Agora que o Carnaval finalmente já passou, a Quaresma antecipada de 2016 traz um amargo sabor de realidade que a ausência do circo provoca em todos nós. Como se costuma dizer, o Brasil começa a trabalhar depois do Carnaval, só que desta vez não é assim. Antes de retomar o ânimo e iniciar o cotidiano da labuta produtiva, é necessário equacionar problemas que ficaram hibernados desde meados de dezembro, quando já não tínhamos mais resiliência suficiente para pensar com objetividade. Afinal, simplesmente terminar o ano de 2015 já parecia ser uma perspectiva atrativa e produtiva.
Pois bem, encerrada a temporada de ilusões eufóricas, resta-nos debruçar sobre a realidade dos negócios e da vida profissional pelo “restinho de ano” à nossa frente. E, enquanto acordávamos da letargia do final do ano, o que já nos atropelou desde então? De saída, estamos no epicentro de uma crise global de saúde, que estarrece o planeta com o rápido avanço do vírus zika. Os meios de comunicação nos impõem reconhecer que em cidades menores, bairros menos favorecidos e ruas menos visitadas a nossa infraestrutura é quase medieval. Mostram o retrato de uma sociedade que, em ple
Agora que o Carnaval finalmente já passou, a Quaresma antecipada de 2016 traz um amargo sabor de realidade que a ausência do circo provoca em todos nós. Como se costuma dizer, o Brasil começa a trabalhar depois do Carnaval, só que desta vez não é assim. Antes de retomar o ânimo e iniciar o cotidiano da labuta produtiva, é necessário equacionar problemas que ficaram hibernados desde meados de dezembro, quando já não tínhamos mais resiliência suficiente para pensar com objetividade. Afinal, simplesmente terminar o ano de 2015 já parecia ser uma perspectiva atrativa e produtiva.
Pois bem, encerrada a temporada de ilusões eufóricas, resta-nos debruçar sobre a realidade dos negócios e da vida profissional pelo “restinho de ano” à nossa frente. E, enquanto acordávamos da letargia do final do ano, o que já nos atropelou desde então? De saída, estamos no epicentro de uma crise global de saúde, que estarrece o planeta com o rápido avanço do vírus zika. Os meios de comunicação nos impõem reconhecer que em cidades menores, bairros menos favorecidos e ruas menos visitadas a nossa infraestrutura é quase medieval. Mostram o retrato de uma sociedade que, em pleno século XXI, vive na mesma ignorância da longínqua Idade Média. Quando matar mosquitos se torna prioridade nacional, é sinal de que seguimos muito doentes.
Mas também acordamos com mudanças na sistemática de recolhimento do ICMS, sobre a qual não havíamos dedicado a necessária atenção. A indústria de máquinas particularmente – que tem a maioria de seus clientes entre as empresas não-contribuintes – mostrou-se surpresa pelas consequências imediatas da nova sistemática.
De fato, os efeitos da mudança foram percebidos pelos fabricantes por meio de três situações distintas. Na primeira, o fabricante com unidade instalada no estado passa a ter vantagem sobre os concorrentes que não a têm. Inversamente, nos estados em que seus concorrentes têm fábrica, o fabricante passa a ter uma grande desvantagem em relação a eles. E, na terceira situação, nos estados em que nenhum fabricante tem fábrica, haverá um aumento significativo nos impostos (diferencial de ICMS) a serem pagos pelos clientes.
A confusão gera impactos para distribuidores e revendedores, que encontrarão clientes com duplos domicílios (que poderão viabilizar operações estaduais em substituição às operações interestaduais para evitar os incrementos), estados com a presença de vários fabricantes e ajustes anuais da sistemática de recolhimento, dentre outras situações.
Para o segmento, já sofrido com a forte queda de demanda desde o ano passado, esta confusão não contribuirá em nada. Apenas aumentará as dificuldades. Assim, a pausa mais breve deste início de ano parece prenunciar um ano mais duro, com menos circo, mas também com menos pão.
*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema
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