Revista M&T - Ed.208 - Dez/Jan 2017
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Manutenção

Cuidando da interface entre a roda e o chassi

Ao longo de sua vida útil, o sistema de eixos pode sofrer desgastes e quebras, decorrentes principalmente de sobrecarga estrutural ou fadiga dos componentes

Na definição mais usual, os eixos são sistemas que transmitem a força gerada pelo motor às rodas, sendo responsáveis, por isso, pela movimentação de qualquer tipo de veículo automotor, desde automóveis de passeio até caminhões de grande porte e máquinas pesadas da chamada Linha Amarela, como retroescavadeiras, pás carregadeiras, escavadeiras de rodas, rolos compactadores e telehandlers (manipuladores telescópicos), por exemplo. Como qualquer equipamento, peça ou componente, sua eficiência e vida útil depende prioritariamente de sua correta operação – evitando sobrecargas –, de manutenção preventiva nos períodos indicados pelos fabricantes e, ainda, de corretivas quando necessário. Do mesmo modo, também é fundamental contar com um operador bem treinado, com sólido conhecimento técnico, que conheça e pratique os cuidados necessários para a realização do trabalho.

TIPOLOGIA

Antes de indicar qualquer definição de procedimentos, é importante um aparte sobre a natureza dos componentes, pois os eixos são classificados em vários tipos. Por sua


Na definição mais usual, os eixos são sistemas que transmitem a força gerada pelo motor às rodas, sendo responsáveis, por isso, pela movimentação de qualquer tipo de veículo automotor, desde automóveis de passeio até caminhões de grande porte e máquinas pesadas da chamada Linha Amarela, como retroescavadeiras, pás carregadeiras, escavadeiras de rodas, rolos compactadores e telehandlers (manipuladores telescópicos), por exemplo. Como qualquer equipamento, peça ou componente, sua eficiência e vida útil depende prioritariamente de sua correta operação – evitando sobrecargas –, de manutenção preventiva nos períodos indicados pelos fabricantes e, ainda, de corretivas quando necessário. Do mesmo modo, também é fundamental contar com um operador bem treinado, com sólido conhecimento técnico, que conheça e pratique os cuidados necessários para a realização do trabalho.

TIPOLOGIA

Antes de indicar qualquer definição de procedimentos, é importante um aparte sobre a natureza dos componentes, pois os eixos são classificados em vários tipos. Por sua função, a definição usual abrange eixos livres ou de tração. Pelo sistema de frenagem utilizado, podem ser com freio a disco, a disco em banho de óleo ou a tambor, enquanto pela aplicação se enquadram como direcionais (com sistema de direção) ou rígidos (para máquinas articuladas).

Já conforme o tipo de diferencial, os eixos podem se enquadrar em modelos convencionais ou autoblocantes. As retroescavadeiras, por exemplo, possuem um eixo rígido e um eixo direcional, ao passo que as pás carregadeiras articuladas trazem dois eixos rígidos (com várias opções de freio e diferencial). Se forem articulados, os compactadores também são equipados com dois eixos rígidos, enquanto os manipuladores telescópicos, com dois direcionais.

Quanto à seção transversal, os eixos podem ser maciços (com degraus ou apoios para ajuste das peças montadas sobre eles), vazados (mais resistentes aos esforços de torção e flexão), cônicos, roscados (que podem receber porcas capazes de fixarem outros componentes ao conjunto) ou ranhurados (utilizados quando é necessário transmitir grandes esforços).

AVARIAS

Ao longo de sua vida útil, o sistema de eixo pode sofrer basicamente dois tipos de avarias: quebra e desgaste. Um dos principais motivos do primeiro é a sobrecarga, originada pelo trabalho excessivo, ou seja, além da capacidade de resistência do componente. Outro motivo da quebra é fadiga. Isso acontece por causa do esforço a que o eixo é submetido ao longo do tempo, o que leva à perda de resistência do material do qual é feito. O desgaste, por sua vez, pode ser causado pela falta de lubrificante ou por sua contaminação, mas também por excesso de tensão na correia (no caso de eixos-árvore por ela acionados), pela abrasão ou engripamento (travamento) dos rolamentos e ainda por perda de dureza devido ao superaquecimento.

Evidentemente, por detrás da maioria desses problemas está a falta de manutenções regulares e essenciais, como troca de óleo e substituição das pastilhas de freio, que podem levar à quebra generalizada, encarecendo substancialmente os custos de reparo. Além disso, é fundamental observar rigorosamente a aplicação, ou seja, o local onde a máquina vai ser usada, pois podem ser necessários cuidados específicos de operação e manutenção que, se não forem devidamente observados, também poderão causar a quebra de componentes internos de maior valor, como semieixos, diferencial, conjunto coroa e pinhão e sistema planetário, por exemplo. Muitas vezes, ocorre até mesmo a quebra da carcaça fundida do eixo, fruto de uma utilização inadequada. Para que essas situações sejam evitadas é necessário aplicar o correto treinamento aos operadores, o que nunca deve ser negligenciado em qualquer sistema de gestão de frotas.

Além disso, sempre se deve utilizar o óleo de acordo com as especificações do fabricante e fazer as trocas nos intervalos determinados no manual original do equipamento. Na mesma linha, a análise de óleos é um procedimento interessante para obter um controle preventivo do desgaste, pois mostra a origem dos materiais que estão contaminando a amostra. Também é imprescindível a verificação do desgaste dos discos de freio por meio da medida de sua espessura, que pode variar conforme a configuração do eixo, fabricante, ou matéria-prima, por exemplo. É muito importante ainda observar a aplicação correta da máquina e não expor os seus componentes a um uso inadequado. Nunca é demais ressaltar que isso vale não somente para o sistema de eixos, como para todos os demais componentes do equipamento.

RECOMENDAÇÕES

Para realizar uma manutenção correta, que prolongue a vida útil do sistema de eixos, recomenda-se sempre procurar um serviço autorizado pelo fabricante, com mecânicos e técnicos treinados e que utilizem peças originais.

Há um motivo muito simples para isso. Embora a utilização de soluções alternativas de menor preço possa parecer atrativa, os altos custos de uma má manutenção costumam ser recorrentes e, em conjunto com as horas paradas do equipamento, superam os valores de uma intervenção técnica com pessoal especializado.

Durante a manutenção, pode ser necessária a desmontagem do sistema de eixos, o que não é muito complicado nem difícil de realizar, embora exija alguns cuidados específicos. Dentre eles, está a localização de elementos de fixação, como anéis elásticos, parafusos, pinos cônicos ou de posicionamento e chavetas, incluindo sua retirada antes da separação do eixo da máquina. Também é preciso verificar se existem furos com rosca, feitos para facilitar a desmontagem do sistema por meio de um dispositivo para sacá-lo.

De acordo com os especialistas, não se deve nunca bater com martelo na face do eixo, pois isso provoca traumas físicos, que podem criar deformações graves, inclusive impedindo que ele passe pelo mancal. As pancadas também podem causar danos no furo de centro, o que torna praticamente impossível a posterior usinagem da carcaça. Depois de desmontado, o eixo deve ser guardado em local seguro e protegido, para não empenar ou sofrer outros danos, principalmente se for muito longo.

A montagem dos eixos, por sua vez, requer cuidados redobrados, principalmente no quesito limpeza. Aliás, a limpeza deve ser feita com rigor em todos os componentes, para evitar desgaste por abrasão. Além disso, é necessário lubrificar previamente todas as peças, para que elas não sofram desgastes quando a máquina for posta para funcionar, recolocando os retentores cuidadosamente para evitar vazamento de lubrificante. Os procedimentos de montagem estão nos manuais do fabricante, devendo ser seguidos na íntegra.

Adaptação de eixos de apoio exige atenção

A evolução dos sistemas de transporte no modal rodoviário e as novas demandas operacionais têm provocado mudanças no perfil da frota brasileira de veículos comerciais pesados. Anteriormente compostas por veículos 4×2 (4 pontos de apoio no solo com tração em dois pontos), operando com carretas de três eixos e com capacidade de transporte de 45 t, muitas frotas passaram a ser gradativamente substituídas por veículos 6×2 (6 pontos de apoio no solo com tração em dois pontos) com carretas do tipo bi-trem, com capacidade de transporte de 57 t.

Essa mudança foi acompanhada pelo aumento custo de aquisição dos veículos. Dessa forma, alguns frotistas buscam adaptar eixos de apoio nos veículos 4×2, aumentando as solicitações mecânicas impostas ao sistema de embreagem e, muitas vezes, acarretando falhas no sistema de acionamento de embreagem. Uma combinação de fatores operacionais favorece essas falhas, como o aumento da severidade em função da carga maior (exigindo um maior número de trocas de marchas), a operação dos veículos em ambientes com altas taxas de umidade relativa do ar, o aumento da temperatura no ambiente da embreagem e a contaminação do fluido por umidade, ocasionando a redução da temperatura de ebulição. Em alguns casos, com a adaptação do terceiro eixo a capacidade máxima de tração para os veículos de versão tratora 4×2 é aumentada para valores limítrofes de resistência para o conjunto de trem de força, extrapolando em severidade a operação.

 

 

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