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Revista M&T - Ed.236 - Agosto 2019
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Entrevista

EDSON PEEV

PARCERIAS DISPARAM O DESENVOLVIMENTO TÉCNICO

Com mais de 20 anos de atuação nas áreas comercial e de pós-venda da Herrenknecht no Brasil, o engenheiro Edson Peev tem acompanhado de perto a evolução tecnológica no mercado de túneis e perfuração mecanizada, um processo que, segundo ele, tem sido impulsionado principalmente pelo aumento da urbanização em todo o mundo. Isso também vem ocorrendo no Brasil, país que ademais necessita de infraestrutura em diversos níveis, como mostram as recentes – e importantes – obras de ampliação dos sistemas de metrô em capitais como São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro.

Formado em engenharia mecânica pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), Peev já atuou como gerente de projetos em várias indústrias, passando anteriormente pelos segmentos químico, petroquímico, automotivo e de alimentos, nos quais atuou em empresas como General Motors e Unilever.

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Com mais de 20 anos de atuação nas áreas comercial e de pós-venda da Herrenknecht no Brasil, o engenheiro Edson Peev tem acompanhado de perto a evolução tecnológica no mercado de túneis e perfuração mecanizada, um processo que, segundo ele, tem sido impulsionado principalmente pelo aumento da urbanização em todo o mundo. Isso também vem ocorrendo no Brasil, país que ademais necessita de infraestrutura em diversos níveis, como mostram as recentes – e importantes – obras de ampliação dos sistemas de metrô em capitais como São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro.

Formado em engenharia mecânica pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), Peev já atuou como gerente de projetos em várias indústrias, passando anteriormente pelos segmentos químico, petroquímico, automotivo e de alimentos, nos quais atuou em empresas como General Motors e Unilever.

Tecnologia atual permite construir túneis sob níveis inéditos de pressão, diz Peev

O atual engenheiro sênior da Herrenknecht no Brasil também tem uma participação setorial de destaque, tendo sido tesoureiro do Comitê Brasileiro de Túneis (CBT) e integrado a comissão organizadora de duas edições do Congresso Brasileiro de Túneis e Estruturas Subterrâneas e uma do Congresso Mundial de Túneis (WTC), realizado em Foz do Iguaçu (PR) em 2014. Também faz parte do conselho diretor da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS), à qual o CBT pertence.

Nesta entrevista exclusiva à Revista M&T, dentre outros assuntos Peev discorre sobre as avançadas tecnologias desenvolvidas recentemente pela indústria para operações em locais de topografia complexa, como em áreas densamente construídas, com travessias sob corpos d’agua ou mesmo em cordilheiras e demais áreas sensíveis. “Por meio da moderna tecnologia os túneis hoje podem ser construídos exatamente onde são necessários”, ele comenta. “E isso porque, diferentemente do que ocorria no passado, as tuneladoras agora se adaptam às condições geológicas e topográficas do local da obra.”

Acompanhe os principais trechos.

  • Qual é o grande avanço no que se refere às tuneladoras?

Em anos recentes, temos visto os túneis mecanizados expandirem continuamente os limites. A Herrenknecht vem juntando forças com as construtoras para realizar projetos inovadores, o que já ocorreu repetidas vezes em todo o mundo. E esses laços de parceria com frequência disparam novos desenvolvimentos técnicos.

Atualmente, a tecnologia de túneis mecanizados pode ser usada para construir túneis sob níveis de pressão antes considerados tecnicamente impossíveis. No início deste século, projetos como o quarto túnel sob o Rio Elba (implantado na Alemanha, em 2000) ou a travessia de Westerschelde (na Holanda, em 2002) enfrentaram pressões de 5 e 6,5 bar, respectivamente, tornando-se marcos importantes na indústria.

Para microtúneis, soluções como E-Power Pipe são alternativa ao método convencional de vala aberta

O recorde atual pertence ao projeto do Lago Mead (em Las Vegas, nos EUA), com 15 bar. Mas o túnel Eurásia, em Istanbul, também estabeleceu novos padrões de viabilidade. Neste projeto, juntaram-se três desafios: um grande diâmetro de 13,66 m, 11 bar de pressão d’água e uma geologia mista complexa e de alto desgaste. Na ocasião, um Mixshield de grande diâmetro escavou o túnel no ponto mais profundo, a 106 m abaixo do Bósforo, ligando a Ásia e a Europa.

  • Quais são as tendências atuais deste mercado?

Atualmente, há uma tendência no aumento dos diâmetros dos túneis, permitindo, por exemplo, construir túneis rodoviários de dois níveis ou mesmo uma rodovia no nível superior e uma linha de metrô no nível inferior. Nesse sentido, o maior TBM no mundo (com diâmetro de 17,6 m) foi usado em Hong Kong para acesso de tráfego em direção ao aeroporto, em uma ilha no Delta do Rio Pérola.

Além disso, em solos muito variáveis, as tuneladoras clássicas podem atingir seus limites técnico-econômicos, uma vez que as condições podem variar muito ao longo do alinhamento do túnel. E as Tunnel Boring Machines de modo múltiplo (Multi-Mode TBM) são desenvolvidas justamente para esses casos. Esta máquina pode alterar entre diferentes modos de tunelamento, sem modificações mecânicas.

Isto significa que alterações geológicas e hidrogeológicas podem ser tratadas com grande flexibilidade – é como uma máquina polivalente para todo tipo de solo solto.

  • Como tem sido os resultados ao redor do mundo?

Em 2017, a Herrenknecht atingiu um faturamento total de 1,2 bilhões de euros. O número para 2018 será publicado em breve, mostrando um nível de demanda em constante alta em nossa indústria. Isso ocorre porque a dinâmica do mercado de túneis é impulsionada pela globalização e o consequente aumento da urbanização ao redor do globo.

Economias emergentes estão expandindo a infraestrutura em seus centros urbanos e regionais e, assim, promovendo a interligação de centros econômicos individuais por meio de novos sistemas de tráfego, abastecimento e disposição. Além disso, estão investindo em novos sistemas de água e esgoto para melhorar o padrão de vida e fornecer serviços de abastecimento nas cidades crescentes e também nas recém-construídas.

Em muitos países e grandes cidades – seja na Europa ou nas Américas – as infraestruturas existentes atingiram seus limites ou precisam ser modernizadas. Também notamos a demanda crescente por novos projetos de túneis cada vez mais complexos. Em resumo, isto se reflete em um mercado estável para a tecnologia de tunelamento em alto nível em todo o mundo.

  • E para o Brasil, qual é a perspectiva?

A recente crise pela qual passamos causou uma paralisação quase total em obras de infraestrutura no Brasil. Todavia, uma vez que sistemas de transporte, eletricidade e esgoto eficientes, ambientalmente amigáveis e altamente interligados são essenciais para o crescimento econômico e a prosperidade de economias nacionais, é provável que em breve haja uma retomada gradual dessas obras.

  • Como avalia o potencial de obras no país?

No Brasil, vemos tendências como a urbanização ou o desenvolvimento das interconexões regionais ou nacionais. Nesse sentido, há muitos projetos que podem ser realizados em breve. Não apenas as duas linhas de metrô planejadas para São Paulo, mas também os esforços para aumentar o uso dos trilhos, tanto para carga como passageiros, assim como a expansão de rodovias em todo o país.

Pensando na área de túneis para utilidades, os esforços estão cobrindo projetos como a implantação de centenas de quilômetros de coletores de esgoto em São Paulo e em outras cidades, inclusive de porte médio. A geração de energia, com as pequenas centrais hidrelétricas, é outro setor que enfrenta uma demanda reprimida.

  • Qual é a realidade do Brasil em relação aos microtúneis?

No Brasil, os microtúneis estão presentes principalmente na área de saneamento, para a qual já foram fornecidas mais de 30 máquinas que atuam na instalação de coletores de esgoto por meio de pipe jacking ou tubo cravado. E projetos como a instalação de elevatória de esgoto na Praia de Ipanema ou a instalação de gasodutos nas travessias de rios na Bacia do Amazonas se tornaram referências para a Herrenknecht, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

  • Quais são essas tecnologias?

Máquinas remanufaturadas reduzem o consumo de energia em 80% e de material em 99%, destaca o especialista

Na faixa de diâmetros muito reduzidos – em torno de 500 mm – a Herrenknecht desenvolveu uma tecnologia chamada E-Power Pipe, uma alternativa ao método convencional de vala aberta. Com os métodos existentes, o espaço interno restrito limitava a remoção do solo escavado em trechos longos e, como resultado, também limitava as extensões.

Com esta solução, distâncias de vários quilômetros podem ser realizadas em baixas profundidades, entre 1,5 e 4 m. Este método de instalação em dois estágios já foi demonstrado com sucesso em projetos-piloto para a instalação de cabos elétricos. Outra opção ambientalmente amigável é o método de semivala Pipe Express, uma tecnologia usada para tubos com diâmetros variando entre 900 e 1.500 mm e distâncias de até 2.000 m.

  • Há novidades em relação aos dutos?

Com relação a dutos, a Herrenknecht desenvolveu uma tecnologia chamada Direct Pipe, a qual combina as vantagens das tecnologias comprovadas de microtúnel e HDD. Dutos com diâmetros variando desde 0,8 a 1,5 m e extensões de mais de 1.500 m podem ser instalados em apenas um passo, com o furo sendo escavado ao mesmo tempo. Essa técnica pode ser usada em praticamente qualquer condição de solo e já está bem-estabelecida em muitos países.

Nos EUA, por exemplo, o Direct Pipe é capaz de atender às rígidas tolerâncias do Army Corps of Engineers (Divisão de Engenharia do Exército). Com ele, pode-se alcançar alta precisão de instalação ao mesmo tempo em que se evita o risco de, por exemplo, desestabilizar diques devido a frac-outs (fraturamentos da formação). Isto abre opções para escolha do alinhamento. Com este desenvolvimento, atingiu-se um avanço na instalação de dutos.

  • Como a sustentabilidade impacta a atuação da indústria?

A Herrenknecht sempre busca estabelecer novos padrões em termos de segurança e eficiência, mas também promove o uso responsável de recursos. Há 10 anos, a empresa possui uma remanufatura dedicada, com infraestrutura totalmente equipada e estabelecida com logística profissional, tecnologias e equipamentos especiais, assim como especialistas da indústria com know-how especializado.

O processo realizado nesta planta assegura que componentes ou sistemas remanufaturados representem uma alternativa plena a equipamentos novos. Comparado à fabricação de uma máquina nova, a economia de energia em uma tuneladora totalmente reconstruída alcança algo em torno de 80%, enquanto o consumo de material é reduzido em aproximadamente 99%.

  • No campo institucional, como o CBT contribui para o setor no país?

Conforme a urbanização aumenta, o subterrâneo desempenha um papel cada vez mais crucial. Nesse cenário, o objetivo do CBT é o de conscientizar a sociedade sobre as vantagens das obras subterrâneas, procurando promover eventos para difundir os métodos de construção de túneis.

O intuito é impulsionar a tecnologia de tunelamento e permitir uma visão mais ampla das opções de viabilidade e implementação em todos os aspectos do tunelamento. Nossa indústria está em busca de pessoas jovens, qualificadas, confiáveis e entusiastas – com paixão por alta tecnologia.

Saiba mais:

CBT: www.tuneis.com.br
Herrenknecht AG: www.herrenknecht.com/en

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