P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR
Revista M&T - Ed.236 - Agosto 2019
Voltar
A Era das Máquinas

O legado das carregadeiras de esteiras

Por Norwil Veloso

O modelo Drott TD 6 com caçamba 4 em 1, em imagem de 1954

Historicamente, o sucesso dos tratores de esteiras levou à criação de diversos implementos, inclusive para carga de materiais, desenvolvidos por um grande número de fabricantes. Eram comuns implementos do tipo carregadeira para tratores de esteiras, acionados por cabos, com a caçamba passando sobre a cabeça do operador. No final dos anos 50, a configuração convencional foi tomando conta do mercado, em lugar do sistema de carga passando sobre o operador, inclusive por questões de segurança.

É fato que a carregadeira de esteiras combina a estabilidade do trator com os recursos da carregadeira. Mas não é um simples trator adaptado. É uma máquina projetada para essa finalidade, com características específicas. Podia escavar solos graças à sua configuração, da mesma forma que os tratores e as escavadeiras, o que – por operar em solos de baix


O modelo Drott TD 6 com caçamba 4 em 1, em imagem de 1954

Historicamente, o sucesso dos tratores de esteiras levou à criação de diversos implementos, inclusive para carga de materiais, desenvolvidos por um grande número de fabricantes. Eram comuns implementos do tipo carregadeira para tratores de esteiras, acionados por cabos, com a caçamba passando sobre a cabeça do operador. No final dos anos 50, a configuração convencional foi tomando conta do mercado, em lugar do sistema de carga passando sobre o operador, inclusive por questões de segurança.

É fato que a carregadeira de esteiras combina a estabilidade do trator com os recursos da carregadeira. Mas não é um simples trator adaptado. É uma máquina projetada para essa finalidade, com características específicas. Podia escavar solos graças à sua configuração, da mesma forma que os tratores e as escavadeiras, o que – por operar em solos de baixo suporte – deu-lhe algumas vantagens sobre esses concorrentes e sobre as carregadeiras de pneus durante certo período.

Uma das primeiras empresas a desenvolver esse tipo de implemento foi a Trackson. Em 1936, a empresa produzia conjuntos para as máquinas Caterpillar e, no ano seguinte, desenvolveu um sistema de carga de caminhões com acionamento a cabo e elevação vertical, que foi chamado de Traxcavator, específico para uso em tratores dessa marca.

Com 0,4 m3, o modelo Komatsu D20S foi lançado em 1972

Esse sistema era montado acima do capô, criando uma máquina bastante instável. As capacidades variavam de 0,4 a 1,5 m3, para aplicação em tratores D2, D4, D6 e D7. Posteriormente, o sistema de cabos e guinchos foi substituído por conjuntos hidráulicos, o que permitiu uma melhor distribuição de peso e tornou a máquina mais segura.

SUCESSÃO

Em 1951, a Caterpillar adquiriu a Trackson e manteve o nome Traxcavator para sua linha de carregadeiras de esteiras. Lançado em 1953, o primeiro modelo desenvolvido especificamente para esse fim recebeu o nome de No 6 Traxcavator. Em 1955, a empresa lançou uma linha composta pelos modelos 933C, 955C e 977D, ficando com três máquinas cobrindo a faixa de 0,75 a 1,7 m3 (1 a 2 ¼ j.c.). Em 1969, a linha foi ampliada com o modelo 983, de 3,8 m3 (5 j.c.) e, em 1980, com a 943 e a 973.

Em 1946, a Tractomotive desenvolveu o primeiro sistema de caçamba com acionamento hidráulico para uso em máquinas Allis-Chalmers, instalado num trator HD-5. Esta marca acabou por adquirir a Tractomotive em 1959, produzindo algumas das maiores carregadeiras da época, dentre as quais a HD-19G, de 3 m3 (4 j.c.).

Na mesma época, a Drott e a Service Supply produziram equipamentos similares para máquinas International, a partir dos quais a empresa desenvolveu sua própria linha de carregadeiras, com destaque para o modelo 250, que sobreviveu até os anos 90. A Bucyrus-Erie também produziu implementos hidráulicos para máquinas International, embora em escala menor que a Drott.

A carregadeira Traxcavator 977D lançada pela Caterpillar em 1955

Na Alemanha, a Frisch (em 1952) e a FX Meiller (em 1953) produziram implementos para tratores Hanomag e, posteriormente, para o Fiat 45 CI. Estas soluções, contudo, apenas escavavam o material e o descarregavam para trás da máquina, não podendo ser consideradas carregadeiras no sentido estrito. Somente a Schaeff DZ3, produzida a partir de 1954, era capaz de executar o processo convencional.

CONCEITOS

Em 1953, a Eimco lançou um novo conceito usando uma máquina com motor traseiro e cabina frontal, com o sistema de carregamento escavando na frente, passando sobre o operador e descarregando na traseira da máquina. Essa máquina foi produzida em diversos modelos, entre os quais o 105, usado no mundo inteiro. Outra máquina à frente de seu tempo foi a Hough 12, com caçamba de 1,3 m3 e alta velocidade de locomoção, mas que durou muito pouco tempo no mercado.

Diversos fabricantes de carregadeiras sobre esteiras procuraram desenvolver novas aplicações para seus produtos, além de aperfeiçoá-los. É dessa época a Kiener Buffel, com transmissão powershift Voith-Diwamatic, correspondente a um sistema totalmente automático, além de transmissões mecânicas cujas marchas podiam ser mudadas de forma independente, de acordo com o torque. As máquinas Buffel BL100 não tinham embreagens, enquanto a velocidade de movimentação era combinada com as condições de carga.

Outra solução diferenciada foi adotada pela Bergtechnik BL30 e BL60, que dispunha de uma saída dupla da transmissão que permitia acionar as esteiras em sentidos opostos para giro sobre seu eixo. Essa alternativa também foi usada pela Eimco e pela Case, que utilizaram conversores de torque independentes, mas a maioria optou pela solução convencional de frear uma das esteiras para fazer as curvas.

A Drott lançou a caçamba 4 em 1, que permitia executar diversos tipos de trabalho e podia ser acoplada nas carregadeiras menores de esteiras da International. Esse conceito foi bastante copiado e permitia que a máquina, além de carregar, executasse nivelamento, raspagem, lançamento de aterro, descarga parcial da caçamba e acerto de taludes. Esse recurso possibilitou a utilização dessas máquinas em muitas áreas de operação até os anos 80.

HIDROSTÁTICOS

Ainda na década de 70 foram instalados os primeiros sistemas hidrostáticos nos tratores de esteiras. Em 1971, a JCB lançou a primeira carregadeira com motor traseiro e tração hidrostática, solução que passou a ser usada por diversos fabricantes, uma vez que reduzia consideravelmente o desgaste da parte dianteira da armação dos roletes e das rodas-guia, que era um dos principais problemas dessas máquinas.

A Komatsu, que iniciou seus estudos na década de 60, lançou em 1972 uma linha de cinco modelos, do D20S, de 0,4 m3 (1/2 j.c.), até o D95S, de 3,2 m3 (4.2 j.c.). Essa linha foi seguida pelo D155S, de 350 hp e 5,5 m3 (5.9 j.c.), a maior carregadeira de esteiras produzida até hoje.

Essas máquinas foram muito populares até a metade da década de 60, quando as carregadeiras sobre pneus ainda não tinham bom desempenho em serviços pesados. Depois, foram relegadas a serviços específicos e acabaram por desaparecer devido à maior velocidade e manobrabilidade das máquinas sobre pneus.

Leia na próxima edição:
O asfalto produzido na pista

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

P U B L I C I D A D E