ainda outro aspecto que jamais pode ser negligenciado: a segurança na hora de operar. Sales alerta que a carregadeira deve sempre estar equipada com todos os itens de segurança, incluindo a cabine ROPS/FOPS, mas também câmera e alarme de ré (para que o operador possa obter melhor visualização traseira), cinto de segurança, faróis, adesivos e placas de sinalização e segurança, buzina, espelhos retrovisores, extintor de incêndio, limpador de para-brisas e guarda-corpo.

Além disso, o operador deve seguir alguns procedimentos padrões, como, por exemplo, utilizar os EPI’s de segurança, para que seja facilmente visto quando estiver fora da máquina; verificar se todos os fluidos, pneus e alarmes no painel estão corretos; conhecer o local de operação antes de iniciar o trabalho; não deixar ninguém, além dele, entrar no equipamento em operação; não trabalhar com pessoas próximas nem próximo a linhas de transmissão de energia elétrica; transportar o material com a caçamba na posição baixa, para que tenha a melhor visibilidade e controle da carregadeira; e, finalmente, ao desligar, apoiar a caçamba no chão ou utilizar um calço para que a máquina não se mova.

CONSERVAÇÃO

Mas dentre todos os cuidados para uma operação eficiente e produtiva, mantendo a máquina em perfeitas condições de trabalho e garantindo sua vida útil prevista, um dos mais importantes é mesmo a manutenção, tanto preventiva como programada. Dinis, da New Holland, observa que pás carregadeiras de grande porte exigem inspeções visuais e lubrificação diárias, além das manutenções programadas de acordo com o recomendado pelo fabricante. “Além disso, devem-se respeitar os alertas de segurança do equipamento e, em hipótese alguma, extrapolar sua capacidade operacional”, previne.

O aviso é reforçado por Gaspar, da Liebherr, acrescentando que é fundamental – e não só para as aplicações de alta severidade, mas para todas – respeitar os intervalos de manutenção preventiva e de componentes, incluindo a análise e troca de óleos e filtros, para que a vida útil da máquina e seus componentes seja prolongada.

Para que a máquina alcance a maior vida útil possível, Sales também adverte que o operador deve atuar defensivamente, realizando a checagem diária do equipamento com a verificação dos níveis de todos os fluidos (combustível, óleo do sistema hidráulico, óleo do motor e líquido de arrefecimento), da condição dos pneus e da caçamba, além dos alarmes no painel e funcionamento correto dos itens de segurança da máquina. Preventivamente, deve-se seguir todos os procedimentos de operação e manutenção descritos no manual do fabricante, para que, além da maior vida útil, obtenha maior  produtividade e eficiência do combustível. Afinal, a maioria dos equipamentos sai de fábrica com um plano de manutenção preventiva, que nem sempre é seguido pelo comprador. “No nosso caso, as pás carregadeiras são equipadas com um sistema de monitoramento, que avisa antecipadamente quando é necessário trocar o óleo do motor ou do sistema hidráulico ou mesmo fazer a manutenção de alguma peça ou sistema”, explica Sanchez, da Volvo CE. “Cada componente tem seu próprio intervalo de manutenção preventiva. O do motor, por exemplo, é 500 horas, o do sistema hidráulico é de 10 mil horas, e o do eixo, de mil horas.”

Além do plano de manutenção, muitas máquinas são equipadas com alguns itens que ajudam e facilitam na hora da manutenção. Sales, da Case CE, dá um exemplo. “A nossa pá carregadeira 1021F é de fácil manutenção, pois é equipada com capô com acionamento elétrico e abertura total, pontos para escoamento de fluidos ambientalmente seguros e de fácil acesso e verificação, para facilitar a manutenção no nível do solo”, garante. No caso da New Holland, os projetos privilegiam o “serviceability”, termo em inglês utilizado para avaliar a dificuldade de acesso aos componentes para inspeções visuais, manutenções preventivas e corretivas. “Além disso, contamos com sistemas de monitoramento remoto, que possibilitam a coleta de dados em tempo real sobre a forma como o equipamento está sendo operado”, conclui Dinis.

Players mantêm cautela quanto à retomada do setor

Com queda de 36% nas vendas, o ano de 2016 foi um dos piores da última década para o mercado de equipamentos da Linha Amarela, que já havia caído 50% em 2015 em relação a 2014. Segundo o Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção 2016, essa redução fez com o setor retraísse a um nível similar ao de 2006. No caso específico das pás carregadeiras, o recuo nas vendas foi de 31% em 2016, na comparação com o ano anterior. A boa notícia é que o mercado deverá ter uma leve melhora em 2017, com um crescimento previsto de 6,6%.

Segundo Pedro Gaspar, gerente de produto de pás carregadeiras da Liebherr Brasil, a crise pela qual o país está passando impactou fortemente o mercado de máquinas de movimentação de terra nos últimos dois anos. “O mercado para pás carregadeiras de grande porte não está passando por situação diferente dos demais setores, ou seja, estamos todos ansiosos pela retomada econômica e o consequente aquecimento do mercado de máquinas”, diz.

O especialista em pás carregadeiras da Case CE, Pablo Sales, lembra que essas máquinas de grande porte são destinadas ao mercado de mineração e, por isso, sua venda acompanha a evolução desse setor. “Como vimos nos últimos dois anos, houve queda na demanda e preços das commodities e, como consequência, a comercialização dessas máquinas também caiu”, afirma. “De acordo com a Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos), as vendas totais de pás carregadeiras na categoria acima de 24 toneladas foram de 73 máquinas no ano passado, o que corresponde a uma queda de 18% ante as 89 vendidas em 2015.”

Diante desse cenário, as expectativas para 2017 são cautelosas, malgrado a ligeira recuperação global das commodities minerais neste início de ano. “De fato, houve uma elevação no preço e demanda no final de 2016, mas isso ainda não se refletiu na venda de pás carregadeiras de grande porte”, informa Sales. De acordo com Gaspar, para alguns players ainda paira certa dúvida quanto ao cenário econômico, especialmente no que tange ao futuro próximo. “Mas, por acreditarmos no imenso potencial que o país tem no longo prazo, continuaremos a oferecer os melhores produtos e serviços e semeando relações duradouras com todos os nossos parceiros”, diz.

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