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Revista M&T - Ed.238 - Outubro 2019
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A Era das Máquinas

As soluções que revolucionaram a agricultura

Por Norwil Veloso

Lançado em 1924, o trator Farmall podia executar serviços pesados e tracionar as máquinas de colheita

A partir do final do século XIX e até a metade do século XX, ocorreram diversos aperfeiçoamentos nos equipamentos e implementos agrícolas, que causaram uma grande mudança nos processos e na produtividade do setor.

Por volta de 1790, o algodão era mais caro que o linho. Uma pessoa levava um dia para remover as sementes de meio quilo de fibra de algodão. Em 1793, Eli Whitney construiu uma máquina com rodas dentadas posicionadas muito próximas, cujos dentes colhiam as fibras de algodão de uma tremonha, puxando-as pelo espaço entre as rodas, muito estreito para as sementes passarem. Com isso, a produção passou a ser 200 vezes maior, o que reduziu significativamente os preços do algodão no mercado e, assim, abriu frente para o seu consumo.

CEIFADORAS

Durante séculos, as espigas dos grãos foram colhidas a mão com foices, reunidas com ancinhos e amarradas em feixes. As primeiras ceifadoras de grãos apareceram na Inglaterra por volta de 1800 e nos Estados Unidos, uma ou duas décadas depois. Mas nenhuma funcionou.

Na década de 1830, os inventores Obed Hussey e Cyrus McCormick finalmente desenvolveram máquinas que deram resultado. A de McCormick tornou-se mais popular, tanto que hoje é reconhecido como inventor da ceifadora. Nessas máquinas, ainda era necessário manipular os feixes, mas em 1857 os irmãos Marsh equiparam uma ceifadora com telas móveis que transportavam o material ceifado para uma plataforma, na qual era amarrado pelo operador.

O primeiro amarrador com fio foi apresentado em 1867 por John Appleby e, posteriormente, foram feitos aperfeiçoamentos po


Lançado em 1924, o trator Farmall podia executar serviços pesados e tracionar as máquinas de colheita

A partir do final do século XIX e até a metade do século XX, ocorreram diversos aperfeiçoamentos nos equipamentos e implementos agrícolas, que causaram uma grande mudança nos processos e na produtividade do setor.

Por volta de 1790, o algodão era mais caro que o linho. Uma pessoa levava um dia para remover as sementes de meio quilo de fibra de algodão. Em 1793, Eli Whitney construiu uma máquina com rodas dentadas posicionadas muito próximas, cujos dentes colhiam as fibras de algodão de uma tremonha, puxando-as pelo espaço entre as rodas, muito estreito para as sementes passarem. Com isso, a produção passou a ser 200 vezes maior, o que reduziu significativamente os preços do algodão no mercado e, assim, abriu frente para o seu consumo.

CEIFADORAS

Durante séculos, as espigas dos grãos foram colhidas a mão com foices, reunidas com ancinhos e amarradas em feixes. As primeiras ceifadoras de grãos apareceram na Inglaterra por volta de 1800 e nos Estados Unidos, uma ou duas décadas depois. Mas nenhuma funcionou.

Com tração a cavalo, os primeiros equipamentos para a colheita foram desenvolvidos no século XIX, como este modelo de Walter A. Wood

Na década de 1830, os inventores Obed Hussey e Cyrus McCormick finalmente desenvolveram máquinas que deram resultado. A de McCormick tornou-se mais popular, tanto que hoje é reconhecido como inventor da ceifadora. Nessas máquinas, ainda era necessário manipular os feixes, mas em 1857 os irmãos Marsh equiparam uma ceifadora com telas móveis que transportavam o material ceifado para uma plataforma, na qual era amarrado pelo operador.

O primeiro amarrador com fio foi apresentado em 1867 por John Appleby e, posteriormente, foram feitos aperfeiçoamentos por Sylvanus Locke e McCormick. O sistema de fios foi utilizado por algum tempo, mas tinha o inconveniente de mistura do fio com o material colhido. Esse fio era comido pelo gado ou transformado em farinha, com resultados desastrosos.

Quando se colhia o grão manualmente, a separação entre as sementes e a palha era lenta e trabalhosa. Transportava-se o produto para um celeiro, onde era espalhado no chão de debulha para ser batido a mão ou pisado por animais. Em seguida, a palha era limpa com ancinhos e o material restante era lançado no ar, de modo que o vento removesse a palha e as impurezas leves, enquanto os grãos, mais pesados, caíam sobre o solo.

DEBULHADEIRA

A debulhadeira, por sua vez, foi inventada em 1786 por Andrew Meikle, na Escócia, mas o primeiro modelo bem-sucedido é atribuído a Hiram e John Pitts, em 1830, utilizando cavalos.

O sistema de debulha de grãos pequenos compreende três fases: inicialmente, os feixes são lançados numa tremonha. Em seguida, um conjunto de lâminas rotativas abre os feixes e separa as espigas da palha. A palha e a amarração seguem então para um conjunto de peneiras vibratórias de malha cada vez menor, para serem eliminadas, enquanto as espigas são batidas sobre uma placa ondulada, que remove as sementes sem quebrá-las. No último estágio, as sementes passam por uma corrente de ar que elimina o restante da palha, sendo colocadas em uma tremonha, a partir da qual seguem para ser ensacadas ou moídas.

Ilustração mostra um dos primeiros implementos utilizados para debulha de grãos

Embora a primeira colheitadeira-debulhadeira combinada tenha sido patenteada em 1828, foi somente em 1834 que Hiram Moore conseguiu fazer essa combinação funcionar, embora ainda com a necessidade de padejar o material para que o vento removesse a palha. Em 1871, B. F. Cook instalou um motor a vapor para acionar o mecanismo e, em 1886, George Berry construiu a primeira máquina combinada autopropulsada.

PROPULSÃO

Até o final do século XVIII, os fazendeiros utilizavam principalmente os braços da família, de escravos ou de contratados. As novas máquinas demandaram maior esforço, passando-se a utilizar animais e, posteriormente, motores portáteis a vapor, que surgiram em 1849, inicialmente montados sobre carretas. Como consumiam muita água e combustível (carvão ou lenha), além de serem pesados, desajeitados e pouco confiáveis, não substituíram os animais.

Posteriormente, foram desenvolvidos conjuntos mais leves que permitiram acionar diretamente as máquinas pelo país afora e, em 1920, começaram a ser usados motores a gasolina, compactos e leves.

Mas era necessário transportar a colheita e as máquinas para outros pontos da fazenda ou para o mercado. Por mais de dois séculos, foram usados reboques de duas rodas, logo substituídos por reboques de quatro rodas com tração animal. Os primeiros veículos comerciais de tração, movidos a vapor, eletricidade ou gasolina, apareceram na virada do século e, em 1910, eram comuns em áreas urbanas. A primeira tentativa real de substituição dos reboques agrícolas foi feita pela International Harvester (IH) com seu “Auto-wagon”, lançado em 1907.

John Froehlich é considerado o criador do primeiro trator agrícola de aplicação geral, em1892, mas a primeira versão comercial foi produzida por Charles Hart e Charles Parr. Em 1920, esses equipamentos já tinham evoluído bastante, embora continuassem pesados e pouco versáteis para serviços leves.

Em 1924, a IH lançou seu trator Farmall, o primeiro trator de aplicação geral que podia executar serviços pesados e tracionar as máquinas de colheita. Foi extremamente bem sucedido, tanto que, em 1930, eram produzidas 200 máquinas por dia. Os concorrentes lançaram versões similares e, dez anos depois, a maioria das fazendas norte-americanas tinha pelo menos uma máquina dessas.

Nessa mesma época, as rodas de aço foram substituídas, inicialmente por pneus maciços. Em 1932, Harvey Firestone instalou pneus grandes de baixa pressão em um trator Allis-Chalmers U. As vantagens foram tantas que, em 1940, 95% dos tratores possuíam pneus desse tipo.

TRÊS PONTOS

O primeiro trator com sistema mecânico de elevação do implemento surgiu em 1927, enquanto o primeiro equipamento com levantamento hidráulico, em 1930. Eram sistemas simples, que somente elevavam e baixavam o implemento, exigindo controle manual da profundidade.

Harry Ferguson foi o primeiro a produzir um trator com controle automático de profundidade. Em 1933, ele lançou o sistema conhecido como “engate hidráulico de três pontos”, o principal aperfeiçoamento da tecnologia de máquinas agrícolas na primeira metade do século XX, até hoje utilizado em praticamente todas as máquinas desse tipo produzidas no mundo.

Leia na próxima edição:
O esgotamento criativo nos anos 70

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