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Revista M&T - Ed.82 - Abr/Mai 2004
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ENTREVISTA

Márcio Velloso Guimarães, comandante do 11°. Batalhão de Engenharia de construção quando o Front é uma frente de obras

A missão da engenharia do Exército, as atividades do ll°. Batalhão e as expectativas do Tenente Coronel Velloso em relação ao início do curso de operadores do Instituto Opus, da Sobratema, em Araguari (MG).

Estivemos com o Tenente Coronel de Engenharia Mareio Velloso Guimarães, Comandante do 11°. Batalhão de Engenharia de Construção, sediado em Araguari (MG), em sua visita de inspeção ao canteiro de obras do novo trevo rodoviário em execução no cruzamento da BR-050, que liga Brasília a São Paulo, com a BR- 262, que liga a região do Triângulo Mineiro a Belo Horizonte. O trevo fica na cidade de Uberaba, a 158 quilômetros de Araguari, e ficou conhecido no passado como o “trevo da morte”, pelo elevado número de acidentes ali registrados.

Essa situação começou a


A missão da engenharia do Exército, as atividades do ll°. Batalhão e as expectativas do Tenente Coronel Velloso em relação ao início do curso de operadores do Instituto Opus, da Sobratema, em Araguari (MG).

Estivemos com o Tenente Coronel de Engenharia Mareio Velloso Guimarães, Comandante do 11°. Batalhão de Engenharia de Construção, sediado em Araguari (MG), em sua visita de inspeção ao canteiro de obras do novo trevo rodoviário em execução no cruzamento da BR-050, que liga Brasília a São Paulo, com a BR- 262, que liga a região do Triângulo Mineiro a Belo Horizonte. O trevo fica na cidade de Uberaba, a 158 quilômetros de Araguari, e ficou conhecido no passado como o “trevo da morte”, pelo elevado número de acidentes ali registrados.

Essa situação começou a mudar em março deste ano, quando o 11°. Batalhão iniciou a execução de duas passagens inferiores na BR- 050 e dois viadutos na BR-262, de modo que os cruzamentos passem a ser feitos em dois níveis. Na noite anterior ao desvio do tráfego para o desenvolvimento dos trabalhos de escavação na BR-050 - e depois de verificar pessoalmente toda a sinalização das pistas e nos levar para uma breve incursão em uma pedreira local, onde acabara de chegar à usina de asfalto recém-adquirida pelo Batalhão — o Comandante Velloso falou à revista M&T:

Revista M&T: Nos contatos com os batalhões de engenharia, se percebe claramente o caráter de instrução que tem o serviço militar. Há um engajamento dos soldados nas frentes de trabalho. O Exército, então, também acaba formando profissionais para o mercado de trabalho?

Comandante Velloso: O nosso soldado, o nosso militar, entra geralmente sem nenhuma qualificação e um dos objetivos do serviço militar obrigatório é o de se devolver à sociedade cidadãos com uma formação, uma qualificação. Isso é uma característica marcante da engenharia militar. E tem sido uma realidade ao longo dos anos nos batalhões de engenharia do exército. Geralmente, esses meninos saem com alguma especialização profissional e são absorvidos pelo mercado de trabalho.

Revista M&T: Com relação a essa parceria com o Instituto Opus, qual a sua expectativa?

Comandante Velloso: E muito positiva, considerando a qualificação do Instituto, dos profissionais que estão trabalhando nessa instituição. Esperamos, realmente, que o Exército, através dos batalhões e em função dessa troca de informações que já está sendo realizada, promova um grande upgrading de nossos operadores, mesmo os mais experientes, que já são qualificados, mas que, com certeza, receberão ensinamentos, detalhes que, por certo, garantirão maior produtividade e vida útil aos nossos equipamentos. Vemos com muito otimismo esse curso e esperamos que se estenda para toda a engenharia de construção da Força.

Revista M&T: Com relação ao papel da engenharia de construção no Exército: o senhor acredita que essa atuação tende a crescer, a se intensificar?

Comandante Velloso: Veja, a engenharia do Exército, a engenharia de construção particularmente, já atua há muitos anos. Na verdade, iniciou suas atividades ainda na época do Império. Particularmente, nos últimos trinta ou quarenta anos, a engenharia vem desenvolvendo um trabalho muito especial no desenvolvimento do país. Isso tem sido realmente uma tendência em função das grandes demandas do país e também do grande interesse do Exército em adestrar seus quadros e sua tropa por intermédio dessas obras. Então eu acredito que há verá um crescendo de obras empregando a força terrestre.

Revista M&T: Qual o diferencial competitivo dos batalhões de engenharia e em que situações que eles são requisitados?

Comandante Velloso: Nós atuamos em função dos convênios que realizamos com vários órgãos públicos estaduais, federais e municipais. Temos percebido que tem sido realmente crescente nos últimos anos o interesse pelo emprego do Exército, considerando, primeiramente, a qualificação e a credibilidade que a instituição tem e, também, o baixo custo de nosso serviço, aliado sempre a uma responsabilidade técnica muito grande.

Revista M&T: Nós testemunhamos hoje um investimento de porte que foi feito pelo Batalhão: uma usina de asfalto de última geração. Isso significa que, para atingir um baixo custo, tem havido um aporte de tecnologia?

Comandante Velloso: Sim. O caso da usina é típico. Antes, o Batalhão adquiria asfalto de terceiros, o que, naturalmente, encarecia o nosso custo. Então, a ideia da gente usinar — além da unidade se adestrar, se especializar nessa nova modalidade, formando quadros especialistas em unidades de asfalto - objetiva também reduzir o nosso custo, o que é importante em uma obra em convênio.

Revista M&T: Os batalhões têm trabalhado, então, no sentido de uma renovação permanente de frota?
Comandante Velloso: Grande parte dos recursos que nós recebemos dos órgãos públicos contratantes de nossos serviços são destinados ao nosso reequipamento. A nossa frota é uma frota boa, confiável, mas há que se modernizá-la. Esse é um compromisso do Exército e uma das maneiras mais eficazes de realizar esse reequipamento é através desses convênios. Nós adquirimos, agora, essa usina de asfalto, que é uma demanda antiga da Unidade. Pretendemos comprar, também, outros equipamentos pesados, como rolos compactadores e escavadeiras. Isso tem sido uma tônica em todos os batalhões de engenharia de construção: empregar os nossos recursos no reequipamento da frota.

Revista M&T: Há, de um modo geral, um grande desconhecimento, pelo grande público, das atividades desenvolvidas pela Engenharia do Exército. Muitos acreditam que essa atividade se resume a projetos emergenciais, em localidades mais distantes e de difícil acesso. Mas as obras na região de Araguari, no Triângulo Mineiro, mostram que os batalhões de engenharia são, também, atuantes em regiões mais centrais e desenvolvidas.
Comandante Velloso: E verdade. O Exército tem uma grande capilaridade. Nossa engenharia de construção atua em várias partes do país no Sul, no Centro-sul, na Amazônia, no Nordeste e, sempre com muita eficiência, muita eficácia. Nós aqui. por estarmos numa região com grande demanda de trabalho, de mão-de-obra especializada, vemos com muita satisfação o emprego da unidade nesse mercado competitivo. E ratifico o que disse anteriormente: a qualificação de nossos quadros e a responsabilidade técnica dos serviços levam as instituições a confiarem no Exército e atuarem conosco em diversos convênios. O Batalhão tem sido realmente aquinhoado com urna diversidade importante de obras, rodoviárias, ferroviárias e, mesmo, estruturais, como é o caso do Trevo em Uberaba. O Batalhão tem sido realmente parceiro de diversos órgãos.

"Um dos objetivos do serviço militar obrigatório é o de devolver à sociedade civil cidadãos com uma formação, uma qualificação".

Revista M&T: Mas, ao que parece, não há uma jurisdição perfeitamente definida para a atuação dos batalhões de engenharia. O 11°. Batalhão de Araguari, por exemplo, já fez obras no Maranhão, no Paraná e, agora, está executando uma outra obra no interior de São Paulo. Como funciona a distribuição territorial das obras entre os batalhões?

Comandante Velloso: O Exército tem onze batalhões de engenharia de construção. Então, em função da localização de cada um deles, são planejados e acordados os convênios com os órgãos, geralmente na área de atuação dos batalhões, mas isso não implica em que o batalhão atue somente em sua região. Nós próprios já atuamos na ferrovia Norte Sul, no Maranhão, e no Sul do País, na Ferro-oeste, e temos um acervo de obras importantes em várias partes do país. E isso é uma tônica também em outras unidades. E há, também, uma diversidade muito grande de obras. Nossos batalhões são muito versáteis, têm estrutura e seções técnicas dotadas de pessoal gabaritado do Instituto Militar de Engenharia, que são os responsáveis pelos projetos além, é claro, dos quadros executantes dos trabalhos, o que lhes dá um potencial de absorção de obras muito grande em diversas regiões do país.

Revista M&T: Com relação ao 11°. Batalhão, que teve como origem o Batalhão de Rio Negro, em Santa Catarina e que veio para a região do Triângulo Mineiro para executar a ligação ferroviária entre Uberlândia e Brasília e foi, por isso, durante muitas décadas, conhecido como batalhão ferroviário. Hoje em dia, ele ainda mantém essa especialidade?

Comandante Velloso: O nosso batalhão teve, realmente, como primeira missão aqui na região, em 1965, ligar o Centro Sul do país à nova capital recém-inaugurada. Por muitos anos o Batalhão atuou na área de ferrovias. Em função da j±, própria demanda por outros tipos de obras e serviços no país, o Batalhão diversificou sua área de atuação e hoje está também presente na área de rodovias, incluindo pavimentação e obras de arte, bem como pontes e viadutos. O Batalhão tem uma estrutura organizacional que permite atuar tanto no modal ferroviário, quanto no rodoviário — existem inclusive companhias distintas para cada tipo de obra.

Revista M&T: Existe também um contato muito próximo com a população adjacente quando o Exército está diretamente envolvido nas obras. Essa é uma maneira, também, de aproximar o Exército, como instituição, dessa população?
Comandante Velloso: Sim, porque as com unidades das regiões em que trabalhamos são as que usufruem do serviço, as que recebem diretamente os benefícios daquela obra. Há. então, uma interação e uma integração muito grandes e também uma grande receptividade sempre que a engenharia do Exército atua em várias áreas, porque são obras de infra -estrutura que têm reflexos diretos na qualidade de vida das pessoas. E nós atuamos, também, fora da atividade-fim (a obra). Nos empenhamos, também, em atividades sociais, como apoio médico e dentário, além de realizar diversos tipos de campanhas junto à população. Por isso, a receptividade é muito grande. O que nos deixa bastante orgulhosos, porque o Exército é o braço forte, mas também é a mão amiga nessas circunstâncias.

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