Foto: CATERPILLAR
Maior eficiência, marchas suaves, melhor controle e precisão, com menos interrupções no trabalho. Segundo especialistas, esses são alguns dos benefícios que a evolução na transmissão agrega às motoniveladoras.
Quem também ganha com esse aprimoramento é o operador, que antes precisava atuar em pé e desenvolver perícia elevada.
Além da embreagem (que desconecta a transmissão do motor na troca de marcha), antes não havia recurso para facilitar o engate correto, fazendo com que qualquer procedimento se tornasse mais suscetível a erros e desgastes prematuros.
“A motoniveladora é um tipo de equipamento cuja operação sempre coloca carga nos sistemas de transmissão”, observa João Pedro D. Gouveia, especialista da XCMG.
“Seja trabalhando com lâmina ou ripper, quem faz a força é
Foto: CATERPILLAR
Maior eficiência, marchas suaves, melhor controle e precisão, com menos interrupções no trabalho. Segundo especialistas, esses são alguns dos benefícios que a evolução na transmissão agrega às motoniveladoras.
Quem também ganha com esse aprimoramento é o operador, que antes precisava atuar em pé e desenvolver perícia elevada.
Além da embreagem (que desconecta a transmissão do motor na troca de marcha), antes não havia recurso para facilitar o engate correto, fazendo com que qualquer procedimento se tornasse mais suscetível a erros e desgastes prematuros.
“A motoniveladora é um tipo de equipamento cuja operação sempre coloca carga nos sistemas de transmissão”, observa João Pedro D. Gouveia, especialista da XCMG.
“Seja trabalhando com lâmina ou ripper, quem faz a força é sempre o motor.”
Segundo Gouveia, o sistema de transmissão é responsável por garantir que a energia chegue aos pneus na velocidade correta. Por isso, a evolução das caixas de transmissão tem impacto significativo no desempenho.
“O avanço tecnológico trouxe maior precisão e durabilidade aos sistemas, de maneira que hoje ocorrem menos falhas e o equipamento trabalha por mais tempo, sem a necessidade de corretivas”, completa.
Seja trabalhando com lâmina ou ripper, em motoniveladoras quem faz a força é sempre o motor. Foto: XCMG
Na visão do coordenador de suporte ao produto da Hyundai, Amaury Oliveira, a evolução na transmissão gerou ganhos especialmente em operações que pedem maior constância nos ciclos, como frentes de mineração ou manutenção intensiva de vias em usinas.
“Alguns modelos têm transmissões automáticas com controle eletrônico, que simplificam a troca de marcha, melhoram o aproveitamento de torque e reduzem o esforço do operador”, enumera o especialista, ponderando que a transmissão manual ainda constitui uma solução eficaz em muitas aplicações, com excelente relação de custo-benefício.
“Isso acontece em áreas com maior facilidade para manutenções ou uso menos intenso, por exemplo”, cita.
Evolução na transmissão gerou ganhos em operações que pedem ciclos mais constantes. Foto: HYUNDAI
ATRIBUTOS
De modo geral, a transmissão direta se caracteriza pela simplicidade e conexão prática entre o motor e os componentes de tração, sem intermediação de sistemas automáticos ou múltiplos estágios de engrenagem.
Isso traz maior eficiência para aplicações específicas, elucidam os experts, como em terrenos planos e operações com pouca variação de carga.
Todavia, em trabalhos com muitas trocas de marcha – como em áreas irregulares ou com presença de lama – esse tipo de sistema pode ser considerado subdimensionado ou menos eficiente.
Por outro lado, o conceito também tem particularidades como maior eficiência energética e ampla sensibilidade em relação à carga e à velocidade de deslocamento.
“Outros atributos incluem a troca de marchas de modo manual ou com auxílio de sincronizadores, conexão rígida entre motor e rodas (sem conversor) e menor complexidade técnica frente às transmissões automática e hidrostática”, lista Augusto Montragio, especialista de produto da Caterpillar.
Atributos da transmissão direta incluem a troca de marchas de modo manual ou com auxílio de sincronizadores. Foto: CATERPILLAR
Mas a transmissão direta também recebeu atualizações importantes ao longo dos anos, como a introdução de sistemas automatizados para a troca de marchas.
“Isso permitiu maior conforto operacional e menor carga de trabalho, mesmo com arquitetura mecânica mais tradicional”, afirma Rafael Barbosa, gerente de marketing de produto da CNH para construção.
Com tais características, as motoniveladoras com transmissão direta são indicadas para obras com deslocamento de grandes volumes de solo ou na manutenção de superfícies extensas. Isso inclui terraplenagem de rodovias, projetos de mineração e manutenção de estradas de terra e com tráfego constante. São recomendadas, ainda, quando a regularidade do solo permite a operação contínua em velocidades elevadas e com cargas consistentes, tirando proveito da transmissão sem interrupções.
Já trabalhos que requerem arranques, paradas mais constantes ou sensibilidade na aplicação de força – como nivelamento de pisos industriais ou preparação de sub-bases com materiais sensíveis –, esse tipo de transmissão pode ser considerado menos eficiente.
“Ou mesmo subdimensionado em termos de adaptabilidade”, completa Marcos Roberto Bueno de Barros, gerente de produto da Sany, lembrando que a ausência de conversor de torque faz com que o operador precise gerenciar com maior precisão a embreagem e o acelerador, evitando o calço do motor ou movimentos mais bruscos.
Introdução de sistemas automatizados permitiu maior conforto e menor carga de trabalho. Foto: CNH INDUSTRIAL
Além disso, o sistema de transmissão com acoplamento direto é mais exposto a impactos externos, “uma vez que não há conversor de torque para absorver as eventuais variações abruptas de velocidade”.
POWERSHIFT
O sistema PowerShift permite a troca de marchas sem interrupção da transmissão de torque do motor para os eixos e as rodas, de modo que a motoniveladora é capaz de manter a tração mesmo durante as trocas, ao contrário das transmissões convencionais, que exigem o desacoplamento temporário do motor por meio da embreagem.
Essa característica proporciona maior produtividade, menor esforço do operador e melhor aproveitamento da potência da máquina.
Sem necessidade de acionamento da embreagem, esse tipo de transmissão permite ainda a troca automática das marchas (embora isso seja recomendado apenas em deslocamentos).
“Ambas as transmissões são consideradas PowerShift, a diferença é o nível de tecnologia embarcada”, comenta Fernando Silva Dávila, engenheiro de vendas da Komatsu. “Além disso, se distinguem pelo fato de serem PowerShift direto ou com transmissão automática e conversor de torque.”
As transmissões PowerShift automáticas com conversor de torque integrado proporcionam maior tração, até por conta da presença do conversor de torque, que permite alcançar maior produtividade. Entre as principais vantagens do sistema estão o controle eletrônico e a integração com o motor.
Na relação de benefícios constam, ainda, a alta produtividade garantida pelas trocas de marcha, assim como a redução da fadiga do operador, com menos esforço físico e mental, especialmente em longas jornadas.
O conceito tecnológico também oferece melhor desempenho em terrenos variados, uma vez que o equipamento se adapta automaticamente às condições do solo e à carga, com precisão acentuada em operações de acabamento, controle fino da velocidade e torque ideal para nivelamento de alta precisão, além de suportar cargas pesadas com menor desgaste.
Em terrenos acidentados, lamacentos ou que exigem manobras frequentes de precisão e modulação fina de potência (como canteiros urbanos apertados, obras de arte especiais ou nivelamento de sub-bases frágeis), a transmissão com conversor de torque se destaca por proporcionar suavidade e controle ideais.
Nesses cenários, sistemas com conversor de torque são frequentemente adotados devido à capacidade de multiplicar o torque em baixas velocidades e absorver choques.
Por outro lado, a solução com transmissão PowerShift é contraindicada em situações como manutenções de estradas rurais planas, onde não há necessidade de trocas frequentes de marcha ou variações de carga, assim como em serviços leves de terraplenagem e construções com operações repetitivas.
“A transmissão direta atua de maneira mais mecânica”, resume Douglas Pereira, gerente de marketing de produto da John Deere.
“No entanto, a PowerShift se destaca pela alta produtividade em operações dinâmicas que exigem trocas frequentes de marcha e adaptação a terrenos variados.”
Algumas transmissões com conversor de torque utilizam embreagem de travamento (conhecida como lock-up clutch), que proporciona conexão mecânica direta em velocidades de cruzeiro, simulando a aplicação da transmissão direta.
Outro fator que pode influenciar na escolha da tecnologia está na ergonomia, pois – ao contrário da transmissão direta – as transmissões com conversor de torque não utilizam pedal para controle da embreagem.
FERRAMENTAS
Dependendo do tipo de aplicação, outros pontos devem ser considerados para garantir o desempenho, como a potência do motor e o peso do equipamento (força de penetração), assim como o tamanho da lâmina. Esses elementos são essenciais para a qualidade do trabalho, mas exigem aplicação técnica precisa.
“Saber quando e como acioná-los faz toda a diferença entre uma operação eficiente e outra capaz de comprometer o maquinário e a obra”, adverte Pereira.
Localizado na parte traseira da máquina, o ripper é usado para “rasgar” terrenos extremamente compactados, rochosos ou endurecidos.
“Sua utilização é recomendada antes das operações de corte ou nivelamento em solos de alta resistência, facilitando o trabalho da lâmina”, explica o gerente da John Deere.
Nesse ponto, Bueno, da Sany, explica que o ripper é composto por três a cinco dentes grandes e com pontas. “É adequado no primeiro ataque para abertura de novos traçados rodoviários, remoção de pavimentação antiga ou limpeza de áreas com raízes e pedras”, afirma.
Uso de motoniveladoras AWD em terrenos menos exigentes pode resultar na subutilização da capacidade da máquina. Foto: SANY
Por outro lado, o escarificador atua em profundidades intermediárias. Na estrutura, o componente tem entre seis e 11 dentes menores e mais estreitos, sendo indicado para a manutenção de estradas não pavimentadas, onde ocorre a formação de crosta superficial, compactação mediana ou aeração do solo.
“Ou seja, trata-se de um elemento que fragmenta terrenos secos e endurecidos ou asfaltos deteriorados por meio de pequenos dentes que penetram o solo, aplicando forças controladas de tração para criar fissuras no material”, retoma Pereira.
Por fim, a lâmina pode ser considerada a ferramenta central da motoniveladora, responsável por cortar, espalhar e nivelar o material. A principal recomendação é a necessidade de ajustes constantes, garantindo a eficiência no corte e evitando desgaste prematuro.
“Todos esses implementos têm funções específicas e, quando utilizados corretamente, otimizam o desempenho e preservam a integridade da máquina”, acentua Barbosa, da CNH.
“Mas o uso inadequado ou prolongado pode aumentar o desgaste, gerar sobrecarga e comprometer a eficiência da operação, além de impactar nos custos de manutenção”, adverte.
TRAÇÃO
Enquanto motoniveladoras 6x4 têm tração apenas no eixo traseiro, ideal para obras em terrenos firmes e nivelados, as máquinas 6x6 – também conhecidas como AWD (All Wheel Drive) – trazem tração integral nas seis rodas e oferecem desempenho superior em terrenos difíceis e operações off-road.
Esse modelo é capaz de garantir aderência contínua, melhorar a capacidade de transpor obstáculos e reduzir significativamente os riscos de atolamento.
Dessa maneira, as opções 6x6 trazem mais segurança e produtividade em obras de infraestrutura pesada, mineração e estradas não pavimentadas.
“As motoniveladoras 6x6 são importantes para operações em terrenos com baixa capacidade de flutuação do piso, solos encharcados ou muito barro, além de trabalhos em rampas”, aponta Montragio, da Cat.
“Nessas condições, o equipamento com tração AWD possui desempenho e produtividade significativamente maiores em relação às máquinas 6x4, que apresenta baixa tração em terreno severo, consumo excessivo de combustível e maior risco de atolamento.”
Opções com tração 6x6 trazem maissegurança e produtividade em obras pesadas. Foto: JOHN DEERE
Por outro lado, o uso da motoniveladora 6x6 em terrenos menos exigentes pode resultar na subutilização da capacidade. “Isso gera aumento no consumo, embora normalmente o modo de tração 6x6 possa ser desabilitado”, informa Gouveia, da XCMG.
Destaque-se ainda que o equipamento 6x6 exige investimento mais elevado, o que se explica pela maior complexidade do sistema hidráulico e dos motores associados à tração dianteira.
Além disso, a manutenção desses componentes é mais trabalhosa (e onerosa) ao longo da vida útil do equipamento.
Como as motoniveladoras raramente permanecem em um único local de operação, o custo adicional de aquisição e manutenção do sistema 6x6 acaba diluído em diferentes operações, o que pode não ser vantajoso para todas as situações.
“Nesses casos, o uso é mais indicado quando os ganhos em desempenho e segurança justificam o custo adicional”, arremata Oliveira, da Hyundai.
VIDA ÚLTIL
Manutenção é vital para o bom desempenho
Para prevenir desgastes precoces em motoniveladoras, é importante evitar operações em alta velocidade com o ripper ou escarificador sobre o solo.
Além disso, o operador nunca deve realizar curvas com os implementos em posição de operação, assim como ajustar a profundidade de corte para não sobrecarregar a máquina.
Porte da máquina deve se adequar ao tipo de atividade e características do material. Foto: KOMATSU
Após o uso dos implementos, uma boa prática é inspecionar as pontas e os dentes quanto a desgastes ou fraturas, ajustando ou trocando sempre que necessário para garantir uma penetração eficiente e evitar repiques violentos.
A lubrificação dos pinos e das articulações também consta entre os pontos vitais para uma longa vida útil.
Além disso, é importante que o operador respeite as condições operacionais recomendadas, evitando esforços excessivos e uso fora das especificações técnicas.
O aperto das fixações e o monitoramento de folgas são outras ações imprescindíveis. Para o operador, é fundamental evitar impactos com obstáculos (pedras grandes, cabeças de rocha e raízes, entre outros) e empregar adequadamente a lâmina e a borda cortante, sempre de acordo com o tipo de material.
É recomendável, ainda, cuidar do equipamento como um todo, desde o sistema hidráulico até o motor e a estrutura, buscando assegurar a longevidade e o desempenho da motoniveladora.
“É importante identificar se o porte da máquina está de acordo com o tipo de atividade a ser realizada e quais são as características do material envolvido no trabalho”, orienta o engenheiro de vendas da Komatsu, Fernando Silva Dávila.
“Com isso, torna-se possível evitar esforços excessivos e danos dos equipamentos.”
Saiba mais:
BMC/Hyundai: https://bmchyundai.com.br
CNH Industrial: www.cnh.com
John Deere: www.deere.com.br
Komatsu: www.komatsu.com.br
Sany: https://sanydobrasil.com
XCMG: www.xcmg-america.com
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