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Revista M&T - Ed.192 - Julho 2015
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A Era das Máquinas

Um marco no setor de caminhões

Por Norwil Veloso

Em 1896, a fabricante de vagões e bondes Vagnfabriken contratou o engenheiro Gustaf Eriksson para projetar e desenvolver motores e caminhões. Na primavera de 1897, o primeiro veículo Vabis totalmente produzido na Suécia estava pronto, mas tinha problemas técnicos graves. Após anos de aperfeiçoamentos, somente em 1902 foi possível produzir um caminhão com desempenho satisfatório.

Mas, com a queda da demanda por produtos ferroviários após 1900, a empresa perdeu lucratividade a partir de 1903. Essa situação do mercado levou à criação de um cartel de fabricantes, que permitiu à Vagnfabriken manter sua lucratividade por mais algum tempo, até entrar em colapso definitivo em 1908.

Em 1907, a diretoria decidiu construir uma nova fábrica de veículos e motores. Embora a capacidade de produção fosse de 50 veículos por ano, em 1909 foram vendidos cinco caminhões e sete automóveis. Após várias tentativas de venda dessa unidade, pensou-se na dissolução da empresa, mas uma proposta feita pela Maskinfabriks-Aktiebolaget Scania alterou toda a situação.

A Scania havia iniciado uma produção


Em 1896, a fabricante de vagões e bondes Vagnfabriken contratou o engenheiro Gustaf Eriksson para projetar e desenvolver motores e caminhões. Na primavera de 1897, o primeiro veículo Vabis totalmente produzido na Suécia estava pronto, mas tinha problemas técnicos graves. Após anos de aperfeiçoamentos, somente em 1902 foi possível produzir um caminhão com desempenho satisfatório.

Mas, com a queda da demanda por produtos ferroviários após 1900, a empresa perdeu lucratividade a partir de 1903. Essa situação do mercado levou à criação de um cartel de fabricantes, que permitiu à Vagnfabriken manter sua lucratividade por mais algum tempo, até entrar em colapso definitivo em 1908.

Em 1907, a diretoria decidiu construir uma nova fábrica de veículos e motores. Embora a capacidade de produção fosse de 50 veículos por ano, em 1909 foram vendidos cinco caminhões e sete automóveis. Após várias tentativas de venda dessa unidade, pensou-se na dissolução da empresa, mas uma proposta feita pela Maskinfabriks-Aktiebolaget Scania alterou toda a situação.

A Scania havia iniciado uma produção bem-sucedida de veículos na virada do século, usando motores importados da Alemanha e da França. Em 1908, quando foram vendidos 70 veículos, passou a produzir seus próprios motores.

Em 1910 foi feito um acordo para criação de uma nova empresa, AB Scania-Vabis, cujo primeiro diretor foi Per Alfred Nordeman. Em 1915, essa empresa vendeu 151 veículos, com as exportações respondendo por 30% do faturamento. A queda das exportações durante a Primeira Guerra Mundial foi compensada por encomendas do exército sueco e, já no final da guerra, Nordeman transformou a Scania-Vabis em um dos maiores produtores europeus de caminhões leves.

Entre 1915 e 1917, August Nilsson desenvolveu quatro tipos de motores de quatro cilindros, que foram bastante competitivos na década de 20. Em 1919, a empresa decidiu encerrar a produção de automóveis, ônibus e veículos especiais, concentrando-se nos caminhões. A demanda continuava baixa devido a uma forte recessão e ao aumento da inflação, que acabaram por fazer a empresa mudar seu nome e entrar em liquidação em 1921.

Para reduzir os prejuízos, foi criada uma nova empresa com o nome original, AB Scania-Vabis, cuja estrutura havia desaparecido e cujos produtos, projetados antes da guerra, eram obsoletos. Em 1922, os Correios fizeram seu primeiro pedido de ônibus, o que contribuiu significativamente para a sobrevivência da empresa. Eram ônibus de 12 lugares com um sistema de esteiras de borracha, que podiam ser montadas nas rodas traseiras para tráfego no inverno.

Nilsson era a chave do sucesso. Em 1922, patenteou um novo carburador, no ano seguinte projetou um motor compacto de quatro cilindros com 60 hp e, em 1927, uma variante de seis cilindros desse motor, que chegava a 100 hp.

MODERNIZAÇÃO

Com o tempo, o projeto dos caminhões também foi modernizado. Em 1925, foi lançado um caminhão com motor de quatro cilindros, transmissão com quatro marchas, embreagem de disco úmido, suspensão progressiva e cabina fechada, mais eficiente e confortável e com uma relação peso-potência muito melhor.

Em 1929, o serviço de alfândega encomendou nove motores de seis cilindros para seus barcos de patrulha, dando início a uma linha de motores marítimos. Os ônibus dos correios foram o início desse mercado. Em 1929, Nilsson visitou a Twin-Coach e, em 1932, lançou o primeiro ônibus tipo “cara chata”, justamente no início de uma forte recessão que fez as vendas de caminhões caírem para a metade, mas a demanda de ônibus permaneceu estável.

No final da década de 30, a empresa procurou um diretor de produção que conseguisse transformar o sistema de trabalho individual vigente, com cada trabalhador produzindo de forma independente, em uma empresa eficiente e competitiva. O escolhido para a tarefa foi Carl-Bertel Nathorst, que reorganizou e expandiu a empresa visando a produção em larga escala para o mercado civil.

O início da Segunda Guerra Mundial, contudo, mudou a característica da Scania-Vabis, que passou a trabalhar focada na defesa, fornecendo para as forças armadas da Suécia equipamentos como tanques, carros blindados e caminhões todo terreno, que absorveram praticamente toda sua capacidade de produção. No final de 1943, a empresa começou a se preparar para os tempos de paz, projetando novos ônibus e novos chassis para caminhão, que começaram a sair da fábrica em 1944.

EXPANSÃO

Em 1954 foi lançado o caminhão Regent, que logo se tornou a bandeira da Scania-Vabis e seria produzido por muitos anos. Nesse mesmo ano, a empresa vendeu 1.800 caminhões na Suécia. No final da década de 50, a Scania detinha 40 a 50% do mercado sueco. As exportações, que correspondiam a menos de 10% da produção em 1949, passaram para mais de 50% dez anos depois.

Com o advento da Comunidade Europeia em 1958, a Scania começou a se expandir pelo continente, instalando sua primeira fábrica na Holanda devido à grande penetração da marca nesse país. Na década seguinte, a empresa inaugurou diversas fábricas, na Suécia e em outros países, sendo a primeira delas no Brasil, em 1962.

Durante a década de 60, a Scania-Vabis decidiu produzir diretamente todos os componentes estratégicos de seus veículos, o que levou a um complexo processo de reorganização da produção, inclusive com a abertura de novas unidades. Em 1966, a empresa adquiriu a Be-Ge Karosserifabrik, passando a projetar e fabricar suas cabinas. Em 1967, adquiriu a fabricante de ônibus Svenska Karosseri Verkstäderna e, no ano seguinte, deslocou toda sua estrutura de produção e venda de ônibus para essa fábrica.

Nos anos 70, a Scania-Vabis passou a ter grande participação no mercado de quase todos os países da Europa Ocidental, em grande parte devido ao motor V8 turbocomprimido de 14 litros e 350 hp, a maior potência disponível nesse mercado na época.

Em 1981, a Scania iniciou a produção de um conjunto de caminhões na faixa de 16 a 36 toneladas, com grande modulação dos motores e de componentes como eixos, estruturas e cabinas, que permitiu produzir uma enorme variedade de configurações. Em 1987-88, lançou a Série 3 e, durante a década de 90, aumentou a participação no mercado da Europa Ocidental, iniciando as vendas nos mercados da Europa Central e do Leste Europeu, além de fortalecer sua posição na América Latina.

MODULAÇÃO

Com a modulação, era possível enviar os componentes de uma unidade para uso em outra. Para viabilizar esse fluxo, a partir de 1990 as áreas de produção de todas as fábricas passaram a se reportar à diretoria técnica, que centralizou a fabricação de determinados componentes e reduziu a quantidade de unidades de produção. O milionésimo veículo foi produzido no ano 2000, por um conjunto de 11 fábricas situadas em cinco países, com montagem final na Holanda.

Nesse mesmo ano foi lançado o motor V8 de 16 litros com 580 hp e implantada uma unidade de montagem de ônibus em São Petersburgo. Em 2006, a linha T deixou de ser produzida e foi lançada uma nova geração de ônibus. Naquele ano, a empresa celebrou 50 anos de atuação no Brasil, lançou um novo motor Euro V (o primeiro a atender essa especificação sem tratamento dos gases de escapamento) e apresentou um ônibus híbrido. Em 2008, a empresa anunciou um acordo com a Volkswagen, que se tornou a maior acionista da empresa.

Leia na próxima edição: O nascimento dos guindastes

 

 

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