Aos olhos de quem havia se acostumado a trabalhar com equipamentos de marcas ocidentais, a invasão de máquinas chinesas no Brasil há cerca de uma década causava uma experiência diferente. Com preço mais baixo e simplicidade nos projetos, as máquinas asiáticas caminhavam na contramão da tecnologia justamente na época em que as marcas ocidentais começavam a ganhar um upgrade em eletrônica embarcada.
De saída, o desafio era convencer o mercado de que esses equipamentos – robustos e de manutenção mais fácil – eram competitivos, em alguns casos provenientes de fábricas com mais de meio século de história na Ásia e atuação em diversos países, inclusive nos exigentes mercados europeu e norte-americano. Todavia, mais que garantia, disponibilidade e bom funcionamento, os clientes brasileiros queriam compromisso na assistência técnica e no fornecimento de peças. Do contrário,
Aos olhos de quem havia se acostumado a trabalhar com equipamentos de marcas ocidentais, a invasão de máquinas chinesas no Brasil há cerca de uma década causava uma experiência diferente. Com preço mais baixo e simplicidade nos projetos, as máquinas asiáticas caminhavam na contramão da tecnologia justamente na época em que as marcas ocidentais começavam a ganhar um upgrade em eletrônica embarcada.
De saída, o desafio era convencer o mercado de que esses equipamentos – robustos e de manutenção mais fácil – eram competitivos, em alguns casos provenientes de fábricas com mais de meio século de história na Ásia e atuação em diversos países, inclusive nos exigentes mercados europeu e norte-americano. Todavia, mais que garantia, disponibilidade e bom funcionamento, os clientes brasileiros queriam compromisso na assistência técnica e no fornecimento de peças. Do contrário, as chinesas ficariam a ver navios.
Mas não foi isso o que aconteceu. Com o passar dos anos, os equipamentos chineses acharam seu espaço no mercado com a tropicalização de alguns modelos em nichos específicos, como as operações de apoio. Tanto isso é verdade que, embora a crise político-econômica da última década tenha provocado uma ‘seleção natural’ que afugentou muitas marcas, os fabricantes com melhor lastro permaneceram no Brasil, inclusive com produção local.
A LiuGong prepara o lançamento de uma versão especial do modelo 848H
Além do fato de algumas marcas serem controladas por gigantes do setor, como SEM (Shandong Engineering Machinery) e SDLG (Shandong Lingong Construction Machinery), isso também se deve à evolução no perfil das pás carregadeiras chinesas, que não podem mais ser considerados como low-tech. “Cada vez mais a tecnologia ganha relevância no nosso segmento, sendo primordial para redução do consumo de combustível, aumento de produtividade, segurança no ambiente de trabalho, facilidade de operação e manutenção”, pondera Tiago Eufrásio, gerente de produto e marketing da LiuGong Latin America. “Na verdade, esses pontos se tornaram uma exigência de grande parte do mercado.”
REFERÊNCIA
Ou seja, o foco mudou. Referência na China há mais de 60 anos, a LiuGong (Guangxi LiuGong Machinery), por exemplo, tornou-se uma empresa global de rápido crescimento. De acordo com Eufrásio, a empresa conta atualmente com cinco centros de pesquisa e desenvolvimento espalhados pelo mundo, com uma equipe de mais de mil engenheiros focados em desenvolver soluções tecnológicas que agreguem benefícios reais ao usuário.
Isso vem mudando – para melhor – a reputação de seus equipamentos. Em 2016, a empresa lançou no Brasil as pás carregadeiras da Série H que, segundo Eufrásio, propõem-se a ser uma referência em termos de eficiência de combustível, facilidade de manutenção e versatilidade. “São máquinas adaptadas para operar em segmentos variados, com configurações específicas para construção, agricultura, mineração e florestal, entre outros”, complementa o gerente.
A pá carregadeira L936 é uma das apostas da SDLG para o mercado brasileiro
De acordo com o especialista, a Série H possui design inovador, propondo como conceito o conforto do operador, além de maior controle durante as operações e facilidade de acesso às áreas de manutenção e revisão do equipamento. “A cabine oferece boa ergonomia e visão panorâmica”, destaca Eufrásio.
O portfólio global da marca inclui equipamentos de 5 a 50 t de peso operacional, mas no mercado brasileiro os destaques são os modelos 835H, 848H e 856H, de 11, 15 e 18 t de peso operacional, respectivamente, que contam com configurações especiais. “Atualmente, a empresa está lançando uma versão especial do modelo 848H, desenvolvida especificamente para trabalhar na movimentação de bagaço de cana nas usinas”, conta o gerente. “Esse equipamento conta com caçamba de 6 m³ específica para a aplicação, sistema de filtragem exclusivo para a cabine, proteções específicas para eliminar o acúmulo de bagaço nos compartimentos principais do equipamento, proteções anti-incêndio e ventilador reversível automático.”
Para ele, as máquinas se notabilizam principalmente pelo baixo consumo, facilidade de operação e durabilidade, mas também pelo desempenho. “Afinal, são projetos que contam com componentes de classe mundial, como motores Cummins, transmissões automáticas e eixos ZF e componentes hidráulicos Bosch/Rexroth”, ressalta Eufrásio. “Junto ao sistema hidráulico avançado de detecção de carga, essas características garantem tempos mais rápidos de ciclo, com menos impacto na troca de marchas e, portanto, esforço reduzido durante as operações.”
É com essa configuração que a LiuGong está empenhada em ampliar seu market share em pás carregadeiras no país, considerando a forte atuação nos segmentos de construção, agricultura, mineração, florestal e outros. “Nossa estratégia para aumentar a participação é abrir novas frentes em regiões estratégicas no país, com distribuidores que estejam alinhados ao nosso plano de crescimento no Brasil”, comenta. “E os últimos anos têm sido muito produtivos nesse aspecto.”
COMPLEMENTAÇÃO
A consolidação das marcas chinesas no mercado nacional também pode ser confirmada pela atuação da SDLG, marca trazida ao Brasil há 11 anos pela Volvo CE. “A marca veio para atingir um mercado em que não conseguíamos penetrar com um produto Premium da marca Volvo, oferecendo uma boa relação de custo x benefício, aliada a uma forte assistência ao cliente”, comenta Guilherme Ferreira, representante de produtos da SDLG na América Latina.
Segundo ele, há bastante tempo a marca tem uma presença global consolidada. “Não costumamos enfatizá-la como uma marca chinesa, pois os equipamentos estão em mercados como Estados Unidos, América do Norte, África, Ásia, Oriente Médio e Austrália, além da América Latina”, ele acentua, destacando que a população de máquinas já ultrapassa 6,3 mil unidades espalhadas por praticamente todos os países do continente. “A proposta é oferecer uma máquina global, de fácil operação e tecnologia na dose certa.”
Lançado em março, o modelo médio 656D é a novidade mais recente da SEM no país
No Brasil, a empresa fornece as pás carregadeiras L918 (com capacidade de carga de 1,8 t), L936 e L938 (3 t) e L958F (5 t), essa última lançada na M&T Expo 2018. De acordo com Ferreira, todas são produzidas na China. O modelo L918, diz ele, caracteriza-se como uma máquina leve, robusta, talhada para carga e descarga de materiais soltos. Flexível, é indicada para operar em áreas estreitas como propriedades rurais, serrarias, lojas de materiais de construção, obras urbanas e preparação de terrenos para terraplanagem. Os modelos L936 e L938, por sua vez, possuem transmissão powershift, com duas marchas à frente e uma à ré que, alinhada à elevada relação de torque do conversor, promete força elevada de penetração e alta produtividade. “Esses modelos são destinados a obras de terraplenagem, urbanas e de construção civil, assim como atividades em plantas de agregados e operações menores de mineração”, acresce o especialista.
Já o modelo L958F ganhou chassi, cabine e caixa do motor totalmente redesenhados para garantir maior eficiência em diferentes operações. A máquina tem duas versões – uma com motor Tier 2, pá fixa e freios secos, e outra com motor Tier 3, pá com engate rápido e freios úmidos. “A carregadeira possui quatro marchas à frente e quatro à ré, além de cabine com climatização, visibilidade ampla e isolamento”, descreve Ferreira.
O especialista sublinha que os projetos têm evoluído por vários fatores. Um deles, de acordo com ele, é que atualmente as normas do Conama exigem um nível de emissões que requer maior avanço tecnológico no motor, por exemplo. “Aperfeiçoamos a tecnologia para atender às regras, mas sem perder a robustez que caracteriza os projetos da marca”, diz ele.
No que tange aos serviços – uma notória e antiga reclamação do setor em relação às marcas chinesas –, a SDLG diz que distribui estrategicamente sua rede de distribuidores, visando a oferecer uma ampla disponibilidade de peças de reposição e garantias de atendimento aos clientes. “Isso é necessário, pois a marca tem forte participação no segmento agrícola, tanto em fazendas como no setor sucroalcooleiro, assim como nos segmentos industrial e de construção”, pontua Ferreira.
O representante faz ainda uma observação peculiar sobre a valorização da marca SDLG no mercado de usados, quando comparada às marcas estabelecidas há mais tempo. “Qualquer produto com poucos anos de comercialização tem menos chances de valorização no segmento de usados”, ele observa. “Mas, com o passar do tempo, a boa procedência e assistência técnica da marca vêm possibilitando valores bem próximos aos cobrados na revenda de usados de marcas tradicionais, guardadas as respectivas proporções de depreciação.”
DISPONIBILIDADE
Com 60 anos de atividade, a SEM é outra marca controlada por uma empresa ocidental, no caso, a Caterpillar, com quem compartilha o corpo técnico e de engenharia. “Quando a Caterpillar adquiriu a SEM, teve o propósito de comercializá-la como uma linha complementar, para dar apoio e suporte à produção das máquinas Cat em obras de construção pesada, mineração, industriais e no agronegócio”, diz Cristiano Trevisam, gerente comercial da SEM para a América Latina. “As duas marcas se complementam no canteiro de obras, sem concorrer entre si”
Ele acrescenta que a manufatura também foi ocidentalizada e a SEM se adaptou de maneira rápida devido ao que chama de ‘DNA Caterpillar’. Ele compara essa adaptação a um ‘cruzamento de sangue’, já que considera a China eficiente nos setores de manufatura, infraestrutura, alimentação e outros aspectos econômicos. “Essa assimilação também foi útil para a melhoria dos procedimentos da Caterpillar”, avalia.
Com proposta distinta de valor, os produtos da SEM são caracterizados por projetos mais ‘simples’, embora utilizem componentes projetados pela marca americana. De acordo com Trevisam, o mercado é pragmático nesse sentido. “Quem adquire um equipamento sem necessidade de uso intensivo não quer investir valores altos em eletrônica sofisticada”, avalia.
Isso não significa que os projetos sejam ‘simplórios’, pelo contrário. A Linha D de pás carregadeiras, por exemplo – a única trazida para o Brasil –, inclui os modelos 618D, 636D e 656D, todos com cabine ROPS/ FOPS, ar condicionado e joysticks. Lançado em março, o modelo médio 656D é equipado com caçamba de 3,3 m3, transmissão TR200 4F/4R e motor Weichai W10G de 9,7 l e 206 hp de potência, além de trazer sistema hidráulico com válvulas Caterpillar e bombas Permco. “Com 17.300 kg de peso operacional, esse modelo tem capacidade de carga de 5 t”, destaca Trevisam.
Segundo ele, a pá 656D também se destaca na relação de custo x benefício, com simplicidade operacional obtida graças ao projeto, que utiliza sistemas hidráulicos e mecânicos. “Tudo isso sem perder robustez, além de contar com força para as tarefas mais pesadas”, diz.
Desse modo, o projeto faz com que a carregadeira seja indicada para aplicações que não requeiram tanta tecnologia, mas que demandam robustez e produtividade, com considerável capacidade de carga e versatilidade. “Isso inclui pequenas mineradoras, pedreiras, movimentação de agregados e carvão, obras de infraestrutura, apoio a usinas de asfalto, construção, ceramistas, fazendas, cargas portuárias e atividade florestal”, enumera o especialista.
Por sua vez, a pá carregadeira SEM618D é mais compacta, com capacidade de carga de 1,8 t. Segundo a fabricante, a caçamba proporciona 10% a mais de capacidade em cada carregamento, com fator de enchimento de 110%. “Esse novo modelo teve a estrutura do chassi alongada em 50 mm, para aumentar a estabilidade da operação e possibilitar um bom raio de giro de giro em espaços reduzidos”, destaca Trevisam.
A transmissão e o sistema de freios também receberam melhorias em relação ao modelo anterior. Os freios agora possuem duplo acionamento e proteção para os discos, enquanto a transmissão ganhou novos componentes em todos os rolamentos. “O motor YTO tem classificação Tier III e possui 84 hp, conciliando a agilidade operacional com um baixo consumo de combustível”, assegura o especialista.
Já o modelo SEM636D oferece caçambas de 1,5 a 2,5 m3 com sistema de engate rápido incorporado, possibilitando uma diversidade de aplicações nos setores da construção, reciclagem de materiais, industrial, agroindustrial e ceramista. “Além disso, o motor Cummins Tier III com 130 hp de potência combina com a transmissão otimizada e possibilita trocas de marchas suaves e precisas”, completa Trevisam, destacando que o modelo traz sistema de arrefecimento com radiador otimizado, para temperaturas em ambientes de operação de até 50 graus, sem perder o desempenho.
“A cabine é confortável, com painel integrado e joystick, concebida para proporcionar maior segurança e ergonomia avançada ao operador”, arremata o especialista.
Mapeamento de aplicações é estratégico para as marcas
Com foco específico, máquinas dão conta do recado em diferentes atividades
O espaço crescente ocupado pelas fabricantes chinesas também deriva de uma observação atenta das necessidades do mercado. Afinal, uma empresa que trabalha na construção de estradas e obras rodoviárias, por exemplo, utiliza equipamentos de alta performance gerenciados por satélite, necessários para se obter uma topografia perfeita. Diferentemente, as construtoras que constroem ruas, vias municipais ou estradas em propriedades rurais utilizam equipamentos mais simples, pois não há necessidade de despender altos investimentos em máquinas com tecnologia avançada. “No agronegócio, as empresas utilizam máquinas mais sofisticadas para plantio e colheita, que executam as operações principais nesse business”, ressalta o gerente comercial da SEM para a América Latina, Cristiano Trevisam. “Já para trabalhos de suporte e conservação da infraestrutura das propriedades, elas podem tranquilamente utilizar máquinas que exigem menor investimento.”
JCB apresenta novos modelos para o mercado latino-americano
Dando sequência ao ciclo de investimentos de US$ 25 milhões na fábrica de Sorocaba (SP), a fabricante amplia o portfólio com o lançamento das pás carregadeiras 426ZX, 427ZX e 437ZX. O modelo 426ZX possui peso operacional de 12.849 kg, com carga de tombamento de 8.064 kg e caçamba de 2,1 m³, enquanto o 427ZX apresenta peso operacional de 13.471 kg, carga de tombamento de 8.422 kg e caçamba de 2,3 m³, ambos equipados com motor Cummins de 6 cilindros e 160 hp.
Com peso operacional de 15,2 t, o modelo 437ZX está entre as novidades da JCB para a região
Equipada com o mesmo motor, mas com 173 hp, a 437ZX possui peso operacional de 15.266 kg, com carga de tombamento de 9.349 kg e caçamba de 2,7 m³. “Com esses equipamentos, as máquinas da JCB poderão ser ainda mais presentes nas frotas de construtoras, pedreiras e aplicações agrícolas, atendendo licitações que exigem equipamentos mais sofisticados”, comenta Alisson Brandes, diretor de vendas & marketing da JCB.
Saiba mais:
JCB: www.jcb.com/pt-br
LiuGong: http://web.liugong.com/pt_la
SDLG: www.sdlgla.com
SEM: www.caterpillar.com/en/brands/sem.html
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