Em São Paulo, se alguém considerar o aeroporto de Congonhas caótico, a ponto de ter dúvidas sobre o futuro do transporte aeroportuário no Brasil, é melhor nem conhecer a situação dos aeroportos de Brasília (DF) ou de Campo Grande (MS), para não enfastiarmos o leitor com uma lista muito mais longa. E não são apenas os aeroportos que deixam a desejar, pois o transporte de cargas também passa por paralisações, protestos e, principalmente, obras em vários pontos do país.
Além das dificuldades de acesso, empresas e usuários também se queixam dos portos, de seus custos e sua intransponível morosidade.
Com isso, o cenário está muito mais conturbado do que em qualquer outro momento recente. Como Macunaíma, o Brasil é hoje um país com as mangas das camisas curtas demais, a barra das calças pelas canelas e sapatos apertados pelo próprio crescimento. O momento é comparável à adolescência, uma fase na qual crescemos mais rapidamente do que a renovação das roupas é possível.
Porém, o leitor já imaginou o benefício residual de todas estas movimentações? Dentro de algum tempo, sentire
Em São Paulo, se alguém considerar o aeroporto de Congonhas caótico, a ponto de ter dúvidas sobre o futuro do transporte aeroportuário no Brasil, é melhor nem conhecer a situação dos aeroportos de Brasília (DF) ou de Campo Grande (MS), para não enfastiarmos o leitor com uma lista muito mais longa. E não são apenas os aeroportos que deixam a desejar, pois o transporte de cargas também passa por paralisações, protestos e, principalmente, obras em vários pontos do país.
Além das dificuldades de acesso, empresas e usuários também se queixam dos portos, de seus custos e sua intransponível morosidade.
Com isso, o cenário está muito mais conturbado do que em qualquer outro momento recente. Como Macunaíma, o Brasil é hoje um país com as mangas das camisas curtas demais, a barra das calças pelas canelas e sapatos apertados pelo próprio crescimento. O momento é comparável à adolescência, uma fase na qual crescemos mais rapidamente do que a renovação das roupas é possível.
Porém, o leitor já imaginou o benefício residual de todas estas movimentações? Dentro de algum tempo, sentiremos uma melhora sensível nas condições de diversas estradas e aeroportos pelo Brasil. Muitos dirão que os custos são exorbitantes e que nem tudo é transparente como deveria. Mas, teríamos opções?
O fato é que os custos e falhas não podem ser atribuídos somente aos processos, leis e regulamentações. Afinal, nós somos a massa crítica deste país. Se há problemas, devemos assumir que somos parte deles ou, inversamente, admitir nossa negligência, ignorância ou conivência.
Imaginemos que as obras sejam feitas assim mesmo, sempre ineficientes, caras, atrasadas e, possivelmente, com falhas em seu final. Ou, como vem acontecendo de forma recorrente no país, sejam adiadas, interrompidas ou abandonadas antes e depois de prontas.
Por conta disso, pergunto ao leitor se já não se cansou de ouvir: “Imagina na Copa?” Talvez já tenha até se cansado de repetir isso também. Seja por pragmatismo ou mero realismo, é melhor procurar pelo lado bom das coisas. Se ruas e estradas estão sendo recapeadas, se estádios estão sendo construídos, se estamos reformando aeroportos, ampliando portos e abrindo ferrovias, devemos dar um voto de confiança e considerar que está havendo um ganho considerável em relação à nossa história recente.
Malgrado a condescendência em relação às práticas brasileiras, devemos considerar que o movimento progressista atualmente em curso no país – às pressas e de maneira imperfeita, é verdade é muito melhor que o malfadado imobilismo de outros tempos. Hoje, ao menos, realizamos algo, como nunca se viu neste país.
*Yoshio Kawakami
é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema
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