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Revista M&T - Ed.215 - Agosto 2017
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Entrevista

JORGE CUARTERO

“A indústria tem de se adaptar às mudanças”

Diretor geral da Associação Espanhola de Fabricantes Exportadores de Máquinas para Construção, Obras Públicas e Mineração (ANMOPYC, da sigla em espanhol), o administrador de empresas Jorge Cuartero é o que se pode chamar de “agente do setor”, tendo dedicado toda sua carreira ao mercado de equipamentos e máquinas.

Licenciado em administração de empresas e MBA em negócios pela Universidad Pontificia de Comillas, em Madri, o dirigente iniciou sua trajetória profissional como técnico em comércio exterior na própria entidade, uma organização setorial privada fundada em 1982 para defender os interesses das empresas do setor de máquinas, potencializando sua presença no mercado internacional. A associação também promove a tradicional Feira de Zaragoza (SMOPYC), o principal evento espanhol no segmento.

Após três anos de atuação na entidade, a partir de 1999 Cuartero integrou-se ao Grupo Liebherr, inicialmente como responsável pelo setor de marketing da Liebherr Iberia, passando posteriormente a diretor de vendas da divisão de concreto da Liebherr Indústrias Metálicas.

Em 2002, retornou à ANMOPYC como diretor geral, além de tornar-se membro do comitê executivo do CECE (Committee of European Construction Equipment). Nesta entrevista exclusiva à M&T, dentre outros assuntos o executivo traça uma visão sobre o futuro da tecnologia no setor, atualiza a situação econômica da Espanha e revela sua percepção do Brasil. “O mercado brasileiro não é fácil para nós”, diz ele.

Acompanhe os principais trechos.

 

  • Como é a atuação da ANMOPYC? E quais são os termos da parceria com a Sobratema?

 

Somos similares à Sobratema, mas nós só agrupamos os fabricantes de máquinas e equipamentos, enquanto a Sobratema também agrupa construtoras e importadoras. No nosso caso, reunimos apenas empresas que produzem na Espanha. Já a parceria remonta a muitos anos, sendo muito positivo que haja esse tipo de colaboração entre as associações. O principal objetivo é colaborar e facilitar a circulação do conhecimento entre o mercado brasileiro e espanhol, por meio da atuação da Sobratema e da ANMOPYC, e vice-versa. Isso inclui trocas de informações entre empresários


Diretor geral da Associação Espanhola de Fabricantes Exportadores de Máquinas para Construção, Obras Públicas e Mineração (ANMOPYC, da sigla em espanhol), o administrador de empresas Jorge Cuartero é o que se pode chamar de “agente do setor”, tendo dedicado toda sua carreira ao mercado de equipamentos e máquinas.

Licenciado em administração de empresas e MBA em negócios pela Universidad Pontificia de Comillas, em Madri, o dirigente iniciou sua trajetória profissional como técnico em comércio exterior na própria entidade, uma organização setorial privada fundada em 1982 para defender os interesses das empresas do setor de máquinas, potencializando sua presença no mercado internacional. A associação também promove a tradicional Feira de Zaragoza (SMOPYC), o principal evento espanhol no segmento.

Após três anos de atuação na entidade, a partir de 1999 Cuartero integrou-se ao Grupo Liebherr, inicialmente como responsável pelo setor de marketing da Liebherr Iberia, passando posteriormente a diretor de vendas da divisão de concreto da Liebherr Indústrias Metálicas.

Em 2002, retornou à ANMOPYC como diretor geral, além de tornar-se membro do comitê executivo do CECE (Committee of European Construction Equipment). Nesta entrevista exclusiva à M&T, dentre outros assuntos o executivo traça uma visão sobre o futuro da tecnologia no setor, atualiza a situação econômica da Espanha e revela sua percepção do Brasil. “O mercado brasileiro não é fácil para nós”, diz ele.

Acompanhe os principais trechos.

 

  • Como é a atuação da ANMOPYC? E quais são os termos da parceria com a Sobratema?

 

Somos similares à Sobratema, mas nós só agrupamos os fabricantes de máquinas e equipamentos, enquanto a Sobratema também agrupa construtoras e importadoras. No nosso caso, reunimos apenas empresas que produzem na Espanha. Já a parceria remonta a muitos anos, sendo muito positivo que haja esse tipo de colaboração entre as associações. O principal objetivo é colaborar e facilitar a circulação do conhecimento entre o mercado brasileiro e espanhol, por meio da atuação da Sobratema e da ANMOPYC, e vice-versa. Isso inclui trocas de informações entre empresários e membros das associações desses países sobre os respectivos mercados, por exemplo. Também temos participado das últimas cinco edições da M&T Expo, assim como ocorre com a Sobratema em relação à SMOPYC.

 

  • Qual é a percepção na Europa sobre o mercado brasileiro neste momento?

 

A percepção que temos na Espanha sobre o mercado brasileiro é de certa paralisação, principalmente devido à situação política, enquanto na América do Sul vislumbramos mercado que, neste momento, estão funcionando melhor que o Brasil. Mas somos conscientes de que o maior mercado da região é o Brasil, e estamos seguros que ele evoluirá. Por isso, queremos estar presentes para apoiar a Sobratema em suas ações, esperando que o mercado se recupere assim que possível.

 

  • A propósito, como está a situação do setor espanhol da construção?

 

Neste momento, o mercado na Espanha está crescendo, após passar alguns anos muito difíceis, desde o ano de 2007 até o final de 2015, mais ou menos. Mas agora estamos já há dois anos em recuperação. É preciso destacar que o PIB da Espanha cresce com uma força maior agora, mas precisamos ser claros e admitir que esse crescimento – que também ocorre no setor da construção –, ainda que seja importante, não registra tanto volume em porcentagem, pois estamos saindo de níveis muito baixos. Outro ponto é que, durante os anos de crise, as empresas espanholas se concentraram no mercado externo, que nesse momento absorve mais de 90% da produção. E isso inclui os cinco continentes.

 

  • Qual é o volume médio de equipamentos comercializados no país?

 

É complicado obter este dado, pois agrupamos muito setores dentro da construção, como concreto, asfalto, mineração, movimentação de terra, elevação de cargas... Além de componentes, implementos hidráulicos, andaimes, fôrmas e muitos outros. Praticamente todas as máquinas. Portanto, é complicado visualizar o volume total de máquinas. Mas se compararmos com 2007, diria que o volume atual é algo em torno de 30% do que era naquele momento.

 

  • Qual é a participação da construção no PIB do país?

 

Há diferença entre o setor da construção em seu conjunto e os fabricantes de máquinas. No conjunto, é um setor muito importante, que contribui muito para o PIB espanhol. Inclusive, este é um dos motivos pelo fato de o país ter crescido tanto antes de 2007, pois isso foi motivado pelo setor da construção. Por outro lado, com a crise, o setor mais afetado também foi a construção. A retração destruiu muito emprego e o PIB acompanhou, ficando a cada ano mais abaixo do que no período anterior. Agora está se recuperando, mas jamais recuperaremos os níveis do final dos anos 90 e do período até 2007. Nesse sentido, foi até negativo crescer tanto em tão pouco tempo.

 

  • Para os fabricantes espanhóis, como é a competição interna na Comunidade Europeia? É possível competir com os alemães, por exemplo?

 

Em verdade, sim. Não temos problemas em competir com eles. É claro que os fabricantes alemães têm uma qualidade e tecnologia de primeiro nível, o que nunca podemos desconsiderar. Mas talvez o fabricante espanhol seja mais flexível. Se um cliente brasileiro nos pede uma máquina específica, vamos estudar e vamos fazer. Não que esteja dizendo que isso nos faça mais fortes que os alemães, pois não é esse o ponto. Mas sim que podemos competir com outras estratégias.

 

  • Nesse sentido, qual é o ponto forte da indústria espanhola?

 

De fato, o fabricante espanhol cumpre com toda a normativa europeia. E, nesse sentido, podemos competir com qualquer fabricante europeu e mundial. Como disse antes, também temos mais flexibilidade. E uma gama ampla de produtos, além de pós-venda. São esses os fatores que nos diferenciam dos competidores, não tanto os europeus, mas os asiáticos e de outros continentes.

 

  • E como os fabricantes espanhóis podem aumentar sua presença no Brasil?

 

Já há empresas espanholas vendendo equipamentos no Brasil, mas, para ser sincero, o mercado brasileiro não é fácil para nós. Primeiro, porque há uma importante estrutura de fabricação local. E, segundo, porque as tarifas e impostos de importação são significativos. Em conjunto, isso faz com que não sejamos tão competitivos no Brasil. Todavia, temos fabricantes que produzem equipamentos no Brasil, além de outros que trabalham há anos o mercado brasileiro.

 

  • Como a Espanha trabalha as questões da capacitação e segurança?

 

Não temos um organismo que se ocupe disso, como o Instituto Opus e outros no Brasil. Mas há uma fundação laboral da construção, que apoia as empresas que atuam no setor, tanto construtores quanto fabricantes de máquinas, locadores e profissionais. E também há algumas associações internacionais que atuam no país, com consultoria. Porém, normalmente são os próprios fabricantes que formam os usuários e transmitem as informações, por meio de suas redes de distribuição. Em relação à segurança operacional, ressaltamos que é um ponto fundamental em nosso mercado, cumprindo com todas as normas e legislações que garantam a segurança do trabalhador, da obra e das próprias máquinas.

 

  • Como analisa a evolução tecnológica no setor?

 

O setor de máquinas para construção está assimilando tecnologias que já são usadas em outras indústrias, como a de automóveis. Também já há fabricantes produzindo equipamentos híbridos e teledirigidos. Mas o que ainda não sabemos é se isso será predominante para todos os fabricantes. E, ainda, em quanto tempo o cliente comprará essa ideia. Mas está claro que temos de olhar com atenção para essas tecnologias, que são mais eficientes, menos contaminantes, mais econômicas etc.

 

  • Qual é o impacto para a indústria da regulamentação ambiental na Europa?

 

Evidentemente, as fabricantes cumprem todas as normativas obrigatórias da Comunidade Europeia, que são importantes. Mas, do ponto de vista de mercado, a rigidez dessa legislação também é um problema, principalmente quando falamos de exportação. Costumamos falar que há regulamentos em excesso, que encarecem o produto e dificultam o pós-venda em mercado que não estão acostumados com essas tecnologias.

 

  • Há programas governamentais de estímulo ao setor na Espanha?

 

Não. No passado, já houve um programa para a indústria automotiva, no qual era possível usar veículos usados na compra novos, como uma bonificação. Mas para o setor da construção, não há esse tipo de ajuda.

 

  • O que esperar do futuro?

 

Obviamente, a economia é cíclica, alguns mercados sobem, enquanto outros caem. E os fabricantes têm de se adaptar a essas mudanças. Nesse sentido, precisam estar sempre próximos aos países que avançam e serem capazes de identificar os mercados que vão crescer no futuro. Especificamente em relação ao setor espanhol de equipamentos, já não dependemos de um único mercado para seguir em frente. Outra tendência é o foco na manutenção. Mesmo na Espanha, a infraestrutura atual é muito importante, tanto aeroportuária, ferroviária e de rodovias, além de saneamento e outras áreas. É verdade que há bem pouco a construir, mas é preciso conservar o que já temos. É preciso se especializar também nesses nichos de mercado. De modo que, a princípio, somos otimistas.

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