Revista M&T - Ed.188 - Março 2015
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Manutenção

Força mecânica

Cuidados básicos e vistorias periódicas garantem a vida útil da tomada de força, responsável pelo funcionamento de diversos implementos em caminhões pesados

Basicamente, a tomada de força é responsável por transmitir força mecânica do motor do caminhão para implementos como caçamba basculante, guindauto e betoneira, entre outros. Nos caminhões rodoviários utilizados em operações off-road, há três tipos de tecnologias mais usuais para esse fim, sendo a primeira a versão acoplada à caixa de câmbio. Ela aciona implementos com o caminhão parado, como ocorre com basculantes e guindautos. Levando-se em conta o desenho do chassi, esse tipo de tomada de força é instalado por meio de abertura frontal, lateral ou inferior na caixa de câmbio, o que torna a sua instalação personalizada para cada tipo de veículo.

O acoplamento da tomada de força à caixa de câmbio pode ser feito de duas formas: a primeira com a flange na ponta da caixa, transmitindo o movimento por um eixo cardan. Essa instalação exige atenção com a lubrificação e o desgaste dos flanges e cruzetas do eixo cardan, componentes que devem ser substituídos periodicamente, de acordo com os intervalos indicados pelos fabricantes. Mais utilizado, o outro tipo de acopla


Basicamente, a tomada de força é responsável por transmitir força mecânica do motor do caminhão para implementos como caçamba basculante, guindauto e betoneira, entre outros. Nos caminhões rodoviários utilizados em operações off-road, há três tipos de tecnologias mais usuais para esse fim, sendo a primeira a versão acoplada à caixa de câmbio. Ela aciona implementos com o caminhão parado, como ocorre com basculantes e guindautos. Levando-se em conta o desenho do chassi, esse tipo de tomada de força é instalado por meio de abertura frontal, lateral ou inferior na caixa de câmbio, o que torna a sua instalação personalizada para cada tipo de veículo.

O acoplamento da tomada de força à caixa de câmbio pode ser feito de duas formas: a primeira com a flange na ponta da caixa, transmitindo o movimento por um eixo cardan. Essa instalação exige atenção com a lubrificação e o desgaste dos flanges e cruzetas do eixo cardan, componentes que devem ser substituídos periodicamente, de acordo com os intervalos indicados pelos fabricantes. Mais utilizado, o outro tipo de acoplamento consiste na instalação da bomba hidráulica diretamente na tomada de força, por meio de um encaixe com estrias. Nesse método, a transferência de força ocorre dentro dos componentes, deixando o sistema fechado e mais silencioso.

Além da caixa de câmbio, há também tomadas de força acopladas ao trem da engrenagem ou diretamente no motor, permitindo que os implementos operem em regime contínuo e com o veículo em movimento. Com o acoplamento ao trem de embreagem, o funcionamento dos implementos independe dela, o que torna essa tecnologia ideal para caminhões de coleta de lixo e balões de betoneira, por exemplo.

Recentemente, foi lançada uma versão acoplada à caixa de câmbio que permite a ativação dos implementos em movimento. A solução também descarta o uso da embreagem e trabalha com dois eixos e duas engrenagens interligadas, uma para a realização do trabalho com o câmbio e outra para transferir a rotação ao eixo de saída da tomada de força. Por ser acoplado permanentemente à caixa de câmbio, esse tipo de tomada de força não utiliza garfos de arraste, mitigando os erros humanos no acoplamento do sistema e reduzindo avarias como a quebra nos dentes do conjunto.

CUIDADOS

Os erros humanos, aliás, foram apontados pelos fabricantes consultados por M&T como a principal causa do funcionamento incorreto das tomadas de força. Uma das práticas incorretas mais frequentes ocorre ao se engatar a tomada de força, ocasionada pela pressa do operador no acionamento da embreagem. Isso amplia o risco de amassar e mesmo quebrar os dentes da engrenagem motriz com a engrenagem motora da tomada de força. Além disso, produz desgastes excessivos no garfo de engate, no cone interno do carretel e nos rolamentos.

Essas falhas ocorrem porque a engrenagem, que se encontra parada, não pode receber a engrenagem motora em movimento. E essa regra vale tanto para as tomadas de força convencionais quanto para as mecânicas. Para evitar essa prática, o operador deve acionar a embreagem e esperar ao menos cinco segundos, até que o eixo-piloto do câmbio pare de girar.

Outro erro recorrente – que também representa um risco para a segurança operacional – é esquecer a tomada de força acionada. Em caminhões basculantes, essa prática significa manter a caçamba levantada, correndo o risco de choque contra passarelas, pontes e outras estruturas. Contra isso, algumas fabricantes já incluem dispositivos de segurança, acionados da cabine e que obrigam o operador a acionar o implemento de maneira correta, ou seja, com o eixo-piloto parado.

VISTORIAS

Além dos casos em que existam sinais claros de avaria (como ruídos estranhos no acionamento e vazamentos), as tomadas de força devem respeitar as paradas programadas e vistorias básicas. Antes da operação, é preciso verificar diariamente se há vazamentos nos mecanismos pneumáticos, hidráulicos e de óleo lubrificante. O mesmo vale para os modelos com eixo cardan, que necessitam de engraxamento periódico das cruzetas.

Vazamentos de óleo da transmissão também são usuais e podem decorrer de montagens irregulares da tomada de força ou afrouxamento dos parafusos de fixação, devido à própria trepidação do chassi do caminhão. Além disso, a falta de lubrificante, a presença de contaminantes metálicos e a escolha incorreta do tipo de óleo podem acarretar avarias como ruídos, dificuldade de acoplamento e até – em casos de desgaste mais graves – engripamento na transmissão.

Como recomendação, as vistorias programadas devem ser feitas mensalmente e a cada três mil km rodados, até mesmo para simples reaperto dos parafusos. Nas oficinas especializadas, os mecânicos devem ficar atentos às peças que necessitam de reposição e, muitas vezes, à escolha correta da peça a ser substituída, principalmente do eixo principal. Dependendo do fabricante, o eixo principal pode corresponder a 60% do custo da tomada de força – casos em que vale a pena trocar todo o conjunto.

A manutenção da tomada de força envolve ainda reparos nos garfos, eixos, engrenagens, rolamentos e anéis de vedação. O cuidado no reparo desses componentes se assemelha aos procedimentos corretivos em transmissões, ou seja, com atenção em obedecer às folgas e ajustes especificados pelo manual da fabricante (confira quadro acima).

Outro fator importante na montagem é garantir a folga correta entre os dentes de acoplamento e entre tomada de força e engrenagem da transmissão (backlash), evitando possíveis desgastes e fissuras dos dentes, algo que, geralmente, é ocasionado por contato incorreto do engrenamento. No caso das tomadas de força com flange para bomba acoplada, é necessário observar ainda a lubrificação das estrias de união entre a tomada de força e a bomba hidráulica.

 

 

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