P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR
Revista M&T - Ed.289 - Novembro 2024
Voltar
A ERA DAS MÁQUINAS

Os guindastes na década de 30

Na década de 1930, apareceram os primeiros veículos com motores diesel e surgiram grandes obras, como a travessia de Grossglockner, assim como o elevador de navios de Niederfinow, produzido pela Kranbau Eberswalde
Por Norwil Veloso


Os equipamentos da eclusa de Niederfinow eram capazes de elevar navios com até 1.000 toneladas a 36 metros de altura

A década de 1930 foi marcada por acontecimentos radicais, iniciados um ano antes com a quebra da Bolsa de Nova York e o pós-guerra na Europa.

Em 1930, havia 4,4 milhões de desempregados na Alemanha, uma massa sem esperanças e que procurava desesperadamente quem a conduzisse, o que acabou por ocorrer poucos anos depois, com trágicas consequências a partir de 1934.

Por outro lado, apareceram os primeiros veículos com motores diesel e surgiram grandes obras, como a travessia de Grossglockner, a mais de 2.500 m acima do nível do mar, assim como o elevador de navios de Niederfinow, produzido pela Kranbau Eberswalde, que elevava navios de até 1.000 t a uma altura de 36 m.

Na Inglaterra, a R. H. Neal & Co. passou a produzir conjuntos de guindastes para adaptação em chassis de esteiras ou caminhõe



Os equipamentos da eclusa de Niederfinow eram capazes de elevar navios com até 1.000 toneladas a 36 metros de altura

A década de 1930 foi marcada por acontecimentos radicais, iniciados um ano antes com a quebra da Bolsa de Nova York e o pós-guerra na Europa.

Em 1930, havia 4,4 milhões de desempregados na Alemanha, uma massa sem esperanças e que procurava desesperadamente quem a conduzisse, o que acabou por ocorrer poucos anos depois, com trágicas consequências a partir de 1934.

Por outro lado, apareceram os primeiros veículos com motores diesel e surgiram grandes obras, como a travessia de Grossglockner, a mais de 2.500 m acima do nível do mar, assim como o elevador de navios de Niederfinow, produzido pela Kranbau Eberswalde, que elevava navios de até 1.000 t a uma altura de 36 m.

Na Inglaterra, a R. H. Neal & Co. passou a produzir conjuntos de guindastes para adaptação em chassis de esteiras ou caminhões, que se tornaram bastante conhecidos.

Na mesma época, os Estados Unidos conviviam com o fantasma da recessão, com o governo tentando controlar uma situação bastante difícil.

Mesmo empresas bem-sucedidas – como a Harnischfeger – lutavam para sobreviver, diversificando a produção para além de equipamentos de construção, com máquinas de solda, motores diesel e casas pré-fabricadas.

INOVAÇÕES

Guindastes montados sobre esteiras e equipamentos com lança treliçada montados sobre caminhão foram então seguidos por guindastes estacionários de grande porte, para uso em portos.

A Dravo, por exemplo, produziu uma máquina com capacidade de 250 t e alcance de 58 m sobre a água, sob encomenda para uma instalação portuária próxima a Seattle.

A máquina também possuía um guincho auxiliar de 30 t e dois de 5 t, além de uma ponte rolante para manutenção da lança.

O ano de 1930 também foi importante para a Ruston & Hornsby, empresa fundada em 1850 com uma posição importante no mercado inglês de escavadeiras, assim como para a Bucyrus-Erie.

Ambas as empresas criaram uma parceria para produção de escavadeiras e guindastes, fundando assim a Ruston-Bucyrus, administrada em conjunto. Em 1935, foi lançado o modelo 22-RB, com bastante sucesso graças às inovações de projeto.

As empilhadeiras eram pouco difundidas (as primeiras unidades só apareceram na Europa durante a Segunda Guerra), o que fez com que diversos fabricantes lançassem pequenos guindastes versáteis, montados sobre chassis com três ou quatro rodas, com lança fixa, móvel e até mesmo extensível.

Entre os fabricantes de guindastes na época podem ser citados: Bantam, Bay City, BM-Boom, Boilot, Coles, Grove, Haulotte, Insley, International Harvester, Keystone, Link-Belt, Manitowoc, Marion, Menck & Hambrock, Northwest, Poclain, Priestman, Richier, Wagnermobile e Weserhutte.


Desenvolvido por Coles, este guindaste Garnet era equipado com indicador
B&A de momento de carga e montado sobre chassi Thorneycroft

SEGURANÇA

Até a década de 1930, os riscos associados à operação dos guindastes eram objeto de pouca atenção por parte de projetistas e fabricantes. E menos ainda por parte dos usuários e operadores.

Mas isso começou a mudar rapidamente com o aumento dos acidentes ocasionados por falhas na operação e especialmente na elevação das cargas.

Em 1932, pela primeira vez foi emitido na Inglaterra um “Certificado de Aprovação”.

Como resultado dessa iniciativa, seguida por outras, o número de acidentes começou a diminuir, enquanto os fabricantes passaram a se preocupar com a instalação de sistemas especiais de monitoramento do momento gerado pela carga.

Em um guindaste atuam dois momentos: o de estabilização – devido à estrutura da própria máquina (peso do chassi e superestrutura) e do contrapeso – e o de tombamento, que se deve ao peso da lança, cabos, gancho, tirantes e, obviamente, a carga.

Esse momento atua no sentido de tombar o guindaste.

A primeira medida para reduzir o risco foi a instalação de patolas, inicialmente nos quatro cantos do chassi e, posteriormente, com braços que pudessem aumentar o momento de estabilização.

Em 1934, a empresa Wylie Safe Load Indicators (posteriormente adquirida pela B&A) começou a produzir indicadores de momento totalmente mecânicos, que monitoravam as forças que afetam o momento de tombamento.

A Coles, que produzia esses equipamentos sob licença, adquiriu os direitos de fabricação de todos os indicadores da B&A, que passaram a ser usados exclusivamente nos guindastes de sua própria fabricação.

Empresas como Jones, Ransomes & Rapier e Ruston-Bucyrus também produziram indicadores de momento para atender às necessidades específicas dos fabricantes.

Em 1936, todavia, ocorreu uma evolução na fabricação de guindastes com a implantação, na Alemanha, da norma DIN 120 – Padrões de projeto para componentes de aço e trilhos para guindastes, que inicialmente definiu critérios dimensionais para pórticos e componentes.

Nos 40 anos seguintes, a DIN consolidou critérios para projeto, dimensionamento, fabricação e montagem de guindastes, tendo grande influência nas normas que surgiram depois em outros países.

SEGUNDA GUERRA

O início da Segunda Guerra fez com que as nações orientassem a ciência e a engenharia para a destruição de vidas, em escala jamais ocorrida.

Toda a indústria de equipamentos alimentou o esforço de guerra, com os resultados conhecidos.

Os guindastes, especificamente, passaram a ter versões blindadas com projetos para aplicações específicas.


Durante a Segunda Guerra, guindastes como este modelo
da Coles ganharam versões blindadas para aplicações específicas

Atendendo ao contrato 37/208 da RAF, a Coles desenvolveu e produziu um guindaste sobre dois eixos com capacidade de 1,8 t, lança em treliça com alcance de 2,40 m, giro de 360o e acionamento elétrico.

Voltado para uso em aeroportos, o equipamento ficou conhecido como EMA (Electro Mobile Aerodrome). Foram produzidas 82 máquinas dentro do contrato, com excelente aceitação pela Força Aérea.

A superestrutura dos EMAs logo seria utilizada por outras empresas, como Austin, AEC, Leyland, Diamond T e Ford. Posteriormente, também foi montada em chassis reforçados produzidos pela Thornycroft Amazon.

A época ainda reservou diversas fusões e incorporações. A Henry J. Coles foi adquirida pela Steel & Co. que, na mesma época, adquiriu a Egis, fabricante de guindastes portuários e que, pouco tempo depois, veio a se chamar Crown, em cujas instalações passaram a ser produzidos os guindastes Coles, principalmente para fins militares.

Leia na próxima edição:
O inovador motor Wankel

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

P U B L I C I D A D E