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Revista M&T - Ed.228 - Outubro 2018
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Entrevista

Marco Aurélio Rangel

“O GNV ainda é a única alternativa ao diesel”

Voltada ao design, produção e comercialização de sistemas de propulsão para veículos on-the-road e off-the-road, máquinas agrícolas e de construção, além de aplicações marítimas e de geração de energia, a FPT Industrial vem investindo cada vez mais em tecnologias de motores movidos a Gás Natural Veicular (GNV) e, mais recentemente, passou a apostar também no desenvolvimento de protótipos movidos a biometano e a desenvolver uma linha própria de grupos geradores, um segmento em franca expansão no Brasil.

Nesta entrevista exclusiva à Revista M&T, o presidente da FPT Industrial para a América Latina, Marco Aurélio Rangel, discorre sobre essas e outras ações recentes da empresa pertencente ao Grupo CNH Industrial, que globalmente conta com dez unidades industriais para a produção de motores, sendo duas na América Latina – em Sete Lagoas (MG/Brasil) e em Córdoba (Argentina).

Nascido em Santos (SP), Rangel é engenheiro mecânico formado pela FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), com pós-graduação em marketing e especialização em comércio exterior pela ESPM. O executivo possui ainda MBA pela Kelley School of Business, ligada à Indiana University, nos EUA.

Com 25 anos de experiência no segmento, o executivo já passou pela Cummins, onde desenvolveu mercados de motores na América do Sul para os segmentos agrícola e de construção, trabalhando ainda com marcas como CNH, Dynapac, Komatsu, Hyundai, Volvo e Terex. Desde 2015, está à frente da FPT industrial na América Latina. “Sabemos que ainda necessitamos de investimentos sustentáveis em infraestrutura, mas já vemos uma recuperação gradual, com um cenário mais provável nos próximos anos”, diz ele. Acompanhe.

  • Como tem sido o desempenho da FPT nos últimos anos?

Em 2017, a FPT atingiu resultados globais positivos, com 607 mil motores e 265 mil eixos e transmissões produzidos. Na América Latina, desde 2015 temos realizado investimentos significativos no desenvolvimento de tecnologia e preparação das unidades produtivas para a fabricação dos motores MAR-I/Tier 3, tanto no Brasil como na Argentina. Atualmente, a empresa concentra-se em atender aos mercados on-the-road, off-the-road, de geração de energi


Voltada ao design, produção e comercialização de sistemas de propulsão para veículos on-the-road e off-the-road, máquinas agrícolas e de construção, além de aplicações marítimas e de geração de energia, a FPT Industrial vem investindo cada vez mais em tecnologias de motores movidos a Gás Natural Veicular (GNV) e, mais recentemente, passou a apostar também no desenvolvimento de protótipos movidos a biometano e a desenvolver uma linha própria de grupos geradores, um segmento em franca expansão no Brasil.

Nesta entrevista exclusiva à Revista M&T, o presidente da FPT Industrial para a América Latina, Marco Aurélio Rangel, discorre sobre essas e outras ações recentes da empresa pertencente ao Grupo CNH Industrial, que globalmente conta com dez unidades industriais para a produção de motores, sendo duas na América Latina – em Sete Lagoas (MG/Brasil) e em Córdoba (Argentina).

Nascido em Santos (SP), Rangel é engenheiro mecânico formado pela FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), com pós-graduação em marketing e especialização em comércio exterior pela ESPM. O executivo possui ainda MBA pela Kelley School of Business, ligada à Indiana University, nos EUA.

Com 25 anos de experiência no segmento, o executivo já passou pela Cummins, onde desenvolveu mercados de motores na América do Sul para os segmentos agrícola e de construção, trabalhando ainda com marcas como CNH, Dynapac, Komatsu, Hyundai, Volvo e Terex. Desde 2015, está à frente da FPT industrial na América Latina. “Sabemos que ainda necessitamos de investimentos sustentáveis em infraestrutura, mas já vemos uma recuperação gradual, com um cenário mais provável nos próximos anos”, diz ele. Acompanhe.

  • Como tem sido o desempenho da FPT nos últimos anos?

Em 2017, a FPT atingiu resultados globais positivos, com 607 mil motores e 265 mil eixos e transmissões produzidos. Na América Latina, desde 2015 temos realizado investimentos significativos no desenvolvimento de tecnologia e preparação das unidades produtivas para a fabricação dos motores MAR-I/Tier 3, tanto no Brasil como na Argentina. Atualmente, a empresa concentra-se em atender aos mercados on-the-road, off-the-road, de geração de energia e marítimo, seguindo um processo de crescimento de forma estruturada, com investimento contínuo em tecnologia e inovação de motores, além da ampliação das ações de marketing promocional e relacionamento com os clientes.

Marca ingressa no segmento de Genset no Brasil com o lançamento de linha própria de geradores

  • E quais são as expectativas para o futuro?

Acreditamos que os volumes totais de produção e comercialização possam crescer até o final do ano. De modo que as perspectivas futuras permanecem positivas para o mercado latino-americano, mas com recuperação modesta nos principais centros do Brasil e da Argentina. Sabemos que ainda necessitamos de investimentos sustentáveis em infraestrutura, mas em virtude das previsões positivas sobre os indicadores econômicos, vemos uma recuperação gradual, com um cenário mais provável nos próximos anos.

  • Qual é o posicionamento atual da FPT em relação ao mercado de equipamentos?

A FPT posiciona-se como a principal fabricante de motores para praticamente todos os segmentos dessa indústria, desde motores automotivos para caminhões e veículos comerciais leves, passando por todas as aplicações industriais e fora de estrada, contemplando máquinas de construção e agrícolas como tratores e colheitadeiras, dentre outros produtos especiais. Nesse sentido, merece destaque a tecnologia desenvolvida no segmento de motores a gás natural, com mais de 30 mil motores em operação em todo o mundo. Adicionalmente, possuímos um portfólio completo de motores para geradores, além da linha própria de geradores de energia, recentemente lançada no Brasil, durante a Agrishow 2018, em Ribeirão Preto. A solução de geradores atende a uma ampla gama de aplicações de geração Standby (emergência), Potência Prime e Potência Contínua, com potências de 30 a 700 kVA e disponíveis em 32 modelos, divididos nas configurações cabinada e plataforma.

  • Aliás, o mercado de geradores realmente é promissor no Brasil?

Sim. O mercado de geradores de energia (Genset) é um segmento em expansão no Brasil e a FPT Industrial tem longa trajetória na fabricação de motores (G-Drive) para essa aplicação, com mais de 400 mil unidades vendidas no segmento desde 1989. Dando sequência ao plano estratégico de fortalecimento no mercado latino-americano, a marca ingressa agora no segmento de Genset também no Brasil. Em paralelo ao lançamento da nova família, a marca segue apostando no mercado de G-Drive, um segmento com outro perfil de cliente.

  • Qual é a capacidade produtiva atual das fábricas na América Latina?

Em Sete Lagoas (MG) são produzidos os motores F1A, F1C, NEF e S8000, que são usados em aplicações on-the-road, off-the-road e geração de energia. De forma geral, a capacidade produtiva dessa fábrica é de 78.500 motores por ano, sendo 60.000 motores F1A/C e 18.500 motores NEF/S8000. Em Córdoba, na Argentina, são fabricadas 50.000 unidades por ano, sendo 36.000 de motores NEF e 14.000 de motores Cursor.

  • Qual é a participação dos principais clientes da FPT por segmento?

Mais recente, o segmento de geração de energia corresponde a 4% dos clientes da FPT, enquanto o on-the-road chega a 46% e o off-the-road, a 50%. Deste total de off-the-road, 85% são destinados à agricultura e 15%, à construção.

  • A propósito, quais são os produtos mais vendidos na América Latina?

Em 2017, foram comercializados 40.549 motores na América Latina, sendo que o F1A e o S8000 são os modelos mais demandados no Brasil. Já na Argentina, a liderança é do NEF 6.

  • Quais são os programas de investimentos já aprovados na região?

Tanto no mercado brasileiro quanto no latino-americano, os planos da FPT Industrial evidentemente almejam a ampliação dos negócios em todos os segmentos, buscando uma maior participação. Para os próximos anos, estamos desenvolvendo novas soluções em powertrain voltadas para as questões de emissões e desempenho. Também estamos trabalhando fortemente na implementação da nova Rede de Distribuidores Máster na América Latina.

  • Quais são os projetos em relação aos distribuidores?

Evidentemente, queremos melhorar cada vez mais o atendimento e a qualidade dos serviços de manutenção dos nossos motores. Hoje, temos um parque circulante de mais de meio milhão de motores na América Latina, em todos os segmentos que atuamos, e nos próximos anos vamos abrir vários pontos de assistência e serviços da marca. Dito isto, a partir de 2015 o projeto de desenvolvimento da rede de distribuidores foi intensificado e renovado e depois, em novembro de 2016, foi inaugurado o primeiro distribuidor máster na Argentina, a Euro Torque. No Brasil, até agora já são 15 distribuidores disseminados entre os grupos Brasif, J. Malucelli e Tracan. Na Argentina, atualmente também contamos com a Grumaq, a Mayssa e a Propeller, além da Rodomaq, no Paraguai, da Kauffman, no Chile, e da Modasa, no Peru.

  • Além da CNHi, outros fabricantes OEM também são seus clientes. Qual é a participação desse mercado nos resultados?

Sim, continuamos a oferecer soluções customizadas para clientes tanto dentro como fora do Grupo CNH Industrial. E, em 2017, nossa participação fora do grupo CNH Industrial atingiu 54% do total das vendas globais. No Brasil, por exemplo, fornecemos motores para produtos da Ford (especialmente as versões dos caminhões modelo Cargo) e Hyundai (para o caminhão leve HD80), além de tratores da Landini, dentre outros.

  • O que a empresa oferece em relação à tendência de tecnologias mais limpas?

Temos um case sobre isso, pois a FPT Industrial equipa o novo trator conceito movido a biometano da New Holland Agriculture. Trata-se de um motor NEF de 6 cilindros que utiliza uma avançada tecnologia de combustão, especificamente desenvolvida para aplicações agrícolas pela FPT, pioneira em soluções a gás natural há mais de 20 anos. Obviamente, as vantagens do uso do biometano incluem a sustentabilidade ambiental, já que o motor não emite CO2, além do fato de o biometano ser um combustível renovável e o Sistema de Pós-Tratamento de Gases (ATS), equipado com catalizador de três vias, ser de baixo custo. Durante a Agrishow 2018, a FPT Industrial também expôs no estande da New Holland Agriculture um protótipo de gerador de energia equipado com o mesmo motor NEF 6 movido a biometano, o que reforça a responsabilidade da marca com a preservação do meio ambiente e a utilização de combustíveis alternativos.

Com quatro modelos na linha, a fábrica de Sete Lagoas (MG) produz 78.500 motores por ano

  • Essa tecnologia responde à crescente demanda por potência e desempenho?

A potência de 180 cv e o torque de 740 Nm do motor movido a biometano são os mesmos do equivalente a diesel. Além disso, a motorização NEF 6 tem a mesma durabilidade e os mesmos intervalos de serviços, mas com uma redução de custos de até 30%. O protótipo tem ainda o benefício de oferecer uma operação mais silenciosa, com nível de ruído reduzido em até 5 dBA. Isso se traduz em uma redução de cerca de 50% nos ruídos e vibrações, o que o torna indicado para operações na cidade, em jardins e no transporte em geral.

  • Além desse protótipo a biometano, há outros projetos com novos combustíveis?

Há mais de 25 anos a FPT Industrial trabalha com tecnologia própria para utilização do Gás Natural Veicular (GNV) e, inclusive, recentemente alcançou a liderança na Europa com a marca de 30 mil motores comercializados. Temos um amplo portfólio de propulsores para operação com GNV, que inclui os modelos F1C, N60, Cursor 8, Cursor 9 e Cursor 13, com performances que vão de 100 kW (134 cv) e 350 Nm de torque a 338 kW (460 cv) e 2.000 Nm de torque. Ao todo, atualmente são mais de 250 versões de motores movidos a Gás Natural.

Segundo o executivo, motor movido a biometano, como este NEF de 6 cilindros, entrega a mesma potência e torque dos propulsores a diesel similares

  • E como tem sido a aceitação comercial desses produtos?

Apesar de ainda ser uma tecnologia recente no Brasil, os motores GNV já são amplamente utilizados pelos clientes da FPT Industrial em vários países ao redor do mundo, como Espanha, Itália, China, Israel, França, Holanda e Alemanha. Na América Latina, seu uso é mais recorrente na Argentina, Bolívia, Colômbia e Peru, onde temos um forte parceiro no segmento de ônibus, a Modasa, que nos últimos anos comprou quase 800 motores movidos a GNV. Aliás, os países latino-americanos possuem uma enorme disponibilidade de gás natural e, com o nosso know-how, não existe motivo para não explorar esse mercado, trabalhando forte para conquistar novos clientes neste segmento. No Brasil, especificamente, a FPT Industrial já desenvolveu, em parceria com a Iveco, três veículos movidos a GNV, que inclusive já passaram por testes.

  • E em relação aos motores elétricos, o que vem sendo feito pela marca?

Nossas atividades de pesquisa e desenvolvimento são diversificadas, buscando soluções que passam pela eletrificação de powertrain, aplicação de tecnologias de célula de combustível e soluções para veículos híbridos. O veículo híbrido, especialmente, é uma solução a ser observada com grande interesse, pois combina as vantagens do motor elétrico com as do motor térmico tradicional. Já temos alguns conceitos em operação na China (ônibus urbanos) e na Europa (vans de transporte), validando as tecnologias aplicadas nestes produtos. Mas, ao analisarmos o transporte de carga pesada, os veículos elétricos e de células de combustível ainda não são uma solução sustentável, de modo que representam uma perspectiva somente de médio a longo prazo.

  • Por quê?

Isso se deve ao fato de que atualmente o GNV está no centro das atenções, devendo continuar assim pelos próximos anos. Como tecnologia de ponta, avaliamos que os veículos exclusivamente elétricos ainda são limitados a missões de pouca duração, como vans para entregas porta a porta e ônibus urbanos. A solução para sistemas mais complexos é ter uma oferta de diferentes tipos de energia, o que nos permite propor ao cliente a tecnologia mais adequada à sua missão, caso a caso.

  • Em meio a tantas tendências emergentes, qual será o futuro do diesel?

Apesar dos desafios da nova legislação (e dos custos implícitos), o diesel manterá sua posição central no mercado ainda por muitos anos. Isso ocorrerá por uma série de motivos, entre eles o fato de que, devido à sua alta eficiência térmica, os motores a diesel são necessários para atingirmos as metas de redução de CO2. Em uma visão realista, diria que o GNV ainda é a única alternativa ao diesel que pode trazer benefícios ambientais em larga escala. Os motores a gás oferecem todas as vantagens dos motores térmicos tradicionais, inclusive a confiabilidade comprovada e o custo total de propriedade, absolutamente competitivo com o diesel, mas com menor custo de bomba.

Saiba mais:

FPT Industrial: www.fptindustrial.com/global/pt

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