Revista M&T - Ed.220 - Fevereiro 2018
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A Era das Máquinas

A diversificação dos motores

Por Norwil Veloso

Quando o assunto é motor, frequentemente nos deparamos com modelos que não entendemos as características. Muitas vezes, especificações completas estão disponíveis na literatura, mas é praticamente impossível saber algo sobre o motor apenas pelo fabricante e modelo. Em outros casos, a nomenclatura pode fornecer esclarecimentos valiosos.

Assim, não é possível saber, por exemplo, se um motor Cat D342 é maior ou menor que um Cat D17000, apesar de ser viável ter conhecimento das características de um motor GM 6-71, como veremos adiante.

As especificações contêm informações sobre número de cilindros, diâmetro e curso, cilindrada e potência, que podem dar uma boa ideia do porte do componente. O número de cilindros é uma referência, mas a cilindrada, por exemplo, pode fornecer uma ideia mais acurada da capacidade de trabalho de um motor.

Evidentemente, tais dados não constituem uma indicação da potência, principalmente se considerarmos os motores atuais, com injeção eletrônica, turbocompressor e pós-resfriador. Afinal, a potência de um mesmo motor pode


Quando o assunto é motor, frequentemente nos deparamos com modelos que não entendemos as características. Muitas vezes, especificações completas estão disponíveis na literatura, mas é praticamente impossível saber algo sobre o motor apenas pelo fabricante e modelo. Em outros casos, a nomenclatura pode fornecer esclarecimentos valiosos.

Assim, não é possível saber, por exemplo, se um motor Cat D342 é maior ou menor que um Cat D17000, apesar de ser viável ter conhecimento das características de um motor GM 6-71, como veremos adiante.

As especificações contêm informações sobre número de cilindros, diâmetro e curso, cilindrada e potência, que podem dar uma boa ideia do porte do componente. O número de cilindros é uma referência, mas a cilindrada, por exemplo, pode fornecer uma ideia mais acurada da capacidade de trabalho de um motor.

Evidentemente, tais dados não constituem uma indicação da potência, principalmente se considerarmos os motores atuais, com injeção eletrônica, turbocompressor e pós-resfriador. Afinal, a potência de um mesmo motor pode ser aumentada de duas maneiras: aumentando a quantidade de combustível injetada em cada curso (dentro de certos limites) ou aumentando a rotação do motor.

Com o uso dos conversores de torque, iniciado com carregadeira Hough HM, e dos turbocompressores, no início da década de 50, esses dados perderam ainda mais importância.

NOMENCLATURA

Em 1931, a Caterpillar passou a produzir seus próprios motores, para instalação no trator Sixty. Já a produção de motores Cat para aplicações fora da terraplanagem foi iniciada em 1935 com o modelo D17000, um V8 utilizado em bombas, geradores e locomotivas.

E o crescimento foi rápido. Em 1937, a Caterpillar produziu um terço da potência de motores diesel disponível nos EUA. Perfuração de petróleo, área florestal e grupos geradores eram as principais áreas, sendo comum a utilização na agricultura (uma área na qual a empresa era forte), em fábricas e estações de bombeamento de prefeituras e, em escala menor, em motores marítimos.

Na época, eram oferecidos cinco modelos, quatro com diâmetro e curso de 5 ¾ x 8” (D 6600, D 8800, D 13000 e D17000) e um com 4 ¼ x 5 ½” (D 4400). O motor D17000, o maior, era facilmente identificável pelas tampas de válvula individuais para cada cilindro.

Os motores com curso de 8” também traziam tubos externos para proteção das varetas de comando dos balancins. Utilizavam camisas úmidas e pistões de alumínio e a injeção de combustível era feita em pré-câmaras, sistema que foi utilizado em outros modelos mais modernos.

GAMA

Até a década de 70, a General Motors vendeu uma grande quantidade de motores 6-71 (6 cilindros, 71 pol3 por cilindro). Era um motor de dois tempos, que foi comercializado como Detroit Diesel. Durante a Segunda Guerra Mundial, foram muito usadas montagens em tandem e em conjuntos de quatro unidades, para alimentação de embarcações, principalmente lanchões de desembarque. A gama de modelos foi ampliada com a série 110, cujos motores entraram em serviço em 1951, e a série 53, em 1958, chegando a ser fabricada no Brasil.

A série 71 foi ampliada, criando-se o 8V, o 12V (ambos em 1958) e o 16V (em 1960). Esses motores foram usados por fabricantes de máquinas de construção como Michigan, Hough, International e Euclid, dentre outros, principalmente nos anos 50 e 60.

A International produziu os motores UD18 (691 pol3) e UD 24 (1091 pol3) de 6 cilindros, com desempenho ligeiramente abaixo dos similares da Caterpillar. Posteriormente, a empresa lançou um motor de curso mais curto, de 817 pol3.

Já a Cummins ocupou uma posição de destaque no mercado de caminhões com os modelos 672, 743 e 855, todos de 6 cilindros com curso de 6”. O diâmetro aumentou de 4 7/8” para 5 1/8” e, em 1960, para 5 ½”. Esses motores tiveram também versões V12.

A Hercules produziu cinco modelos de 6 cilindros variando de 707 a 935 pol3, enquanto a Allis-Chalmers produziu um motor de 6 cilindros de 844 pol3, que era produzido anteriormente pela Buda, após sua aquisição pela empresa. Esse motor foi usado em grande parte da linha de equipamentos de construção desse fabricante.

Em 1939, a Caterpillar entrou no mercado de caminhões com o motor D468, de 6 cilindros e 90 hp, derivado do D4600. Os primeiros motores realmente desenvolvidos para caminhões foram o 636 (1673 pol3) e o 893 (1693 pol3). Em 1969, a marca lançou o 893, modelo V8 de 1963 pol3, que equipou a linha Louisville da Ford.

PARTIDA

A partida dos motores diesel era difícil, pois era necessário comprimir o ar no cilindro até que o aquecimento permitisse o início da combustão. Se fosse injetado combustível em excesso, a temperatura do ar baixava e a combustão não ocorria. Se fosse injetado menos que o necessário, também não havia combustão.

Assim, era necessário um mecanismo que assegurasse a partida, mas os motores elétricos da época não tinham a potência necessária e a carga das baterias era insuficiente. A solução da Caterpillar foi usar um motor auxiliar a gasolina que, após atingir a rotação de trabalho, era engrenado no volante do motor principal até que este entrasse em funcionamento.

A compressão do motor principal era aliviada na partida, para facilitar o engrenamento e permitir a lubrificação inicial. A água de refrigeração do motor auxiliar também era usada para aquecer o diesel e facilitar a partida. Esses motores eram de dois cilindros e quatro tempos. O D17000 utilizava um motor de 27 hp, ao passo que os demais motores com curso de 8”, de 17,5 hp. Já o D4400 usava um motor de 10 hp.

A International Harvester também usava gasolina na partida, mas com um sistema totalmente diferente. Inicialmente, era acionada uma alavanca que abria uma válvula em cada cilindro e ligava a câmara de combustão à outra câmara, onde havia uma vela. Na fase inicial, era feita alimentação de gasolina, sendo que o motor funcionava como se fosse um motor de ciclo Otto.

Após alguns minutos, com o motor aquecido, a alavanca era recolocada na posição normal, a entrada de gasolina era cortada e o diesel era injetado no motor, que começava a funcionar. Com o avanço da tecnologia, esses sistemas foram substituídos por motores elétricos de partida direta, que passaram a ser usados por todos os fabricantes.

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