Revista M&T - Ed.227 - Setembro 2018
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Entrevista

Afonso Mamede

“Nossa maior conquista é poder contribuir”

À frente da Sobratema, Afonso Mamede já atravessou diferentes fases político-econômicas do país e as oscilações que isso tem provocado no setor de equipamentos para construção. Em sua visão de líder, no entanto, jamais deixou de confiar nas potencialidades do nosso mercado, tendo liderado a Associação em boa parte de suas conquistas nesses recém-completados 30 anos de atividades setoriais.

E a trajetória já é longa. Como ele rememora, a Sobratema começou com “um grupo reduzido de pessoas interessadas no cuidado com a manutenção da máquina”. No início, ele conta, esses profissionais de construtoras, dealers e fabricantes se reuniam ocasionalmente, sem sede própria. “Foi a partir disso que a Sobratema teve início, na troca de informações para atualizar o mercado em um contexto de grandes obras no país”, diz.

Após criar diversos programas focados no setor, incluindo revistas, livros, manuais, guias, sites, feiras, treinamentos, missões empresariais, workshops e fóruns, a Sobratema deu um grande passo à frente há dois anos, quando fechou uma inédi


À frente da Sobratema, Afonso Mamede já atravessou diferentes fases político-econômicas do país e as oscilações que isso tem provocado no setor de equipamentos para construção. Em sua visão de líder, no entanto, jamais deixou de confiar nas potencialidades do nosso mercado, tendo liderado a Associação em boa parte de suas conquistas nesses recém-completados 30 anos de atividades setoriais.

E a trajetória já é longa. Como ele rememora, a Sobratema começou com “um grupo reduzido de pessoas interessadas no cuidado com a manutenção da máquina”. No início, ele conta, esses profissionais de construtoras, dealers e fabricantes se reuniam ocasionalmente, sem sede própria. “Foi a partir disso que a Sobratema teve início, na troca de informações para atualizar o mercado em um contexto de grandes obras no país”, diz.

Após criar diversos programas focados no setor, incluindo revistas, livros, manuais, guias, sites, feiras, treinamentos, missões empresariais, workshops e fóruns, a Sobratema deu um grande passo à frente há dois anos, quando fechou uma inédita parceria com a Messe München (gestora da bauma, a principal feira de equipamentos do mundo) para a realização da M&T Expo, naquela altura já consagrada como a principal feira do setor na América Latina. “A M&T Expo cresceu e ficou grande demais para continuarmos tocando sozinhos”, reconhece Mamede, que em 2014 foi homenageado no IX ESFE (Encontro do Setor de Feiras e Eventos).

Para o futuro, o presidente acredita que a Associação deva continuar a auxiliar na construção de um novo Brasil, principalmente por meio de parcerias. “Contamos com a parceria de 25 entidades e, juntamente com elas, estamos trabalhando para que possamos diminuir a carga tributária e obter melhores estradas, mais investimentos e segurança jurídica para que o Brasil volte a crescer”, afirma.

Programas da Sobratema são focados no mercado, disponíveis para quem quiser, ressalta Mamede

“Nesse sentido, os 30 anos representam um marco, pois ao longo dessas três décadas pudemos ver o quanto construímos. Mas, se olharmos para frente, veremos que ainda temos muito por construir.”

  • Como a Sobratema iniciou suas atividades?

A ideia da Associação surgiu, principalmente, pelas dificuldades enfrentadas em relação à manutenção das máquinas e importação de peças. A princípio, realizamos seminários a respeito dessas atualizações, sendo uma forma de levar informações sobre como fazer a máquina funcionar bem. Os seminários eram realizados nos próprios dealers, em diversos estados. Para facilitar o acesso às informações das pessoas que não podiam participar desses eventos, em 1989 criamos a Revista M&T, que a princípio era bimestral, patrocinada pelas empresas. Como a publicação passou a ter uma grande influência e penetração no mercado, passou a ser mensal e as empresas passaram a anunciar na revista, firmando a importância da publicação para o setor.

  • Os ideais que moveram os fundadores ainda são os mesmos?

Os ideais continuam os mesmos, ou seja, levar informações para o mercado, além de buscar conhecimento. Além disso, mesmo sendo uma Associação, a Sobratema não tem um produto especifico para o associado, mas conta com programas voltados para o mercado em geral, oferecendo vantagens para a utilização do produto específico. Ou seja, todos os programas da Sobratema, incluindo feiras, revistas e eventos, são focados no mercado, disponíveis para quem quiser ter acesso.

  • O que considera como a maior conquista obtida nesta trajetória?

Creio que a maior conquista foi ter construído esse patrimônio intelectual, com todos esses produtos que oferecemos. Mais que isso, o maior patrimônio está nessas pessoas que cresceram profissionalmente com o conteúdo oferecido pela Associação, gerando riqueza para o Brasil como um todo, além de possibilitar a construção de uma rede de relacionamentos, agregando valor por meio dos programas. A nossa maior conquista é poder contribuir.

  • E o que ainda não foi possível alcançar?

Continuamos a ser desafiados pelo mercado e, por isso, temos de agir. Atualmente, o maior desafio está na era digital. Temos de nos adaptar a essa área, pois as inovações surgem em uma velocidade incrível, não apenas em termos de informação, como também na atividade industrial. A Sobratema faz parte da atualidade e, por isso, temos um mundo para conquistar. Assim, a ideia é manter-se o tempo todo aberto, buscando e trazendo informações, encontrando uma forma de agregar valor ao mercado.

  • Qual é a importância das publicações da casa para o setor?

Entendemos que os produtos que temos na casa são focados em carências do mercado. O objetivo não é concorrer com ninguém, mas complementar o mercado. Para tanto, contamos com os nossos veículos, que são utilizados para transmitir informações. Temos cases de sucesso como o Estudo de Mercado de Equipamentos e a Revista M&T. No entanto, alguns produtos também desapareceram com o tempo, como a Pesquisa de Infraestrutura, que descontinuamos por entendermos que não valia a pena colocar no mercado um produto que [o mercado] já tinha algo similar. Ou seja, vamos ajustando a Sobratema ao que o mercado precisa, sendo que os produtos seguem sempre esse foco.

  • Nesse sentido, o que mudou neste período de 30 anos?

Atualmente, estamos buscando mais a contextualização de mercado. Frente às dificuldades enfrentadas na área política, baixos investimentos e insegurança jurídica, decidimos contratar uma consultoria para ter acesso a mais informações. Por meio de um novo Boletim de Mercado trimestral, a Sobratema passa a disponibilizar informações mais completas ao mercado brasileiro, com dados focados no equipamento como um todo, levados aos associados, empresas e dealers. Não são informações de obras ou da construção em si, mas sobre o universo em que o equipamento é aplicado.

  • Qual é o objetivo desse novo programa?

Nosso objetivo é balizar o mercado, criar uma referência para o que vai acontecer, proporcionando um norte para o fabricante se posicionar e produzir o equipamento indicado para a demanda específica. Como essa informação vai para o fabricante, torna-se possível, por exemplo, programar a linha de produção para fabricar uma máquina específica, que o mercado necessita no momento. Ou, ao contrário, se a demanda está baixa, o fabricante pode esperar e não produzir certo tipo de equipamento, que ficará sem comercialização naquele momento.

Para o dirigente, missão da Sobratema é levar informação e conhecimento para o Brasil

  • Como o Instituto Opus se insere no setor atualmente?

O Instituto Opus também surgiu devido a uma carência no Brasil no setor na formação de mão de obra e certificação de operadores. O primeiro foco foi atender ao segmento que mais necessitava de atenção, que era o de guindastes. Por isso, os cursos iniciais incluíram rigger, operadores e encarregados. Depois, fomos avançando com a criação de cursos em outras áreas, estendendo para a parte de gestão dos equipamentos, incluindo controle de manutenção. Finalmente, entendemos que não bastava uma certificação só do Opus, que é muito pequeno para o tamanho do mercado e, por mais que crescêssemos, não conseguiríamos atender à demanda. Como essa experiência precisava ser compartilhada com o mercado, fizemos uma parceria com a Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção (Abendi), responsável pela certificação. Dessa forma, todo o conhecimento do Opus foi passado para a Abendi que, por meio dos seus técnicos, certifica o centro de treinamento, assim como os próprios treinadores e operadores. Hoje, qualquer empresa pode utilizar o que o Opus tem a oferecer, basta utilizar as ferramentas disponíveis na Abendi. Desse modo, o Opus chegou onde precisava, que era levar essa informação e conhecimento para o Brasil.

  • Qual foi objetivo com a criação do Núcleo Jovem?

O Núcleo Jovem surgiu com a constatação de que precisamos de uma renovação. As pessoas que fundaram a Sobratema – e também aquelas que estão na Associação há algum tempo – perceberam que os jovens também estão chegando ao segmento. Por isso, é preciso aproximá-los, criando uma sinergia dentro da Sobratema. Nosso intuito é ser uma entidade completa, com a presença desde os jovens aos mais experientes, pensando em uma sucessão futura com pessoas engajadas na nossa bandeira, no nosso dia a dia.

Única do gênero, a Associação constitui um canal para os fabricantes de equipamentos, comenta o presidente

  • A M&T Expo é hoje a maior feira do setor na América Latina. Qual é a expectativa para a próxima edição?

A primeira edição em parceria da Sobratema com a Messe München aconteceria em junho deste ano. No entanto, por conta da greve dos caminhoneiros, que ocorreu na semana anterior ao evento, foi preciso mudar a data. Em comum acordo com os expositores, entendemos que o melhor a fazer era deixar de promover a feira naquele momento, pois não teríamos público, além das dificuldades enfrentadas para transportar os equipamentos até o local. Como a feira tem como objetivos apresentar lançamentos e tecnologias, além de gerar negócios e networking, se não tivesse público, nem equipamentos, o evento certamente não atingiria a meta à qual se propõe. Em conversa entre os expositores, a Sobratema, a Messe München e o São Paulo Expo, chegou-se à solução de transferir o evento para novembro.

  • Como a nova data foi decidida?

Era fundamental que a M&T Expo acontecesse ainda em 2018, pois se passasse para o ano seguinte, iria coincidir com a bauma na Europa. E isso o expositor também não queria, pois o público brasileiro sempre visita muito a bauma. Além disso, com duas feiras de grande porte acontecendo no mesmo ano, as empresas teriam de mudar suas estratégias, pois os budgets para eventos também estão segmentados por ano. Mesmo com todos esses empecilhos, temos a expectativa muito positiva em relação ao evento. Buscamos uma data depois das eleições, quando provavelmente teremos um quadro mais palpável, sendo que a expectativa de geração de negócios em novembro é maior do que seria agora.

  • Que lições a atividade setorial ensinou nessas três décadas?

O Brasil evoluiu muito ao longo do tempo, mas também houve muitos reveses. E o setor da construção, claro, acompanha o país. Com essas oscilações, o setor passa a ser afetado, especialmente pelo constante aumento da carga pública. Quando o custo do poder público aumenta e a receita não acompanha, a primeira coisa a ser cortada é o investimento, o que é péssimo, pois além de não gerar emprego, produz um enorme custo Brasil. A carga tributária chega a mais de 40%. Ou seja, de toda a riqueza produzida, 40% são pagos em impostos, sendo que o setor da construção é extremamente afetado por isso.

  • Como será o futuro da Associação nessa nova etapa do país?

O futuro da Associação é seguir trabalhando para ajudar na política, na parte técnica e na formação das pessoas, levando informação precisa e objetiva para cada um dos segmentos em que atuamos. Entendemos que todo esse conhecimento gerado dentro da Sobratema precisa ser expandindo e, por isso, estamos abrindo o nosso leque para atuar mais fortemente nos setores florestal, agrícola e de mineração, trazendo os profissionais que atuam nesses segmentos. Para o futuro, a Sobratema tem de ser o ponto central para o setor de máquinas, abrangendo os equipamentos de construção, mineração e agrícola.

  • Qual é o papel de uma entidade setorial no desenvolvimento do país?

Em seu papel, a Sobratema é uma entidade que atua com os fabricantes de equipamentos, constituindo um canal e uma voz para que esse grupo possa ser ouvido. E essa entidade setorial é fundamental nos processos, pois o país é feito de pessoas que se juntam em entidades, orientando as políticas, contribuindo com as decisões e, até mesmo, contestando essas decisões. O papel da entidade é estar presente no dia a dia das pessoas, juntando forças, conhecimento e ideias, para que se possa transformar aquele anseio de um grupo de pessoas em soluções que garantam o bem-estar da sociedade.

Saiba mais:

Sobratema: www.sobratema.org.br

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