Já na segunda metade do século XX, uma das principais máquinas fabricadas pela Marion, a 6360, entrou em serviço em 15 de outubro de 1965. Ela foi chamada The Captain por W. E. (Bill) Mullins, presidente da Southwestern Illinois Coal Corporation (comprada em 1969 pela Arch Mineral Corporation), proprietária da máquina, em homenagem a seu pai.
Em valores da época, a máquina custou US$ 25 milhões (US$ 194 milhões em valores atuais). Foi a maior escavadeira do tipo stripping shovel (máquina usada para remover o material localizado sobre a faixa de minério a ser explorada) fabricada até hoje.
Seu peso operacional foi estimado em aproximadamente 15.000 ton, mais de duas vezes o da Bucyrus-Erie 1950B, a maior stripping shovel produzida até a época, com capacidade de 80,3 m3 e peso de 7.200 ton. A lança de 65,5 m da máquina ficava a mais de 60 m acima do solo.
A altura máxima de descarga era de 46,6 m e a caçamba tinha 5,80 de largura, 7,90 m de profundidade e 4,806 m de altura. Podia movimentar 138 m3 ou 300 ton de material, sendo a única caçamba sh
Já na segunda metade do século XX, uma das principais máquinas fabricadas pela Marion, a 6360, entrou em serviço em 15 de outubro de 1965. Ela foi chamada The Captain por W. E. (Bill) Mullins, presidente da Southwestern Illinois Coal Corporation (comprada em 1969 pela Arch Mineral Corporation), proprietária da máquina, em homenagem a seu pai.
Em valores da época, a máquina custou US$ 25 milhões (US$ 194 milhões em valores atuais). Foi a maior escavadeira do tipo stripping shovel (máquina usada para remover o material localizado sobre a faixa de minério a ser explorada) fabricada até hoje.
Seu peso operacional foi estimado em aproximadamente 15.000 ton, mais de duas vezes o da Bucyrus-Erie 1950B, a maior stripping shovel produzida até a época, com capacidade de 80,3 m3 e peso de 7.200 ton. A lança de 65,5 m da máquina ficava a mais de 60 m acima do solo.
A altura máxima de descarga era de 46,6 m e a caçamba tinha 5,80 de largura, 7,90 m de profundidade e 4,806 m de altura. Podia movimentar 138 m3 ou 300 ton de material, sendo a única caçamba shovel construída com duas tampas traseiras, cada uma pesando 15 ton.
Como muitos shovels de mineração, estava montada sobre quatro pares de esteiras, instalados nos cantos da armação inferior. Cada esteira tinha 14 m de comprimento, 9 m de largura e 5 m de altura, utilizando sapatas com 3 m de largura e peso de 3,25 ton cada. Em cada canto da armação inferior, um gigantesco cilindro hidráulico vertical, com curso de 5 m e diâmetro de 1,7 m, atuava como apoio da máquina sobre as esteiras.
Os equipamentos elétricos compreendiam quatro motores de elevação, com uma potência total de 16.000 hp, oito motores de giro, fornecendo um total de 10.000 hp e quatro motores auxiliares, num total de 4.000 hp. A locomoção era feita por 16 motores, um em cada esteira, com uma potência nominal total de 3.200 hp. A potência total disponível era de 33.200 hp.
INCÊNDIO
O trabalho de escavação era contínuo em três turnos. A equipe de operação era formada por um operador, um lubrificador, um soldador e um apoio externo, cuja função era cuidar do cabo de alimentação de energia e operar uma carregadeira para remover rochas do entorno da máquina.
Tudo corria bem atté que, no turno da tarde de 9 de setembro de 1991, o então operador Gene Miller percebeu um cheiro de queimado. Ele parou a máquina e pediu ao lubrificador, Fred Kruger, que verificasse de onde vinha.
Após uma inspeção na casa de força, constatou-se que havia fumaça subindo do nível inferior. Na reportagem The Captain’s dying hours: an eyewitness account (As horas finais do The Captain: relato de uma testemunha ocular, em tradução livre), o autor Keith Haddock descreve que a equipe iniciou imediatamente o combate ao fogo com extintores químicos, distribuídos em quantidade por toda a máquina. O fogo, contudo, aumentava rapidamente.
Consciente da necessidade de reforços, o operador entrou em contato com a administração, que enviou os dois pequenos carros de combate a incêndio da mina, que se revelaram inúteis, pois não conseguiam atingir o fogo, a 9 metros acima, ao passo que o acesso à máquina não foi considerado seguro devido ao fogo intenso e à quantidade de fumaça.
A administração da mina solicitou então o apoio dos bombeiros do Distrito de Cutler que, logo após a chegada, solicitaram apoio de outras brigadas de combate a incêndio de distritos próximos.
Nessa altura, a equipe que ainda estava na máquina lutava contra o fogo com os extintores disponíveis, mas a situação estava cada vez mais difícil. “A fumaça era ácida, espessa e negra, de modo que não se conseguia ver mais nada. Além disso, o fogo estava começando a subir pelo poço do elevador, tornando impossível a descida. Os outros tinham conseguido descer até o solo pelas escadas. Eu esperei algum tempo no teto para ver se o guindaste com cesto conseguia me alcançar. Mas não conseguiu, e o local ficou tão quente que tive de subir para a lança”, declarou Gary Andrews, o soldador.
Gigantesco, o equipamento de 15 mil toneladas custou uma bagatela de 25 milhões de dólares em valores da época
COORDENAÇÃO
Segundo o operador, “o soldador ficou sem condições de descer pelas escadas externas. A situação era muito perigosa, pois havia muito material inflamável a bordo da máquina”. O sistema hidráulico, onde se iniciou o incêndio, tinha 30 mil litros de óleo. Havia também quase 4 mil litros de óleo diesel, 450 kg de graxa no sistema de lubrificação automática e mais 3.500 litros de solvente em tambores.
Após um início desorganizado, foi estabelecido um posto de comando, que passou a coordenar as ações. Nessa altura, também haviam sido mobilizados caminhões-pipa, guindastes e outros equipamentos, enquanto o fogo tomava praticamente todo o nível inferior, a cerca de 9 m do solo.
Enquanto isso, o soldador instalou um dispositivo em um dos cabos de suspensão da lança, subiu até a extremidade e pôde descer pelas escadas da lança até chegar ao cesto do guindaste e ser salvo.
Durante a madrugada o fogo cessou, mas o calor havia derretido as vedações da caixa do giro, liberando o óleo, que queimou por mais três horas até que, já na alvorada, o fogo finalmente foi apagado. No dia seguinte foi feita a primeira inspeção. Aparentemente, os danos estavam reduzidos ao nível inferior, decidindo-se por um levantamento para orçar o custo dos reparos.
SUBSTITUIÇÃO
Ao mesmo tempo, buscou-se uma máquina para substituição. Sem a 6360, a Bucyrus-Erie 5872-WX, a maior escavadeira de roda de caçambas do mundo, com 317 m de comprimento e 5.400 ton, que trabalhava em conjunto com ela, logo iria parar, juntamente com outros equipamentos como perfuratrizes, caminhões, carregadeiras e tratores.
Felizmente, a Arch Mineral possuía uma Marion 5900 em uma mina próxima. Embora fosse uma máquina menor, era o melhor que se podia ter na ocasião. Assim, antes de completar o levantamento dos danos, foi montada uma equipe para trazer a máquina para o poço da The Captain e colocá-la em produção.
Foi então que começaram as más notícias. Uma inspeção mais detalhada mostrou que o fogo se mantivera por muitas horas no nível inferior, alimentado pelo óleo dos sistemas de operação e direção da máquina. O calor intenso enfraqueceu significativamente a estrutura e foi constatada uma trinca longa – que ia de um lado a outro da máquina – em uma chapa com 5” (13 cm) de espessura.
O orçamento preliminar dos reparos, feito pela Marion Power Shovel, foi de US$ 7 milhões (US$ 12 milhões nos dias atuais). Mas, analisando a situação e considerando que conseguira uma máquina de reposição, a Arch Mineral decidiu sucatear a The Captain.
A máquina foi desmontada em 1992 e a Lloyds of London pagou US$ 35 milhões (US$ 61 milhões atuais) pela perda da máquina. Durante sua vida ativa, a The Captain escavou 620 milhões de m3 de material, um volume maior que o conseguido por qualquer outra máquina no mundo.
Leia na próxima edição:
Os primeiros guindastes moderno
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