Inflacionado pela compra de 5.060 equipamentos realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) entre os anos de 2011 e 2014 (leia Box na pág. 40), o mercado de motoniveladoras comercializou um volume atípico (para não dizer anômalo) no período. Agora, definitivamente sem poder contar com uma nova ação de compra do governo, as empresas do setor demonstram maior cautela e já falam em investimentos de longo prazo para manter a margem de lucro neste nicho.
A Caterpillar, por exemplo, olha com bastante atenção o volume de vendas obtido no ano passado. O gerente comercial do segmento de construção da empresa, José Eduardo Fonseca, confirma que em 2014 o potencial do mercado acabou distorcido pelas compras realizadas via MDA. Excluindo isso, como ele acentua, as vendas do último ano já se mostraram abaixo do registrado em 2013, denotando a interferência direta do programa. “Por participarmos com sucesso do leilão do MDA, entre 2013 e 2014 pudemos entregar um pacote grande de equipamentos”, explica. “Neste período, foram fornecidas mais de três mil unidades
Inflacionado pela compra de 5.060 equipamentos realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) entre os anos de 2011 e 2014 (leia Box na pág. 40), o mercado de motoniveladoras comercializou um volume atípico (para não dizer anômalo) no período. Agora, definitivamente sem poder contar com uma nova ação de compra do governo, as empresas do setor demonstram maior cautela e já falam em investimentos de longo prazo para manter a margem de lucro neste nicho.
A Caterpillar, por exemplo, olha com bastante atenção o volume de vendas obtido no ano passado. O gerente comercial do segmento de construção da empresa, José Eduardo Fonseca, confirma que em 2014 o potencial do mercado acabou distorcido pelas compras realizadas via MDA. Excluindo isso, como ele acentua, as vendas do último ano já se mostraram abaixo do registrado em 2013, denotando a interferência direta do programa. “Por participarmos com sucesso do leilão do MDA, entre 2013 e 2014 pudemos entregar um pacote grande de equipamentos”, explica. “Neste período, foram fornecidas mais de três mil unidades, o que nos garantiu um volume significativo de produção até o primeiro semestre do ano passado.”
Fonseca concorda que o incentivo do MDA foi um ponto fora da curva que a Caterpillar soube aproveitar. Porém, mesmo sem essa variável, 2014 se mostrou interessante e muito similar aos últimos anos, fazendo com que a empresa trabalhe forte para repetir os resultados em um novo contexto. “Sabemos que nosso o negócio é feito de altos e baixos”, sublinha. “Mas também sabemos que o setor de equipamentos como um todo deve ter dificuldades em 2015, o que nos força a manter um plano de longo prazo, para atender à demanda quando retornar em massa.”
De acordo com Thiago Cibim, gerente de suporte ao produto da divisão da construção e florestal da John Deere, a empresa vai pelo mesmo caminho. “O ano passado registrou um recorde histórico nas vendas, mas agora o mercado está se comportando como o previsto, considerando que os primeiros meses normalmente compõem um período de menor volume”, afirma, acrescentando que a companhia confia na retomada do mercado e na concretização de investimentos de longo prazo realizados no país.
Para a Case CE, o mercado de motoniveladoras deve refletir a situação econômica atual do próprio país, mantendo estabilidade ou mesmo leve retração nas vendas. De acordo com o gerente de marketing da empresa, Carlos França, desprezando-se os números do MDA o ano deve ser igual ao anterior. Ele comenta que, em linha com os demais fabricantes (e que M&T registrou em reportagem de capa da edição anterior), o mercado de máquinas de construção deverá sofrer uma desaceleração entre 5% e 10% em 2015. “Estima-se uma retomada do setor de máquinas em 2016”, afirma França. “Para que isso ocorra, no entanto, é necessário um aumento do investimento em infraestrutura, um fator crucial para a geração de crescimento.”
NOVOS NICHOS
Na New Holland Construction, a queda de vendas já era esperada. Segundo Marcos Rocha, gerente de marketing de produtos na América Latina, a empresa preparou seus concessionários para que não fosse tão afetada quando as compras do MDA saíssem do mercado, o que incluiu a prospecção de mercados potenciais. “Estamos trabalhando em novos nichos”, destaca. “A participação no agronegócio, por exemplo, tem crescido muito, com vendas de equipamentos de construção para atividades agrícolas.”
Como os demais, o gerente revela que, excluindo o fator MDA, o volume de vendas em 2014 foi menor que o ano anterior. Desconsiderando as compras governamentais, no ano passado foram vendidas aproximadamente 1,2 mil motoniveladoras da marca. Referente ao ano de 2015, Rocha diz que ainda não há dados fechados do primeiro trimestre do ano, mas que os meses de janeiro e fevereiro foram mais fracos que o mesmo período de 2014, mesmo descontando as vendas feitas para o ministério.
Aliás, a atuação intensa do MDA no mercado de motoniveladoras fez com que o poder público se tornasse o principal cliente da New Holland neste segmento. Segundo Rocha, a ordem decrescente da clientela incluía prefeituras, construção de estradas e setor agrícola, nesta ordem. “Mesmo sem o MDA, o poder público deve seguir como um dos grandes compradores desse tipo de equipamento, pois ainda há muita infraestrutura a ser feita no país”, diz ele.
Já a Case CE sempre teve como setor mais forte em sua demanda de motoniveladoras as empreiteiras de construção civil, com aproximadamente 50% de seus clientes neste segmento. Em seguida, vêm as locadoras e depois o governo, com aproximadamente 18% cada. O restante do volume é absorvido por outros mercados incipientes, como o agrícola.
No entanto, devido às compras promovidas pelo MDA até 2014 o setor governamental atingiu atípicos 69% em suas vendas no período. Agora, passado o impulso público, França também enxerga uma tendência de crescimento na agroindústria, setor em que “as motoniveladoras da Case são cada vez mais utilizadas para construção e manutenção de vias de acesso e manutenção de solo para plantio”.
TECNOLOGIA
Até por prever dificuldades para o restante do ano, as fabricantes de motoniveladoras pretendem investir em inovações para melhorar os resultados do mercado. A John Deere, por exemplo, lançará um novo modelo ainda neste ano. Trata-se da 672G, que – segundo a empresa – oferece os mesmos benefícios das motoniveladoras já fornecidas pela marca, mas que incorpora tração dianteira para assegurar maior força à lâmina e garantir produtividade superior.
Destaque-se que a empresa já comercializa dois diferentes modelos de motoniveladoras no Brasil: a 670G e a 770G. Assim como a 672G, que deve chegar ao mercado até o final do ano, esses modelos possuem diferenciais tecnológicos de série, como banco de filtros, radiadores basculantes e monitor de diagnósticos completo, além de oferecer bloqueio automático do diferencial, software de transmissão (que permite mudanças mais suaves de marcha) e manutenção e ajustes simplificados das tiras de desgaste do círculo e da armação da lâmina.
A propósito, o interesse dos clientes por tecnologias adicionais é cada vez maior no mercado nacional. Para atender a esta demanda, a Caterpillar oferece em suas motoniveladoras recursos-extra como o Cross Slope, que – como destaca a fabricante – permite automatizar a inclinação de um dos lados da lâmina, garantindo maior precisão e facilitando a operação em trabalhos de acabamento em ângulo. “Tecnologias como essa são fáceis de usar e não exigem grande treinamento dos operadores”, avalia Fonseca. “Desse modo, o cliente garante melhores resultados em menos tempo.”
Na mesma linha, a New Holland aposta na ferramenta de monitoramento de máquinas, o FleetForce. O gerente Rocha explica que, com esse sistema telemétrico, o usuário pode monitorar como o equipamento trabalha e identificar pontos fracos da operação, como uso indevido da máquina e tempo ocioso. O sistema também garante um tempo de máquina parada menor, utilizando a manutenção programada.
Empresas do grupo CNH Industrial, a Case CE e a New Holland Construction também compartilham a ferramenta Machine Control. O sistema é dividido em dois níveis, sendo um deles específico para orientar e manter estabilizado o corte da lâmina, com controle da profundidade e do alinhamento numa precisão de até 1 cm. Sem ele, as diferenças podem chegar a 10 cm, variando de acordo com a operação.
Já no nível dois, o sistema controla automaticamente o nivelamento, por meio de um acionamento com ajuste próprio, regulado por sensores e pelo sistema. “Assim, o operador só precisa manter o equipamento na linha correta, sem se preocupar com o controle de nível. Com isso, os ganhos de produtividade podem chegar a 60%”, conclui França.
As compras do MDA
Com mais de 18 mil equipamentos distribuídos em cerca de cinco mil cidades, nos últimos dois anos o MDA tornou-se o maior comprador isolado de equipamentos em todo o mundo. Na Linha Amarela, as motoniveladoras foram as maiores beneficiadas, com entrega de 5.060 unidades. Como categoria isolada, o nicho também obteve um recorde histórico. De acordo com o Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, em 2013 foram comercializadas 4.050 unidades, contra 1.460 em 2012.
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