O ano de 2016 viria a ser um ano de triste memória para o Brasil não fosse por dois acontecimentos importantíssimos e seus desdobramentos. Mas ainda pode haver um terceiro, com potencial para lembrar-nos deste ano por muito tempo.
Os acontecimentos referidos foram, pela ordem cronológica, o impeachment da presidente Dilma Rousseff e os Jogos Olímpicos Rio 2016. O primeiro deixou um gosto amargo e uma sensação incômoda de que fomos todos enganados. Se aqueles que apoiam a agora ex-presidente reclamam de “golpe parlamentar”, do outro lado muitos se sentem enganados pelo impeachment “meia-boca”, marcado por uma condenação sem punição. Parece-me que escolheram o motivo perfeito e conveniente para o impeachment, que não envolve nem expõe ninguém, além da própria Dilma. Penso que quando se condena, mas não se pune, é sinal de que falta convicção na condenação. Pelo menos foi este o sabor que restou dos minutos derradeiros do processo de impeachment.
O outro acontecimento literalmente subtraiu todos os argumentos internos de que sua realização seria um retumbante fracasso, mas também as farpas externas, que preconizavam uma epidemia catastrófica
O ano de 2016 viria a ser um ano de triste memória para o Brasil não fosse por dois acontecimentos importantíssimos e seus desdobramentos. Mas ainda pode haver um terceiro, com potencial para lembrar-nos deste ano por muito tempo.
Os acontecimentos referidos foram, pela ordem cronológica, o impeachment da presidente Dilma Rousseff e os Jogos Olímpicos Rio 2016. O primeiro deixou um gosto amargo e uma sensação incômoda de que fomos todos enganados. Se aqueles que apoiam a agora ex-presidente reclamam de “golpe parlamentar”, do outro lado muitos se sentem enganados pelo impeachment “meia-boca”, marcado por uma condenação sem punição. Parece-me que escolheram o motivo perfeito e conveniente para o impeachment, que não envolve nem expõe ninguém, além da própria Dilma. Penso que quando se condena, mas não se pune, é sinal de que falta convicção na condenação. Pelo menos foi este o sabor que restou dos minutos derradeiros do processo de impeachment.
O outro acontecimento literalmente subtraiu todos os argumentos internos de que sua realização seria um retumbante fracasso, mas também as farpas externas, que preconizavam uma epidemia catastrófica de zika. Claro que houve problemas. Porém, falhas nos alojamentos e na logística são recorrentes em grandes eventos públicos, mesmo em outros países. Em 2020 poderemos comparar com uma boa referência. Descontado esse ponto, a olimpíada brasileira foi um sucesso, um evento bonito e convincente que resgatou parte da autoestima nacional.
Contudo, é importante frisar que fatos emblemáticos como esses podem e devem gerar mudanças e renovação dos ânimos sociais. Contemplar um momento histórico (e deleitar-se ou consternar-se com os fatos) não é suficiente. Até porque o papel histórico desse tipo de acontecimento vai além. Por isso, creio que o terceiro acontecimento pode ser o mais esperado de todos. Ou seja, ainda nos falta “virar a página”.
Aos “derrotados” na batalha política, resta analisar bem os acontecimentos, entender os erros cometidos, colher as lições e reagrupar as suas forças. O seu intuito de contribuir para melhorar a vida do povo sempre foi aceito e entendido pelo país, como mostram as seguidas vitórias obtidas nas urnas em eleições recentes. Aos “vencedores” da mesma batalha, cabe tomar iniciativas e recuperar o país rapidamente, aproveitando o crédito que lhes cabe. Porém, que não se enganem, pois não há tanta confiança nem tanta paciência à disposição. Afinal, o impeachment “meia-boca” os manterá sob desconfiança constante, politicamente vulneráveis e sensíveis aos erros por um bom tempo.
*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema
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