Revista M&T - Ed.185 - Novembro 2014
Voltar
Manutenção

Defesa contra impurezas

Quando devidamente instalados e mantidos, filtros de ar garantem maior vida útil de equipamentos fora de estrada ao preservar o motor da incidência de contaminantes

A utilização e manutenção correta de filtros de ar em equipamentos da Linha Amarela podem representar não apenas um expressivo aumento de 30% na vida útil do propulsor, mas também a redução na incidência de reformas em motores e seus componentes, como pistões, camisas e seus periféricos. Porém, tão importante quanto a utilização dos filtros é a escolha de materiais adequados, uma vez que filtros de ar de baixa qualidade (mais frequentes do que se imagina no mercado) aumentam o risco de entrada de contaminantes no motor, prejudicando até mesmo as turbinas e, claro, elevando o custo horário do equipamento.

Em motores eletrônicos, por exemplo, quando o filtro de ar é de qualidade inferior ou está danificado o resultado imediato é a obstrução, gerando o chamado “campo de baixo rendimento”. Como se sabe, essa situação é ainda mais grave em operações ininterruptas, a exemplo de algumas minerações de grande porte. De fato, a quantidade de materiais particulados suspensa no ar é maior nesse tipo de operação, chegando até mesmo a saturar os filtros – mesmo que corretos


A utilização e manutenção correta de filtros de ar em equipamentos da Linha Amarela podem representar não apenas um expressivo aumento de 30% na vida útil do propulsor, mas também a redução na incidência de reformas em motores e seus componentes, como pistões, camisas e seus periféricos. Porém, tão importante quanto a utilização dos filtros é a escolha de materiais adequados, uma vez que filtros de ar de baixa qualidade (mais frequentes do que se imagina no mercado) aumentam o risco de entrada de contaminantes no motor, prejudicando até mesmo as turbinas e, claro, elevando o custo horário do equipamento.

Em motores eletrônicos, por exemplo, quando o filtro de ar é de qualidade inferior ou está danificado o resultado imediato é a obstrução, gerando o chamado “campo de baixo rendimento”. Como se sabe, essa situação é ainda mais grave em operações ininterruptas, a exemplo de algumas minerações de grande porte. De fato, a quantidade de materiais particulados suspensa no ar é maior nesse tipo de operação, chegando até mesmo a saturar os filtros – mesmo que corretos – numa velocidade bem maior. Por isso, além da escolha correta, a troca do componente nos períodos estabelecidos pelo fabricante (ou plano específico) é algo primordial.

Geralmente, os veículos fora de estrada possuem válvulas indicadoras de restrição, informando o momento em que o filtro de ar satura e, em decorrência, deve ser trocado ou “tamboreado”. Ou seja, ajudam a identificar o momento correto da troca. Adicionalmente, essa constatação também deve ser feita visualmente, retirando e observando o nível de saturação do filtro. Geralmente, quando o filtro de ar está saturado, os equipamentos também apresentam sinais claros da impregnação, como perda de produtividade e maior consumo de combustível.

Apesar de simples, a inspeção e troca dos filtros de ar requerem cuidados principalmente em relação ao controle de contaminação. Isso porque técnicos de manutenção descuidados não atentam para esse procedimento e acabam expondo a peça a particulados antes mesmo de serem devidamente instalados nos compartimentos. Por isso, é indicado limpar o interior da caixa de ar do filtro após a troca, pois a simples remoção do componente pode exalar poeira, que fica depositada nesses compartimentos e, depois, invade o sistema, causando inúmeros problemas.

Outra experiência comum nas oficinas de veículos off-road é a presença de filtros com danos na estrutura, geralmente resultado de quedas, erros de manuseio na instalação etc. Nesses casos, os especialistas são categóricos ao afirmar que o filtro perdeu sua capacidade de filtragem do ar.

Os processos de inspeção indicados no manual do fabricante e a inspeção visual podem ser auxiliados ainda pelo histórico de manutenção da frota. Em operações maduras, não é incomum ter os períodos de troca de filtros pré-estabelecidos para cada tipo de equipamento, levando em consideração a base de dados de trocas anteriores. Assim, em minerações, por exemplo, há casos relatados pelos entrevistados nos quais o período de troca foi reduzido de 500 para 250 horas, enquanto em construções urbanas saltou de 500 para 750. Antes dessa definição, porém, os fabricantes aconselham uma avaliação conjunta criteriosa entre o cliente e os seus especialistas, para que todas as variáveis sejam calculadas, evitando-se uma atitude equivocada.

A utilização de eletrônica embarcada para gestão dos filtros de ar deve ser considerada um bônus ou um apoio ao diagnóstico de troca ou falha do componente. Esses sistemas são instalados com indicadores de restrição que antecipam uma mudança de cenário de aplicação da máquina, algo que pode ocorrer antes mesmo da programação de troca do filtro. Esse sistema aponta o excesso de contaminantes e, caso o índice demonstrado esteja entre 40% e 50% de índice de saturação no filtro, indicará que a passagem de ar está comprometida e a limpeza (ou troca) deve ser realizada.

RECICLAGEM

Além de ser um componente relativamente barato em comparação os demais sistemas de máquinas off-road, na maioria dos casos os filtros também são reaproveitáveis. Nesse ponto, é preciso destacar que alguns fabricantes não recomendam esse processo, mas também é realidade que a maioria dos profissionais de manutenção o pratica sistematicamente.

Por isso, alguns fabricantes e distribuidores de equipamentos também passaram a oferecer o serviço, chamado de tamboreamento, limpeza ou reciclagem, dependendo da empresa. O processo se inicia com a classificação do filtro quanto a avarias na estrutura. Os componentes também são pesados, para que se possa calcular o nível de saturação a partir do peso. Em seguida, passam por um processo de sopragem que, ao final, os disponibiliza para novo uso. Nessa solução, houve relatos de até quatro vezes de reutilização após o procedimento, mas os especialistas alertam que filtros com estrutura avariada devem ser descartados e não reciclados. Essa informação, aliás, reforça a importância do manuseio na instalação e armazenamento do filtro.

No processo de limpeza o motor precisa estar desligado e a tampa deve ser retirada em locais com pouca sujeira no ar. Essas recomendações são importantes para que a retirada do filtro não prejudique a integridade do motor. Após a retirada do filtro primário, é preciso certificar-se de que o filtro secundário (caso exista um) não seja removido, pois funciona como uma garantia durante a remoção do filtro principal.

Para evitar que o papel filtrante seja danificado por líquidos, utiliza-se um pano especial em condições secas para limpar o compartimento e remover os resíduos acumulados em seu interior. Em um processo ideal, um filtro primário de reserva deve ser encaixado enquanto é feita a limpeza do outro.

PROCESSO

A remoção da poeira do filtro deve ser feita apenas com ar comprimido seco – nunca ultrapassando 30 psi de pressão – e soprando sempre de dentro para fora, no sentido longitudinal das pregas do papel. Após a limpeza, posiciona-se uma fonte de iluminação no interior do filtro para certificar-se que não há passagens nítidas de luz, o que indica um furo e torna o componente inutilizável. Esse processo de verificação é conhecido como teste da lâmpada. Em seguida, a peça deve ser empacotada com cuidado, para ser estocada em um local limpo e seco até ser reposicionada em alguma máquina.

Na embalagem do filtro, é recomendável fazer uma marcação para lembrar quantas limpezas já foram realizadas na peça, incluindo as datas em que ocorreram. Esse sistema de marcação é um processo preventivo essencial e deve alertar os operadores sobre a hora certa para descartar o filtro e, também, gerenciar o momento de troca do filtro secundário de segurança. É indicado que após três trocas ou limpeza do filtro primário seja feita a troca do filtro de segurança. Alguns fabricantes recomendam a troca do elemento de segurança em períodos menores (a cada duas trocas ou mesmo a cada troca).

Note-se que os procedimentos de limpeza são indicados apenas para filtros primários. Os demais não devem passar por limpeza, pois são mais sensíveis e têm funções diferentes nos equipamentos.

Em diversos modelos off-road há dois jogos de filtros e, ainda, um sistema de pré-purificação, que funciona como um acessório que retém entre 60 e 80% das partículas mais pesadas antes da ação dos filtros. Nesse caso, existem dois tipos de pré-filtros: o primeiro acumula os contaminantes em uma caixa de acrílico, para serem removidos manualmente, enquanto o outro é um sistema automatizado, que direciona todas as partículas para o escape do motor.

Alguns equipamentos podem possuir um filtro de ar banhado a óleo, que acumula a sujeira até o momento de saturação, quando o óleo lubrificante deve ser trocado. O usuário também pode procurar sistemas especiais de filtragem, como acoplamentos mais altos para a entrada de ar. Segundo especialistas, em casos mais severos é recomendado que a entrada fique a, pelo menos, dois metros acima do solo, onde o ar normalmente está menos saturado.

A escolha do filtro correto

A eficiência de um filtro está diretamente ligada à sua capacidade de reter os contaminantes, com retenção recomendada de 99,9%. Para calcular essa capacidade, os fabricantes realizam testes regulados pela SAE J726, norma internacional de qualidade de filtragem do ar. Para garantir resultados superiores, a norma também especifica os tipos de contaminantes que devem ser utilizados durante os testes, como percentuais de sílica, óxido de ferro e outras partículas. O tamanho da poeira também é especificado, sendo que os equipamentos fora de estrada têm requisitos para partículas de até 80 micrômetros (μm), com 39% abaixo de 5 μm e 18%, entre 5 e 10 μm. Para garantir o desempenho, é prioritário que o usuário utilize os filtros indicados para cada modelo de máquina, levando em conta o tempo de vida útil do filtro para qualificar a escolha do produto.

Confira 10 passos para limpeza correta

1 - Consulte o indicador de restrição do sistema e certifique-se que a manutenção é necessária

2 - Desligue o motor e abra o compartimento do filtro

3 - Retire o elemento primário e limpe o compartimento com um pano seco e sem fiapos

4 - Caso haja uma válvula de evacuação na tampa do alojamento do filtro, limpe-a da mesma forma

5 - Instale um filtro primário reserva e feche o compartimento. Reajuste o indicador de restrição

6 - Coloque uma máscara de proteção respiratória, luvas e óculos protetores

7 - Para limpar o filtro, utilize ar comprimido seco e filtrado com até 30 psi de pressão. Faça isso sempre de dentro para fora, no sentido longitudinal das pregas do papel

8 - Faça o teste da lâmpada para verificar se há furos ou rasgos no filtro. Certifique-se também se o filtro está amassado

9 - Após a inspeção, embale adequadamente o filtro em VCI (Papel Volátil de Inibição de Corrosão)

10 - Faça uma marcação na embalagem com data e número de limpezas já realizadas no filtro, guardando-o em um local seco e limpo

O que deve ser evitado na manutenção:

Manutenção em locais empoeirados;

Abrir o compartimento com o motor ligado;

Fazer a limpeza do filtro de segurança, que deve ser substituído a cada três trocas do filtro primário (ou de acordo com manual de operação da máquina);

Bater nos filtros para retirar a poeira;

Limpar os filtros com produtos líquidos;

Usar panos com fiapos para limpar o compartimento do filtro;

Reutilizar filtros furados ou amassados;

Utilizar filtros fora das especificações indicadas para cada modelo.

 

 

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

P U B L I C I D A D E