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Revista M&T - Ed.282 - Abril - 2024
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MANUTENÇÃO

A complexidade em módulos eletrônicos

Especialistas e fabricantes divergem quanto à possibilidade de reparo de módulos eletrônicos, mas a demanda pelo serviço vem crescendo ante o alto custo para a troca desses componentes
Por Antonio Santomauro

Nos últimos anos, os sistemas eletrônicos tornaram-se cada vez mais corriqueiros também em máquinas de Linha Amarela.

Hoje, esses dispositivos controlam, entre outras coisas, diversos parâmetros do motor como rotação e injeção de combustível, emissões de poluentes, informações de segurança, sistemas hidráulicos e transmissão, além da própria atividade da máquina e do implemento.

Verdadeiros ‘cérebros’ desses sistemas, os módulos eletrônicos são, como qualquer outro componente, sujeitos a danos e avarias em seu funcionamento.

E seu custo, razoavelmente elevado, torna ainda mais importante responder à complexa questão se, em caso de necessidade, é indicado (ou até mesmo possível) repará-los ou simplesmente substitui-los imediatamente por um novo.

Em geral, quando um módulo apresenta problema as OEMs tendem a recomendar a segunda opção – a troca por um novo. Mas há especialistas que garantem ser possível o reparo na maioria dos casos, sempre com vantagens não apenas de custo, mas também de disponibilização rápida do equipamento.

Como se vê, não há consenso quanto a isso. Seja como for, o objetivo deste artigo não é tomar partido de nenhuma dessas posições, mas trazer o tema ao debate sob o foco das rotinas de manutenção. Cabe ao leitor refletir sobre os argumentos.


‘Cérebros’ dos sistemas eletrônicos, módulos também estão sujeitos a avarias,
mas fabricantes alegam que serviços de reparo nem sempre funcionam

Vejamos inicialmente os argumentos das fabricantes. Integrante do Grupo BMC (que distribui equipamentos da Hyundai e de outras marcas), o serviço de assistência técnica SAB não executa esse tipo de serviço, afirma Alexandre de Freitas, gerente nacional de pós


Nos últimos anos, os sistemas eletrônicos tornaram-se cada vez mais corriqueiros também em máquinas de Linha Amarela.

Hoje, esses dispositivos controlam, entre outras coisas, diversos parâmetros do motor como rotação e injeção de combustível, emissões de poluentes, informações de segurança, sistemas hidráulicos e transmissão, além da própria atividade da máquina e do implemento.

Verdadeiros ‘cérebros’ desses sistemas, os módulos eletrônicos são, como qualquer outro componente, sujeitos a danos e avarias em seu funcionamento.

E seu custo, razoavelmente elevado, torna ainda mais importante responder à complexa questão se, em caso de necessidade, é indicado (ou até mesmo possível) repará-los ou simplesmente substitui-los imediatamente por um novo.

Em geral, quando um módulo apresenta problema as OEMs tendem a recomendar a segunda opção – a troca por um novo. Mas há especialistas que garantem ser possível o reparo na maioria dos casos, sempre com vantagens não apenas de custo, mas também de disponibilização rápida do equipamento.

Como se vê, não há consenso quanto a isso. Seja como for, o objetivo deste artigo não é tomar partido de nenhuma dessas posições, mas trazer o tema ao debate sob o foco das rotinas de manutenção. Cabe ao leitor refletir sobre os argumentos.


‘Cérebros’ dos sistemas eletrônicos, módulos também estão sujeitos a avarias,
mas fabricantes alegam que serviços de reparo nem sempre funcionam

Vejamos inicialmente os argumentos das fabricantes. Integrante do Grupo BMC (que distribui equipamentos da Hyundai e de outras marcas), o serviço de assistência técnica SAB não executa esse tipo de serviço, afirma Alexandre de Freitas, gerente nacional de pós-venda da BMC/SAB.

“Muita gente nos procura para esse tipo de serviço”, ele reconhece. “Mas não realizamos porque nem sempre dá certo: às vezes dá, e o componente funciona como novo, mas em outras resulta em uma vida útil muito menor”, justifica.

Porém, Freitas também relata que há tempos, quando atuava em uma locadora, ele próprio chegou a enviar módulos para reparo, pois conseguia assim obter uma significativa redução de custos (relativamente à aquisição de um módulo novo).

“Hoje, todavia, se tivesse de gerenciar uma frota e dispusesse de dinheiro para trocar o componente, não faria o reparo”, ressalta. “Nada melhor que ter o equipamento funcionando sem problemas 24 horas por dia. Para o locador, isso é indispensável.”

REPARO

Do outro lado do balcão, a avaliação é diferente. “Cerca de 90% dos danos em módulos eletrônicos podem ser reparados”, assegura Flavio Xavier, diretor de ensino da Flavio Cursos, empresa sediada em Canoas (RS) que oferece cursos e treinamentos sobre diagnóstico e manutenção de componentes eletroeletrônicos de veículos, caminhões e máquinas pesadas, bem como suporte técnico, diagnóstico e manutenção desses bens.

“Se o dano é extenso demais, como queima ou perfuração da placa, não dá para reparar. Mas quando é menor, é possível realizar o reparo”, afirma.

O custo do reparo, ele compara, pode ser 60% ou até mesmo 70% inferior ao de aquisição de um módulo novo.

Esse reparo, acrescenta Xavier, também torna a máquina disponível mais rapidamente, especialmente quando a substituição exige a importação, o que por vezes pode demorar de 15 a 30 dias, ou até mais tempo.

“Já os profissionais que fazem o reparo costumam ter a maioria das peças em estoque”, ressalta. “Caso precisem de um componente específico, é mais fácil conseguir esse componente que um novo módulo”.


Feito com equipamentos específicos, reparo pode custar até 70% a menos que a aquisição um módulo novo

O diretor garante que um módulo reparado tem o mesmo desempenho de um novo. Inclusive, quem solicita esse tipo de serviço recebe uma garantia de, no mínimo, três meses, ou até mais que isso, dependendo da qualidade do módulo e da dimensão do dano sofrido.

“Mas também é preciso considerar a causa do dano, pois o curto-circuito pode ter sido ocasionado por um problema no chicote, um dano que, se não for sanado, pode comprometer novamente o módulo reparado”, explica. “Nesses casos, o reparador precisa identificar o problema e informar ao cliente.”

A possibilidade de reparo da maioria dos módulos também é apontada por Jheckson Balbinot, sócio-proprietário da Jhecko Módulos, que atua a partir de Guarapuava (PR).

“Afinal, são placas com componentes eletrônicos iguais aos de aparelhos eletrônicos como celulares, televisores e computadores”, ele compara. “Basta identificar e substituir o componente com problemas, seja capacitor, resistor, processador, transistor ou mosfet (uma espécie de chave eletrônica).”

Geralmente, explica Balbinot, só não é possível reparar um módulo quando um curto-circuito carboniza a placa, provocando “buracos” na peça eletrônica. “Também pode ser difícil reparar um módulo que permaneça muito tempo submerso em água”, acrescenta.

Essa discussão ganha relevância quando se compara o custo de um módulo novo – que pode chegar a R$ 50 mil ou mais – à cotação de um reparo, geralmente situado entre 30% e 50% desse valor.

Tal comparação, destaca Balbinot, é feita considerando-se os custos dos módulos originais, pois também existem módulos de marcas “alternativas” (geralmente chinesas, que normalmente contam com garantia). “Para originais, nossa garantia mínima é de três meses e, em alguns casos, de seis meses”, afirma.

Segundo ele, o reparo de um módulo demanda no máximo uma semana quando há estoque do componente. Mas esse prazo pode dilatar-se, caso o problema tenha ocorrido em um componente muito específico, que seja necessário importar.

“Mas também se trabalha na base da troca”, diz ele. “Nesse caso, o cliente recebe um módulo já reparado, deixando o módulo com problemas, que depois será reparado e comercializado.”

CAUSAS

A realização inadequada de ponte elétrica na bateria – a popular ‘chupeta’ – para dar partida à máquina é uma das causas mais comuns de danos em módulos eletrônicos, alerta Xavier. “Pode-se fazer uma ponte, desde que obedecendo as ligações elétricas corretas e seguindo os procedimentos-padrão”, orienta.


Sistemas de gerenciamento exibem no painel problemas relacionados aos módulos eletrônicos

Outros fatores também podem comprometer os módulos pois, apesar de geralmente serem bem-protegidos, com o decorrer do tempo podem apresentar problemas em virtude de vibração excessiva ou exposição à poeira, o que é muito comum em se tratando de máquinas pesadas.

“Também há máquinas equipadas com sistemas de refrigeração do diesel, que circula por uma serpentina e pode passar ao lado de um módulo”, exemplifica Xavier. “E as vibrações podem ocasionar rupturas nessa serpentina, deixando vazar óleo aquecido sobre o módulo, danificando-o.”

De acordo com o especialista, qualquer componente do módulo pode ser trocado, desde que se conte com equipamentos específicos e expertise. “Não é qualquer profissional de eletrônica que consegue reparar módulos”, observa Xavier. “Até porque também precisa conhecer a máquina e saber como ela funciona, entendendo a reação do circuito específico do conjunto.”

Uma máquina atual, ele relata, pode incluir sete, oito ou até mais módulos, sendo que cada um deles pode ter mais de 10 mil componentes.

Pelas tarefas que precisa realizar – como controle da injeção de combustível e de rotação, entre outras –, o módulo de motor é o mais complexo. “Mas também pode ser reparado. Atualmente, a maioria dos reparos é feita em módulo do motor”, diz o profissional da Flavio Cursos.

Além da ‘chupeta’, a realização de soldas sem que os módulos sejam previamente desligados também é uma causa frequente de avarias, pois a carga da solda é capaz de sobrecarregá-los, ressalta Balbinot. “Também é possível ocorrer danos quando o alternador apresenta problemas de carregamento, pela possibilidade de sobrecarrega, com picos de tensão”, explica.

Como regra, o profissional da Jhecko Módulos aconselha evitar intervenções na parte eletrônica, bem como realizar soldas, tomando cuidados com esse tipo de procedimento.

“Sobretudo, é importante tomar muito cuidado com água, pois embora os módulos sejam vedados, nem por isso se deve jogar um jato sobre eles nem sobre as chaves de controle”, adverte Balbinot.

PROCEDIMENTOS

Realizar procedimentos de soldagem sem antes desligar a bateria e os módulos é a principal causa de danos nesses componentes eletrônicos, reforça Freitas, da BMC/SAB. Além disso, ele orienta que, ao invés de simplesmente realizar esse desligamento, o usuário procure o fabricante para entender exatamente o que deve ser desconectado e como proceder em caso de necessidade de solda.

“Cada fabricante tem seu próprio formato, sabendo informar quais são os melhores pontos de desconexão”, acentua.

Já Xavier afirma que é perfeitamente possível realizar uma solda segura sem esse desligamento, desde que sejam adotadas medidas como o desligamento dos cabos da bateria e a a limpeza do local que será soldado, eliminando resíduos de tinta, por exemplo, pois a corrente elétrica pode valer-se desses resquícios para “escapar” e, assim, danificar um módulo.

“Também é preciso trabalhar de maneira correta o aterramento do equipamento de solda, que deve ser colocado o mais próximo possível do ponto que será soldado”, destaca o diretor.


​​​​​​​Procedimento de soldagem sem desligamento dos módulos é a principal causa de danos aos componentes

Ainda para minimizar a possibilidade de danos nos módulos, o especialista recomenda ações de manutenção preditiva na máquina.

“É indicado, por exemplo, verificar periodicamente a condição dos chicotes, que com o tempo vão se soltando e tendo sua estrutura corroída, o que pode ocasionar curtos”, destaca Xavier, lembrando que baterias envelhecidas também podem ocasionar picos de corrente e, com isso, provocar danos.

As máquinas dotadas de sistemas de gerenciamento eletrônico, acentua Balbinot, da Jhecko Módulos, exibem no painel qualquer eventual problema, inclusive com módulos.

Mas esse tipo de problema também pode ser percebido de outras formas. “O painel pode acusar uma falha – como, por exemplo, que a temperatura parou de ser informada – e, após os testes, percebe-se que o problema na verdade está no módulo”, diz ele.

“Além disso, quando um módulo apresenta problema, a máquina perde força e fica mais lenta, entrando em modo de segurança, que limita os movimentos”, acrescenta.

Os módulos, ele relata, costumam funcionar adequadamente até 15 mil ou 20 mil horas de trabalho. Depois disso, podem começar a apresentar problemas, até porque nesse período provavelmente já foram submetidos a sobrecargas.

“Há muita demanda por reparo de módulos, que é a primeira opção dos proprietários de máquinas, tanto de locadoras quanto de construtoras”, garante Balbinot. “Depois, vem a opção de troca do módulo danificado por um já reparado, e só então o cliente pensa na substituição por um novo.”

Saiba mais:
BMC/SAB:
https://sabservicos.com.br
Flavio Cursos: https://flaviocursos.com.br
Jhecko Módulos: www.instagram.com/jhecko_balbinot

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