O mercado nacional de equipamentos projeta cenários distintos para depois da pandemia de Covid-19. Se, por um lado, existe a leitura de que a economia mundial apresentará retração, o que invalida previsões de crescimento para este ano, por outro se percebe uma demanda reprimida em vários setores, que tendem a se recuperar mais rapidamente no pós-crise. Para tanto, todavia, é necessário avançar com a agenda econômica, retomando o ritmo de crescimento que já se insinuava antes da pandemia.
Isso tem motivado fabricantes como a Case CE, por exemplo, a manter expectativas positivas em relação à recuperação do mercado. “A demanda represada nos segmentos de infraestrutura e construção representa cerca de 70% das vendas de equipamentos como motoniveladoras”, pontua Trazilbio Filho, especialista de produtos da empresa. “E isso nos inspira certa confiança.”
É preciso considerar que as motonive
O mercado nacional de equipamentos projeta cenários distintos para depois da pandemia de Covid-19. Se, por um lado, existe a leitura de que a economia mundial apresentará retração, o que invalida previsões de crescimento para este ano, por outro se percebe uma demanda reprimida em vários setores, que tendem a se recuperar mais rapidamente no pós-crise. Para tanto, todavia, é necessário avançar com a agenda econômica, retomando o ritmo de crescimento que já se insinuava antes da pandemia.
Isso tem motivado fabricantes como a Case CE, por exemplo, a manter expectativas positivas em relação à recuperação do mercado. “A demanda represada nos segmentos de infraestrutura e construção representa cerca de 70% das vendas de equipamentos como motoniveladoras”, pontua Trazilbio Filho, especialista de produtos da empresa. “E isso nos inspira certa confiança.”
É preciso considerar que as motoniveladoras são equipamentos com aplicação específica e, portanto, com menor capilaridade que outras máquinas da Linha Amarela. De acordo com o Estudo de Mercado da Sobratema, em 2019 foram vendidas 765 unidades desse equipamento, em uma retração de 6% em comparação às 810 unidades comercializadas no ano anterior. Para 2020, a previsão era de igualar o volume de 2018, mas o choque provocado pela pandemia excluiu essa possibilidade.
Devido ao cenário incerto, as fontes ouvidas nesta reportagem da Revista M&T não puderam conjecturar uma estimativa de vendas para 2020. “Não temos como prever o comportamento do mercado após a fase de isolamento e o retorno às atividades regulares”, declara Luciano do Amaral Rocha, vice-presidente executivo da divisão de construção da Komatsu.
Contudo, as evidências do período que antecedeu a pandemia demonstravam tendência de aquecimento para a venda de máquinas de construção, panorama que deve ser retomado nos meses pós-crise. Para o departamento de marketing da New Holland, será uma “chance para crescer, entendendo as demandas e nichos de cada aplicação”.
MERCADO
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), os estados de Minas Gerais e São Paulo lideram a demanda por motoniveladoras, colocando a região Sudeste como líder do ranking nacional com 45% da participação para esses equipamentos. Na sequência, com aproximadamente 25% de participação, vem a região Sul, na qual Paraná e Rio Grande do Sul têm a maior procura.
Setores de infraestrutura e construção podem se tornar mais representativos nos próximos anos
Juntos, os estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro demandam 5% do mercado, enquanto Mato Grosso e Bahia têm cerca de 4% e 5% de participação, respectivamente. “Dessa forma, os estados citados abocanham cerca de 80% das vendas de motoniveladoras no Brasil”, calcula o departamento de marketing da New Holland Construction.
De acordo com a empresa, os números mostram que o setor que mais absorve motoniveladoras ainda é o governamental, com aproximadamente 50% da demanda, que é voltada aos mais diversos tipos de obras públicas, como construção e manutenção de estradas e rodovias.
Na sequência, vêm os setores de construção privada e de locação de máquinas, com cerca de 20% das vendas cada. Segundo a New Holland Construction, o agronegócio é o quarto maior mercado para motoniveladoras, com aproximadamente 5% da demanda, em aplicações de manutenção de estradas vicinais e curvas de nível, por exemplo. Já os setores de mineração, indústria e florestal respondem por cerca de 5% das vendas do equipamento.
Na Case, a participação das vendas de motoniveladoras tem sido fatiada da seguinte forma: 19% para construção, 8% para o setor agrícola e 2% para mineração. Também para a empresa, as vendas para o governo são as mais representativas, girando em torno de 46% do volume, enquanto outros 25% correspondem aos segmentos de rental e indústria. “Mas os segmentos de infraestrutura e construção podem ter uma demanda represada, com probabilidade de se tornarem ainda mais representativos nos próximos anos”, diz Trazilbio Filho.
Da mesma forma, na John Deere os principais segmentos de utilização de motoniveladoras nos últimos 12 meses têm sido o governamental e a construção. No período, cada um respondeu por 30%, com leve vantagem para as compras públicas. Segundo o gerente de vendas da divisão de construção da empresa, Thomás Spana, é perceptível um crescimento das vendas no segmento de construção civil, seguido pela locação, com pouco mais de 20% do mercado, e as áreas agrícola e de mineração, que representam 5% cada.
Apesar das dificuldades trazidas pela pandemia, mercado nacional de motoniveladoras pode crescer 30%
Para este ano, a empresa espera registrar maior crescimento do setor de locação. “Conforme as obras vão sendo retomadas, temos um cenário no qual a maior parte das empresas não possui mais uma grande frota ociosa de equipamentos”, posiciona. “Somando-se o caráter de prazo menor da maioria das obras, vemos que se trata de um cenário ideal para o desenvolvimento dos players de locação.”
Na sua avaliação, a tendência neste ano é que o mercado nacional de motoniveladoras cresça aproximadamente 30%, em consonância ao mercado da Linha Amarela como um todo. “Espera-se que a demanda continue mais acentuada devido ao perfil das obras que ocorrem no país, de caráter residencial e industrial”, aposta Spana. “E, nos dois estados líderes (SP e MG), ocorrem grandes concentrações urbanas e industriais, o que favorece a aplicação de motoniveladoras, até pela quantidade expressiva de obras.”
TECNOLOGIAS
Para atender a esses tipos de obras, sistemas cada vez mais sofisticados têm possibilitado extrair o máximo de produtividade durante os trabalhos com motoniveladoras. O especialista em aplicação de produtos da Caterpillar, Augusto Montragio, cita os controles por joysticks, por exemplo, que reduzem os movimentos de braços e mãos do operador, melhorando a ergonomia, o que torna a operação mais produtiva e segura. “O sistema de auto-articulação disponível em modelos equipados com joysticks permite articular automaticamente a máquina, à medida que as rodas dianteiras mudam de direção”, explica. “Esse sistema ajuda o operador a fazer o contorno com maior precisão, mantendo o raio de curva constante e permitindo concentrar a atenção exclusivamente no corte e direção.”
Outro sistema da marca é o ‘Stable Blade’, que evita oscilações ou saltos em operações de corte com velocidades mais altas. “Esse fenômeno torna o corte irregular e causa imperfeições no solo, conhecidas como ‘costela de vaca’”, diz Montragio. “O sistema reduz automaticamente a rotação do motor, diminuindo a velocidade de deslocamento para estabilizar a operação.”
Por sua complexidade e perfil de trabalho, a motoniveladora é um dos equipamentos que mais exigem do operador
Segundo o especialista, as motoniveladoras da marca também trazem indicador digital, que mostra ao operador o percentual de inclinação da lâmina em relação ao plano horizontal, assim como o sistema ‘Cross Slope’, que possibilita o ajuste do plano transversal de trabalho de acordo com a necessidade, por meio de sensores instalados na lâmina e painel digital na cabina. “O operador controla manualmente uma extremidade da lâmina, enquanto o sistema ajusta automaticamente a outra, para manter a inclinação desejada”, descreve.
A New Holland Construction, por sua vez, aposta em modelos que se destacam pela força de tração, graças ao conjunto motor, transmissão e acoplamento do tipo conversor de torque. Modelos como RG140.B, RG170.B e RG200.B contam com motor eletrônico FPT Tier III de potência variável (com duas ou três curvas de potência), transmissão automática powershift eletrônica 6x3, aceleradores de pedal e manual e eixo traseiro com sistema antideslizamento do tipo ‘Limited Slip’ (deslizamento limitado) ou ‘Diff Lock’ (bloqueio do diferencial).
As motoniveladoras da marca oferecem ainda a função automática ‘Lock-up’ de acoplamento direto que, em determinadas aplicações, é capaz de regular a multiplicação do torque. Segundo a empresa, isso resulta em uma máquina com comportamento mais suave, preciso e com baixo consumo de combustível durante o deslocamento, espalhamento de material ou trabalho de acabamento. “O conversor de torque realiza o acoplamento hidráulico motor/transmissão, promovendo a multiplicação do torque de saída da transmissão em até 2,4 vezes”, assegura a empresa.
Recentemente, componentes antes oferecidos como opcionais foram incorporados como itens de série aos modelos RG170.B e RG200.B. Trata-se da configuração ‘Heavy Duty’, que promete melhor desempenho de movimentação e corte de material, acionando pneus de 17,5 polegadas (na RG170.B) e de 20,5 polegadas (na RG200.B), além de uma placa de empuxo frontal de 800 kg, o que promove um considerável aumento na força de tração e penetração da lâmina. “Isso melhora a estabilidade de direção”, comenta o departamento de comunicação da fabricante.
Modo de transmissão é crucial em terrenos acidentados, que exigem potência e controle fino do nivelamento
Segundo a empresa, são aprimoramentos significativos, pois “quando se trabalha em terreno compactado ou com alta resistência ao corte e movimentação de material, quanto menor for a força da lâmina, mais difícil será desagregar um volume de material do solo”.
AUTOMATIZAÇÃO
Outras soluções prometem aumentar a disponibilidade da máquina e reduzir o custo operacional. É o caso das motoniveladoras da John Deere, que contam com o sistema E.B.S, por exemplo, uma automatização da transmissão que permite ao operador inverter o sentido de deslocamento apenas com um toque na alavanca, sem necessidade de parar. “Além disso, também possuem desbloqueio automático de diferencial, quando são detectados mais de dez graus somando-se a articulação dos chassis e o esterçamento das rodas”, sublinha Spana, destacando que isso protege o tandem da transmissão, pois é comum o operador se esquecer de desbloquear o diferencial no momento da manobra, o que reduz a vida da corrente. “O ajuste dos calços de desgaste do círculo também foi projetado para ser feito de forma rápida – por volta de duas horas –, quando é comum levar um dia inteiro de intervenção”, compara.
Além dessas características, a John Deere também oferece uma plataforma aberta para soluções de automação de nivelamento (‘Grade Control’), na qual o cliente pode escolher com qual provedor deseja trabalhar.
A automatização das máquinas, aliás, é uma tendência mundial. Na Case CE, o sistema ‘SiteControl’ atua na automação de lâminas, prometendo benefícios como aumento de eficiência e agilidade para se atingir o nível indicado pela topografia. “Isso também gera redução de custos operacionais e aumento de disponibilidade da máquina”, comenta Trazilbio Filho.
De acordo com ele, o sistema oferece boa ergonomia ao operador, além de permitir velocidades superiores no nivelamento, uma vez que o operador não precisa ficar corrigindo o posicionamento da lâmina. “O operador realiza trabalhos precisos em locais com baixa luminosidade e até mesmo à noite”, diz o executivo. “Em resumo, obtém-se a especificação projetada de forma rápida e precisa, com economia de tempo, material e dinheiro.”
Configuração ‘Heavy Duty’ assegura melhor desempenho de movimentação e corte de material
Na Komatsu, as motoniveladoras são equipadas com transmissão hidráulica powershift, projetada e fabricada pela própria empresa. Segundo Mateus Trovó Zerbinati, engenheiro de aplicação da empresa, o operador pode escolher o modo de transmissão – automático ou manual – mais adequado ao trabalho a ser realizado. “Em aplicações de nivelamento de terrenos acidentados, que exigem potência ou controle fino, o operador pode selecionar o modo automático (conversor de torque), que proporciona força de tração e controle”, ressalta.
Com esse recurso, ele prossegue, o operador consegue manter o controle em baixa velocidade sem a necessidade de mudança de marcha ou uso do pedal. “Caso seja necessário desenvolver uma velocidade elevada de transporte ou remoção de material, o operador pode selecionar a opção de transmissão manual (direta)”, acrescenta.
Outra função (‘Anti-Estol’) dos modelos da marca combina os modos manual e automático, sendo eficaz para operações suaves em baixa velocidade, evitando o estol do motor. “Com o aumento da carga, a rotação do motor diminui e, se a carga aumentar ainda mais, o motor pode estolar”, explica Zerbinati. “Antes que isso aconteça, o sistema alterna para o modo automático. Com a redução da carga e a recuperação da velocidade de deslocamento, o retorno para o manual também ocorre automaticamente.”
Equipamento exige perícia do operador
A motoniveladora é uma máquina que exige conhecimento técnico avançado em sua operação, não somente pela ampla variedade de movimentos, como também por ser uma solução de acabamento. “Além do conhecimento topográfico, o operador precisa de boa dose de interpretação do projeto para trabalhar de maneira eficiente, evitando retrabalhos”, adverte Thomás Spana, gerente de vendas da John Deere.
De acordo com ele, a motoniveladora possui muitas variáveis de operação, como articulação do chassi, tombamento das rodas dianteiras, esterçamento das rodas, deslocamento lateral da lâmina, ângulo de escoamento do material e de ataque da lâmina, dentre outras. “Apesar de ser um equipamento com acessibilidade aos controles e visibilidade, além de contar com recursos automatizados, é necessário que o profissional tenha bom conhecimento da operação”, avalia o especialista.
Além disso, estruturalmente a motoniveladora é um dos equipamentos mais complexos da Linha Amarela, devido às nove alavancas que comandam seus diversos movimentos hidráulicos, além do volante de direção da máquina. Por isso, os operadores de motoniveladoras geralmente são os mais experientes dos canteiros, o que não descarta a sua reciclagem, para que aprendam a usar novos recursos e continuem a extrair o máximo dos equipamentos. “Mesmo com o alto grau de automação que temos hoje, esse cenário ainda perdurará por muitos anos, justamente pelo conhecimento que os operadores desse equipamento precisam ter sobre o projeto e a terraplenagem em si”, avalia Spana.
Saiba mais:
Case CE: www.casece.com/latam/pt-br
Caterpillar: www.cat.com/pt_BR
John Deere: www.deere.com.br
Komatsu: www.komatsu.com.br
New Holland Construction: www.newholland.com.br
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