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Revista M&T - Ed.246 - Agosto 2020
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Entrevista

Dawei He

"MERCADO CONTINUA AVANÇANDO, MAS COM MENOS EXPECTATIVA"

Atingido em cheio pela pandemia do novo coronavírus, o mercado chinês de equipamentos já vem mostrando sinais de uma retomada mais forte tanto da produção como das vendas. Junto à retração econômica prevista para o mundo todo, a tendência no médio prazo é que as empresas chinesas, como a LiuGong, aproveitem a vantagem atual na retomada para ganhar mais espaço no mercado internacional, em especial na América Latina, com destaque para o Brasil. Ao menos essa é a meta.

Em entrevista exclusiva concedida à Revista M&T, o presidente da LiuGong Latin America, Dawei He, confirma que a fabricante com sede em Liuzhou tem como objetivo encetar um novo ciclo de desenvolvimento comercial para a LiuGong Latin America, juntamente com seus parceiros estratégicos na região. “A parceria com revendedores, fornecedores, parceiros e clientes compõe o núcleo da


Atingido em cheio pela pandemia do novo coronavírus, o mercado chinês de equipamentos já vem mostrando sinais de uma retomada mais forte tanto da produção como das vendas. Junto à retração econômica prevista para o mundo todo, a tendência no médio prazo é que as empresas chinesas, como a LiuGong, aproveitem a vantagem atual na retomada para ganhar mais espaço no mercado internacional, em especial na América Latina, com destaque para o Brasil. Ao menos essa é a meta.

Em entrevista exclusiva concedida à Revista M&T, o presidente da LiuGong Latin America, Dawei He, confirma que a fabricante com sede em Liuzhou tem como objetivo encetar um novo ciclo de desenvolvimento comercial para a LiuGong Latin America, juntamente com seus parceiros estratégicos na região. “A parceria com revendedores, fornecedores, parceiros e clientes compõe o núcleo da estratégia para os próximos anos, que reflete uma visão de longo prazo do processo de desenvolvimento da LiuGong no mercado latino-americano”, comenta He.

Formado em engenharia mecânica pela Central South University, em Changsha, Hunan, no sul da China, o executivo acumulou seis anos de uma experiência no mercado europeu antes de assumir a presidência da LiuGong Latin America. Após iniciar a carreira no setor como gerente regional de vendas na LiuGong na China, em 2008, passou a diretor global de vendas (2013-2016) da Dressta, marca de origem polonesa pertencente à LiuGong e, entre 2016 e 2019, foi gerente-geral da LiuGong Europe, na Holanda, até assumir o atual cargo, ainda no ano passado.

Nesta entrevista, dentre outros assuntos He comenta as perspectivas da empresa para o mercado latino-americano de máquinas, que a empresa atende a partir da fábrica de Mogi Guaçu (SP), discorre sobre os impactos da pandemia nos negócios e traça considerações sobre o atual nível tecnológico do setor, além de avaliar a concorrência no setor. “A China é hoje o principal fabricante de equipamentos para construção do mundo”, diz ele. Acompanhe.

Segundo o executivo, estratégia da empresa passa pelo reforço da rede e oferta de produtos de qualidade

  • Quais são suas perspectivas para o mercado brasileiro de máquinas?

Quando falamos de uma visão consistente de planejamento, o mercado brasileiro indubitavelmente é muito promissor e importante no cenário latino-americano. Trata-se de um mercado estratégico para a LiuGong globalmente. Tanto que, atualmente, está em processo uma nova etapa de crescimento da LiuGong Latin America, com uma estratégia totalmente focada nas necessidades de nossos clientes e na criação de valor para os nossos parceiros.

  • E quais são as basesdessa estratégia?

Estamos investindo no mercado brasileiro, reforçando a rede de distribuição e, cada vez mais, oferecendo produtos com alta qualidade e tecnologia. Além disso, buscamos a excelência no setor de pós-venda, para garantir que nossos clientes e parceiros tenham benefícios no longo prazo a partir das nossas soluções. Considerando a América Latina em geral, a empresa possui uma estratégia estruturada em cinco fatores: manufatura focada, operação comercial centralizada, reforço do PDC (Centro de Distribuição de Peças de Reposição), desenvolvimento e adaptação de produtos e desenvolvimento de pessoas.

  • Como o mercado está reagindo ao contexto econômico atual?

O mercado global de equipamentos de construção foi afetado pela pandemia, algumas regiões mais e outras menos. Mas, em uma crise como essa, sempre é possível tirar aprendizados. Se olharmos para trás, veremos que tem havido um forte crescimento do mercado na China e uma recuperação gradual da Europa, impulsionada por investimentos oportunos. E o mercado brasileiro, mesmo afetado pela pandemia, continua avançando, logicamente com menos expectativa do que antes.

  • Pode citar alguns números?

De janeiro a abril, o setor de equipamentos de construção no Brasil acumulou um aumento de 27% em relação ao mesmo período do ano passado, indicando um forte crescimento do mercado no período. Contudo, espera-se uma queda de mercado entre 10% e 15% no Brasil em 2020, mas as vendas da LiuGong devem aumentar 10% em comparação a 2019, alinhadas ao nosso planejamento, que é consistente.

  • Qual é o cenário projetadopara o pós-pandemia?

O mercado de construção brasileiro tem uma demanda enorme que foi suprimida nos últimos cinco anos. E, em 2020, tem lutado com as dificuldades da pandemia, infelizmente. Mas seguimos confiantes de que o segmento de equipamentos de construção terá uma boa recuperação no país no pós-pandemia, impulsionado pelos principais setores econômicos, como agricultura, mineração e construção.

  • Na sua opinião, o que podemudar no dia a dia do setordaqui para frente?

Mesmo durante esse período de isolamento, estamos trabalhando em alguns projetos importantes, como a realização de treinamentos online com nossos parceiros. Nessa linha, acreditamos que após a pandemia muitas atividades serão implementadas para recuperar o tempo perdido, como treinamentos em campo, lançamentos de novos produtos e campanhas de suporte ao cliente. O mais importante é ajudar nosso cliente a se manter em dia com o seu trabalho, o que vai se acentuar ainda mais a partir de agora.

Para He, treinamentos, lançamentos e campanhas ajudarão na recuperação do mercado no pós-pandemia

  • Qual é o posicionamentoda marca neste mercado?

A Guangxi LiuGong Machinery continua progredindo globalmente e uma demonstração disso é a 19ª posição conquistada no ranking Yellow Table de 2020, que lista as 50 principais empresas do nosso segmento. Isso evidencia mais um ano de crescimento, pois em 2019 ocupávamos o 21° lugar e, portanto, subimos três posições na tabela em um ano. Já a Dressta é uma marca muito importante para a LiuGong. No entanto, ainda não existe uma estratégia de promoção dessa marca no mercado brasileiro.

  • Como avalia a participaçãodas empresas chinesas nomercado brasileiro?

Em volume, a China é hoje o principal fabricante de equipamentos para construção do mundo. Isso inclui a LiuGong que, além de estar entre as 20 melhores fabricantes do mundo, possui uma forte participação no mercado brasileiro. Temos uma estratégia de longo prazo para investir e desenvolver nossos negócios aqui, a partir da oferta de produtos e serviços de qualidade.

  • A propósito, como a LiuGong se destaca de outras fabricantes?

Com uma equipe globalizada focada em oferecer soluções completas, a LiuGong investe constantemente em inovações tecnológicas. Contamos com uma equipe de 1.500 engenheiros distribuídos por todo o mundo, trabalhando nas áreas de pesquisa e inovação de equipamentos. Essas soluções globais, alinhadas à resposta rápida para as demandas dos clientes, são alguns dos diferenciais da marca, que investe em tecnologia desde a sua criação, em 1958, sendo pioneira na fabricação de pás carregadeiras e escavadeiras modernas na China.

Com cinco centros de P&D, fabricante conta com uma equipe de 1.500 engenheiros no mundo

  • Qual é a estrutura quedá suporte a isso?

Existem cinco centros de P&D ao redor do mundo. Além disso, a empresa possui parcerias sólidas com fornecedores como a Cummins (motores), ZF (transmissões) e Kawasaki (componentes hidráulicos), dentre outros. Todo esse contexto tecnológico permitiu à LiuGong lançar em 2016 as pás carregadeiras da Série H e as escavadeiras da Série E, seguidas pelos rolos compactadores da Série E e pelas motoniveladoras da Série D, em 2019. Hoje, essas séries são referências para a marca em termos de tecnologia, garantindo um ganho significativo em produtividade, confiabilidade, menor consumo de combustível e facilidade de controle e manutenção, o que permite um alto desempenho das máquinas em campo.

  • Falando em desempenho, quais são as tendências globais em equipamentos?

O segmento de equipamentos de construção não para de desenvolver novas tecnologias, com o objetivo não apenas de melhorar a segurança, eficiência, produtividade, consumo e controle, mas também para se adequar às novas fontes de energia e às tecnologias que envolvem o uso de inteligência artificial. Por suas características de alta eficiência e baixo custo, além de ser uma fonte limpa e renovável, a energia elétrica inevitavelmente substituirá os combustíveis fósseis no futuro, promovendo o rápido desenvolvimento da eletrificação mundial. Como resultado disso, as tecnologias de baterias devem se desenvolver rapidamente para fornecer mais energia a um custo menor, estabelecendo assim uma base sólida para a eletrificação das máquinas de construção.

  • E como a marca temacompanhado essa evolução?

A LiuGong tem se adaptado a essa realidade. No ano passado, lançamos na BICES (Beijing International Construction Machinery Exhibition) nossos novos equipamentos elétricos a bateria (BEVs), incluindo a pá carregadeira 856H-EV e as escavadeiras 906-EV e 922F-EV. Além disso, a LiuGong introduziu a tecnologia de Inteligência Artificial no controle remoto de sua pá carregadeira, que agora é capaz de operar a 3.000 km de distância.

Saiba mais:
LiuGong: www.liugongla.com

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