O estudo de mercado da Sobratema, apresentado anualmente em meados de novembro, revelou, em sua última edição, que 29% dos quase 30 mil equipamentos de terraplenagem comercializados no Brasil são importados. Grande parte desse volume diz respeito a fabricantes que detêm linhas de produção no país, mas que complementam seu portfólio de produtos com a importação de determinados modelos com demanda em menor escala, o que não justifica sua produção local.
Pelo que a reportagem da revista M&T apurou durante a feira M&T Expo 2012, essa porcentagem pode permanecer estável ou até mesmo aumentar nos próximos anos. Com a chegada de novos players que anunciaram investimentos em fábricas no Brasil, o que deverá crescer consideravelmente, entretanto, é a quantidade de modelos com produção local. Além de casos já divulgados extensamente pela imprensa, como as fábricas em implantação pela Hyundai, Doosan, Sany e XCMG, outras empresas reforçam o coro de novos competidores dispostos a investir em produção local.
A M&T Expo 2012 ajudou a identificar esse cenário com maior precisão.
O estudo de mercado da Sobratema, apresentado anualmente em meados de novembro, revelou, em sua última edição, que 29% dos quase 30 mil equipamentos de terraplenagem comercializados no Brasil são importados. Grande parte desse volume diz respeito a fabricantes que detêm linhas de produção no país, mas que complementam seu portfólio de produtos com a importação de determinados modelos com demanda em menor escala, o que não justifica sua produção local.
Pelo que a reportagem da revista M&T apurou durante a feira M&T Expo 2012, essa porcentagem pode permanecer estável ou até mesmo aumentar nos próximos anos. Com a chegada de novos players que anunciaram investimentos em fábricas no Brasil, o que deverá crescer consideravelmente, entretanto, é a quantidade de modelos com produção local. Além de casos já divulgados extensamente pela imprensa, como as fábricas em implantação pela Hyundai, Doosan, Sany e XCMG, outras empresas reforçam o coro de novos competidores dispostos a investir em produção local.
A M&T Expo 2012 ajudou a identificar esse cenário com maior precisão. Das 494 empresas presentes na feira, 170 eram expositores novos e sem operações no país. Entre outras empresas, a lista incluiu as norte-americanas John Deere e LBX Excavator, as chinesas Shantui e Zoomlion e as europeias Ammann e Bomag, todas com planos para a instalação de fábricas no Brasil.
Os planos da Deere
A John Deere por exemplo, que já possui uma fatia significativa do mercado de máquinas agrícolas, inclusive com a produção de alguns modelos no Brasil, anunciou investimentos de US$ 180 milhões na construção de duas fábrica de equipamentos para construção no país. Uma dessas unidades será destinada exclusivamente à produção de escavadeiras hidráulicas em parceria com a japonesa Hitachi, que será responsável por US$ 56 milhões do aporte total previsto.
A outra unidade industrial, controlada exclusivamente pela John Deere, será destinada à produção de retroescavadeiras e pás carregadeiras. Segundo Roberto Marques, gerente de vendas da empresa, as duas fábricas serão construídas em Indaiatuba, no interior de São Paulo, e entram em operação até o final de 2013. Enquanto isso, a empresa inicia suas operações no país com a importação de modelos produzidos nos Estados Unidos.
A empresa planeja disputar outros segmentos do mercado, como o de motoniveladoras e tratores de esteiras, porém apenas com modelos importados. Sua prioridade atualmente é estruturar a rede de distribuição e atendimento aos clientes, com o objetivo de cobrir 92% do território brasileiro. “A rede de dealers que está sendo montada não dependerá exclusivamente dos grupos que já atendem à marca na área agrícola”, comenta Marques.
Novos modelos
Por questões estratégicas, o executivo evita revelar maiores detalhes sobre a rede em fase de estruturação. Mas ele antecipa que o dealer responsável pela área de Minas Gerais será o grupo Inova, que já responde pela distribuição de máquinas agrícolas da marca e de caminhões Volvo. Marques explica que, mundialmente, a empresa conta com alguns dealers comuns aos segmentos agrícola e de construção, porém com operações separadas “já que esses dois mercados são diferentes e apresentam demandas igualmente diferentes, que requerem especialização e foco.”
Segundo o executivo, a participação na M&T Expo 2012 permitiu à empresa uma apresentação em grande estilo ao mercado brasileiro, por meio de um contato direto com os clientes para ouvir suas necessidades. Durante o evento, ela destacou a retroescavadeira 310K, que provavelmente será produzida no Brasil, equipada com caçamba frontal de 1 m³ de capacidade e com opção para caçamba retro de 18, 24 ou 30 polegadas. O equipamento possui 80 HP de potência e pode ser configurado com tração 4x2 ou 4x4 e cabine com proteção ROPS/FOPS, dependendo da opção do usuário.
Outra família de equipamentos destacada pela John Deere foi a de pás carregadeiras. A empresa está disponibilizando cinco modelos, na faixa de 146 a 246 HP de potência, com caçambas de 2,1 a 3,6 m³ de capacidade, respectivamente. Eles têm sistema hidráulico sensível à carga, que proporciona o fluxo necessário para funções suaves e simultâneas, proporcionando ciclos de trabalho mais rápidos com menor consumo de combustível. Além disso, vêm equipados com transmissão Powershift dotada de um sistema de ajuste automático do acoplamento das marchas, de forma a proteger o conjunto de eventuais “trancos” durante a operação.
Para disputar o segmento de escavadeiras hidráulicas, a John Deere contará com quatro modelos de 16 t, 21 t, 25 t e 35 t, que contam respectivamente com potência de 121 HP, 159 HP, 188 HP e 271 HP. Além dessas escavadeiras, que serão produzidas em Indaiatuba, a linha poderá ser complementada com outros modelos importados. Marques destaca que os modelos de fabricação local serão disponibilizados com as marcas John Deere e Hitachi. No primeiro caso, eles serão equipados com motor da própria John Deere e no outro, contarão com motorização de tecnologia Isuzu.
Aposta da LBX
A norte-americana LBX Excavator é outra que aposta na força de sua marca para conquistar uma fatia significativa do mercado brasileiro. A empresa, pertencente ao grupo japonês Sumitomo, dedica-se exclusivamente à produção de escavadeiras hidráulicas da marca Link-Belt, uma das mais tradicionais na América do Norte. “Para atender os usuários brasileiros, contaremos com quatro modelos de 13 t, 16 t, 21 t e 35 t de peso operacional”, diz Edward Gerber, gerente geral da LBX para a área de negócios internacionais.
Segundo o executivo, a marca já é conhecida no Brasil, o que permite à empresa apostar no ganho de mercado entre clientes de “primeira linha”, ou seja, aqueles que demandam equipamentos com alto nível de tecnologia embarcada e foco no aumento de produtividade. “Queremos conquistar 10% do mercado brasileiro de escavadeiras nos próximos dois anos e a prova da importância que damos a essa empreitada é a presença do alto escalão de executivos mundiais da empresa na M&T Expo 2012”, diz Gerber.
Ele se refere, principalmente, ao fato de o presidente mundial da LBX, Chuck Martz, ter comparecido ao evento para um contato direto com os clientes locais. Mesma atenção vem sendo dedicada à montagem da rede de distribuidoras, que deverá ser constituída por 10 parceiros para a cobertura da maior parte do território nacional. “Já nomeamos quatro deles, sendo que no do Rio Grande do Sul contamos com a experiência da Tauron, uma empresa renomada que já distribui equipamentos da Terex há muitos anos”, diz Gerber.
Avanço da Shantui
Outro fabricante internacional com intenção de fincar raízes no Brasil é a chinesa Shantui. A empresa tem a sua disposição o terreno de uma fazenda, na cidade de Presidente Prudente (SP), de propriedade do atual presidente da Shantui no Brasil, Julio Gonzalez-Reyes, onde o executivo pretende instalar uma fábrica de equipamentos para construção. Segundo ele, há também uma verba de US$ 120 milhões disponibilizada pela matriz mundial para investimento no Brasil.
“Com esses recursos, instalaremos inicialmente uma unidade para a montagem dos equipamentos e, em até três anos, contaremos com uma fábrica com índice de nacionalização acima do exigido para os financiamentos pela linha Finame”, ele afirma. Atualmente, a empresa está montando o escritório administrativo nesse mesmo local. “Esse foi o primeiro passo após constituirmos a Shantui do Brasil, em setembro passado, consolidando uma relação comercial que a marca já tinha com diversas construtoras brasileiras que adquiriram nossos equipamentos”, completa o executivo.
Apesar de ser reconhecida no Brasil pela família de tratores de esteiras, a Shantui aposta na comercialização da sua linha completa de equipamentos, que inclui desde escavadeiras, pás carregadeiras e rolos compactadores, até bombas de concreto, caminhões betoneira, perfuratrizes e empilhadeiras, entre outros. Para isso, a companhia está estruturando uma rede de distribuidores que se comprometa a priorizar sua marca. “Nossos dealers terão de trabalhar com dedicação para a Shantui, pois só assim poderão explorar melhor o potencial competitivo de nossos equipamentos”, diz Reyes.
Atualmente, a Shantui não dispõe de distribuidores para atendimento aos clientes brasileiros, mas conta com alguns revendedores locais. Segundo o executivo, esse grupo, formado basicamente por empresas de menor porte, poderá servir de embrião para a montagem da rede nos próximos seis meses. Reyes inclui nessa lista de revendedores até mesmo a Brasil Máquinas de Construção (BMC), que não se enquadra no perfil de uma empresa de pequeno porte, mas atua na comercialização de produtos da marca há alguns anos.
Em termos mundiais, a Shantui ocupa a 19ª posição no ranking de maiores fabricantes de equipamentos, segundo Dave Lightle, consultor sênior e global de comunicação da empresa. “No segmento de tratores de esteiras, detemos mais de 60% do mercado chinês, que é o maior do mundo”, ele complementa.
Tecnologia suíça
Na linha de equipamentos para obras rodoviárias, o destaque na M&T Expo 2012 foi a chegada de dois competidores europeus já conhecidos dos usuários brasileiros, mas que se preparam para a instalação de fábricas no país: a suíça Ammann e a alemã Bomag, que é controlada pelo grupo francês Fayet. Segundo Gilvan Pereira, diretor da Ammann para a América Latina, os resultados obtidos em um ano de operação no Brasil motivaram essa estratégia. “Nesse período, comercializamos mais de 100 rolos compactadores”, diz ele.
O projeto da nova fábrica, que entra em operação até o fim deste ano, deve consumir investimentos de 9 milhões de euros, mas Gilvan evita revelar sua localização. “A empresa se tornou conhecida no mercado local com o trabalho inicial de um distribuidor, a Commingesoll, e agora estamos trabalhando na ampliação dessa rede para cobertura de todo o território nacional.” A CHB já assumiu essa função em Minas Gerais e outros dealers estão sendo nomeados para o Nordeste e Sul do país.
O objetivo é consolidar a fabricante suíça como uma alternativa de primeira linha no fornecimento de usinas de asfalto, vibroacabadoras e rolos compactadores para os usuários brasileiros. A Ammann não revela informações sobre o negócio no país, mas Pereira admite que ele ainda é pequeno em relação às receitas globais do grupo, de um milhão de francos suíços. “Temos de produzir localmente para sermos competitivos”, admitiu o vice-presidente mundial da Ammann, Elmar Egli, em entrevista à imprensa, ao ressaltar a importância dos financiamentos via Finame para a viabilização de vendas no país.
Além dos rolos compactadores da marca, a empresa já comemora a venda de uma usina gravimétrica, que, segundo Pereira, seria o primeiro modelo gravimétrico móvel em operação no país. O crescimento no Brasil, aliado ao avanço nos demais países emergentes, é peça fundamental do planejamento estratégico da empresa. Suas vendas nesses mercados respondem por 10% do faturamento e, em cinco anos, Elmar Egli espera que esse número chegue a 30%.
Linha da Ammann
Gilvan Pereira aposta no sucesso da empreitada em função da excelência e tradição da marca suíça, que conta com 143 anos de experiência na fabricação de equipamentos para obras rodoviárias. “Somos líderes mundiais na produção de usinas de asfalto e os planos para o Brasil também incluem posicionar a empresa entre os principais fornecedores nesse segmento de mercado.” Ele ressalta que os misturadores e secadores utilizados em suas usinas são fabricados pela própria empresa e que a cabine dos modelos a serem produzidos no Brasil, que realiza todo o controle da operação e é o coração do equipamento, será trazida da Suíça.
Além da fabricação de usinas de asfalto, disponibilizadas para os clientes em modelos gravimétricos e do tipo contrafluxo, em capacidades de 80 a 400 t/h, a empresa pretende produzir na unidade brasileira um modelo de rolo compactador de um cilindro, na faixa de 12 t de peso e quatro modelos de vibroacabadoras. “Nossa linha, entretanto, é muito ampla, envolvendo pavimentadoras de asfalto com capacidade entre 800 mm e até 6,5 m de largura, incluindo a extensão de mesa, e uma família de compactadores que vai desde os sapinhos de pequeno porte até rolos vibratórios de 25 t de peso”, afirma Pereira.
Entre os destaques da linha, Pereira aponta a usina de asfalto contínua móvel Prime 140, montada sobre rodas, que atinge 140 t/h de capacidade de produção. Toda a sua operação é controlada automaticamente e o sistema de pré-dosagem conta com três dosadores individuais, cada um equipado com dispositivo próprio de pesagem, o que garante alta precisão à formulação da massa asfáltica. “Além disso, nossos rolos vibratórios contam com tecnologia de primeiro mundo”, ele completa.
Fábrica da Bomag
A competição no segmento de rolos compactadores, aliás, deverá crescer ainda mais com o anúncio da Bomag, que pretende investir R$ 12 milhões na instalação de uma fábrica no país. A nova unidade industrial, que vai ocupar um terreno de 22 mil m2, em Campinas (SP), entra em operação no mês de outubro, com a produção de rolos de vibratórios de um cilindro e 12 t de peso operacional. “Depois, ampliamos a linha com o modelo de 17 t e os compactadores de pneus”, afirma Rogério do Nascimento, gerente comercial da Bomag para a América do Sul.
Segundo ele, desde que iniciou as vendas no país, há quatro anos, a empresa contabiliza cerca de 700 equipamentos da marca em operação, o que a coloca entre os quatro principais competidores nesse segmento do mercado. “Em todos os países que está presente, a Bomag sempre se posiciona como líder ou vice-líder e nosso propósito no Brasil é atingir também essa posição”, diz ele. A nova fábrica inicia suas operações com uma capacidade para a produção de 250 unidades de rolos compactadores por ano.
Além da qualidade dos produtos, Nascimento ressalta que esse projeto é apoiado por uma ampla rede de suporte em pós-vendas aos clientes, composta por distribuidoras renomadas como a Brasif (que atende o Sudeste e parte da região Centro-Oeste), Renco (Norte, Nordeste e parte do Centro-Oeste), Romac (Sul e Mato Grosso do Sul) e Dinamape (responsável pela linha leve, lançada durante a M&T Expo 2012). “Apenas na Construtora Odebrecht, reconhecida pelo padrão de exigência em relação à qualidade dos equipamentos e do atendimento, contamos com mais de 40 unidades em operação na obra da Ferrovia Transnordestina”, ele pondera.
A opção por iniciar a produção pelo rolo de um cilindro (12 t) se deve ao fato de que esse modelo responde por cerca de 55% da demanda do mercado, segundo explica Nascimento. “Nosso modelo dispõe de diferenciais, como um cilindro com chapa de 35 mm, mais resistente que os de outras marcas, que têm apenas 25 mm de espessura, e o fato de sua articulação e oscilação serem livres de lubrificação”. Além disso, ele ressalta que o rolo liso é reversível para adoção de patas sem apresentar perda de potência de compactação, que nos concorrentes chega a 20%.
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