Com destaque para tratores e colheitadeiras, o setor de equipamentos agrícolas comercializou cerca de 70 mil equipamentos em 2012, cifra que representa mais do que o dobro das cerca de 30 mil máquinas de construção vendidas no ano passado. Mais do que isso, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta que outras 80 mil máquinas serão inseridas no mercado nacional até 2015.
Tal perspectiva se explica pelo fato de o Brasil ser atualmente um dos poucos países do mundo onde há projeção de crescimento da agricultura, uma vez que, somente nas áreas degradadas por pastagens, há possibilidade de se cultivar até 100 milhões de hectares. A informação é da New Holland Agriculture, como detalha nesta entrevista Alessandro Maritano, vice-presidente e principal executivo da empresa para a América Latina.
Natural da Itália, Maritano possui um currículo profissional totalmente dedicado à New Holland, na qual ingressou em 1997 em seu país de origem, passando posteriormente por Inglaterra, Espanha e Polônia, até voltar à Península Itálica para assumir um carg
Com destaque para tratores e colheitadeiras, o setor de equipamentos agrícolas comercializou cerca de 70 mil equipamentos em 2012, cifra que representa mais do que o dobro das cerca de 30 mil máquinas de construção vendidas no ano passado. Mais do que isso, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta que outras 80 mil máquinas serão inseridas no mercado nacional até 2015.
Tal perspectiva se explica pelo fato de o Brasil ser atualmente um dos poucos países do mundo onde há projeção de crescimento da agricultura, uma vez que, somente nas áreas degradadas por pastagens, há possibilidade de se cultivar até 100 milhões de hectares. A informação é da New Holland Agriculture, como detalha nesta entrevista Alessandro Maritano, vice-presidente e principal executivo da empresa para a América Latina.
Natural da Itália, Maritano possui um currículo profissional totalmente dedicado à New Holland, na qual ingressou em 1997 em seu país de origem, passando posteriormente por Inglaterra, Espanha e Polônia, até voltar à Península Itálica para assumir um cargo de liderança das operações-sede da fabricante. No ano passado, o executivo foi designado para comandar as operações latino-americanas da companhia.
No Brasil, Maritano já colhe resultados positivos diante do que ele considera um dos maiores desafios de sua carreira: conduzir os negócios em um país que, junto ao mercado italiano, já é um dos mais representativos do mundo para a New Holland, atrás apenas dos EUA.
M&T – Qual é a estrutura internacional da CNH?
Alessandro Maritano – O Grupo possui quatro empresas: New Holland Agriculture, New Holland Construction, Case Agriculture e Case Construction. No caso da New Holland, as linhas agrícola e de construção são quase totalmente divididas no que tange à organização, rede de distribuição e estratégia. Mas, dentro do grupo Fiat Indústria e da CNH, temos algumas funções operativas que atendem as duas marcas. Isso, no entanto, é imperceptível aos nossos clientes, que nos veem como empresas separadas. E isso é bom, pelo fato de que os clientes de construção e agricultura têm perfis diferentes e merecem empresas inteiramente dedicadas ao seu nicho de atuação.
M&T – Em termos de faturamento, como é essa divisão?
Alessandro Maritano – No mundo, a New Holland Agriculture e a Case Agriculture representam cerca de 80% dos negócios do grupo, sendo que cada empresa contribui com um percentual próximo a 50%. Já as linhas de construção representam 20% do faturamento. Mas, no mercado latino-americano, a divisão é diferente: agricultura e construção têm faturamentos muito parecidos, lembrando que a New Holland Agriculture faturou US$ 1 bilhão na América Latina em 2012.
M&T – A propósito, qual é a importância do mercado latino-americano para o grupo? O que este faturamento representa?
Alessandro Maritano – Com certeza, colaboramos bastante para os resultados da CNH e do Grupo Fiat em nível global. Hoje, a CNH Latin America representa 15% do faturamento global da CNH. E esse percentual vem crescendo nos últimos anos, acompanhando a proeminência do Brasil no cenário agrícola mundial. Mas, nos últimos dois anos, os EUA vêm se recuperando e, com toda a sua pujança, seguem puxando as nossas vendas. Depois dos Estados Unidos, o Brasil é hoje junto com a Itália, local de origem do Grupo Fiat e da marca New Holland um dos países onde mais investimos. Em nosso plano quadrienal de investimentos atual, que compreende o período de 2011 a 2014, estamos investindo R$ 2 bilhões no país.
M&T – Em que áreas esse investimento tem sido aplicado?
Alessandro Maritano – A fábrica de Curitiba, por exemplo, está sendo praticamente toda reformada. Também temos uma nova linha de produção de tratores, que foi reformulada para comportar a produção de equipamentos de maior potência. Além disso, do último ano para cá estamos lançando mais de 30 novos modelos. Na área de desenvolvimento de produtos, aliás, montamos um centro de engenharia para reforçar as nossas pesquisas, com mais de 150 engenheiros alocados somente nesta planta. E continuamos nos preparando para o crescimento que a agricultura tropical terá nos próximos anos. Para atender as demandas da agricultura que estão por vir, precisamos oferecer produtos que sejam cada vez melhores, mais produtivos, potentes e precisos.
M&T – Como a empresa tem avançado no setor, tanto no Brasil quanto no exterior?
Alessandro Maritano – Em 2012, o volume comercializado pela New Holland Agriculture no Brasil foi de 9.775 unidades de tratores e 1.861 colheitadeiras. Foi um ano único, com todos os fatores a favor, como a queda da safra nos EUA, que elevou o preço das commodities a níveis recordes. Além disso, o produtor está capitalizado, pois o crédito ficou ainda mais fácil com a redução do Finame para 2,5% até dezembro. O Brasil é um dos poucos países do mundo que tem espaço para que a agricultura cresça nos próximos anos. Aqui, só em áreas degradadas por pastagens, pode-se incorporar até 100 milhões de hectares de terras agriculturáveis em poucos anos. Na América Latina, estamos passando por uma grande transformação tecnológica na agricultura. Soluções inovadoras e sustentáveis envolvem indústria e biotecnologia, traçando um novo horizonte para o agronegócio que, no Brasil, é responsável pela movimentação de até 30% do Produto Interno Bruto (PIB).
M&T – Em termos de produtos, quais são as principais apostas da marca?
Alessandro Maritano – Temos destaques tanto em tratores quanto em colheitadeiras. Para este ano, estamos prevendo uma atualização da linha de tratores TL (55 a 95 cv), com reestilização e novas transmissões. Também lançaremos a linha de tratores T7 (140 a 180 cv), que substitui a linha TM, além da atualização da linha TS (110 a 130 cv), também de tratores. Para pulverizadores, temos a introdução da classe II, o SP2500, e uma nova versão da plantadeira SOL TT, com caixa central de sementes. Em colheitadeiras, temos uma atualização da Linha TC e a introdução das classes 5 e 6, lançadas em 2012, porém comercializadas a partir de 2013.
M&T – Por que tantos novos produtos e atualizações simultâneas?
Alessandro Maritano – O conceito que queremos transmitir aos clientes de agricultura é de constante evolução, algo que uma marca como a New Holland tem de seguir como tendência de mercado, levando produtos com nível de tecnologia cada vez mais elevado. Afinal, acreditamos que 2012 e 2013 são anos-chave para a marca, o que justifica os diversos lançamentos que estamos fazendo nesse biênio.
M&T – As projeções do mercado brasileiro justificam essa estratégia?
Alessando Maritano – Certamente. A expectativa da Anfavea é que o mercado interno de máquinas agrícolas (sobretudo tratores de rodas e colheitadeiras) cresça mais de 5% neste ano no Brasil. Isso sobre uma base considerável de aproximadamente 70 mil máquinas vendidas em 2012. Já as exportações dependem de outros fatores, que vão desde as relações bilaterais entre Brasil e Argentina até a taxa de sucesso esperada com o programa Mais Alimentos África. O mais importante, no entanto, é que existem condições macroeconômicas para crescimento em todos os mercados. Existe a demanda por alimentos (estoques baixos), preços em alta (especialmente da soja e do milho) e condições favoráveis de clima para a produção na América Latina, com destaque para a próxima safra recorde no Brasil. Definitivamente, esse cenário viabiliza que nosso negócio cresça como um todo.
M&T – É possível afirmar que isso se manterá nos próximos anos?
Alessandro Maritano – Sim. Até 2015, o mercado nacional deverá ter um aumento médio de 10% ao ano no que se refere à comercialização de máquinas com maior potência embarcada, especialmente tratores e colheitadeiras. Com isso, serão incorporados 80 mil novos equipamentos agrícolas com maior potência no mercado latino-americano neste período. Especialistas no assunto avaliam que a expansão da tecnologia da agricultura deve se basear não apenas no número de máquinas comercializadas, mas principalmente no tamanho médio desses equipamentos, que passam a ter maior potência. Assim, o mercado de colheitadeiras de grãos no Brasil deve crescer nos próximos anos, visto que se trata de um equipamento estratégico na lavoura que, dependendo do tempo de uso da máquina, acarreta a perda de muitos grãos.
M&T – Quais tipos de equipamentos podem crescer mais?
Alessandro Maritano – Nos últimos dez anos, a média de comercialização de colheitadeiras tem sido de 4 mil máquinas por ano, quando o ideal seria de 6 a 7 mil unidades. Já no mercado de tratores é possível observar o mesmo movimento que leva ao crescimento de vendas de máquinas com maior valor agregado. Questões como redução da janela de trabalho para plantio e aproveitamento do espaço (inclusive com utilização de agricultura de precisão) levam os produtores a investirem nestes equipamentos.
M&T – Falando nisso, a agricultura de precisão já é uma realidade?
Alessandro Maritano – A New Holland oferece o Gerenciamento Preciso do Campo, da sigla em inglês PLM. No Brasil, o volume de máquinas que saem de fábrica com a solução ainda é pequeno: cerca de 5% apenas. Mas a demanda pela tecnologia vem crescendo, principalmente de kits PLM para máquinas já operantes. Atualmente, o nicho da agricultura que mais utiliza a tecnologia é o de grãos, principalmente soja, milho, trigo e arroz. Nos EUA e no norte da Europa, a automatização é mais avançada, devendo ter percentuais acima de 50% de aplicação de técnicas de agricultura de precisão. Na Europa meridional, principalmente Espanha e Itália, o percentual de automatização fica entre 10 e 15%, o que pode ser atribuído à menor capacidade de investimento dos agricultores nessas regiões.
M&T – Como esse sistema atua para aumentar a produtividade?
Alessandro Maritano – Ao possibilitar desligamento automático, o PLM permite o controle individual de seções de plantio, economizando sementes e, consequentemente, tempo de operação. Outra solução que já está fazendo sucesso nos campos é o sistema de telemática, que permite o monitoramento completo dos equipamentos. As duas ferramentas aumentam o controle do produtor sobre a plantação, maximizando os ganhos e diminuindo perdas, desperdícios e tempo ocioso. O recém-lançado piloto elétrico automático EZ-Pilot, que integra o pacote PLM, facilita a operação ao guiar a máquina, funcionando como um sistema de direção assistida. Com a máxima precisão, o veículo é mantido no trajeto determinado pelo agricultor, melhorando a qualidade do trabalho e o rendimento da lavoura, ao mesmo tempo em que reduz a fadiga do operador e gera maior economia de recursos em combustível e horas.
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