Revista M&T - Ed.178 - Abril 2014
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A Era das Máquinas

O impulso tecnológico no pós-guerra

Por Norwil Veloso

Durante a Segunda Guerra Mundial, as máquinas de terraplanagem tiveram aplicação intensa na construção de rodovias, ferrovias e aeroportos, obras cuja tecnologia de construção evoluíra significativamente no período sem que os equipamentos acompanhassem esse avanço.

Durante o conflito, dentre outras máquinas o exército dos Estados Unidos utilizou 10 mil scrapers rebocados, 14 mil tratores de lâmina e 1.800 scrapers autopropelidos “Tournapull”. Tratores, scrapers e motoniveladoras, aliás, tiveram sua importância reforçada pelas necessidades de guerra e a experiência adquirida nessas aplicações serviu de mola propulsora para o desenvolvimento dessas máquinas após o final das hostilidades.

Por outro lado, na maior parte da Europa a indústria da construção ficou praticamente paralisada. Com isso, na primeira metade da década de 40 a preocupação era mais de reconstruir, em detrimento da evolução tecnológica. Afinal, naquele momento o mais importante era restabelecer as condições de produção nas áreas devastadas pelas batalhas.

IMPULSO

Após o final


Durante a Segunda Guerra Mundial, as máquinas de terraplanagem tiveram aplicação intensa na construção de rodovias, ferrovias e aeroportos, obras cuja tecnologia de construção evoluíra significativamente no período sem que os equipamentos acompanhassem esse avanço.

Durante o conflito, dentre outras máquinas o exército dos Estados Unidos utilizou 10 mil scrapers rebocados, 14 mil tratores de lâmina e 1.800 scrapers autopropelidos “Tournapull”. Tratores, scrapers e motoniveladoras, aliás, tiveram sua importância reforçada pelas necessidades de guerra e a experiência adquirida nessas aplicações serviu de mola propulsora para o desenvolvimento dessas máquinas após o final das hostilidades.

Por outro lado, na maior parte da Europa a indústria da construção ficou praticamente paralisada. Com isso, na primeira metade da década de 40 a preocupação era mais de reconstruir, em detrimento da evolução tecnológica. Afinal, naquele momento o mais importante era restabelecer as condições de produção nas áreas devastadas pelas batalhas.

IMPULSO

Após o final da guerra, muitas máquinas norte-americanas foram colocadas em serviço na Europa. Principalmente na Inglaterra, diversas empresas estabeleceram acordos com fabricantes estadunidenses, com destaque para John Allen (escavadeiras Michigan), Aveling Barford (niveladoras Austin-Western), Babcock (escavadeiras Marion), Blaw-knox (tratores Oliver/Cletrac e escavadeiras Insley) e Neal (escavadeiras Unit).

Mas as empresas alemãs também iniciaram uma nova fase de desenvolvimento de seus equipamentos. Um dos primeiros produtos da nova empresa Deutsche Maschinenfabrik AG (Demag) – que iniciou suas atividades em 1939 – foi a escavadeira U35, movida por quatro motores elétricos, com caçamba de 5,5 m³ (para rocha) e 6,5 m³ (para terra).

Em 1940, a O&K lançou a derradeira escavadeira acionada a vapor – o Modelo 16 – e a Menck produziu escavadeiras na então Checoslováquia sob a licença da Skoda, pois sua fábrica de Hamburgo só tinha autorização para produzir equipamentos militares. Em 1944, contudo, a guerra provocou uma paralisação total da indústria alemã, enquanto outros países tinham maior facilidade de atualização tecnológica. Na Inglaterra, empresas como Priestman, Rapier, Ruston-Bucyrus e Smith trabalharam no desenvolvimento de escavadeiras a cabo e de máquinas menores, mais fáceis de transportar.

As escavadeiras Rapier, inclusive, apresentavam embreagens hidráulicas similares aos atuais conversores de torque. Essas máquinas facilitaram a execução dos serviços e a operação, uma vez que seus motores não deixavam de funcionar subitamente quando ocorriam aumentos repentinos da carga, sem qualquer perda de potência. Por sua vez, o sistema de guinchos era tão versátil quanto o das máquinas a vapor, enquanto as cargas de impacto na lança, braços, guincho e cabos foram significativamente reduzidas. Por essas razões, muitas outras máquinas acabaram por receber conversores de torque.

Em 1946, a Landsverk começou a fabricar escavadeiras na Suécia, sendo seu primeiro modelo a LA5 com capacidade de 0,65 m³. Um ano depois, entrava em serviço a Akerman 200D, que pesava apenas 4,8 ton e era acionada pela tomada de força do trator que a rebocava. Essa solução também foi adotada pela norueguesa Broyt. Na França, empresas como Bondy, Nordest e Pinguely começaram a produzir escavadeiras na faixa de 95 ton.

Na Alemanha, a maioria das fábricas estava em completa ruína. O início das obras de reconstrução e de reforma monetária, contudo, viabilizaram a recuperação da indústria. Já em 1949, os primeiros produtos foram apresentados, incluindo a Demag B310, O&K L3, Menck LK50, Wesserhutte W3, W4 e W10 e a gigantesca escavadeira DN.

Na Alemanha Oriental, a estatal VEB Schwermaschinenbau Nordhausen também iniciou a fabricação de escavadeiras. Outros nomes surgiram no período, numa tendência de crescimento que continuou nos anos 60. Nessa época, o fabricante europeu mais importante de escavadeiras era a inglesa Ruston-Bucyrus.

TENDÊNCIA

Nos Estados Unidos, começava a surgir uma nova tendência: escavadeiras montadas sobre caminhões de dois ou três eixos, que tiveram grande sucesso em obras de prazo curto ou situadas em locais confinados. Como a montagem e desmontagem de uma escavadeira a vapor consumia cerca de 280 homens-hora (em 1948, as escavadeiras a vapor eram o principal equipamento desse tipo na Alemanha, por exemplo), a facilidade de deslocamento e posicionamento foi decisiva para aumentar a produtividade.

Um exemplo típico desse tipo de equipamento foi a escavadeira Michigan TM-16, montada sobre chassi e produzido pela Ross, nos Estados Unidos, e pela Krupp-Sudwerke, na Alemanha, já na década de 50. A Michigan foi posteriormente adquirida pela Clark Equipment, tornando-se um conhecido fabricante de pás carregadeiras.

Alguns fabricantes foram além, produzindo escavadeiras autopropelidas sobre pneus, com um único motor. Em um anúncio de 1947, uma máquina produzida pela US Company General (que posteriormente se tornou parte da Marion) era descrita como extremamente avançada, “a máquina do futuro”.

A maioria das escavadeiras era montada com shovel, tendo draglines, clamshells e conjuntos retro como implementos opcionais. Inovações como os guinchos hidráulicos da Link-Belt e o conversor de torque foram rapidamente utilizadas pela maioria dos fabricantes.

Em 1947, a Manitowoc apresentou uma escavadeira que, embora pudesse ser usada como shovel, foi projetada para uso com dragline. Alguns anos depois, era comum o uso de máquinas de 150 toneladas com esse implemento, no mundo inteiro.

Nessa época começaram a aparecer as primeiras escavadeiras hidráulicas, várias delas com lança telescópica. Em 1945, a Warner & Swasey adquiriu os direitos de fabricação e desenvolveu a máquina que ficou mundialmente conhecida como Gradall. Mas a primeira escavadeira totalmente hidráulica com giro de 360° foi patenteada na Itália por Carlo e Mario Bruneri em 1948. Era o início de uma nova era.

Leia na próxima edição: A transição da agricultura para a construção

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