Revista M&T - Ed.261 - Fev/Mar 2022
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A ERA DAS MÁQUINAS

A ascensão da Vermeer Corporation

Por Norwil Veloso

Em 1948, Gary Vermeer (1918-2009) criou um sistema mecânico de elevação destinado a facilitar a descarga dos vagões de grãos durante a colheita em sua fazenda em Pella, no Iowa. Os agricultores vizinhos logo perceberam as vantagens do equipamento e passaram a encomendá-lo.

Após começar a ser fabricado em uma oficina de terceiros da região, na primavera de 1948 estava claro que a produção era viável, com perspectiva de vendas em grande escala. Assim, Gary e seu primo, o banqueiro Ralph J. Vermeer (1913-1962), fundaram a Vermeer Corporation que, pouco tempo depois, já estava produzindo o sistema de elevação em instalações próprias.

O aparecimento dos sistemas hidráulicos para essa aplicação, contudo, deixou claro que a empresa teria que se dedicar a outros produtos se quisesse sobreviver. Sua filosofia era simples: encontrar uma necessidade, atendê-la com um produto feito para durar e procurar prod


Em 1948, Gary Vermeer (1918-2009) criou um sistema mecânico de elevação destinado a facilitar a descarga dos vagões de grãos durante a colheita em sua fazenda em Pella, no Iowa. Os agricultores vizinhos logo perceberam as vantagens do equipamento e passaram a encomendá-lo.

Após começar a ser fabricado em uma oficina de terceiros da região, na primavera de 1948 estava claro que a produção era viável, com perspectiva de vendas em grande escala. Assim, Gary e seu primo, o banqueiro Ralph J. Vermeer (1913-1962), fundaram a Vermeer Corporation que, pouco tempo depois, já estava produzindo o sistema de elevação em instalações próprias.

O aparecimento dos sistemas hidráulicos para essa aplicação, contudo, deixou claro que a empresa teria que se dedicar a outros produtos se quisesse sobreviver. Sua filosofia era simples: encontrar uma necessidade, atendê-la com um produto feito para durar e procurar produzir o melhor.

CRESCIMENTO

No início da década de 50, a Vermeer lançou um moinho de martelos portátil acionado pela tomada de força do trator, projetado para eliminar as correias planas utilizadas na época, que patinavam frequentemente durante a moagem do grão em locais úmidos ou frios.

O sucesso do sistema Pow-R-Drive foi imediato, sendo vendidas milhares de unidades, que iniciaram uma nova fase de crescimento da empresa. Nessa mesma época, outros implementos agrícolas passaram a ser fabricados, como uma semeadora rebocada e um sistema de limpeza das rodas dos tratores.

Em 1955, foi lançado o sistema de irrigação autopropelido Pow-R-Sprinkler, que teve grande aceitação. A solução distribuía a água em grandes círculos sobre as plantações, cobrindo uma grande área com um nível baixo de precipitação, resultando em expressiva redução nos custos. Esse sistema foi automatizado em 1967.

Em 1956, a Vermeer foi uma das duas empresas que lançaram o condicionador de feno no mercado agrícola, que levou ao desenvolvimento da enfardadeira na década seguinte. Naquele mesmo ano, a empresa lançou uma valetadeira autopropelida (Pow-R-Ditcher). A preocupação com o meio ambiente levou a uma maior utilização de esteiras de borracha e pneus.

Em 1957 foi lançado o primeiro cortador de tocos (Pow-R-Stump Cutter). Durante um trabalho, um funcionário acionou acidentalmente a alavanca errada, fazendo com que o cortador se movesse horizontalmente através do toco. Esse erro levou à produção de um cortador de alto desempenho, cujo conceito é usado até hoje.

Em 1963, começaram os testes com uma máquina de remoção mecânica de árvores, o TM-700, a primeira solução a remover, transportar e replantar árvores já crescidas. A primeira unidade foi lançada no mercado cerca de quatro anos depois. O conceito de “sombra instantânea” teve grande aceitação, com 4.000 unidades vendidas somente no primeiro ano.

Na década de 70, a empresa se projetou internacionalmente, passando a operar em diversos países da Europa, Oriente Médio e África.Em 1971, um dos amigos de Gary Vermeer disse-lhe que pretendia vender sua fazenda de gado devido às dificuldades para produzir a forragem e, ainda, conseguir mão de obra capacitada para executar os serviços.

Na manhã seguinte, Vermeer, com o apoio de seus engenheiros, apresentou o projeto de uma enfardadeira de operação simples. O protótipo foi construído em 45 dias, criando o conceito de sistema de forragem com um só operador.

EXPANSÃO

Em 1989, aos 71 anos, Gary Vermeer se retirou da presidência, permanecendo como presidente emérito do Conselho de Administração. Dois anos depois, a Vermeer iniciou um novo ciclo de expansão, com a introdução do D-7T Navigator, a primeira máquina de perfuração horizontal direcionada
e de escavação por método não destrutivo (MND).

Essa máquina, usada na instalação de cabos de fibra óptica, tornou-se conhecida em todo o mundo e foi usada também em mineração, obras rodoviárias e outros serviços, abrindo inclusive um novo segmento no mercado de locação.

Ainda em 1991, foi fundada a “Vermeer University”, para oferecer treinamento e desenvolvimento de seus representantes e da força de trabalho da empresa. A partir de 1997, a Vermeer passou a aplicar ao treinamento o mesmo espírito inovador usado no projeto de seus equipamentos.

O resultado se refletiu em redução de custos e tempos de parada, assim como na melhoria da qualidade e da assistência aos clientes, entre outros aspectos. Esse esforço levou à concessão do prêmio de “Empresário do Ano” pela Ernst & Young.

Em 1999, buscando atender às solicitações dos pequenos produtores, que queriam processar a forragem segundo sua programação, a Vermeer lançou a enfardadeira Rebel, seu produto mais popular em todos os tempos.

O pioneiro Gary Vermeer (1918-2009), tendo ao fundo a histórica enfardadeira 605H, lançada em 1971

DIVERSIFICAÇÃO

Em 2002, a empresa lançou sua primeira niveladora de terreno para mineração de superfície, a fresadora horizontal HG525, entrou no mercado de jumbos de perfuração com o D150x300 e abriu representação na China. Devido ao grande sucesso, criou em 2005 uma joint venture com a Balama
Prima, em Pequim, para produzir uma linha Navigator de perfuração direcional projetada especialmente para a região.

Em 2006, passou a produzir máquinas de compostagem e, um ano depois, estabeleceu um acordo com a Wildcat Manufacturing para expandir sua oferta de produtos. No ano seguinte, percebendo o aumento da demanda mundial de equipamentos de MND, a empresa adquiriu a linha de perfuração da Horizontal Rig & Equipment (HRE).

Em 2008 adquiriu, juntamente com o Grupo holandês Lelya, a empresa alemã Welger, uma fabricante de enfardadeiras. No mesmo ano, abriu escritório em Cingapura.

Em 2009, a Vermeer abriu uma subsidiária em Valinhos (SP), para atender ao mercado latino-americano. A fábrica cuidava do marketing, desenvolvimento de produto e apoio às vendas na região. No mesmo ano ocorre o falecimento de Gary Vermeer, aos 90 anos. A reorganização assegurou o “Prêmio de Excelência Ambiental” do Governo do Estado, reconhecendo sua liderança e inovação na gestão dos recursos naturais.


Focada inicialmente em aplicações agrícolas, a filosofia da marca era encontrar uma necessidade e atendê-la com um produto feito para durar

A maior venda da história da empresa ocorreu em 2011 na Austrália, onde foram vendidas niveladoras múltiplas para mineração de superfície e sete unidades da T1655, a maior máquina fabricada pela empresa.

Atualmente, a Vermeer produz equipamentos para manuseio de forragem, com uma linha completa de enfardadeiras, ancinhos, rodas de manuseio de feno, cortadores e condicionadores de vegetação, fresadoras de tocos, desbastadoras de toras, picadoras de galhos, cortadoras horizontais e máquinas de manuseio de árvores, além de uma linha completa de equipamentos de perfuração horizontal por MND, minicarregadeiras e valetadeiras.

Leia na próxima edição:
A indústria britânica de guindastes no final do Século XIX

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