Com a decisão da disputa pela prefeitura de São Paulo ainda no primeiro turno, anteciparam-se algumas discussões sobre as polêmicas promessas da campanha eleitoral. Uma delas é de relevante interesse para muitos de nós, que fazem do automóvel o seu principal meio de locomoção na cidade, pois o candidato eleito prometera retroceder numa das medidas mais polêmicas do atual prefeito.
Trata-se da redução de velocidade dos veículos nas grandes avenidas e nas marginais dos rios Tietê e Pinheiros. Em princípio, também fui contrário à medida, concentrando-me apenas na ideia superficial de que uma velocidade mais elevada é a forma mais lógica de vencer a distância entre dois pontos. Visão focalizada sem uma abrangência maior do contexto a considerar? Vício de engenheiro? Possivelmente.
Mas, passado um pouco mais de um ano após a sua adoção, percebo claramente o benefício da medida, até por não morar permanentemente na cidade de São Paulo. Imagino que, com o uso diário, as discretas melhorias graduais escapem da percepção de muita gente. Além da influência do viés político.
Mas passando bons intervalos de semanas fora de São Paulo, ao retor
Com a decisão da disputa pela prefeitura de São Paulo ainda no primeiro turno, anteciparam-se algumas discussões sobre as polêmicas promessas da campanha eleitoral. Uma delas é de relevante interesse para muitos de nós, que fazem do automóvel o seu principal meio de locomoção na cidade, pois o candidato eleito prometera retroceder numa das medidas mais polêmicas do atual prefeito.
Trata-se da redução de velocidade dos veículos nas grandes avenidas e nas marginais dos rios Tietê e Pinheiros. Em princípio, também fui contrário à medida, concentrando-me apenas na ideia superficial de que uma velocidade mais elevada é a forma mais lógica de vencer a distância entre dois pontos. Visão focalizada sem uma abrangência maior do contexto a considerar? Vício de engenheiro? Possivelmente.
Mas, passado um pouco mais de um ano após a sua adoção, percebo claramente o benefício da medida, até por não morar permanentemente na cidade de São Paulo. Imagino que, com o uso diário, as discretas melhorias graduais escapem da percepção de muita gente. Além da influência do viés político.
Mas passando bons intervalos de semanas fora de São Paulo, ao retornar à cidade, sinto que o transito está menos estressado, sem aquela disputa eterna de avançar em relação aos outros, ainda que sejam apenas alguns metros. Há agora um respeito, quem diria, no trânsito de São Paulo.
Hoje, percebo que outras medidas auxiliares também trouxeram efeitos positivos, como a proibição de motocicletas nas vias principais das marginais, a instituição de ciclovias, que reduzem o uso do automóvel, uma maior fiscalização dos limites de velocidade etc.
Evidentemente, ainda há muita polêmica entre o aspecto técnico e o estado emocional dos motoristas. Afinal, algumas pessoas amam mais a velocidade do que a segurança e o respeito pelos demais no trânsito. Mas é inegável que a medida ajudou a mudar o comportamento de muitos motoristas e, de quebra, tornou a viagem mais previsível. A redução do número de acidentes e de vítimas é um valor inestimável para a sociedade. Sentar-se ao volante sem imaginar-se um guerreiro já é um ponto muito positivo de civilidade.
Resta torcer que, uma vez encerrada a temporada de caça aos votos numa eleição tão polarizada, o novo prefeito avalie com frieza as suas promessas de campanha à luz da realidade e faça ajustes pensando no benefício dos cidadãos. Há de se reconhecer uma medida que funcionou antes de tentar eliminá-la, pois pode não haver alternativas disponíveis ao alcance.
*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema
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