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Revista M&T - Ed.186 - Dez/Jan 2015
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Entrevista

A indústria chinesa pôs fim ao monopólio no mercado de equipamentos

Com faturamento de mais de 16 bilhões de dólares em 2012, a fabricante chinesa XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group) atualmente ocupa a quinta posição mundial na venda de equipamentos da Linha Amarela. Na cidade-sede de Xuzhou, localizada na região leste do país, a empresa possui 25 fábricas de diversos produtos voltados para a construção, além de um centro de desenvolvimento tecnológico.

No Brasil, a empresa – que é totalmente controlada pelo governo sínico – já opera há dez anos, inicialmente por meio de dealers, mas em junho deste ano reforçou sua presença no país com a inauguração de uma fábrica na cidade de Pouso Alegre (MG), cuja capacidade de produção é de até 7 mil equipamentos ao ano. Segundo a fabricante, o aporte nessa estrutura foi de expressivos US$ 200 bilhões, montante que a coloca entre as empresas do setor que mais investiram no Brasil nos últimos anos.

Aliás, trata-se da primeira unidade fabril da XCMG fora do seu país de origem. Instalada em um terreno de 800 mil m², a fábrica ocupa uma área construída de 140 mil m² onde quatro unidades industriais rea


Com faturamento de mais de 16 bilhões de dólares em 2012, a fabricante chinesa XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group) atualmente ocupa a quinta posição mundial na venda de equipamentos da Linha Amarela. Na cidade-sede de Xuzhou, localizada na região leste do país, a empresa possui 25 fábricas de diversos produtos voltados para a construção, além de um centro de desenvolvimento tecnológico.

No Brasil, a empresa – que é totalmente controlada pelo governo sínico – já opera há dez anos, inicialmente por meio de dealers, mas em junho deste ano reforçou sua presença no país com a inauguração de uma fábrica na cidade de Pouso Alegre (MG), cuja capacidade de produção é de até 7 mil equipamentos ao ano. Segundo a fabricante, o aporte nessa estrutura foi de expressivos US$ 200 bilhões, montante que a coloca entre as empresas do setor que mais investiram no Brasil nos últimos anos.

Aliás, trata-se da primeira unidade fabril da XCMG fora do seu país de origem. Instalada em um terreno de 800 mil m², a fábrica ocupa uma área construída de 140 mil m² onde quatro unidades industriais realizam processos de corte, solda, usinagem, montagem e pintura das máquinas. Nesta entrevista, o gerente geral da operação brasileira da XCMG, Li Qianjin, revela as estratégias da fabricante para atuar no mercado brasileiro, inclusive mapeando os principais concorrentes. Acompanhe.

M&T – A XCMG escolheu o Brasil para iniciar sua expansão internacional. O que explica o alto investimento da empresa na fábrica brasileira?

Li Qianjin – A intenção da XCMG é de se tornar uma empresa de excelência, competitiva no ambiente global. Nesse sentido, o motivo da nossa fabricação no Brasil é que o país, sendo a sexta maior economia do mundo, encontra-se atualmente em uma fase de crescimento e, consequentemente, com uma demanda no mercado de máquinas de construção muito estável. Investindo no país aumentamos nossa competitividade global, o que representa um passo muito importante para a internacionalização da empresa.

M&T – Como a empresa se prepara para essa internacionalização?

Li Qianjin – No mundo, já somos o quinto maior fabricante de máquinas de construção e o maior da China. A XCMG também possui as séries e tipos de produtos mais completos do mercado, o que a torna a empresa com a maior influência e competitividade da indústria chinesa de máquinas de construção. Inclusive, a Comissão do Desenvolvimento e Reforma da China, junto ao Departamento da Tecnologia e outros cinco comitês, atribuiu à empresa o “Prêmio de Realização de Centro Nacional de Tecnologia”. No ano 2014, a empresa também ganhou o “III Prêmio da Indústria Chinesa”, sendo a única do segmento a obter tal honraria até hoje.

M&T – E qual é a avaliação da empresa do mercado de máquinas de construção no Brasil?

Li Qianjin – Como disse antes, o setor é estável, maduro e de alta qualidade, pois é bastante exigente em serviços e pós-venda, com um modo estandardizado de operação. Além disso, o Brasil é um país em desenvolvimento e vai precisar investir bastante em construções para melhorar o padrão de vida da população. Portanto, avalio que é imprescindível que o país tenha uma demanda grande e estável por equipamentos da Linha Amarela.

M&T – Nessa linha, quais são os planos para o desenvolvimento no mercado latino-americano?

Li Qianjin – Nos próximos cinco anos, a XCMG Brasil tirará proveito do crescimento acelerado no país e do impulso na economia, motivada pelos eventos esportivos e os grandes projetos de infraestrutura incluídos na pauta de realizações do governo federal. Após atingir o posto de uma das três melhores companhias de máquinas de construção do Brasil, algo planejado para 2018, a XCMG utilizará a relação entre o Brasil e outros países do continente para expandir a influência e a quota de mercado nas demais regiões latino-americanas.

M&T – Como a XCMG pretende concorrer com os fabricantes tradicionais para ocupar os primeiros lugares na venda de equipamentos?

Li Qianjin – Historicamente, o mercado de máquinas de construção sempre foi liderado por marcas europeias e norte-americanas. São empresas com experiência, boa reputação, clientes estáveis e um sistema de marketing completo. Mas nós também evoluímos. A indústria chinesa passou por um processo de introdução, digestão, absorção e inovação em equipamentos na última década. Hoje, cada linha de produto possui uma técnica específica, patentes de invenção, tecnologia etc. Exemplos disso podem ser encontrados na grua de mais de cem metros, assim como o guindaste todo terreno (AT) de 2 mil toneladas, o guindaste de esteira de 4 mil toneladas, a maior carregadeira da China, pesando 12 toneladas, o veículo de combate a incêndio mais alto da Ásia, a quarta geração de equipamentos inteligentes de construção de ferrovia etc. Isso tudo causa um grande impacto na indústria global de máquinas de construção e põe um fim ao monopólio que existia há alguns anos.

M&T – E em termos estratégicos, qual a direção a tomar?

Li Qianjin – Após esse período de esforço evolutivo, a marca XCMG também conseguiu influência no mercado global e, com isso, a diretoria da empresa apoiou a expansão para o mercado brasileiro, fornecendo tecnologia avançada, recursos humanos e linhas de produtos que possuem melhor relação de custo-benefício, com potencial de impactar o mercado. Desse modo, o conjunto de produtos da XCMG provê soluções integrais e podem ser vendidos em pacotes. Com esse portfólio, a nossa estratégia é manter localizações de produção, recursos humanos, sistemas de suprimento e tecnologia o mais rápido possível para suprir os clientes, além de produzir equipamentos que se adaptem às necessidades específicas do mercado brasileiro.

M&T – A propósito, como a XCMG compete com os outros fabricantes chineses e coreanos?

Li Qianjin – Nesse campo, a estratégia é nos diferenciarmos das empresas de importação e montagem, aprofundando raízes no Brasil por meio de localização regional e, como enfatizei antes, satisfazer às necessidades dos clientes de forma rápida e eficaz.

M&T – Quem são os principais competidores da XCMG?

Li Qianjin – Sem dúvida, as empresas com produção no Brasil, de qualquer origem, além das marcas norte-americanas e europeias mais populares.

M&T – Recentemente, a XCMG anunciou o ingresso no incipiente mercado nacional de equipamentos de limpeza urbana. Qual é a perspectiva desse negócio e o crescimento que deseja atingir com ele?

Li Qianjin – Com mais de 5 mil cidades, o Brasil enfrenta alta densidade demográfica estimulada pela urbanização e modernização crescentes. Obviamente, isso traz como consequência uma maior necessidade de cumprir as exigências de qualidade e eficiência no setor de limpeza urbana. No momento, a XCMG estabeleceu um conjunto de instalações de equipamentos de limpeza urbana e reciclagem, que inclui autovarredeiras, caminhões de lixo, compressores de lixo, veículos de limpeza a alta pressão e outros. O objetivo desses equipamentos é realizar a limpeza urbana de forma rápida, segura e eficaz. Somos a única empresa chinesa a produzir e fornecer esse conjunto de equipamentos de maneira autônoma. Essa linha já é comercializada há mais de 10 anos na China. As autovarredeiras, inclusive, já estão sendo produzidas no Brasil, sendo que o primeiro equipamento foi doado à prefeitura de Pouso Alegre (MG), onde a nossa fábrica – que tem capacidade para produzir até 7 mil equipamentos ao ano, incluindo os de limpeza urbana – está instalada e operacional desde o ano passado.

M&T – A autovarredeira é o principal destaque dessa linha? Qual é o diferencial desse equipamento?

Li Qianjin – Sim. Trata-se de um caminhão de dois eixos, com varredeira a jato de alta pressão, incorporada entre os eixos. O controle da operação é centralizado dentro da cabine, diferente de outras autovarredeiras do mercado. E o mecanismo de acionamento entre motor auxiliar e implemento é feito com ligação direta na embreagem.

 

 

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