Revista M&T - Ed.223 - Maio 2018
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A ERA DAS MÁQUINAS

Os revolucionários motoscrapers

Por Norwil Veloso

Embora essa afirmação seja comum, o Tournapull não era um motoscraper. Mais que isso, era um trator de pneus de eixo único, originalmente projetado para tração de scrapers, mas que acabou sendo usado para rebocar equipamentos de diversos tipos, provocando uma verdadeira revolução no modo de executar obras de terraplanagem e construção. Houve diversos modelos de Tournapulls, sendo o modelo C o mais popular deles na tração de scrapers.

Como Robert G. LeTourneau foi inicialmente um empreiteiro de obras, entendia claramente que eficiência, velocidade e baixo custo eram fundamentais para o sucesso de um empreendimento. Em 1938, ele lançou os primeiros Tournapull: o modelo A, de 160 hp, e o modelo B, de 120 hp. Embora representassem um avanço tecnológico significativo, esses precursores ainda deixavam a desejar.

De fato, eram máquinas grandes e desajeitadas (especialmente o modelo A), com transmissões powershift projetadas e produzidas pelo próprio LeTourneau (pois ainda não havia esse produto no mercado), que eram seu ponto fraco.

Em 1940, o tercei


Embora essa afirmação seja comum, o Tournapull não era um motoscraper. Mais que isso, era um trator de pneus de eixo único, originalmente projetado para tração de scrapers, mas que acabou sendo usado para rebocar equipamentos de diversos tipos, provocando uma verdadeira revolução no modo de executar obras de terraplanagem e construção. Houve diversos modelos de Tournapulls, sendo o modelo C o mais popular deles na tração de scrapers.

Como Robert G. LeTourneau foi inicialmente um empreiteiro de obras, entendia claramente que eficiência, velocidade e baixo custo eram fundamentais para o sucesso de um empreendimento. Em 1938, ele lançou os primeiros Tournapull: o modelo A, de 160 hp, e o modelo B, de 120 hp. Embora representassem um avanço tecnológico significativo, esses precursores ainda deixavam a desejar.

De fato, eram máquinas grandes e desajeitadas (especialmente o modelo A), com transmissões powershift projetadas e produzidas pelo próprio LeTourneau (pois ainda não havia esse produto no mercado), que eram seu ponto fraco.

Em 1940, o terceiro modelo da série, o Tournapull C, foi lançado para resolver esses problemas. Embora fosse uma máquina grande, era compacto o suficiente para ser transportado com facilidade, inclusive por rodovia. Sua transmissão Fuller de 4 marchas acarretava menos problemas, fazendo com que a máquina conseguisse se manter com sucesso durante os quarenta anos seguintes.

CARACTERÍSTICAS

Contudo, mesmo esse modelo tinha lá suas deficiências. O sistema inicial de direção (substituído por direção elétrica após o final da guerra) utilizava embreagens cônicas e freios de cinta, que não eram a solução ideal para uma máquina de pneus. Além disso, o projeto do acoplamento trator-scraper (“pescoço de ganso”) trazia risco de esmagamento do operador em caso de falha.

O trator foi projetado para uso com o scraper Carryall de 8,4 m3, mas alguns meses depois o público já estava exigindo uma versão maior e mais potente. Foi lançado então o Super C, já no final da década de 40, para uso com um scraper Carryall de 11,4 m3. A maior potência por metro cúbico permitiu um melhor desempenho, particularmente na aceleração e na passagem de rampas.

A velocidade do Super C era de duas a três vezes maior que a dos tratores de esteiras até então usados para tracionar os scrapers, o que assegurava uma produção muito maior, principalmente em distâncias de transporte mais longas (para 1.500 m, o Super C produzia 41% mais que os scrapers rebocados).

Além disso, o conjunto Super C pesava aproximadamente a metade de um conjunto de scraper puxado por trator de esteiras, o que trazia vantagens de consumo, velocidade em rampa, retomada e outros. E o custo de manutenção dos pneus era muito mais baixo que o do material rodante.

Após o final da Segunda Guerra Mundial, os Tournapulls passaram a contar com todos os controles elétricos, com direção por botões. Essa foi a primeira aplicação comercial de controles elétricos em máquinas de construção que, além de maior facilidade e conforto na operação, resultou em menor custo de manutenção e alimentação constante para os motores que moviam os diversos controles (direção, caçamba, avental e ejetor).

Em relação aos sistemas anteriores, foi um avanço significativo. Assim, após diversas tentativas com níveis variáveis de sucesso, o C11 foi a primeira máquina bem-sucedida com controles totalmente elétricos.

Com três modelos, a linha inaugural de motoscrapers da Michigan foi lançada em 1957. Nesta imagem, vê-se o modelo 210, de 13,7 metros cúbicos

SUCESSÃO

Em 1948 foi lançado o C Roadster, com conversor de torque e duas velocidades de ré, cujas vendas ultrapassaram as 1.600 unidades. O motor era um Buda de 150 hp até a primavera de 1950, quando passaram a usar um Cummins de 186 hp (descontinuado em 1951) e, posteriormente, o Detroit 6V-71. A transmissão de quatro velocidades usada inicialmente também foi substituída no final de 1949 por uma de cinco velocidades, que permitia atingir 55 km/h e, em setembro de 1952, por uma transmissão de engrenagens deslizantes.

Em 1953, a Westinghouse Air Brake (Wabco) comprou os direitos de fabricação e a nomenclatura dos modelos, além das linhas de produção da LeTourneau. As diferenças entre modelos foram eliminadas, passando o Roadster a se chamar simplesmente modelo C, oferecido com motor Detroit 6-71 (186 hp) ou Cummins HBIS600 (200 hp) e transmissão de engrenagens deslizantes ou Tournamatic de 4 velocidades com conversor de torque.

Em 1954, a linha foi reformulada com a introdução de novos scrapers cuja capacidade limite era de 16 m3 para materiais normais e de 24 m3 para materiais leves. O motor Buda de 200 hp voltou a ser oferecido, o que foi surpreendente, uma vez que no ano anterior essa empresa havia sido adquirida pela concorrente Allis-Chalmers. A transmissão Tournamatic passou a ser chamada de “engreno constante”.

Em 1956, foram introduzidos novos scrapers com modificações na caçamba, avental e ejetor, que facilitavam o carregamento, além de eliminar a opção de motor Buda.

Com capacidade de 24,4 metros cúbicos, este modelo 633C foi um dos maiores da Caterpillar, a única fabricante que ainda produz a linha

RENOMEADOS

Em 1959, foi lançado um novo modelo, o Tournapull C V-Power, com motor Detroit 8V-71 de 270 hp e transmissão mecânica, com capacidade de 15 m3 (22 ton). Em janeiro de 1960, a potência do motor passou para 290 hp, criando a máquina de menor relação de peso-potência de sua classe. O motor Cummins NTO6B1 (262 hp) também passou a ser oferecido, ao passo que a velocidade máxima passou para 54 km/h.

O nome Wabco passou a ser usado a partir de abril de 1963. A máquina manteve o motor 8V-71 até ser descontinuada e, a partir de 1964, passou a usar a transmissão Allison CLBT 4460, que tornou-se a única opção de 1966 em diante. No ano seguinte, o nome LeTourneau desapareceu, designando-se as máquinas apenas como Wabco, e o nome Tournapull desapareceu de vez em 1970, alterando-se a nomenclatura das máquinas para o modelo do scraper: o C229F passou a ser simplesmente 229F, sendo que, no início de 1971, foi substituído pelo 229G, equipado com motor 8V-71 de 333 hp e transmissão Allison CLBT 4465, além de novos cilindros hidráulicos.

Os scrapers deixaram de ser fabricados pela Wabco em 1980, quando a demanda por essas máquinas começou a se reduzir, liquidando seu estoque em 1981. Mas durante muito tempo, Tournapull foi sinônimo de motoscraper.

Leia na próxima edição:

A morte de um gigante

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