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Revista M&T - Ed.293 - Maio/2025
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A ERA DAS MÁQUINAS

Tratores a pleno vapor

No início do século XIX, logo após se estabelecerem nas ferrovias, os motores a vapor passaram a ser utilizados também como fonte de potência
Por Norwil Veloso

Conhecida como “Duke of York”, a máquina Fowler B6 Crane Locomotive foi construída em 1928 com uma lança de guindaste. IMAGENS: REPRODUÇÃO


No início do século XIX, logo após se estabelecerem nas ferrovias, os motores a vapor passaram a ser utilizados também como fonte de potência.

Relativamente compactos e baratos para as máquinas que começavam a surgir na área agrícola, esses conjuntos foram inicialmente denominados como “portable engines” (motores portáteis, em inglês).

Embora alguns modelos apresentassem características diferenciadas, o tipo de motor que logo se tornaria mais comum era composto por uma caldeira de locomotiva, sobre a qual era montado um cilindro único, que acionava um virabrequim e um conjunto de redução.

O equipamento era montado sobre quatro rodas metálicas, que permitiam a movimentação de um


Conhecida como “Duke of York”, a máquina Fowler B6 Crane Locomotive foi construída em 1928 com uma lança de guindaste. IMAGENS: REPRODUÇÃO


No início do século XIX, logo após se estabelecerem nas ferrovias, os motores a vapor passaram a ser utilizados também como fonte de potência.

Relativamente compactos e baratos para as máquinas que começavam a surgir na área agrícola, esses conjuntos foram inicialmente denominados como “portable engines” (motores portáteis, em inglês).

Embora alguns modelos apresentassem características diferenciadas, o tipo de motor que logo se tornaria mais comum era composto por uma caldeira de locomotiva, sobre a qual era montado um cilindro único, que acionava um virabrequim e um conjunto de redução.

O equipamento era montado sobre quatro rodas metálicas, que permitiam a movimentação de um local para outro por uma parelha de cavalos.

A aceitação do conceito foi tão grande que essas máquinas se espalharam com rapidez, em uma época na qual os motores elétricos ou de combustão interna eram sequer imaginados.

SISTEMA DE TRAÇÃO

Como a aplicação em veículos não teve sucesso, os engenheiros passaram a desenvolver equipamentos que pudessem puxar uma carga (daí o termo “tratores”), cujo nome adotado inicialmente foi “traction engines” (motores de tração, em inglês).

Basicamente, esses motores eram unidades portáteis, às quais se adicionava um sistema de tração por corrente no eixo traseiro e uma pequena plataforma para o operador, montada atrás da caldeira.

Feita por cavalos, a mudança de direção foi mantida dessa forma por diversos fabricantes – que julgavam que os cavalos não iriam se assustar com uma máquina barulhenta e esquisita próxima aos seus rabos –, até que um sistema de correntes no eixo dianteiro foi desenvolvido, permitindo o acionamento por meio de um volante semelhante ao do leme de um barco em alguns casos.

A maioria dos fabricantes relevantes se estabeleceu nessa época. Um deles foi a Charles Burrell and Sons, considerada a primeira empresa a produzir equipamentos sobre esteiras.

Suas máquinas utilizavam chapas planas articuladas que assentavam no solo, com as rodas traseiras de aço trafegando sobre elas (sistema Boydell), de forma similar à adotada posteriormente para os tanques militares.

Essa solução permitia que as máquinas puxassem cargas pesadas por distâncias longas, mas o rápido desgaste das placas e pinos fez com que o sistema fosse abandonado, voltando-se ao processo convencional de rodas de aço.

DIVERSIFICAÇÃO

Em 1865, a empresa Aveling & Porter produziu seu primeiro rolo compactador a vapor, que obteve excelente aceitação. Foram lançados modelos de diferentes tamanhos, por muito tempo vendidos no mundo inteiro.

A maioria dos fabricantes de tratores também produziu rolos compactadores, alguns dos quais em serviço até hoje, inclusive, cuidados com extremo carinho pelos proprietários.

Após um longo trabalho experimental, na década de 1860 John Fowler lançou um trator a vapor para arar e cultivar o solo.

A partir dessa data, a Steam Plough Works se estabeleceu em Leeds, de onde sairiam alguns milhares de locomotivas, tratores e máquinas agrícolas nos 75 anos seguintes, além de uma variedade de implementos e motores de diversos tipos.

Modelo Burrell com sistema Boydell, com rodas traseiras de aço trafegando sobre chapas planas articuladas assentadas no solo


O passo seguinte, já na década de 1880, foi a utilização de dois cilindros montados lado a lado, em vez de um (um menor de alta pressão e um maior, de baixa pressão).

Após completar seu ciclo no cilindro de alta pressão, o vapor era descarregado no cilindro de baixa pressão, onde continuava a se expandir até a exaustão pela chaminé.

De fato, foi um grande avanço em termos de tração, obtendo-se mais potência com economia de combustível, além de um funcionamento mais silencioso e uniforme.

Durante algum tempo, os tratores usados na agricultura permaneceram com um cilindro, mas a partir de 1890 os expositores das feiras e as empresas de transporte pesado rapidamente passaram para os motores de dois cilindros, em um movimento que perduraria até o final da Segunda Guerra Mundial.

Nesse período, a maioria dos equipamentos de movimentação de cargas pesadas adotou motores de dois cilindros, produzidos principalmente por fabricantes como Fowler, Foster, Foden, Burrell e McLaren.

As máquinas para tração de cargas pesadas eram conhecidas como “road locomotives” (locomotivas de estrada, em inglês) e possuíam rodas de borracha maciça, suspensão nos dois eixos (para absorver impactos da pista), caixa de mudanças com três velocidades, freio nas rodas traseiras e tanque suplementar de água.

Todo o conjunto ficava sob uma cobertura única, enquanto um grande dínamo, acionado por uma correia instalada no volante, podia fornecer energia também para o local de exposição das máquinas.

Alguns fabricantes de tratores pesados para transporte rodoviário usavam uma cobertura de ¾ do comprimento da máquina e um dínamo menor, para alimentação de faróis e de um tambor de cabo no eixo traseiro.

DOWNSIZING

Na época, o peso médio dos tratores era de 16 ton, e a potência, de 8 a 12 hp nominais, mas os valores reais eram bem mais altos. Um trator Fowler Super Lion, por exemplo, foi projetado para manusear cerca de 40 ton, mas conseguia puxar 120 ton.

Para cargas maiores, muitas vezes usavam-se dois tratores em série e, às vezes, com mais um na traseira, para apoio nas subidas e descidas.

Montado sobre rodas de borracha, o trator a vapor Fowler Tiger chegou ao mercado em 1923 como uma miniatura de máquinas maiores


Percursos de 300 km por dia, feitos por um conjunto de tratores com peso de até 45 ton, eram cena normal nas estradas da época.

Algumas máquinas também foram construídas com uma lança de guindaste, cujo tambor de cabo era acionado a partir do virabrequim, através de um sistema de eixos e engrenagens.

Foram extremamente úteis, graças à capacidade de elevar e transportar a carga. Um exemplo interessante desse tipo de solução é o Fowler “Duke of York”, de 10 hp.

A partir do início do século XX, surgiram diversos fabricantes de máquinas de menor peso (abaixo de 5 ton) e potência (3 a 4 hp nominais), incluindo Garrett, Marshall, Robey, Foster e Burrell, entre outros, que competiam com os tratores equipados com motores de combustão interna.

O Fowler “Tiger” era uma miniatura das máquinas maiores, montada sobre rodas de borracha.

Até a década de 1950, algumas empresas agrícolas ainda usaram máquinas a vapor, mas a produção de tratores a vapor cessou em 1935.

As máquinas menores e os rolos compactadores continuaram a ser produzidos até bem depois do final da Segunda Grande Guerra Mundial.

Porém, àquela altura o domínio dos motores de combustão interna já era uma realidade que não tinha mais como ser alterada.

Leia na próxima edição:
Motores Flex entram em cena

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