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Revista M&T - Ed.175 - Dez/Jan 2014
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Manutenção

Elementos estruturais também têm pontos fracos

Apesar de robustas, escavadeiras e pás carregadeiras possuem elementos no sistema de articulação que demandam monitoramento constante e manutenção adequada

Em termos puramente físicos, o braço da escavadeira tem o formato da letra V, enquanto o da pá carregadeira remete à letra H. Ambos são elementos estruturais e, como tais, não funcionam apenas como mais uma “letra do alfabeto” da máquina. Pelo contrário, esses elementos constituem a própria “coluna dorsal” dos equipamentos.

Afinal, são eles que direcionam o movimento de carregamento, a força de escavação ou mesmo a velocidade de ataque. Normalmente produzidos em aço especial, garantem a robustez e força de operação da máquina em campo. O que muitos usuários não percebem é que, mesmo com essas características e funções basilares, os elementos estruturais também têm pontos fracos, relacionados principalmente a componentes do sistema de articulação como pinos e buchas, além de trincas no “esqueleto” metálico.

PAREDES INTERNAS

Utilizados nos pontos de articulação do elemento estrutural, os pinos e buchas possuem tempo de vida útil limitado, devendo ser periodicamente substituídos, de acordo


Em termos puramente físicos, o braço da escavadeira tem o formato da letra V, enquanto o da pá carregadeira remete à letra H. Ambos são elementos estruturais e, como tais, não funcionam apenas como mais uma “letra do alfabeto” da máquina. Pelo contrário, esses elementos constituem a própria “coluna dorsal” dos equipamentos.

Afinal, são eles que direcionam o movimento de carregamento, a força de escavação ou mesmo a velocidade de ataque. Normalmente produzidos em aço especial, garantem a robustez e força de operação da máquina em campo. O que muitos usuários não percebem é que, mesmo com essas características e funções basilares, os elementos estruturais também têm pontos fracos, relacionados principalmente a componentes do sistema de articulação como pinos e buchas, além de trincas no “esqueleto” metálico.

PAREDES INTERNAS

Utilizados nos pontos de articulação do elemento estrutural, os pinos e buchas possuem tempo de vida útil limitado, devendo ser periodicamente substituídos, de acordo com a exigência operacional a que são submetidos. Normalmente, esses componentes ficam encapsulados em alojamentos chamados tecnicamente de “paredes internas”. Há equipamentos nos quais o pino e a bucha sempre atuam em conjunto, enquanto outros – menos usuais – apresentam somente o pino. Existem ainda alguns modelos que contam com as duas configurações, dispostas em diferentes pontos da articulação.

É justamente esse o caso de escavadeiras de 20 toneladas, na qual, geralmente, há quatro articulações na lança (com pino e bucha) e uma articulação da caçamba (com somente pino). Nas duas configurações, a atenção se dá no sentido de que a bucha ou o pino não girem desordenadamente dentro das paredes internas, permitindo o atrito de aço com aço e desgastando seriamente esse alojamento. Se isso ocorrer, é necessário recuperar a parede interna, um procedimento delicado que só pode ser realizado por meio da deposição de solda e usinagem do furo de ligação. Esse processo restitui às paredes internas desgastadas a sua espessura original.

A identificação e medição do desgaste devem ser feitas por técnico especializado. E, de modo geral, a recomendação é que os elementos estruturais sejam avaliados a cada início de semana operacional, detectando as paredes desgastadas de acordo com as folgas excessivas apresentadas na movimentação dos braços.

SOLDA E USINAGEM

A recuperação das paredes internas por solda deve ser realizada em local com pouca corrente de ar, para evitar a ocorrência de porosidade nas estruturas recuperadas. A regulagem e a voltagem da máquina de solda também influenciam no resultado da recuperação, motivo pelo qual é imprescindível que a operação seja executada por um soldador capacitado.

As soldagens do tipo MIG ou por eletrodo são as mais usuais nesses casos. Em escavadeiras, o segredo está em sincronizar as espessuras recuperadas com as das demais articulações do braço, para evitar o desalinhamento do elemento estrutural. Esse procedimento não é nada simples, sendo tampouco conhecido por todas as oficinas. Por isso, além de escolher com critério o fornecedor, o gestor mecânico deve ter sempre em mente que a forma mais segura de realizar o serviço é revestir as articulações simultaneamente.

No exemplo da escavadeira de 20 toneladas com quatro articulações na lança, a dica de sincronização é ilustrada da seguinte forma: revestir com solda três articulações simultaneamente, ficando a quarta como base de referência. Essa última será recuperada no final, tendo como referência as três executadas anteriormente. Vale a nota de que a articulação recuperada por último é, geralmente, a que fixa o cilindro ao braço da escavadeira.

ARTICULAÇÃO DUPLA

Enquanto nas escavadeiras há somente uma articulação para cada segmento do braço, nas pás carregadeiras existem duas. Isso é facilmente verificado na ligação entre o braço e a caçamba, o que torna a recuperação das articulações mais complexa nesse tipo de equipamento.

Inicialmente, é necessário que as duas articulações em questão tenham os furos usinados simultaneamente. Se isso não for feito, o elemento “H” (como é chamado o braço da pá carregadeira) tem grande chance de ficar desalinhado, comprometendo a operação e a longevidade da máquina. A dica é importante, pois há empresas no mercado que recuperam uma articulação de cada vez, provocando desalinhamento e, consequentemente, empenamento das hastes de cilindros e contaminação de todo o sistema hidráulico.

Desse modo, a qualidade operacional – item fundamental para se prolongar a vida útil de qualquer equipamento – merece atenção ainda maior no caso de elementos estruturais de pás carregadeiras. Isso também diz respeito principalmente ao carregamento da máquina em posição articulada, ou seja, entrando de canto na pilha de material a ser carregado, o que força mais um dos lados do elemento estrutural.

Essa prática pode acarretar trincas no centro do crossmember (estrutura que une as duas longarinas do elemento H) e na solda que une as longarinas do elemento com o crossmember. Quando esse tipo de trinca ocorre, é necessário substituir o crossmember e desembolsar um considerável montante da reserva financeira para manutenção corretiva das máquinas.

TRINCAS

Na estrutura das máquinas, os tipos de trincas mais comuns – assim como problemas na pintura – são facilmente perceptíveis a olho nu. Mas nem todas as trincas são assim. Aliás, o reparo de trincas merece atenção especial justamente porque algumas só podem ser identificadas com a realização de ensaio com líquido penetrante ou técnicas avançadas de vibração. E esse procedimento é essencial, pois a identificação de uma trinca não perceptível a olho nu pode evitar a propagação da avaria e a incidência de custos extras na manutenção.

Para a recuperação de trincas imperceptíveis, a área deve ser chanfrada com uso de eletrodo de grafite ou de chanfro. Tal operação deposita uma camada de carbono na superfície, que deve ser eliminada com a aplicação de esmeril, para remoção de pelo menos 1 mm de espessura. Posteriormente, deve ser realizado um novo teste com líquido penetrante, para certificar se a fissura foi eliminada por completo. Em caso negativo, deve-se repetir o procedimento. Se a trinca for recuperada, a área chanfrada deve ser preenchida com eletrodo AWS E 7018, nas peças de baixo teor de carbono. Já peças com médio e alto teores devem receber eletrodos AWS E 309 ou AWS E 312.

Atualmente, há diversos processos de soldagem disponíveis, mas a seleção adequada ocorre pela necessidade de campo ou pela forma do design de uma determinada estrutura ou equipamento. No entanto, pela facilidade de fornecimento no mercado brasileiro, as soldas do tipo MIG ou por eletrodo são as mais usuais para aplicação em elementos estruturais de escavadeiras e pás carregadeiras.

 

 

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