Revista M&T - Ed.242 - Abril 2020
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Entrevista

LUCIANO ROCHA

"PRECISAMOS USAR A TECNOLOGIA EM BENEFÍCIO DAS PESSOAS"

Tradicional player de equipamentos para construção, mineração e atividades florestais, a fabricante japonesa Komatsu vem fazendo história ao longo de quase cem anos de existência como uma das marcas mais inovadoras do setor no que se refere à tecnologia, sendo pioneira global em sistemas de monitoramento, soluções híbridas e tecnologias autônomas, dentre outras frentes.

Atuando no Brasil desde 1975, quando instalou aqui sua primeira unidade fabril fora do Japão, a fabricante vem reforçando a aposta no país com a introdução de novos produtos, incluindo pás carregadeiras, escavadeiras e caminhões rígidos fora de estrada. Nesta entrevista exclusiva à Revista M&T, o gerente do segmento de construção da empresa no Brasil, Luciano Rocha, afirma que as apostas se justificam, pois o mercado brasileiro mantém-se como um dos principais do mundo para a fabricante, que nos últimos anos também vem f


Tradicional player de equipamentos para construção, mineração e atividades florestais, a fabricante japonesa Komatsu vem fazendo história ao longo de quase cem anos de existência como uma das marcas mais inovadoras do setor no que se refere à tecnologia, sendo pioneira global em sistemas de monitoramento, soluções híbridas e tecnologias autônomas, dentre outras frentes.

Atuando no Brasil desde 1975, quando instalou aqui sua primeira unidade fabril fora do Japão, a fabricante vem reforçando a aposta no país com a introdução de novos produtos, incluindo pás carregadeiras, escavadeiras e caminhões rígidos fora de estrada. Nesta entrevista exclusiva à Revista M&T, o gerente do segmento de construção da empresa no Brasil, Luciano Rocha, afirma que as apostas se justificam, pois o mercado brasileiro mantém-se como um dos principais do mundo para a fabricante, que nos últimos anos também vem fortalecendo sua rede de distribuidores e centros de treinamento buscando estimular um uso mais eficiente de seus equipamentos na região.

Formado em engenharia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o executivo também é especialista em marketing pela FAE Business School de Curitiba e possui MBA em gestão de pessoas pelo Centro Universitário Positivo (Unicemp), tendo já amealhado mais de 20 anos de experiência nas áreas comercial e de pós-venda na indústria de equipamentos agrícolas e de construção.

Neste setor, Rocha já atuou em fabricantes de ponta como a Volvo CE Latin America, onde foi diretor comercial para a região hispânica, chegando há cerca de dois anos à Komatsu Brasil International. O executivo também possui experiência na área de relacionamento com cliente entre diferentes culturas, tanto no Brasil quanto na América Latina, com atuação de destaque na liderança da rede de distribuidores. “Estamos em uma era de trabalhar com mais inteligência, com a atenção voltada tanto à operação quanto à manutenção dos equipamentos”, diz ele. Acompanhe.

  • Qual é a sua expectativa para o setor em 2020?

Temos uma perspectiva de retomada do setor. O ano de 2018 já foi bem positivo para a nossa divisão de equipamentos de construção, com crescimento de quase 40%. Isso porque nossa participação no segmento agrícola cresceu e também conseguimos concretizar vendas em níveis interessantes em nosso próprio mercado, superiores aos anos anteriores. Também continuamos investindo em novos produtos e tecnologias, já preparando a empresa para esse novo ciclo.

A tecnologia Smart Construction deve chegar em breve ao país, antecipa o executivo

  • E quais foram os resultados no ano passado?

Nosso ano fiscal de 2019 só terminou agora em março, mas acreditamos que a Komatsu deve crescer acima de 15% no volume de vendas de equipamentos de construção, na comparação com 2018. Mas para uma retomada mais forte do setor é fundamental que haja investimento em infraestrutura no país, o que deve acontecer em dois anos, após serem aprovadas as reformas previstas pelo governo.

  • Como o Banco Komatsu tem contribuido para esses resultados?

O Banco Komatsu é uma divisão financeira independente do Japão e que, no Brasil, existe já há três anos. Hoje, temos 884 clientes na carteira, o que representa R$ 250 milhões de ativos (financiamentos) no Brasil. Por ser um banco de fábrica, totalmente dedicado ao financiamento de equipamentos Komatsu, seu diferencial em relação aos demais bancos é a velocidade de aprovação de crédito aos clientes da marca, que acontece, em média, dentro de três horas após a submissão da ficha de crédito. O grande segredo é a automação dos processos, com o uso de tecnologia de ponta na origem das fichas de crédito e uma equipe experiente de analistas. Com produtos comerciais para financiamento, leasing, Finame e seguros, o Banco tornou-se mais uma importante ferramenta do grupo no Brasil, oferecendo apoio e serviços de qualidade e conveniência aos nossos clientes.

  • Quais são os principais segmentos que a marca atende no país?

Temos clientes de muitos anos e uma relação de parceria muito forte em todos os segmentos produtivos no Brasil, incluindo mineração, construção e florestal, além de clientes que atuam na agricultura e em toda a indústria de fornecedores que atende ao setor. São clientes que têm preferência por uma relação de longo prazo com a marca, valorizando as soluções ‘dantotsu’ (literalmente, ‘o melhor do melhor’, em japonês) oferecidas pela Komatsu.

  • Quais são as ações atuais em termos de investimentos?

A Komatsu pretende seguir no caminho de fortalecimento de nossa rede de distribuidores de equipamentos de construção, apostando fortemente no uso da tecnologia embarcada em nossa frota de máquinas para manter um suporte proativo e rentável ao produto. Além disso, assim como já ocorre na mineração, pretendemos continuar o trabalho de desenvolvimento de competências em toda nossa rede de relacionamento, desde nossos distribuidores até o cliente final. Seguiremos investindo em nossos centros de treinamento, garantindo que não apenas os serviços, mas todos os nossos profissionais atendam a nossos clientes de forma eficiente.

  • Pode falar sobre os projetos para a linha de produção?

No médio prazo, o plano é preparar a capacidade produtiva de nossas unidades fabris – localizadas em Suzano e Arujá (ambas no estado de São Paulo) – para atender a este esperado crescimento do mercado nacional, dando continuidade paralelamente à expansão das exportações, o que exige um plano de desenvolvimento que atenda tanto às regras de emissões do Brasil quanto dos Estados Unidos.

  • Quais são as novidades da marca em relação à tecnologia?

Nosso sistema Smart Construction, por exemplo, já está sendo usado em âmbito global para planejamento e monitoramento de todas as etapas da obra, promovendo uma operação muito mais eficaz. Por meio desse sistema é possível realizar desde o levantamento das características da obra via tecnologia (drone/escâner), até o dimensionamento da operação com máquinas inteligentes e interconectadas, passando pela transmissão das ações e necessidades destas máquinas inteligentes em campo para a execução das operações conforme o projeto. A tecnologia permite, ainda, o acompanhamento remoto da obra em tempo real. Em breve, estaremos prontos para lançá-la no Brasil.

  • Aliás, quais produtos foram introduzidos no país recentemente?

Com a estratégia de reforçar a oferta de equipamentos de médio/grande porte no país, introduzimos dois modelos de pás carregadeiras de rodas, dois de escavadeiras hidráulicas e um de caminhão rígido fora de estrada, todos destinados a aplicações severas e que garantem alta disponibilidade e produtividade. As carregadeiras de grande porte WA500-6 e WA600-6 possuem caçambas com capacidades de 5 m³ e 6,4 m³, respectivamente, enquanto as escavadeiras PC500LC-10M0 SE, da classe de 50 t, e PC800LC-8E0, da classe de 80 t, além do caminhão HD605-7E0, com capacidade de carga de 63 t/m, são projetados para aplicações que exigem alta confiabilidade em minerações e serviços pesados.

Podemos destacar ainda o lançamento da carregadeira de rodas WA320-6 na versão para aplicação em movimentação de biomassa. Baseada no modelo WA320-6, essa versão foi desenvolvida especificamente para aplicações agrícolas, com detalhes como caçamba com capacidade de 5 m³, sistema reversível de refrigeração, eixos reforçados e pneus radiais.

A pá carregadeira de grande porte WA600 está entre as novidades recentes da marca

  • Como avalia as soluções autônomas que vêm sendo introduzidas no setor?

A Komatsu é pioneira na tecnologia dos caminhões autônomos, sendo que há décadas vem testando e aperfeiçoando seu sistema autônomo de transporte (Autonomous Haulage System – AHS) no Japão. No total, já são mais de 200 caminhões autônomos operando na Austrália, América do Norte e América do Sul, que já movimentaram mais de 2,5 bilhão de toneladas de material. Isto posto, trata-se realmente de uma tendência mundial no sentido de usar a tecnologia em benefício das pessoas, por meio de operações mais seguras. Hoje, nossos clientes procuram entender com maior profundidade como os sistemas autônomos podem contribuir na busca por segurança e competitividade, gerando menor impacto ambiental e reduzindo custos em minas totalmente automatizadas. No Brasil, devemos ter algo em breve, mas ainda não podemos divulgar.

  • Nesse aspecto, como a tecnologia pode estimular a demanda de equipamentos?

Acreditamos que a tecnologia pode estimular muito a comercialização de equipamentos. O mundo está evoluindo de maneira muito rápida e cabe aos fabricantes de equipamentos não só participar desta evolução, mas liderá-la. As tecnologias de conectividade serão cada vez mais importantes para uma melhor gestão das atividades, sendo que a integração é parte importante da manutenção das máquinas. Tivemos – e ainda temos – demandas por equipamentos maiores, com mais potência e mais capacidade operacional. Por outro lado, estamos em uma era de trabalhar com mais inteligência, com a atenção voltada tanto à operação quanto à manutenção.

  • Quais são os vetores que movem esta indústria para o futuro?

A indústria de máquinas e equipamentos tem dado sua contribuição no que se refere à tecnologia e, consequentemente, à inovação, buscando desenvolver soluções para uma produção otimizada e sustentável. Neste sentido, o setor de construção também caminha para a indústria 4.0, aproveitando a experiência de outras indústrias neste processo de reposicionamento por meio da transformação digital e gestão otimizada de ativos, entre outros. Nessa linha, podemos citar como referência em nosso setor o desenvolvimento de caminhões autônomos, como o 980E-4AT, e o já citado conceito de Smart Construction, marcos de inovação que contribuem para maior segurança, sustentabilidade ambiental e produtividade nas operações.

Segundo Rocha, clientes já assimilam melhor os sistemas autônomos

  • O quê esperar da empresa em termos de serviços?

Vamos dar continuidade aos nossos investimentos no país no esforço de trazer soluções de pós-venda que beneficiem os negócios de nossos clientes, oferecendo maior eficiência e economia na operação e priorizando a segurança. Isso também inclui uma forte presença em todas as regiões do país, seja no segmento florestal, de mineração ou de construção. Aliás, o investimento na capacitação de técnicos especializados é algo sempre presente e necessário em todos esses três segmentos. Por isso, a renovação e a inauguração de centros de treinamento em diversas localidades seguem sendo um foco de atuação da Komatsu no Brasil.

Saiba mais:
Komatsu: www.komatsu.com.br

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